Quando eu nasci, novembro de 1938, estava o inverno a caminho. O frio já se fazia anunciar e eu fiquei sempre com ele por companhia. Sou um friorento encartado, o que assumo como parte integrante do meu ser. No corpo, está bem de ver, que na alma procuro ser caloroso.
Um dos meus prazeres é alimentado pela salamandra acesa. Um livro, um certo silêncio, boa companhia na hora de acender a cavaqueira, logo depois com intervalos para deitar uma acha, alimento da chama, e não preciso de mais nada para passar a noite.
Irritam-me os noticiários quando vejo guerras, injustiças ou contendas sem nexo entre pessoas. De belicismos ouço falar desde que nasci, mas de permeio há coisas boas, muito boas. Ainda bem.
Olho a fogueira acesa e ouço o crepitar da lenha a gritar pela dor de morrer para nós ficarmos quentinhos. E assim passo as noites e os dias a pensar nas noitadas.
Bom fim de semana.
Fernando Martins