sábado, 25 de outubro de 2008

Pessoas que nos marcaram

Flores para a Irmã Iracema, com o Manuel Serafim e a Fátima Lage
Irmã Iracema esteve entre nós, 18 anos depois
Quer queiramos quer não, há sempre pessoas que nos marcam na vida. Para o bem e para o mal. Eu sinto isso. As que tentaram insinuar-me o mal ou indicar-me caminhos menos correctos foram postas de lado. Não ocupam qualquer lugar na minha vida. Outras, as que me sugeriram princípios do bem e me deram testemunhos, concretos, de que é possível seguir pistas de verdade, de justiça, de fraternidade e de paz, essas têm um lugar especial no meu coração. Às vezes dou comigo a pensar em todos esses homens e mulheres que deixaram sinais indeléveis na minha formação. Foram muitos, é verdade, tantos que nem consigo elencá-los. Só tenho pena de não ter tido a capacidade de colher dessas árvores de bons frutos toda a sabedoria e humildade para os reflectir na minha vida, chegando a quantos me rodeiam. Ontem, contudo, encontrei-me com uma dessas pessoas, que não via há 18 anos. Trata-se da Irmã Iracema, do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt, que viveu entre nós 15 anos. Destacada pelo seu Instituto para trabalhar em Portugal, radicou-se na Gafanha da Nazaré, tendo colaborado, activamente, no lançamento das bases do Movimento Apostólico de Schoenstatt na Diocese de Aveiro. A construção do Santuário dedicado à Mãe e Rainha, na Colónia Agrícola da Gafanha, deve-lhe imenso. E por aqui se manteve, em plena actividade apostólica e humana, até 1990, insuflando em muita gente o fervor da fé e a paixão pelos valores cristãos. Missão cumprida, regressa ao Brasil, continuando, no país irmão, outras tarefas ligadas aos ideais que desde jovem abraçou. No encontro organizado para a ouvir de novo, com a mesma voz e com o mesmo entusiasmo, jovens e menos jovens partilharam saudades. A Irmã Iracema repetiu o que sempre foi na vida: coerência na fidelidade aos princípios que sempre a nortearam, princípios de verdade, de frontalidade e de testemunho em todas as circunstâncias. Mas sempre crente num mundo melhor, alicerçado na Boa Nova. Foi muito bom conversar com ela, ouvi-la e sentir o calor da fraternidade e o amor a Jesus Cristo e a Sua Mãe, que tão bem sabe transmitir com simplicidade e serenidade. E com os seus 70 anos de vida, prometeu voltar à Gafanha da Nazaré para comemorar, connosco, o seu centenário. Eu prometi acompanhá-la nesse dia. Fernando Martins

O País que (não) somos

Imaginem Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação. Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento. Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado. Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas. Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins. Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas. Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo. Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos. Imaginem que país seremos se não o fizermos. Mário Crespo NOTA: Mão amiga, por certo leitor do meu blogue, clicou para me enviar este texto do jornalista Mário Crespo. Ele (o artigo) aqui fica, pela sua oportunidade. FM

Brancura do Outono

Mesmo no Outono, com a queda das folhas e com o verde a ficar mais ténue, é possível verificar como o branco, síntese de todas as cores, se mantém bonito, puro, desafiando-nos para a contemplação. Ele aqui fica neste sábado de sol claro e de temperatura amena.

QUEM TESTEMUNHA O QUÊ?

As Conferências do Lumiar, organizadas pelas monjas dominicanas, têm como tema neste ano lectivo "testemunhar". A mim, na abertura, coube-me o título em epígrafe: Quem Testemunha o Quê? No plano cristão, o testemunho ocupa lugar nuclear e determinante. Jesus, diante de Pilatos, o representante do Império Romano, respondeu: "Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz." E antes da ascensão ao Céu, disse aos discípulos: "Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo." Na Bíblia, é infindável o número de referências ao testemunho, ser testemunha, dar testemunho. Testemunha e testemunho provêm do latim testis (*tristis, "que está ou assiste como terceiro", com raiz em tri, redução de tres, treyas + sto). Percebe-se assim a ligação com tribunal. Essa conexão é dada do mesmo modo em alemão, por exemplo: Zeuge (testemunha), a partir de ziehen, especialmente das Ziehen vor Gericht (levar a tribunal) e, também, Zeugnis ablegen (dar testemunho), überzeugen (convencer, levar alguém com provas a reconhecer algo como verdadeiro); Zeugnis é o comprovativo das notas dos alunos, que provam o seu esforço e saber. Num tribunal, há testemunhas de defesa e de acusação, o que está em julgamento e um juiz. No cristianismo, Jesus, por palavras e obras, deu testemunho do que viu e ouviu de Deus, seu Pai: que é amor, e espera-se e exige-se que os cristãos dêem, por palavras e obras, testemunho do que viram e ouviram de e sobre Jesus: ele é o Messias de Deus, que revela quem é Deus para os homens e o que são os homens para Deus, com todas as consequências. Há testemunhas que dão testemunhos verdadeiros e outras, falsos. O tribunal procurará averiguar a verdade ou a falsidade do testemunho, buscando contradições. No nosso caso, pode haver, de facto, contradição entre o testemunho dito e o testemunho pela acção. Pense-se, por exemplo, no Vaticano, no luxo do clero, na pedofilia, na avareza e na injustiça cínica dos cristãos - não contradiz a prática o que se confessa por palavras? Por outro lado, é preciso testemunhar até ao fim. Não se pode negar o que se viu e ouviu. Foi assim que fizeram Jesus e os discípulos: testemunharam, atestaram, certificaram até ao sangue e à morte - mártys e martyrion, em grego, significam, respectivamente, mártir e testemunho ou prova. O testemunho implica coragem de ser: significativamente, outra acepção de testis (testemunha e testículo) é força varonil. Então, dá-se testemunho de quê? Da verdade? Da beleza? Da dignidade? Da solidariedade? Da malvadez? Da vulgaridade? Da fealdade? Da injustiça? Porque todos damos testemunho. O próprio mundo dá testemunho. Mas de quê ou de quem? Esse testemunho é ambíguo. Porque há a beleza e a ordem do mundo e também a sua desordem e fealdade. O mundo exalta, o mundo horroriza. A natureza tudo dá à luz e tudo destrói e sepulta. O Homem recebe o testemunho e tenta decidir. O que são as filosofias e teologias e a grande música e poesia e artes senão testemunhos? Mas o mundo é racional ou irracional? Na sua raiz, está a Vontade cega? É sempre o eterno jogo do mesmo? E a História dos homens? Tem sentido? A História do mundo é o juízo do mundo, como queria Hegel - Weltgeschichte Weltgericht? A História é moral? Mas então quem dá razão às vítimas inocentes? Há uma dívida para com elas. Quem a paga? E testemunha-se perante o quê ou perante quem? Perante a consciência, perante os outros, perante a História. Mas, para quê, se tudo for devorado pelo nada? Quem é o juiz? O mundo está em processo, e o processo ainda não transitou em julgado. Ninguém sabe o que está em questão na História do mundo e na História dos homens. A História lê-se do fim para o princípio e precisamente o fim ainda não chegou. Mas os crentes esperam que, no fim - no chamado Juízo Final -, Deus se revele como testemunha favorável a todos e juiz misericordioso. Anselmo Borges

Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação - 2

2 – Fundamentos do Diaconado O Diaconado nasceu com a Igreja. Logo nos primeiros tempos, o número de discípulos ia aumentando. Então surgiram queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Daí surgiu a necessidade de escolherem “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria”, para desempenharem o serviço dos mais pobres. Os apóstolos poderiam, assim, dedicar-se mais à Palavra de Deus, como convinha. É certo que os diáconos da primeira hora foram discípulos, na verdadeira acepção da palavra, embora destacados, a nível ministerial, para o serviço dos pobres de então, fundamentalmente para o apoio às viúvas, mulheres que, nessa situação, estariam sem recursos para sobreviver com dignidade. Por razões diversas, o diaconado permanente, enquanto ministério ordenado, caiu em desuso, tendo sido restaurado no Concílio Vaticano II. Aliás, o concílio de Trento já havia avançado com a proposta da ordenação de diáconos permanentes, embora tal projecto nunca tenha sido concretizado na Igreja Latina. O diaconado, porém, manteve-se em vigor, apenas para os candidatos ao presbiterado.
Fernando Martins

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CRIANÇAS E JOVENS LÊEM MAIS

O PÚBLICO de ontem deu-nos uma excelente notícia: As crianças e jovens gostam cada vez mais de livros. Afinal, nem tudo é mau. Não se sabe bem se este fenómeno se deve ou não ao Plano Nacional de Leitura, mas é de supor que sim. É que, à sombra dele ou por meio dele, falou-se muito da necessidade da leitura, começando pelos mais novos. Com as famílias superocupadas e superpreocupadas, cabe às escolas e demais instituições a tarefa de estimular hábitos de leitura entre as crianças e jovens. E pelos vistos estão a cumprir, com resultados à vista, a função de os sensibilizar para o interesse pelos livros. Com o advento dos meios audiovisuais e em especial da Internet, houve quem garantisse que a tendência seria para a marginalização dos suportes culturais de papel, livros e jornais, em especial. Mas tal não está a acontecer. Penso que ultrapassada a fase inicial provocada pela novidade e pela possibilidade de andarmos pelo mundo, ao ritmo de um clique, as pessoas acabarão por regressar aos livros e jornais. Não pelo cheiro do papel e da tinta, mas pelo prazer que o seu manuseamento oferece e pela facilidade de os ter ali à mão, em cima dos joelhos, no bolso do casaco ou na mesa mais próxima. Eu, que sempre estive familiarizado com livros e jornais, também conquistei o gosto pelas novas tecnologias e pela Internet. Mas os velhos meios de formação e de estudo, os livros e os jornais, nunca perderam o seu lugar na minha vida. FM

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

A «situação espiritual»
1. Recentemente chegou-nos às mãos a colectânea das conferências da Conferência Gulbenkian que de 25 a 27 de Outubro de 2006 assinalou os 50 anos da Fundação. O pertinente e corajoso título, «que Valores para este Tempo?» trouxe a Portugal nomes grande da reflexão actual. Por trás da idealização da iniciativa, vale a pena apercebermo-nos da reflexão do grande e reconhecido pensador que foi Fernando Gil (1937-2006), entretanto falecido, não chegando a participar no congresso que fora convidado a preparar. Começava deste modo a reflexão de abertura de Fernando Gil: «Perante a angustiante “situação espiritual do nosso tempo”, diagnosticada há muitos anos por Max Scheler (1774-1928) […] parece oportuno interrogarmo-nos sobre o que se pode chamar, sem exagero, uma crise geral do sentido.» 2. Ideias estas tão importantes que, numa busca de coerência, nos farão reflectir, nos vários níveis de pertença social, sobre as necessárias interrogações. Não como quem paralisa na dúvida, mas como quem a sente viagem de descoberta. Se formos pela rua fora sobre o que se pensa da “situação espiritual” do nosso tempo arriscamo-nos a ser surpreendidos com posições que podem tocar, de um lado ou de outro, um certo extremismo de posições; como reacção crítica ou como aceitação acrítica. No fim de contas, e para que a vida tenha sentido, a busca de sentido é a tarefa mais importante da vida. A asfixia espiritual, por determinados conceitos ou preconceitos (?), continua a ser o reflexo dos fechamentos que são sementes de exclusão e intolerâncias. É urgente refocalizar o centro dos debates… 3. Uma dinâmica, como que sem contraditório, faz com que quanto menos se reflecte menos apetece pensar e reflectir. As faces técnicas e “fazedoras” da vida não darão as respostas essenciais ao nosso tempo, somente as respostas instrumentais. Não deixemos que o ser humano se instrumentalize ou ‘subjectivize’. Há tempo e lugar?

DOENÇA QUE A TODOS PODE AFECTAR COM GRAVIDADE

Um mestre espiritual de tempos recentes, Anthony de Mello, um jesuíta indiano dotado de profunda sabedoria da vida, culto, aberto e sensível à realidade das pessoas e do seu viver, escreveu, num dos seus livros, que doença grave que por aí grassa e pode atingir a todos, é a que ele chama, com a sua conhecida e habitual perspicácia e ironia, “camadas de gordura”. Não se refere, como é óbvio, à tão falada e grave obesidade de crianças, jovens e adultos, que vem merecendo grande atenção e cuidados pelos muitos perigos que encerra e males que provoca. Diz o mestre que, tal como acontece com o corpo, também a mente humana, pelas muitas aderências inúteis e graves, se pode tornar pesada e lenta, incapaz de pensar, observar, procurar e descobrir… E convida a olhar à nossa volta para que vejamos que a maioria das mentes estão entorpecidas e adormecidas, envolvidas por camadas de gorduras morais e psíquicas, desejando não ser molestadas nem sacudidas na sua modorra. E, como mestre sábio, ensina a ver quais são essas camadas, bem como os meios a utilizar para as dissipar e vencer, e adquirir, assim, a normalidade de uma mente que pensa, sente, vê e quer. Aí estão as camadas perigosas: são maneiras de viver, por força de determinadas condições religiosas, politicas, culturais, que foram criando barreiras interiores, emparedando a mente e impedindo novos horizontes de vida; são ideias, acerca de pessoas e de coisas, que se foram sedimentando e tornando fixas, e se traduzem em rótulos que não mais se tiram e condicionam, por fim, conceitos e relações, empobrecendo-os e estratificando-os; são hábitos, não meramente mecânicos, que estes até nos ajudam na vida, mas hábitos que invadiram o campo do amor e da visão, impedem a interioridade e a contemplação, nos tornam insensíveis ao maravilhoso, ao que chega de novo carregado de bem e de beleza, nos fazem perder a criatividade e a capacidade de inovar e de apreciar o diferente das pessoas e das coisas; são apegos e medos que não nos deixam em paz, geram aversões e tensões, fixações e repulsas, e empurram a mente para um processo doentio. Vendo bem, a doença é real e vai sendo epidémica, enchendo a sociedade de gente emparedada e aprisionada. Como sair disto? Primeiro, que a pessoa acomodada se reconheça presa e emparedada; contemple, serenamente, os muros que lhe tiram a liberdade, consciente de que eles, muito observados, cairão por fim; leve tempo a observar as pessoas e as coisas que a rodeiam e veja-as libertas; sinta, tranquilamente, como funciona a sua mente, pois dela brotam pensamentos, sensações e reacções, e contemple, depois, sem pressas, o que se passa consigo, concluindo se afinal está viva ou se nem sequer dá pelos seus pensamento e reacções…Então, está em condições de começar a desprender-se das “camadas de gorduras” e de perceber que tem de procurar rumo. Uma vida inconsciente, diz o mestre, não merece ser vivida. É mecânica, robótica, mais sonho e morte que vida humana. Uma nova visão do mundo e das pessoas aparece, como a daquele que se sujeitou a uma cirurgia às cataratas. Não escondo que se torna difícil a muita gente tanto o reconhecer a doença como o querer libertar-se dela. Mas também aí se verifica até que ponto a vida tem ainda sentido ou a resignação cómoda já a destruiu.
António Marcelino

Emigrantes no "Pela Positiva"

Professor Fernando Os meus respeitosos comprimentos O meu nome é Alberto Margaça e queria daqui do Canadá mais precisamente da cidade de Toronto saudá-lo e ao mesmo tempo dizer-lhe que aprecio muito o trabalho que vem fazendo no seu blogue, na Internet, “Pela Positiva”. Sempre atento ao que se passa na nossa terra, e não só, para assim a poder divulgar mais. E nós, que estamos longe, sabemos melhor que ninguém apreciar e valorizar tão excelente trabalho. Os meus parabéns e muito obrigado. Há já algum tempo atrás, na minha consulta ao blogue “Pela Positiva”, chamou-me a atenção o seguinte: “Escola da Ti Zefa - Antigos alunos querem encontrar-se.” Bem que eu gostava de ter sido um desses antigos alunos da escola da Ti Zefa, mas infelizmente não fui; e ainda hoje estou sem entender a razão de me mandarem a mim, e só a mim, daquela área, para a escola da Chave; porque todos os meus irmãos foram para a escola da Ti Zefa: a minha irmã Rosa, mais velha do que eu, e os meus irmãos mais novos, o Dimas, o João José, a Maria e a Regina, todos foram para a escola da Ti Zefa. E só eu é que fui para a escola da Chave e tinha que fazer essa caminhada todos os dias quatro vezes por dia, da casa dos meus pais até à escola, porque vínhamos comer a casa ao meio-dia. E é essa mágoa que eu carrego comigo toda a minha vida e que nunca esqueci. E devo-lhe dizer que ainda agora em Setembro, quando estive em Portugal, eu fui de propósito fazer essa caminhada da casa dos meus pais até à escola da Chave, só para ver o tempo que eu demorava e o sacrifício que naquele tempo me fizeram passar, quer estivesse sol, frio ou chuva, durante cinco anos. Nunca me vou esquecer destas coisas. Perdoar, sim; mas esquecer não consigo, nunca na vida. Senhor professor Fernando, desculpe este meu desabafo mas são coisas de outros tempos que eu não percebi, não percebo e nunca vou perceber. Coisas muito complicadas. Desculpe também o meu português, mas sabe que já estou fora de Portugal vai fazer trinta e sete anos e também os nossos computadores não tem os acentos e as cedilhas. Se quiser publicar esta carta no seu blogue “Pela Positiva”, por mim pode-o fazer. Não há problema. Um abraço Alberto Margaça Ramos NOTA: O Alberto, que tive o prazer de encontrar nas últimas férias que passou na Gafanha da Nazaré, escreveu-me esta carta, via e.mail, com a naturalidade de quem continua com saudades de todos nós. E vejam os meus amigos como ele recorda facetas da sua vida, que estão, como decerto tantas outras, bem guardadas num cantinho do seu coração e num saco grande das suas memórias. Claro, meu caro, que eu não iria publicar a tua carta sem pôr os acentos e as cedilhas nos seus lugares. Também corrigi uma ou outra gralha, substituindo letras maiúsculas por minúsculas e vice-versa. O que importa, Alberto, é partilhar vivências, sentimentos e emoções com os amigos, porque só partilhando aprendemos a ser solidários e fraternos. Aqui, no meu blogue, todos os emigrantes, e não só, têm o seu lugar à espera de ser preenchido, desde que venham até mim, sempre Pela Positiva. A foto reproduz, como facilmente se vê, a capa de um CD. É que o Alberto gosta mesmo de música. E como podia ele pôr de lado uma paixão de tantos anos?
Um abraço FM

Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação



1 – Introdução No dia 22 de Maio de 1988, os primeiros diáconos permanentes de Aveiro foram ordenados na Sé, por D. António Marcelino, estando presente D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo Emérito. Duas décadas depois, esse acontecimento foi recordado, por iniciativa dos diáconos permanentes, em três momentos, que proporcionaram outras tantas reflexões.
Em Recardães, a 11 de Maio, Dia de Pentecostes, com uma vigília de oração, seguida de jantar de confraternização. Associaram-se as esposas e outros diáconos permanentes, também com suas esposas, bem como alguns amigos. D. António Francisco dos Santos e o Padre Georgino Rocha, Delegado Episcopal para o Diaconado Permanente, participaram, tendo, com a sua presença, contribuído para valorizar o encontro e estimular quantos, há 20 anos, se dispuseram a servir.
As celebrações continuaram em 22 do mesmo mês, Dia do Corpo de Deus, com a participação na eucaristia e na procissão, cerimónias presididas pelo Bispo de Aveiro, tendo culminado no dia seguinte, no Caramulo, por gentileza do diácono permanente Joaquim Simões. Aí, na eucaristia de acção de graças, foram recordados os diáconos permanentes falecidos, Carlos Merendeiro, do primeiro grupo, e Arnaldo Almeida, do segundo. Ainda foram evocadas as esposas do Carlos, Maria Helena, e do Afonso Henriques, Maria Cândida, também falecidas.
Celebrar uma efeméride é motivo de regozijo dos que a protagonizaram, de reflexão sobre a caminhada que lhe deu origem e sobre as perspectivas de futuro. Daí este texto, que mais não é do que um ponto de partida para a descoberta, neste caso, da importância do diaconado permanente na Igreja Católica, agora mais do que nunca tendo em conta a urgência da nova evangelização, face a uma sociedade cada vez mais secularizada e mais indisponível, na opinião de muitas, para assumir, na vida, os valores da Boa Nova de Jesus Cristo.

Fernando Martins

Um Poema de Madona

Sátira A Natureza se enganou E fez de mim um jardim, Pois cravos, em mim, plantou E tão bem os adubou Que eles crescem ‘inda assim! Flores, nas jarras, gosto E no jardim a crescer, Mas juro e até aposto Que ninguém tem este gosto, Tão bizarro, a meu ver! Alguns maus-tratos, lhes dou E ácido até lhes ponho! Mas o cravo que vingou, Como remédio o tomou E alimentou o seu sonho! Essas mãos tão veneradas, Numa anterior situação De novo são solicitadas E decerto apreciadas, Nesta botânica operação! Que estes cravos decapite, Atenda esta prece minha!, E o Doutor não hesite, Que eu vou tendo o palpite Que lhos deixo numa jarrinha! Madona

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Gafanhas com tantas histórias por contar

Em dia de descanso
As Gafanhas são terra rica, onde se entrecruzam as mais variadas gentes de todo o país e até do estrangeiro. Rica em tradições e histórias com marcas um pouco de toda a região. Mais as que nos legaram os que por aqui se estabeleceram. Bem gostaria eu de as poder oferecer aos meus leitores, mas já não tenho tempo e saúde para isso. Há um outro campo que tem sido descurado pela grande maioria da população, nomeadamente, pelos que estão ligados à ciência histórica. Refiro-me às histórias, muitas vezes dramáticas, de quantos participaram nas guerras coloniais. Sei que um ou outro gafanhão vai registando o que passou, de bom e de mau, nas ex-colónias, durante o serviço militar obrigatório. Era o tempo em que nos ensinavam o Portugal multicultural, multi-racial e multicontinental. Com o objectivo de acordar os que podem ajudar no relato dessas vidas, em que tanta juventude perdeu a vida e abafou sonhos que nunca mais pôde concretizar, sugiro hoje a leitura do blogue Pangalacity, onde escreve o meu amigo e conterrâneo Ângelo Ribau.
FM
Nota: Foto do Pangalacity

O Fio do Tempo

O espírito das Leis
1. A consumada aprovação da tida moderna Lei do Divórcio, mesmo com as temerárias reservas presidenciais, sugere uma continuada reflexão sobre o papel das leis na sociedade actual. É debate antigo, tanto quanto as leis fazem parte do caminho humano. Após tantas vozes que apressadamente aplaudem a aprovação prática do divórcio e outras que a sabem questionar e renegar lendo nela um menor sinal social dado à comunidade, tem sentido lançarmos as questões que nos podem ajudar a perceber para onde caminhamos. Dá a sensação que chegámos ao tempo em que tratamos de questões humanas como se de coisas práticas se tratassem. Nestes cenários a óptica da necessária corresponsabilização tem tendência a diluir-se… 2. O filósofo francês Montesquieu (1689-1755) no ano de 1748 publicou a obra Do Espírito as Leis. Aí sugere as suas concepções sobre as formas de governo, o exercício da autoridade política e as doutrinas básicas da ciência política que viriam a exercer profunda influência no pensamento moderno, inspirando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Pelos frutos de nacionalismos europeus vindos da Revolução Francesa claramente nos apercebemos que o “espírito” subjacente à Lei foi-se orientando mais numa busca pragmática que pedagógica. Temos, em diversos quadrantes, observado que as leis têm vindo mais legitimar práticas de maiorias (do que seja…) que estimular perspectivas apelativas e éticas de vida em sociedade. 3. Sucedem-se, por um lado, as lógicas criminalistas, de produção legislativa para tudo; por outro, em termos de educação e formação prefere-se um neutralismo que acaba por representar o avançar no vazio que esvazia. Sabe-se que nem tudo o que é legal é eticamente consistente e plausível. Sente-se estas fronteiras a serem esbatidas, será pela urgência de resolver as coisas práticas, como que secando as raízes existenciais. Preocupante? Ou já nem sequer?

Crise de Valores

No Diário de Notícias de ontem, Mário Soares, referindo-se à crise que todos estamos a sentir, diz que o mais grave está na "crise moral, crise de valores ou melhor: da falta deles, a negação da ética, omitida nos comportamentos, pelo capitalismo especulativo, crise civilizacional, de fim de ciclo, dado o enfraquecimento do Estado, a impunidade da corrupção, a desvalorização do serviço público, numa sociedade individualista, egoísta e consumista, por excelência, em que conta, acima de tudo, o dinheiro - como supremo valor - sem importar como se adquire nem qual a sua origem. Se vem do tráfico ilegal da droga, da prostituição, da compra e venda de armas, incluindo nucleares, do crime organizado ou das especulações feitas através dos offshores, que têm por detrás deles "respeitáveis" senhores que gerem bancos, seguradoras e grandes empresas, auferem vencimentos multimilionários, prémios e indemnizações e são os mais próximos responsáveis - não os únicos - até agora impunes, da grande crise global e complexa com que nos debatemos."

Ler e Reler

HÁ LIVROS QUE MERECEM BEM UMA RELEITURA
Gosto de ler e gosto de reler. Mas se leio um livro, nem sempre o releio. Coisa que nem sei explicar, já que há livros que merecem bem uma releitura, pela sua posição no pedestal das obras mais expressivas, nacionais ou universais. Por vezes, porém, sou levado à reler um livro, pela simples razão de alguém me falar dele sob outro ângulo, que não o que me levou à sua leitura. Um dia destes, na revista ÚNICA do EXPRESSO, Saramago afirmou que HÚMUS, um romance de Raul Brandão, é, sem sombra de dúvidas, uma obra-prima da literatura nacional. Não resisti. E fui logo pegar no livro, agora para o saborear com mais atenção. Com mais cuidado, procurando descobrir o que distingue uma obra-prima de uma outra obra qualquer. Na badana da sobrecapa diz-se que HÚMUS, publicado em 1917, “supôs a confirmação de Raul Brandão como modernizador da ficção portuguesa”. Se a classificação atribuída por Saramago a este livro não fosse o suficiente, aquela proposição justificaria a releitura. E confesso que, de facto, HÚMUS merece perfeitamente o tempo que lhe estou a dedicar. FM

Concurso Literário Jovem

SEM O EMPENHAMENTO DA COMUNIDADE
EDUCATIVA NADA SERÁ POSSÍVEL
A Câmara Municipal de Ílhavo avançou com a 8.ª edição do Concurso Literário Jovem, destinado a alunos das escolas da área do concelho. A notícia está aqui, no meu blogue, um pouco atrás. Falar da sua importância será, à partida, desnecessário. Ninguém contesta o concurso, penso eu. Hoje e aqui venho somente alertar as comunidades educativas (professores, pais e responsáveis pelos diversos sectores da sociedade, directa ou indirectamente ligados às escolas) para a obrigação que têm, no sentido de estimularem a participação dos nossos jovens. Sem incentivos, muitos continuarão alheios a estas iniciativas. Venho com este alerta pelo seguinte: há tempos fiz parte do júri de um concurso de contos e, perante o reduzido número de concorrentes, um responsável garantiu-me que a organização se empenhou a fundo, junto das escolas, para que os alunos escrevessem contos e os enviassem. Recebeu a promessa de que a mensagem seria levada a todas as turmas. No fim, verificou-se, com tristeza, que a grande maioria das escolas ficou completamente alheia ao concurso. As conclusões são fáceis de tirar: os recados, a terem sido dados, não levaram a marca de um envolvimento condigno. Despacharam a “coisa” e está tudo dito. É pena. FM

SÍNODO DOS BISPOS LANÇA 53 PROPOSTAS

Homilias, diálogo com outras religiões, liturgia e estudo do texto bíblico entre as principais preocupações da assembleia sinodal.
As 53 propostas que a XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos vai apresentar a Bento XVI, no final dos trabalhos sinodais, vão ser votadas no próximo sábado, dia 25. Destinam-se a todos os católicos, que são convidados a ter em sua posse uma Bíblia. Uma palavra particular é deixada aos estudiosos do texto bíblico. Aos exegetas, é dito, que “devem ter em conta, como teólogos, que a Palavra tem uma dimensão ulterior que não pode ser esgotada com a mera pesquisa filológica, histórico-crítica, mas que exige um outro itinerário, uma outra aproximação que está no espírito de Deus, ou seja, a aproximação teológica em sentido estrito”. Num olhar mais virado para o interior, deseja-se que “os fiéis cresçam na consciência acerca da Palavra de Deus, da sua força salvífica” e também que a Igreja reforce a sua vocação missionária.
Fonte: Ecclesia

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

O retorno das filosofias
1. Foi uma agradável surpresa de há dias o facto de no Brasil haver uma forte aposta, em termos educativos, na área de filosofia. Nas escolas dos vários níveis ela pertence aos programas dos sistemas (abertos) educativos, sabendo-se da importância do pensar para melhor compreender e agir. As próprias ciências sociais, humanas, políticas, psicológicas e neurociências, todas as abordagens da própria analítica tipológica dos comportamentos humanos precisa do horizonte interpretativo que a profundidade sistemática da reflexão filosófica propicia. Dos lados orientais do planeta esse potencial filosófico está garantido como inalienável património cultural. No ocidente fomos querendo instrumentalizar tudo, colocando na prateleira esta face pensante e reflectida da vida. 2. Ainda que tenha lugar um olhar crítico de suspeita sobre as visões metafísicas da filosofia, o facto é que tanto a ansiosa busca de sentido como sucessos literários semelhantes ao livro de Lou Marinoff (2002), Mais Platão, Menos Prozac, são bem reflexo dos desafios da realidade do tempo actual. O castelo social precisa de alicerces, a humanização dos sistemas de um fundamento condigno, a subsistência das éticas, a plataforma das religiões e das políticas… tudo o que move precisa do pensar e repensar como atitude filosófica espontânea comum que, para alguns, atingirá a capacidade sistemática de organização como pensamento a ser proposto. A urgência de pensar o agir é premência contínua mas ganha tanto mais pertinência quanto mais acelerada for a vida pessoal-social. 3. O desafio da quantidade dos tempos presentes precisa da garantia de qualidade. Esta, como dinâmica inspirada de reinvenção, provém do rasgo e da capacidade indispensável do pensamento. Não admira que países como o Brasil apostem na tecla certa para um desenvolvimento valorativo e uma humanização social de futuro. A tecnologia vai estando garantida. A filosofia, que lugar (nos) ocupa?
Alexandre Cruz

Emigrantes no “Pela Positiva”

É sempre com muita alegria que recebo notícias dos nossos emigrantes. Elas são a prova de que lêem os meus blogues e a certeza de que continuam sensíveis aos que se passa na nossa terra. Hoje ofereço parte de um e.mail do João Rodrigues, um gafanhão que não vejo há anos. “Gostava de fazer uma proposta... Frequentemente se fala no seu blogue acerca dos barcos bacalhoeiros, das secas, etc. Mas pouco se fala da ciência da construção de tais barcos. Os que sabiam construir tais embarcações estão a morrer, quase com a mesma frequência de grandes "símbolos"da nossa terra, e com eles toda uma ciência que bem poucos conhecem... Quantos contos e narrativas daí se poderiam tirar... Seria um grande favor para a história da Gafanha se alguém se propusesse a documentar tais factos. E segundo parece não há melhor qualificado de que o professor Fernando. E [outras pessoas], que tanto bem fizeram a muitos... será que as poderia entrevistar? Por favor, continue a falar da nossa gente com o mesmo brio e orgulho de sempre. Tal proposta vem ao encontro dos muitos artigos no blogue "Galafanha", que, para gente como eu, são um elo muito forte que nos une par além dos continentes. Obrigado, uma vez mais, pelo grande trabalho que está fazendo para benefício de todos os gafanhões.”
Um abraço João Rodrigues
NOTA: O João Rodrigues vive e trabalha num país sem acentos. Por isso, tive de fazer as devidas correcções. Diz o João que eu sou o "melhor qualificado" para escrever sobre o tema que sugere. Não é verdade. Há muita gente nas Gafanhas que sabem muito mais do que eu sobre esse assunto e sobre outros. Pode ser que eu convença algum a colaborar no meu blogue. Mas tens razão, João Rodrigues, quando dizes que há "símbolos" que começam a desaparecer, sem que alguém se preocupe com isso. Há tanto que fazer...
Um abraço
FM

ÍLHAVO: Concurso Literário Jovem

Com o objectivo de fomentar hábitos de leitura nas camadas jovens, criar e consolidar hábitos de escrita, valorizando a expressão literária, a Câmara Municipal de Ílhavo vai realizar a oitava edição do Concurso Literário Jovem. Este concurso é dirigido aos alunos das Escolas do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos, assim como do Ensino Secundário, podendo participar alunos de qualquer estabelecimento de ensino do Município de Ílhavo, até ao 12º ano de escolaridade, que poderão concorrer nas modalidades de texto narrativo e texto poético. A todos os autores será entregue um certificado de participação, cabendo, ainda, aos três primeiros classificados de cada categoria, prémios sob a forma de material didáctico. O prazo de entrega dos trabalhos decorre até ao dia 13 de Março de 2009, devendo os mesmos ser entregues por mão própria ou enviados por correio, com aviso de recepção e endereçados para a Câmara Municipal de Ílhavo - VII Concurso Literário Jovem - Avenida 25 de Abril -3830-044 Ílhavo.

AJUDAS AOS POBRES E AOS BANCOS

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Regata dos Grandes Veleiros

NOTA DE EXCELENTE PARA O CONCELHO DE ÍLHAVO
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A Regata dos Grandes Veleiros, integrada na celebração dos 500 anos da fundação da cidade do Funchal, também passou pelo nosso concelho, como é por demais sabido. No relatório da Câmara Municipal de Ílhavo (apresentado hoje em reunião do executivo), que apostou em trazer até nós a regata, com veleiros oriundos de 13 países, salienta-se o facto de este evento ter contribuído para a afirmação do nosso município no contexto nacional, “mas sobretudo internacional, enquanto terra marinheira”, que tem “O Mar por Tradição”. O relatório lembra que pelo nosso concelho passaram mais de 350 mil visitantes, nacionais e estrangeiros, numa clara demonstração da “capacidade de concretizar do nosso Município”. Por ofício dirigido à autarquia ilhavense, o STI ( Sail Training International) tece rasgados elogios à organização. E o director da Regata, Bernard Heppener, considera mesmo: “de todos os Portos/Municípios de acolhimento de Regatas STI que conheço, classifico Ílhavo como um dos melhores, na categoria de Excelente…”

Um livro de Júlio Cirino

FUNDAMENTOS GERAIS 
DO TREINO PARA LANÇADORES


Nós, os gafanhões, às vezes andamos distraídos e nem nos apercebemos dos valores que temos na Gafanha da Nazaré. É o caso do Júlio Cirino, um homem que tem dedicado a sua vida ao Atletismo, especialmente ao treino de lançadores. Ponto alto da sua acção nesta área está na multicampeã Teresa Machado, a quem me referi há dias. O Júlio lançou há tempos um livro, em que revela técnicas por si postas em prática há muitos anos. Tem por título FUNDAMENTOS GERAIS DO TREINO PARA LANÇADORES e poderá ser muito útil a quem gostar de continuar, entre nós ou em qualquer parte do mundo, as suas meritórias actividades de treinador de lançadores. Mas é preciso que se diga que o Júlio tem sido, ao longo da vida, um “caçador” de talentos.
Um dia destes, comentando o inevitável fim de carreira da Teresa Machado, porque o atleta de alta competição tem de ter consciência de que tem de haver tempo para tudo, até para sair pela porta grande, o Júlio lá me foi dizendo que há outros na calha. Jovens promissores, por ele descobertos, estarão a merecer a sua sábia atenção. E sobre o trabalho de treinador, ele sublinha, com conhecimento de causa, no seu livro, que se assemelha “à obra de um pintor”, quando expressa, “na tela, toda a sua arte”. É através das suas ‘obras’, construídas dia a dia na pista, “que vamos burilando a forma dos atletas que treinamos até ao cometimento de proezas extraordinárias”, disse-me o Júlio.
O trabalho deste treinador, com responsabilidades a nível regional e até nacional, destina-se, fundamentalmente, a “esclarecer grande parte das dúvidas que preocupam os treinadores menos experientes” e a “lançar novos desafios àqueles que já tenham larga experiência na modalidade”. O Júlio lembra ainda, com oportunidade: “Para se alcançar o êxito, em qualquer situação da nossa vida, não basta ter ideias. É preciso, antes de mais, pô-las em prática, trabalhando diariamente sem nunca nos desviarmos um milímetro do rumo previamente traçado.” Portanto, aqui sugiro, aos que estão ligados ao Atletismo, a leitura desta obra do Júlio Cirino.

 Fernando Martins

O Fio do Tempo

A construção do optimismo
1. O ser humano pode ir à lua mas a mais decisiva viagem não precisa de tantas distâncias. As mudanças de época, o “fin de siècle”, como dizem os especialistas, são tempos prodigiosos mas perigosos em que a velocidade dos acontecimentos não permite o tempo necessário para os amadurecimentos devidos. Nestes contextos, vai-se gerando um ambiente psico-social em que quando todos querem chegar primeiro os que chegam em segundo sofrem o impacto da insatisfação. Por isso, não é por acaso que às grandes mudanças de época corresponde habitualmente um certo pessimismo humano (antropológico). Também pela fugidia ilusão de, finalmente, um tempo de total prosperidade… 2. Nos grandes saltos que o mundo dá, outrora como na actualidade, espera-se tudo das novas condições criadas, até de ciência, tecnologia e desenvolvimento humano; mas o “depois” é catarse de crise pois que esse projecto não alcançou a sua meta desejada. Para contrariar os pessimismos, muitas vezes em diversos fóruns, diz-se que nunca se viveu tão bem como na actualidade, com condições de saúde, educação, ciência e tecnologia, pão, água; na generalidade, é verdade! Então vale a pena perguntar: porquê os pessimismos? Talvez na raiz desse pessimismo persistente esteja a verdade perturbadora de que com todas essas condições que temos poderíamos estar bem mais acima em termos de Humanidade… 3. O mais desconcertante, ainda, é o facto de que o optimismo mobilizador ou o pessimismo paralisante não dependem da lógica do ter ou do dominar mas do ser, sentir. No mundo actual onde o pessimismo mais reina é nas sociedades habituadas a todas as mil e uma condições e regalias. Torna-se um imperativo o aprender a viver com optimismo especialmente nas circunstâncias mais adversas. Não existe a fórmula da esperança nem da motivação. A perseverança, sendo valor que também se aprende, cultiva-se no mais profundo do ser.

ÍLHAVO: Semana da Educação

Ao assumir a importância da educação na vida das crianças, a Câmara Municipal de Ílhavo promove a Semana da Educação, de hoje até ao dia 26. Vários serão os temas a debater nessa linha e diversas serão, também, as iniciativas, tudo em prol das crianças do município.
Ver programa em CMI

O belo deve ter sempre lugar em cada um de nós

Para começar a semana, com os desafios de um sol que tudo torna mais claro, esta fotografia, registada há dias num momento certo, é um bom prenúncio de tranquilidade interior. As árvores apontam para um céu límpido, azul, e a folhagem, com tonalidades que inebriam, convida-nos a uma vida serena, onde o belo deve ter sempre o seu lugar em cada um de nós.

domingo, 19 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

Pastores do ser e do agir
1. A feliz expressão “Pastor do Ser” provém de Martin Heidegger (1889-1976), autor da grande obra metafísica “O Ser e o Tempo” (1927) e, já no contexto de Europa destruída a restaurar, autor da magistral “Carta sobre o Humanismo” (1947/49). Todos sabemos que não há agir consciente e consistente sem antes ser levado ao pensamento, à ordem do Ser; e todo o pensamento acabará por ter reflexos na acção. Quando determinadas acções manifestam superficialidade e precipitação será porque o Ser, vivendo pela rama, vai secando... A lógica do ter e do parecer tem avançado por territórios destinados ao Ser. Facto este que se manifesta em esperanças desfocadas e projectadas mais na linha do poder e da afirmação do ter que da generosidade em Ser. 2. Valerá a pena perguntarmos sobre “quem nos ensina a Ser?” A noção de “Pastor do Ser” não é impositiva mas baseia-se na proposta livre e fundamentada no patamar de uma racionalidade dialogal. “Pastor” não significa dominador, antes pelo contrário: representa aquele que propõe de tal maneira aliciante algum horizonte que, na liberdade, este é seguido pelos que se identificam com o seu projecto. Assim, a decisão está sempre do lado de quem escuta e não vem de cima, por imposição. O desenvolvendo desta dinâmica, num carácter insubstituível do discernimento e da opção de quem quer seguir este ou aquele ideal, tem como pano de fundo uma comum busca da Verdade para a Humanidade, na qual o pensar a vida é tarefa andante, pastoreante... 3. Quanto mais o pragmático inundar os “lugares” do Ser mais difícil será a garantia da responsabilidade da liberdade. Os ambientes das educações na sua pressuposta pluralidade de visão crítica – do Ser ao agir – quererão gerar despertadoras oportunidades vivas, dinâmicas, responsáveis, reflectivas, racionais e emocionais, diante da diversidade de caminhos… Mas que lugar é dado ao pensar para melhor optar/agir?

Dia Mundial das Missões

É preciso coragem para agir em favor de quem nada tem
O mundo católico celebra hoje o Dia Mundial das Missões. Hoje, como desde a primeira hora do cristianismo, a missão é um compromisso de todo o baptizado. Sempre de missão se falou e neste dia, em especial, a Igreja Católica não deixará de o fazer de novo em todas as frentes. Fundamentalmente, porque esse foi o mandato do Mestre. Depois, porque a Igreja acredita e defende que a Boa Nova de Jesus Cristo é passo importantíssimo para a construção de um mundo melhor. Sem apostar no proselitismo, os crentes têm à sua frente o campo do testemunho como forma indeclinável de propor o Evangelho como código de vida com capacidade de criar uma nova humanidade. Nessa linha, a missão é projecto dos fiéis para todos os dias de todos os anos. A comunicação social não deixará, por certo, de nos mostrar exemplos concretos de muitos que deixam tudo, temporária ou permanentemente, para testemunhar o Evangelho, na prática diária da caridade e da promoção social, educativa e cultural. Alguns exemplos até nos comovem. Porém, o importante não é ficarmos simplesmente comovidos com tanta doação. Mais do que isso, é urgente que cada um sinta que é indispensável apoiar, por variadíssimas formas, quem dela precisa em terras onde as populações de tudo estão carentes. Não vale a pena falar desses casos. Eles são suficientemente conhecidos. O que é necessário é conseguirmos coragem para agir em favor de quem nada tem. Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 99

OS TRABALHOS DE CASA
Caríssima/o: Quando agora ouço falar nos TPC, escangalho-me a rir, com o devido respeito, pois claro. E sabeis porquê? Vem-me logo à cabeça a imagem de um pimpolho deitado na eira, de rabo para o ar, com as pernas dobradas para cima como que a fazerem o pino, mas muito concentrado na resolução dos problemas ou na execução da cópia marcados pelo Professor... Neste caso era o Oliveiros, sortudo que até tinha eira!... Mas agora a sério, que o caso não é para menos: no nosso tempo eram habituais os trabalhos de casa marcados, dia a dia, e dia a dia, corrigidos... Verdade seja que não tenho ideia de os meus professores exagerarem: uma cópia, um ou dois problemas ou uma conta ou redução, e temos falado. Mesmo assim havia alguns de nós que se esqueciam, de tão ocupados que estavam com a brincadeira. Era o bom e o bonito! Ajudas dos nossos Pais? Como, se eles, por vezes, nem o seu nome conseguiam escrever?! Imaginemos quando aparecia um com uma cópia feita com letra diferente? Sarilho do grosso... e não me perguntem como é que fazia a habilidade. Nós só perguntávamos como é que o Professor adivinhava que a letra não era do «autor»!... Muitas vezes os trabalhos eram feitos e apresentados na lousa, pois claro! Quando se aproximavam os exames é que tinha de tudo ser executado nos cadernos que bem caros nos ficavam. Pois um dia, para casa veio um problema que me deu cabo da cachimónia: nem sei quantas vezes é que apaguei a lousa. Era de torneiras e aparecia pela primeira vez, sem qualquer explicação. Por fim, passei as indicações e a resposta para o caderno de problemas... e fui dormir. No dia seguinte, quando cheguei à Escola e antes do Professor vir na sua bicicleta, comecei a compará-lo com o dos companheiros... estava diferente de todos, apaguei-o e, rapidamente, anotei uma outra resolução. Entrados, quadro e correcção do problema... O Professor a rir foi observando que apenas um tinha feito bem o tal (mas não nos admirou que sua mãe era Professora...). - Mas eu sei fazê-lo! - Ai sabes?... Anda ao quadro! Resolução rápida e certeira... - Então, isto aqui no caderno? Engano explicado e desfeito... Agora, vede se tenho ou não razão: Trabalhos de casa? Poucos e cada um que faça a sua parte! Manuel

Para os professores

Os professores e os não professores podem ler este poema de um anónimo. Às vezes, ou sempre, estas achegas dão que pensar. E já agora, permitam-me que preste as minhas homenagens a todos os que ensinam a descobrir. Mais: a todos os que gostam de aprender com os próprios alunos, apesar de tantas dificuldades e incompreensões.
FM