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sábado, 2 de abril de 2022

A justificação da existência e o poder

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Finitos, queremos o Infinito. Mas, atenção!, só Deus é infinito e só Ele pode dar a plenitude, como escreveu Santo Agostinho: "Fizeste-nos para ti, ó Deus, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti."

1. Quando visitamos um casal amigo com filhos pequenos, é permanente a experiência de que os miúdos começam por exaltar-se, mostrando-nos os seus novos jogos, desenhos, etc. Com o tempo, os adultos vamos às nossas conversas, ficando as crianças esquecidas. Mas elas vão de novo chamar a atenção, com o telemóvel, uma fotografia... Depois, como voltamos às questões dos adultos, pode não restar aos miúdos outra alternativa que não seja bater com o pé no chão, amuar, fazer birras...

sábado, 4 de dezembro de 2021

O enigma do tempo e a eternidade no instante

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



1- Uma característica essencial do ser humano é que conjugamos os verbos no passado, no presente e no futuro.
Há quem julgue que a salvação está no passado. Há sempre os saudosistas do passado: antigamente é que era bom. É a saudade do Paraíso perdido. Também há aqueles que não querem preocupar-se nem com o passado nem com o futuro. O que há é o presente, o aqui e agora, o agora a que se segue outro agora: a salvação consiste no amor e fruição do presente. Depois, há os sonhadores e os ascetas. Fogem do agora, para refugiar-se no amanhã. Nunca estão no presente, pois a sua morada é só o futuro...
Ora, pensando bem, se, por um lado, não podemos instalar-nos no passado, por outro, ninguém pode abandonar o passado, como se fosse sempre e só o ultrapassado. De facto, quando damos por nós, já lá estamos, o que significa que vimos de um passado que nem sequer dominamos. E temos de aprender com o passado, para, a partir dele, nos decidirmos no presente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Faz tudo bem feito. Abre-te

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXIII do Tempo Comum

Fomos e regressámos da lua, mas temos enorme dificuldade em atravessar a rua para visitar o vizinho

O episódio do surdo-mudo ocorre na região da Decápole, situada além Jordão, território independente, habitada por gente pagã. A missão para Jesus não tem fronteiras nem faz discriminações, não se limita a confirmar o que há de bom no homem, mas visa iniciar uma nova criação. Mc 7, 31-37.
Marcos localiza Jesus na região de Tiro ( costa do atual Líbano) e quer ir para a Galileia. Faz um caminho que passa por Sídon (ainda na costa do Líbano) e pela Decálope («Dez cidades», zona da atual Síria e parte da Jordânia). Caminho que indicia a intenção do evangelista de apresentar Jesus como o missionário do Pai que visita todos os territórios pagãos e, neles, todos os homens que estão à espera de salvação.
O episódio do surdo-mudo constitui uma expressiva mensagem, valiosa para todos os tempos, mas sobretudo para os nossos, tão profundamente marcados pela surdez e incomunicação generalizadas, na era em que torrentes de informação circulam sem limites de qualquer espécie.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Georgino Rocha - Vai e faz o mesmo

Papa em Lampedusa

Jesus vai a caminho de Jerusalém e faz do percurso uma escola itinerante que Lucas, o médico narrador, apresenta em episódios sucessivos, cheios de realismo e vida. A leitura de hoje faz-nos ver os figurantes da parábola do samaritano. O assunto é muito sério e existencial: “Mestre que devo fazer para receber a vida eterna?”, pergunta um especialista em leis religiosas. Pergunta que habita sempre o espírito humano e o impele a andar inquieto, a buscar, a querer saber.
Jesus responde com outra pergunta acessível ao interlocutor, mestre em leis. E o amor a Deus e ao próximo surge como o núcleo fundamental do dever humano. É preciso amar concretamente. Não basta um saber intelectual, escrito ou apregoado. É preciso fazer-se próximo do outro em necessidade. Sem mais. Como realça a parábola do samaritano Lc 10, 25-37.
O Papa celebrou o sexto aniversário da visita a Lampedusa, em Roma, e afirma na homilia: “penso nos «últimos» que diariamente clamam ao Senhor, pedindo para ser libertados dos males que os afligem. São os últimos enganados e abandonados a morrer no deserto; são os últimos torturados, abusados e violentados nos campos de detenção; são os últimos que desafiam as ondas dum mar impiedoso; são os últimos deixados em acampamentos de acolhimento (demasiado longo, para ser chamado de temporário). Estes são apenas alguns dos últimos que Jesus nos pede para amar e levantar ... São pessoas; não se trata apenas de questões sociais ou migratórias! «Não se trata apenas de migrantes!», no duplo sentido de que os migrantes são, antes de mais nada, pessoas humanas e que, hoje, são o símbolo de todos os descartados da sociedade globalizada”.