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sábado, 4 de agosto de 2018

A "Humanae vitae" 50 anos depois

Anselmo Borges

"Não tenho dúvidas de que a história considerará Paulo VI como um dos maiores papas do século XX. Foi ele que, apesar das oposições, continuou o Concílio Vaticano II, depois da morte de João XXIII. Era um democrata, inteligente, culto, reformador. Foi a Jerusalém, para que a Igreja se refontalizasse, indo às origens. Internacionalizou a Cúria. Promoveu o ecumenismo, abraçando concretamente o Patriarca de Constantinopla, Atenágoras, e os dois levantaram as excomunhões mútuas que vinham do século XI, abrindo caminho à reconciliação entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla."


1. A 25 de Julho de 1968, estava eu na Holanda e um colega deu-me a notícia inesperada: o papa Paulo VI tinha publicado uma encíclica, a "Humanae vitae" (Sobre a vida humana), a condenar os métodos artificiais de controlo da natalidade. Lá estava, no célebre n.º 14, depois de declarar que "é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, o aborto querido directamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas", bem como "a esterilização directa, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher": "É ainda de excluir toda a acção que, ou em previsão do acto conjugal ou durante a sua realização ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação."
A publicação era uma bomba, tanto mais que se opunha à esmagadora maioria da comissão que tinha sido encarregada de estudar o assunto e que se manifestara favorável a que deveriam ser os casais a decidir, em paternidade e maternidade responsáveis, o controlo da fertilidade.