sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Os livros são quase pessoas

Crónica de António Rego no "Correio da Manhã" - Folhas secas 



Os livros são quase pessoas. Não ouvem, nem veem, nem falam. Mas têm alma quase mais forte que a vida que em nós palpita. Melhor que nós compõem a eternidade. Fio onde subtilmente corre o nosso pensamento, tornam-se mais velozes que nós próprios. Empilhados em estantes parecem fúnebres, sequência de campas em fila de cemitério. Atravessamos as suas ruas sem dizer nem escutar palavras, levantam uma poeira que nos faz arder os olhos e perturba as aparências do nada que compõem os enigmas que se escondem nas suas páginas. Mas são uma cátedra, um púlpito, uma vida, um recheio interminável de saber, um amontoado de gerações, um ventre sereno da arte e do saber. Uma estrada aberta, plantada de mil plantas. 

É nos serenos silêncios 
que se escrevem 
os nossos melhores discursos 

Se entro pela estrada do digital, não vejo cruzes, tropeço na ramagem quase mais ruidosa que as folhas de Novembro, que se enrolam nos pés à passagem nos corredores da floresta ressequida. E todavia sinto que também nesse percurso há um diálogo, parecido com o discurso, que tanto mais se sente quanto maior é o silêncio. Até por vezes me parece ouvir a folhagem a dizer nomes vivos e até expressar ideias que nunca me haviam ocorrido.

Festa de Cristo Rei

Georgino Rocha - Hoje estarás comigo no paraíso




Jesus responde, com esta certeza/promessa, à súplica do condenado à morte que está crucificado à sua direita. A súplica brota do reconhecimento da inocência de Jesus, injustamente sentenciado. Não assim, ele e o seu parceiro de aventuras malfeitoras. “Lembra-te de mim quando vieres com a tua realeza”, pede confiante, após ter censurado o colega pelos insultos e imprecações que vociferava. Apesar de ambos quererem salvar-se, que contraste de atitudes e sentimentos, de perspectivas e desejos! Um queria voltar à fase anterior à condenação, outro abre-se confiadamente à nova situação que intui de Jesus e humildemente faz-lhe um pedido comovedor. Lc 23, 35-43.
“Lembra-te de mim” é prece que tem sentido profético e ecoará por todo o tempo, fruto dos corações silenciados pela violência torturante, pela fome e pelas doenças esgotantes. Escutar e dar resposta a estes dramas é respeitar a humanidade, viver a solidariedade, potenciar a fraternidade. E está ao alcance de todos, sobretudo de quem, autorizado pelo povo, detém o poder. Sejamos humanos, escutemos os gemidos dos nossos irmãos!

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Dia Mundial da Televisão

Celebra-se hoje, 21 de novembro, o Dia Mundial da Televisão. Esta data foi proclamada pelas Nações Unidas em dezembro de 1996. 
Em Portugal, a TV iniciou a sua atividade em 1957, a preto e branco, e a cores somente em 1980, com o Festival da Canção. Depois, aconteceu o que toda a gente sabe. 
A TV é um polo  de atração generalizado, por muito que a contestemos. Realmente, serão poucos os que a recusam... E até acontece a bastantes pessoas, onde estou incluído, que têm  a TV ligada, enquanto conversam, leem ou dormem. Eu, nesta altura, até estou a escrever esta nota, enquanto a TV trabalha para ninguém.
Terá muita coisa má e até péssima, mas também dela beneficiamos imenso. Só o saber que a TV é a companhia única de muitos, merece os nossos aplausos.

Fui ao quintal para apalpar o tempo


Fui ao quintal para apalpar o tempo. Aragem fresca e húmida bateu-me no rosto descoberto. Tudo o mais estava resguardado. Pisei a relva molhada e vi as galinhas que passam o dia todo a comer e a bebericar. Sem vento, sol tímido ou envergonhado, pouca vontade de sair. Dou uma volta a pensar num dia primaveril de manhã e outonal à noitinha. Pensamento frustrado. E regresso para umas páginas de leitura de um livro da Cris Lopes (Millennials – cidadãos do mundo) sobre as suas venturas e desventuras. Suas e de mais quatro amigos. Forte em aventuras, que só a capacidade de sonhar e o gosto de conhecer mundo, com gentes e hábitos diversos, dão certo substrato à vida. Uma pausa para rever papelada e pensar num amanhã diferente. Sempre para melhor… é o ideal. E abro o computador no sótão para ver como param as modas nos jornais online. Dramas nas primeiras filas. A alegria e o bem também lá moram, em gavetas,  mas só as abro de vez em quando. Vou  ficar mais atento por acreditar que o mundo vale mesmo a pena ser vivido e sonhado. Ou não? 

F. M.

Os jovens e a ausência dos debates nacionais

E o que podemos fazer?



«“Os jovens portugueses não lêem jornais”; “os estudantes estão desligados dos grandes debates que mobilizam a sociedade portuguesa”; “os mais novos têm pouca participação política, habituaram-se a centrar as suas atenções em causas particulares e afastaram-se dos problemas que tradicionalmente são veiculados pelos jornais ou pelas televisões – sejam a pobreza, a educação ou a relação de Portugal com a Europa"»

Ler mais no PÚBLICO

Foto da rede global 

NOTA: É notório o desinteresse dos jovens, e não só, pela informação que nos chega pelos mais variados meios. Mesmo os adultos começam a sentir essa dificuldade e não há capacidade económica para suportar as assinaturas digitais. Ler jornais em papel já não é para todos.
Seremos um povo desinformado? Começo a convencer-me de que já estamos nessa linha. E como estar informado para podermos tomar decisões? Questão muito séria.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Nova Agrovouga em Aveiro


A Nova Agrovouga já abriu portas para quem gosta de estar a par do que se passa a nível da nossa agricultura propriamente dita, mas também do comércio e indústria que lhe estão associados. Depois, haverá outras áreas que aproveitam a feira para exibirem os seus produtos. E divertimentos a condizer para animar os visitantes também nos esperam.  Passem por lá.

"Bem-Nascidos... Mal-Nascidos..." - Um livro de Luís Silva

Professor de EMRC apresenta livro 
sobre a condição humana e a ética 
a partir da deficiência



Breve biografia do autor 

Licenciado em Teologia (UCP), Mestre em Bioética (UCP), Professor de EMRC. Preside à comissão diocesana da cultura de Aveiro. Participa em conferências, debates e outras iniciativas, dedicadas a matérias de educação, teologia e bioética. Publica, regularmente, artigos de opinião em revistas e jornais, debruçando-se sobre as matérias em que se especializou. Publicou, em 2004, «Teologia, ciência e verdade – condições para a definição do estatuto epistemológico da Teologia, segundo o pensamento de Wolfhart Pannenberg». É um dos autores convidados para a obra coletiva, Portugal Católico, com artigo sobre A Educação Moral e Religiosa Católica nas escolas. Livro coordenado por José Eduardo Franco e José Carlos Seabra Pereira, com edição do Círculo de Leitores/Temas e Debates.

Coordenou, entre 2007 e 2011, a equipa que elaborou os manuais (de que é coautor) do ensino secundário de EMRC, editados pela Fundação SNEC.

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terça-feira, 19 de novembro de 2019

Criança feliz à distância de um gesto



O Natal é uma época especial de partilha e afeto, onde todos podemos dar um pouco de nós. Por isso , a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Ílhavo (CPCJ), no âmbito do seu Plano Local de Promoção dos Direitos da Criança, lançou a Campanha de Natal Solidária “Fazer uma criança feliz está à distância de um gesto”, convidando toda a comunidade a participar em espírito solidário.
Esta campanha decorre de 15 de novembro a 18 de dezembro e visa a recolha de alimentos, roupa e brinquedos para crianças, que podem ser entregues nas instalações da CPCJ de Ílhavo, no Edifício da Câmara Municipal de Ílhavo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Para recordar - A encomenda era o temporal

 


Uma versão da história da estrada Aveiro-Barra 

«O visconde da Luz veio certificar-se por seus próprios olhos das razões que militariam a favor da construção ou da sua desnecessidade, apregoada em alta grita pelos foliculários locais que se opunham a José Estêvão. 
Joaquim de Melo Freitas relata o episódio que convincentemente determinaria as conclusões do ilustre visitante, com o bom humor e a elegância que lhe eram habituais: 
«Embarcaram no cais, e fizeram-se ao largo. Neste instante o vento desencadeia-se, as marés agitam-se em balanços desesperados; o barco dançava sobre a espuma da ria, e o mastro, curvado pelo vendaval, gemia e estalava com o impulso cego das lufadas. A chuva desatou-se por fim em torrentes, e não tardou uma trovoada medonha. 
O visconde da Luz ordenou imediatamente aos barqueiros que voltassem para traz porque não gostava da chuva nem do temporal. José Estêvão, a cada relâmpago que alumiava o céu, brusco e temeroso, esfregava as mãos de contente e dizia com esplêndida alegria: 
– Encomendei-o de propósito; eu desejava que você se convencesse de que a estrada era precisa e até urgente... Desminta-me agora se é capaz! 
A encomenda era o temporal» 
«Dentro em pouco – prosseguia – procedia-se à construção da estrada», da estrada que chegou a registar, há meses, em vinte e quatro horas, num domingo de verão de 1965, um movimento de cerca de seis mil veículos automóveis. 

Eduardo Cerqueira, 
in Aveiro e o seu Distrito, n.º 2 - 1966

domingo, 17 de novembro de 2019

Um mundo novo tem de nascer

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

(Foto da rede global)

«No século II, a Carta a Diogneto mostra que os cristãos não se distinguindo dos outros – nem pela pátria, nem pela língua ou costumes – são, de facto, a alma do mundo!
Perante a violência e as catástrofes da queda do Império Romano, perguntavam a Sto Agostinho se não estaria a chegar o fim do mundo. Eis a resposta: não é o mundo que está a acabar, mas um mundo novo que quer nascer.
Saltemos para a actualidade. A primeira condição dos católicos, para realizarem a sua missão na linha do Papa Francisco, é a reforma da Igreja, do topo até à base. A segunda, é a união com todas as pessoas e organizações de boa vontade para salvar o Planeta, a Casa Comum [6]. Os católicos devem estar na primeira linha desta militância.»

Dia Mundial dos Pobres



«Por vezes, basta pouco para restabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jovens e idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amiga. Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.» — Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial dos Pobres. Será preciso dizer mais? Penso que esta simples proposta do Papa será suficiente para todos refletirmos sobre a pobreza que nos rodeia. Pobreza a todos os níveis, desde a falta de pão até à falta de atenção, de amor, de solidariedade. Hoje comece com um sorriso e amanhã aprenda a escutar quem sofre.
Bom domingo.

Fernando Martins

A todos deve ser restituída a esperança

Crónica de Anselmo Borges - A pena de morte e o inferno. 2


«Deus não condena ninguém, porque Deus é só Amor. Pode a pessoa autocondenar-se ao inferno? Significativamente, a Igreja nunca declarou que alguém em concreto esteja no inferno, nem mesmo Judas ou Hitler. No caso-limite de haver realmente alguém que se feche radical e obstinadamente ao amor, excluindo definitivamente Deus, então, não podendo, na morte, ser encontrado por Deus, porque o não aceita, anula-se definitivamente.»

sábado, 16 de novembro de 2019

Dia Nacional do Mar

Navio-escola Sagres
Meia-laranja com pescadores

O nosso mar
O Dia Nacional do Mar celebra-se a 16 de novembro. Teve origem na "Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar" e entrou em vigor a 16 de novembro de 1994. Portugal só o ratificou em 1997, embora o oceano seja o seu limite poente e sul. Contudo, a sua influência não se fica pela fronteira, pois estende-se muito para além dela. 
Da sua importância para o mundo em geral e para nós em particular não vale a pena falar, tão certos estamos dela, a nível comercial e industrial. Neste dia, porém, não podemos ficar indiferentes à riqueza e beleza do  mar na vida do nosso povo e de quantos nos visitam. Os turistas, nacionais e internacionais não fogem ao sortilégio que o mar suscita. Passar pela nossa terra e região e não apreciar as ondas do Atlântico é como ir a Roma e não ver o Papa. 
Praias, vagas mansas ou tumultuosas, banhos de sol e de água salgada, petiscos que o mar fez e faz nascer, gente descontraída que passeia ao sabor da maré, pesca desportiva e profissional, horas de lazer e de descontração, corpos iodados ou à procura disso, meio mundo a fugir ao dia a dia tantas vezes monótono... Festas e romarias, sonhos e tradições marinhos, encontros e desencontros, convívios e conversas sem fim, férias continuamente apetecidas. Tudo o mar reativa a cada momento.

Fernando Martins

Largos e límpidos horizontes


Deixemos a monotonia do dia a dia de cansaços múltiplos, profissionais ou outros, e saltemos para a beira-ria de horizontes largos e límpidos para contemplar o retrato puro do céu. E fiquemos tranquilos... um barquinho há de passar. 

Bom fim de semana

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Quando eu nasci...


Quando eu nasci, novembro de 1938, estava o inverno a caminho. O frio já se fazia anunciar e eu fiquei sempre com ele por companhia. Sou um friorento encartado, o que assumo como parte integrante do meu ser. No corpo, está bem de ver, que na alma procuro ser caloroso. 
Um dos meus prazeres é alimentado pela salamandra acesa. Um livro, um certo silêncio, boa companhia na hora de acender a cavaqueira, logo depois com intervalos para deitar uma acha, alimento da chama, e não preciso de mais nada para passar a noite. 
Irritam-me os noticiários quando vejo guerras, injustiças ou contendas sem nexo entre pessoas. De belicismos ouço falar desde que nasci, mas de permeio há coisas boas, muito boas. Ainda bem. 
Olho a fogueira acesa e ouço o crepitar da lenha a gritar pela dor de morrer para nós ficarmos quentinhos. E assim passo as noites e os dias a pensar nas noitadas. 
Bom fim de semana. 

Fernando Martins

Não vos deixeis enganar

Reflexão de Georgino Rocha 
- Tende cuidado. Não vos deixeis enganar 


“Colocando no centro os pobres ao inaugurar o seu Reino, Jesus quer-nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou-nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a responsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a confiança. É um programa que a comunidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos”

Papa Francisco 

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Postal Ilustrado - O Farol

Fernando Caçoilo 
defende acesso regular ao Farol 
com gestão da autarquia



Em entrevista ao programa “Conversas” da Rádio Terra Nova, Fernando Caçoilo, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, afirma estar a preparar um dossiê para entregar à Marinha, com o objetivo de tornar o Farol da Barra uma «atração turística com roteiros regulares».
Considerando que o Farol é, desde a primeira hora, um equipamento importante para a navegação, o autarca sublinha o interesse turístico daquele símbolo da nossa terra e do país, o qual «nem sempre se coaduna com a disponibilidade dos operacionais no local».
Fernando Caçoilo pretende garantir o acesso regular ao Farol da Barra, sob gestão municipal, «por entender que o farol «é hoje um símbolo da região no mundo». A sua proposta, que vai ser submetida à tutela militar, prevê a «gestão dos acessos e a disponibilização de meios humanos para gerir o fluxo no local».
Naquela entrevista à Terra Nova, o presidente da autarquia também manifestou o seu interesse em negociar a transferência dos achados arqueológicos da Ria, «depositados em Lisboa», para o concelho de Ílhavo, concretamente para o Forte da Barra, criando uma estrutura museológica. Aliás, o presidente lembrou que o programa Revive contempla, naquele local — edifício de interesse público — uma unidade turística do ramo hoteleiro ou outro. Neste caso, o autarca admite interesse em negociar a criação de «uma unidade dedicada à Ria e ao património marítimo, que hoje está espalhado por casas particulares».

F. M.

Dia Mundial da Diabetes - não deixe para amanhã o que pode fazer hoje

O Dia Mundial da Diabetes é celebrado neste dia, 14 de novembro, com o objetivo de alertar para o perigo que representa esta doença, tida como silenciosa. Tão silenciosa que está no grupo das que aumentam de forma alarmante no mundo, sem que muitos se apercebam que a carregam no dia a dia. 
Não sou médico e não me atrevo, por isso, a dar lições a ninguém sobre a forma de a evitar, muito menos de a combater. Mas ouso lembrar que importa falar com o médico de família ou outro para deles receber orientações fundamentais no sentido de evitar a doença ou de a combater a tempo. 
Eu sei que o dia a dia de cada um de nós nem tempo nos dá para pensar e para agir em conformidade, mas como a saúde está em primeiro lugar, não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. No meu caso, a diabetes foi identificada numas análises de rotina. Há muitos anos. E felizmente, com as prescrições médicas, continuo a levar uma vida direi que normal. 

A Língua Portuguesa tem um problema - Será melhor chamar o médico?


A propósito do  Acordo Ortográfico, li, no PÚBLICO, um artigo interessante cuja leitura aconselho. Na altura da aprovação do referido acordo, considerei que era obrigatório segui-lo, até porque foi implementado nas escolas... Contudo, aceitei-o, na convicção de que poderia haver alterações para o melhorar. Afinal, não aconteceu e o nosso primeiro-ministro, António Costa, até chegou  a dizer que o Governo nada faria, esperando que fosse o povo a decidir. Agora, muita gente o contesta, mas tenho para mim que mais tarde ou mais cedo alguém terá de resolver o assunto. A Língua Portuguesa não pode continuar em banho-maria. 

«Este brilhante raciocínio, que torna a regra ainda mais “simples”, aplica-o ela, por exemplo a um país que se viu amputado de uma consoante, passando de Egipto a Egito: “Em relação ao nome do país Egito [na fala, ela omite o P], o novo acordo ortográfico previa a queda da consoante P. Mas uma vez que há falantes que articulam essa consoante, em princípio o nome desse país será incluído na lista da dupla grafia. Egito sem P e Egipto com P.” Afinal, o problema está nas articulações. Fulano articula, escreve; sicrano não articula, não escreve. Pois. Se ouvirmos todos os dias o que se diz na televisão, em palestras, discursos, intervenções avulsas, ouviremos “runiões” por reuniões (assim falou por estes dias, na TV, um porta-voz do PS), “tamos” por estamos, “óvio” por óbvio, “pogresso” por progresso, “competividade” por competitividade (e o programa eleitoral – ou será “pograma”? – da Aliança de Santana Lopes lá tinha, bem claro, no seu ponto 5: “Crescimento e Competividade” [sic]). Segundo a brilhante explicação de Sandra, podemos concluir que é um problema de articulações. Se alguém não articula o primeiro “r” de programa dirá “pograma”; e se assim o diz, porque não há-de escrever? Não é verdade que, se “há falantes que não articulam as consoantes, então é possível escrever sem as consoantes”?»

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O Dia Mundial da Bondade


Hoje, 13 de novembro, é o Dia Mundial da Bondade. Quem havia de dizer que se celebra a bondade, quando é suposto sermos bons no mundo em que vivemos. Eu sei que há gente capaz de tudo: de odiar, maldizer, provocar, bater, castigar, mentir, trair, maltratar, difamar... que sei eu! Mas também sei que há imensa gente capaz de amar, acarinhar, perdoar, ajudar, bendizer, louvar. Para estes últimos, não será preciso nada. Eles sabem comportar-se com dignidade, altruísmo, solidariedade, e muito amor. 
Sendo assim, o Dia Mundial da Bondade é um convite a cada um nós, para que saibamos afugentar o que há em nós de negativo, valorizando o muito que temos de bom, partilhando: simpatia, sorrisos, alegria, afetos, desejando bom dia, boa tarde ou boa noite... 

Bombeiros de Ílhavo precisam de nós

Novo quartel dos Bombeiros de Ílhavo
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo vai reunir-se em Assembleia Geral Ordinária no próximo dia 16 de novembro, pelas 20h30, no Salão Nobre do Quartel da Associação, para apreciar, discutir e votar o Orçamento e Plano de Atividades para o ano de 2020. Para além de outros assuntos, haverá a discussão e votação da proposta da Direção para o aumento da quota anual de 12€ para 18€, sendo oportuno sublinhar que não havia alteração desde 2003.
Se há instituições que merecem a nossa atenção e carinho, as associações de Bombeiros Voluntários devem estar na primeira linha das nossas preocupações e dos nossos contributos. Todos já necessitámos, decerto, direta ou indiretamente, da ajuda dos bombeiros, tanto em situações de acidentes como de doença. Por isso, sinto que não podia ficar indiferente à ação dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo no nosso município ou em qualquer zona do país. 
Os voluntários não são curiosos a prestar socorro a quem precisa; eles são treinados e disciplinados para agir em situações dramáticas, nomeadamente em palcos de fogos devastadores, em desastre ambientais, em calamidades diversas, etc. 
Com as minhas homenagens, aqui fica o meu apelo para que o povo do nosso concelho, mas não só, se torne sócio dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo. 

F. M.

300 milhões de deslocados



Marcos Ré, vereador da CMI, garante que a autarquia está atenta às anunciadas mudanças climáticas, procurando adaptar-se às circunstâncias, tanto mais que a nossa região está em zona de risco. Os mais recentes estudos anunciam que nas regiões costeiras poderá acontecer a deslocalização de 300 milhões de habitantes até 2050, em todo o mundo.
Confesso que perante notícias destas ficamos admirados, mas talvez não preocupados. Acreditamos que daqui a umas décadas talvez haja formas de controlar a situação. E até alguns, como eu, podem admitir que já não será para o seu tempo. Pelo sim pelo não, acho que seria pertinente fazermos o que está ao nosso alcance o mais depressa possível para os nossos netos não nos acusarem de desleixo, falta de visão ou despreocupação exagerada perante o futuro, que será o deles. 
Eu sei que o povo já está motivado para cuidar da natureza, na qual se inclui o ar que respiramos. Mas se calhar teremos de fazer muito mais para bem do universo.

Ver mais aqui  e aqui 

Que Igreja (não) tem futuro?


Filarmónica Gafanhense celebra aniversário


É já no próximo dia 24 de novembro que a Filarmónica Gafanhense vai celebrar o seu 183.º aniversário, com romagem ao cemitério da Gafanha da Nazaré 9h30), participação na Missa (10h30) na Igreja Matriz, concerto na Fábrica das Ideias (16h) e jantar comemorativo (19h). Os bilhetes para o concerto e para o jantar já se encontram à venda
Sendo a instituição mais antiga do município de Ílhavo, a Música Velha apresenta-se como referência significativa na região. Nessa linha, a direção espera que o auditório se apresente cheio na hora do concerto. 
Apraz-me sublinhar que os gafanhões, naturais ou aqui residentes, sempre souberam estimar as associações do mais diversificado cariz, pelo que a Filarmónica é, realmente, digna do nosso apreço. 

Sobre a Música Velha, ver mais aqui

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Ponte que liga Ílhavo à Gafanha

Efeméride – 12 de novembro de 1862

(Coleção de Ramalheira)

“Para substituir uma antiga ponte de madeira, foi aberta ao trânsito uma ponte de pedra, de três arcos, sobre o canal da ria que separa Ílhavo da Gafanha, por cuja construção se interessara junto do Governo o tribuno aveirense José Estêvão Coelho de Magalhães (Marques Gomes, Monumentos - Retratos – Paysagens, col. 87´) — J. 

“Calendário Histórico de Aveiro” 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Diácono Permanente Fernando Reis já está no seio de Deus

Participei hoje, em Óis da Ribeira, no funeral do Diácono Permanente Fernando Reis, cuja dedicação  à Igreja e trabalho pastoral conheço há muitos anos. Foi ordenado no dia 22 de maio de 1988, na Sé de Aveiro, pelo então Bispo da nossa diocese, D. Manuel de Almeida Trindade, estando presente D. António Marcelino que lhe haveria de suceder no pastoreio da Igreja Aveirense. Era o dia de Pentecostes, dia carregado de simbolismo cristão, de onde dimanou a graça que abençoou o primeiro grupo de diáconos permanentes da nossa diocese.
O diácono Fernando Reis irradiava uma simpatia natural e contagiante pela sua simplicidade e dedicação, com um dom especial para a música de cariz espiritual. Exerceu o seu ministério em especial no Arciprestado de Águeda, nomeadamente em paróquias serranas, Macieira de Alcoba e Préstimo, onde implementou a requalificação de alguns templos, sem descurar a atenção pelos doentes e a criação de estruturas pastorais. Depois, exerceu o seu ministério em Requeixo e na sua própria paróquia, Óis da Ribeira. Durante anos foi o responsável diocesano pelo Clube Stella Maris da Obra do Apostolado do Mar, na Gafanha da Nazaré. 
Nas cerimónias fúnebres, presididas pelo Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, pudemos registar a presença de familiares e muitos amigos, bem como de cristãos das paróquias que serviu com empenho e entusiasmo, na fidelidade ao respeito e atenção que o Fernando Reis lhes dispensou. E D. António lembrou que, afinal, estávamos a celebrar «não o Deus da morte mas o Deus da vida, que é Jesus Cristo, o Ressuscitado, que partilhamos nesta celebração». 
D. António frisou que Jesus está sempre presente a nosso lado para nos devolver a esperança, que se traduz na nossa resposta ao Seu convite : “Vem e segue-me!” E o Fernando acolheu esse apelo, dando muito da sua vida para a instauração do Reino de Deus por onde passou. 
Apresentamos as nossas condolências à Igreja Aveirense, ao corpo diaconal e à sua esposa Margarida e demais família.

F. M. 

Hoje acordei assim...


Hoje acordei assim: otimismo quanto baste, abertura ao mundo que me rodeia na medida certa, esperança no futuro acentuada, certezas no esforço por viver feliz, atento a quantos me rodeiam, aberto a novos desafios, apostando pela positiva... 
Contemplo um raio de sol que me entra pela janela do sótão e atiro para trás das costas as ameaças de chuva que os meteorologistas garantem estar para durar. A vida, afinal, sempre teve altos e baixos, alegrias e tristeza, sol e chuva. Que venha tudo na medida certa. Boa semana para todos.

Dia de São Martinho com castanhas e vinho

A Lita à espera das castanhas... há um ano
Dia de São Martinho é dia de castanhas e vinho. Manda a tradição que, no meu caso, vem desde a juventude. Era minha mãe quem se lembrava do ditado e nos seduzia para as castanhas assadas. E que bem elas nos sabiam, assadas então nas brasas, em ambiente doméstico. Mais tarde, quando andei por Aveiro, é que apreciei os/as assadores/as de castanhas. No ano passado, encontrei esta...
E agora, um ano depois, mesmo na véspera do santo mais associado às castanhas, às quais temos de sacar a capa para as podermos comer, tal como fez São Martinho que, segundo a lenda, deu a sua a um pobre cheio de frio, já comi castanhas que devem dar, pela minha saúde, para toda a época.
Bom apetite, que as castanhas, pelo que já testemunhei, são de excelente qualidade. Eu bebi jeropiga, mas os meus amigos podem optar por outra bebida qualquer.

F. M. 

domingo, 10 de novembro de 2019

Bartolomeu dos Mártires - A sua vida foi um milagre

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO 
- As eminências e a eminentíssima reforma


"Tudo, na Igreja, tinha de estar ao serviço das populações, sobretudo dos mais pobres, que devem ser os preferidos da acção das dioceses, das paróquias e das ordens religiosas, varrendo todas as benesses, nepotismos e privilégios por mais antigos que se apresentassem. A narrativa pintada por Frei Luís de Sousa coloca todos os bispos frente ao espelho das suas responsabilidades sugeridas pela parábola do Bom Pastor. A leitura que Frei Bartolomeu fez da história da Igreja não o fixou apenas nas traições a erradicar, mas na recolha escrita de exemplos que a tradição viva oferecia como estímulo de alteração da vida dos próprios pastores"


1. Hoje, Frei Bartolomeu dos Mártires, da Ordem dos Pregadores (1514-1590), é canonizado em Braga e não ficava bem que esta grande festa fosse celebrada noutro lugar.
Ficou conhecido como “o bracarense” desde o permanente desassossego reformador que introduziu na última fase do Concílio de Trento (1545-1563) e mais bracarense se tornou na firme resistência à guerrilha que o poderoso Cabido da Arquidiocese desencadeou contra a efectivação do programa das reformas conciliares, pelas quais sempre lutou e das quais nunca desistiu.

"Os últimos terranovas portugueses"

(Clicar para ampliar)
Um livro para todos os ilhavenses e para todos os que precisam de conhecer a saga da Faina Maior. Para além da excelente edição, esta obra de Senos da Fonseca oferece-nos conhecimentos nem sempre ao alcance do nosso povo. A não perder. 

Os cristãos são discípulos de um condenado à morte

Crónica de Anselmo Borges -  A pena de morte e o inferno (1)


Em 2017, celebrou-se os 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal. Tive então na Universidade de Coimbra, a convite de José de Faria Costa, ex-Provedor de Justiça, uma intervenção sobre o tema, com o título "Teologia e Pena de Morte". O que aí fica é uma síntese dessa intervenção, com alguns acrescentos posteriores, e gostaria, à maneira de intróito, de lembrar que os cristãos são discípulos de um condenado à morte, executado na cruz...

1. O que diz a Bíblia sobre a pena de morte? Há o mandamento: "não matarás", com o sentido de "não assassinarás". Mas, no Antigo Testamento, estavam sujeitos à pena de morte não apenas o assassinato, mas muitos outros delitos, como a idolatria, a blasfémia, a violação do Sábado, o homicídio, vários actos do domínio sexual, como o adultério, o incesto e a homossexualidade... "Se um homem cometer adultério com a mulher do seu próximo, o homem adúltero e a mulher adúltera serão punidos com a morte". "Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometeram ambos um acto abominável; serão os dois punidos com a morte". Etc. Mas, note-se, no Antigo Testamento, também se pode ler que a justiça de Deus é diferente da dos homens e, por exemplo, Caim, que matou o irmão, Abel, vai para o exílio e é marcado para que ninguém o mate.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Gastronomia de Bordo



Inicia-se hoje, 8 de novembro, a edição deste ano do Festival Gastronomia de Bordo de Ílhavo, estendendo-se até 17 deste mês. Aderiram a este projeto 19 restaurantes do município ilhavense, estando garantida a promoção de ementas com sabores (e saberes) ancorados na cozinha tradicional e bacalhoeira. São cerca de 60 experiências gastronómicas e outras tantas especialidades inspiradas em pratos emblemáticos de bacalhau e seus derivados.

Ler mais na CMI 

Para Deus, todos estão vivos

Reflexão de Georgino Rocha 


«Para Deus, todos estão vivos. Alegre notícia a comunicar a todos. Verdade sublime a envolver-nos em tudo. “A partir de Deus, (os que morrem) acompanham-nos, ajudando-nos, e podem interceder por nós junto d’Ele”... “No amor de Deus, os defuntos tem um coração muito maior do que tinham antes, aqui na Terra. Reconciliaram-se com o Senhor e também com eles próprios e com aqueles a quem não foi feita justiça”. Assim, igualmente os nossos falecidos pais continuam a ajudar-nos: “O nosso pai pode continuar a apoiar-nos a partir do Céu, a nossa mãe converte-se na imagem de amor e de segurança que Deus nos oferece” (A. Grün).»

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Catarina Oliveira — Eco-Embaixadora


Tenho 17 anos e, logo após ter terminado o 11.º ano, na Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, Ílhavo, entrei num avião, a 17 de agosto, com as memórias de uma infância e adolescência feliz numa cidade “à beira mar plantada” guardadas na mala, e voei até à Índia. 
Hoje, estudo num lugar a que já chamo casa, o Mahindra United World College of India, onde vou passar os próximos dois anos, a crescer. É uma grande e importante viagem que começou há muito tempo… 
Chamo-me Catarina Semedo Madaíl de Oliveira e nasci a 25 de fevereiro de 2002. Nasci, cresci, estudei e convivi em Ílhavo, cidade que, com orgulho, faço questão de exibir em todos os cantos do mundo por onde vou passando. Apaixonada pelo verde da natureza, o cheiro a maresia, o som das ondas a bater nas rochas, sou feliz a trabalhar para proteger o planeta! 
Em pequena, tinha o sonho de aparecer, um dia, n’O Ambúzio, a revista do Município que todas as crianças faziam questão de ler e aprender como ser “amigo do ambiente”. Nunca chegou a acontecer, mas nada que tenha impedido a pequena Catarina, introvertida e sorridente, de continuar a trabalhar nesse objetivo. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Semana de quatro dias de trabalho


«A Microsoft testou uma semana de quatro dias de trabalho nos seus escritórios no Japão. Resultado: a felicidade dos trabalhadores aumentou, mas também a sua produtividade.
O programa envolveu 2.300 trabalhadores que tiveram as sextas-feiras de folga. O Work-Life Challenge Summer 2019 decorreu durante o mês de agosto, avança o The Guardian. 
As semanas de quatro dias levaram a reuniões mais eficientes, trabalhadores mais felizes, com a produtividade a disparar 40%, concluiu a empresa. 
Os trabalhadores não têm dúvidas: 92% disseram gostar da semana mais curta. Durante o programa, o salário dos trabalhadores não sofreu qualquer redução.»

Ler mais aqui 

NOTA: Confesso que nem imagino o que seria, em Portugal, uma semana de trabalho de apenas quatro dias. Se calhar, a tendência será mesmo essa. Os trabalhadores ficariam com mais horas livres para o descanso, para a cultura, para o estudo, para o lazer, para a família, etc. Ou aproveitariam o facto para outras tarefas profissionais, por conta própria ou noutras empresas? Neste caso, a ideia sairia frustrada porque, afinal, o trabalho continuaria. E será que as empresas suportariam a contratação de outros trabalhadores para continuarem a laborar? 
Eu sou do tempo em que se trabalhava de sol a sol, Isto é, desde o nascer do sol ao pôr do sol. Nas secas, na lavoura, nas marinhas, na pesca, na construção civil, etc. E o progresso foi impondo as suas leis, reivindicadas pelos trabalhadores de vários setores. Mas daí a saltarmos  para quatro dias de trabalho por semana... O futuro o dirá. 

Raul Brandão na Praia da Barra?

Raul Marçal Brandão

Há dias tive o prazer de conversar com um conterrâneo nosso, Joaquim Soares, sobre temas relacionados com a nossa terra e região, de que é um estudioso apaixonado. Veio à baila uma célebre foto que circula nas redes sociais, que, segundo se diz, retrata uma viagem de Raul Brandão, jornalista e escritor conceituado, à praia da Barra, com farol à vista. 
Na altura da sua visita tive a oportunidade de sublinhar que, segundo o que tenho lido de Raul Brandão, nunca vi nos seus escritos qualquer referência ao nosso Farol, o mais alto de Portugal, apesar de o escritor ter andado pela Ria de Aveiro, de que fez inúmeros registos de uma beleza ímpar. E não viu o Farol? Parece que não… ou então não lhe achou graça nem importância, o que é estranho. 
Pois o Joaquim Soares fez pesquisas e chegou à conclusão de que a foto se refere a Raul Marçal Brandão que viria a ser vereador da Câmara Municipal do Porto, adiantando que teria visitado a Praia da Barra em 1909, mas não a Raul Brandão, escritor com lugar de destaque no Jornalismo e na Literatura. 
Muito obrigado, meu caro Joaquim Soares, pela partilha. 

F. M. 

NOTA: A foto foi editada por Joaquim Soares. 


Nos 100 anos de Sophia





PORQUE

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não. 

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

In “Cem Poemas de Sophia”

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Festival Gastronomia de Bordo


8 a 17 de novembro 


De 8 a 17 de novembro, vamos ter o Festival Gastronomia de Bordo no nosso município, estando garantidas ementas com sabores e saberes “ancorados na cozinha tradicional e bacalhoeira”, lê-se no texto promocional da CMI. Isso significa que 19 restaurantes assumiram a responsabilidade de servir “verdadeiras iguarias inspiradas em pratos tão emblemáticos de bacalhau e seus derivados como a famosa Chora, uma sopa feita com a cabeça do bacalhau, caldeirada de espinhas de bacalhau ou línguas fritas”. 
Sendo certo que não faltará quem se esmere em apresentar pratos recriados com base no genuíno das nossas tradições gastronómicas, estamos em crer que os apreciadores saberão aproveitar a oportunidade de degustar o que a saga bacalhoeira proporcionou ao nosso povo no domínio da gastronomia. 
Bom apetite para todos. 

Restaurantes aderentes: 

A Praia do Tubarão 
Bela Ria 
Bronze - Seafood & Lounge (participação especial apenas a 8, 9 e 10 de novembro) 
Canastra do Fidalgo 
Cantina Bar da Lota 
Clube de Vela 
Duna do Meio 
Estrela do Mar 
Iguarias – Food and Drinks 
Manel o Leão 
Maradentro 
Marina by Luís Lavrador 
Marisqueira Barra 
Marisqueira da Costa Nova 
Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel 
O Gafanhoto 
O Navegante 
Salsus 
Traineira

Ver programa aqui

Nota: Foto da rede global 

Dia Mundial do Cinema


O Dia Mundial do Cinema comemora-se anualmente a 5 de novembro, fundamentalmente para lembrar a muitos que o cinema foi considerado a sétima arte e que, desde sempre, foi tido como arte  mágica, atraindo milhões e milhões de apaixonados. Desde que foi inventado, o cinema impôs-se como essencial à vida. Realmente, não há vida sem filmes capazes de suscitar paixões. O cinema está na vida de cada um no quotidiano de todos 
Com os avanços tecnológicos, os filmes das nossas vida estão sempre presentes, desde os “mudos” aos tecnicamente mais avançados, com atores e atrizes que têm lugar cativo nas nossas recordações mais remotas até realizadores que marcaram eras. E a sua evolução foi tão extraordinária, que hoje, sob a forma de séries, telenovelas, históricos, realistas, de ficção científica ou tecnológica, enchem  os nossos dias como arte  completa e insubstituível. 
A sétima arte é considerada por muitos como arte mágica, pelo seu poder sobre as emoções humanas. O cinema inspira milhões de pessoas, fazendo-as  sonhar, rir, chorar e gritar apaixonadamente a qualquer altura do dia. Sem o cinema, o mundo não seria certamente o mesmo, acompanhando-nos  nas noites de serão, nos dias livres, nas horas de ócio ou de puro deleite. Os filmes, que até já dispensam as grandes salas de cinema, estão nos ecrãs das nossas televisões, nos vídeos ou noutros  suportes tecnológicos. Estão para ficar, para nos levarem de visita às mais longínquas paragens, para nos divertirem, para nos comoverem e para nos tornarem partícipes do mundo em que vivemos.

F. M. 

Snack de Caldeirada de Espinhas de Bacalhau




Ingredientes: 

1 espinha de bacalhau demolhada ou fresca 
2 cebolas médias às meias luas 
½ alho francês às rodelas 
1 folha louro 
½ pimento vermelho às tiras 
½ pimento verde às tiras 
5 dentes de alho 
0,5 kg batata às rodelas 
Piripiri q.b. 
50 ml vinho branco 
½ tomate lata 
Salsa e coentros, alguns ramos 
Caldo de cozedura das espinhas q.b 
Azeite q.b. 
Sal q.b. 

Preparação: 

Comece por colocar numa panela a espinha de bacalhau partida em pedaços, cubra com água fria, acrescente alguns aromáticos (alho, cebola, louro, alho francês) e deixe cozer por 5 minutos após levantar fervura. Retire do caldo, remova e pique os samos e as aparas de bacalhau das espinhas. Passe o caldo por um passador de rede e reserve. Num tacho, coloque o azeite e refogue bem a cebola, os pimentos e, por último, os dentes de alho. Refresque com vinho branco, adicione o tomate e refogue mais um pouco. Adicione a batata, a salsa e os coentros e cubra com o caldo de cozedura das espinhas. Quando a batata estiver cozida, triture tudo com a ajuda de uma varinha mágica, de modo a ficar um puré cremoso. Tempere com sal e piripiri a gosto. Salteie os samos e as aparas de bacalhau com um pouco de azeite. Empratamento em colheres de degustação: Coloque o puré de caldeirada na colher e, por cima, um pouco dos samos e bacalhau salteados. Finalize com coentros picados. receita Bom apetite! 

Receita gentilmente cedida pelo chef Ricardo Marques, 
no âmbito do Festival Gastronomia de Bordo

 Fonte: Agenda "Viver em.." da CMI

Felicidade Humana



«Estou mais do que nunca influenciado
pela convicção de que a igualdade social
é a única base da felicidade humana»

 Nelson Mandela (1918-2013), estadista, Nobel da Paz

Li no PUBLICO de hoje

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Desertos


«Há muitas formas de deserto. Há o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, há o deserto do abandono, da solidão, do amor destruído. Há o deserto da obscuridade de Deus, do esvaziamento das almas que deixaram de ter consciência da dignidade e do caminho do ser humano. Os desertos exteriores multiplicam-se no mundo porque os desertos interiores tornaram-se vastos.»

Li aqui 

domingo, 3 de novembro de 2019

Há um só batismo

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO - Há mais sacerdotes do que se pensa



«Certo empolamento dos “ministérios ordenados” na Igreja corre o perigo de fazer esquecer aquilo para que foram criados: o serviço de comunidades concretas que existem sempre em determinadas circunstâncias de tempo e lugar. Circunstâncias que de modo nenhum podem ser esquecidas nas estratégias e nas tácticas dos planos pastorais. As comunidades cristãs são constituídas por homens e mulheres na base de um único Baptismo.
Em toda a história da Igreja nunca existiu um Baptismo só para homens e outro só para mulheres. É o sacramento da incorporação no Espírito de Cristo. Todos, mulheres e homens, participam do mesmo sacerdócio, o sacerdócio de Cristo, em todas as suas dimensões.
São as mulheres e os homens renascidos no Baptismo – e que dele tomam consciência viva – os verdadeiros responsáveis do testemunho de Jesus de Nazaré, na sua vida pessoal e comunitária, assim como da promoção e organização dos serviços indispensáveis à expansão desse testemunho. Quando o fogo do Espírito é atiçado, esses serviços nascem e desenvolvem-se das formas mais inesperadas.»

O mistério do que somos

Crónica de Anselmo Borges no DN - A Sibila: "Porque... porque..."


«A Sibila é, sem dúvida, uma obra profundamente marcada pela pergunta religiosa e metafísica. O seu fio condutor é um impulso inconformado de aspirações que arrasta a Humanidade na sua História. Há a mesquinhez nas relações humanas, a vaidade do poder e a sua busca ridícula, a pequenez estúpida, mas o que a todos une é querer compreender o que somos, e o que nos move, numa existência sempre ambígua, de grandezas e de cobardias, é uma transcendência inalcançada, mas sempre esperada.»

sábado, 2 de novembro de 2019

As garrafinhas de cerveja


Esta foto foi registada há 15 anos. Concretamente, no dia 26 de outubro de 2004. O sítio está identificado por natureza e na fotografia,  para além do moliceiro com pessoas em jeito de passeio, figuram duas garrafas de cerveja, ao que julgo. Na altura, não vi as garrafinhas por ali abandonadas e arrumadas depois da satisfação de quem saboreou o seu conteúdo, ou não fosse a cerveja uma das bebidas alcoólicas  mais antigas do mundo. Se as tivesses visto, o meu gesto mais lógico seria pegar nelas e desviá-las do ângulo de visão da minha máquina. E se assim fosse, eu não publicaria a foto hoje, porque seria mais uma imagem da nossa ria. Portanto, a foto que aqui partilho só teve lugar por causa das garrafinhas de cerveja. 

O meu sótão

Já me vou sentar...
No meu sótão não há televisão. Incomodar-me-ia por não me deixar fazer nada: Estar, ler, escrever, pensar, sonhar. Aparelhagem de som é diferente. Música a meu gosto, da rádio ou gravada, notícias em tempos certos, breves como convém... e se desejar mesmo o silêncio, fecha-se tudo. Aí, tenho por companhia o chilreio da passarada e as guerras ou brincadeiras que ela  inventa para ocupar o tempo que é todo seu. Muito gostam os pássaros de saltitar na cobertura do sótão, mas, quando acho que são horas de me deixarem em paz, basta levantar o braço e dar sinal de debandada. 
Não sei se esta necessidade de paz e de fuga ao quotidiano vai durar muito, mas sinto-me bem assim, embora reconheça que a vida tem de ser mais participada. A justificação vem de uns incómodos de saúde... coisa de constipação que tarda em me deixar.
Curiosamente, vou aproveitando os meus vagares para ler ou reler obras que deixaram imagens poderosas no meu saco das memórias. E delas hei de falar sem pressas.

F. M. 

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