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domingo, 28 de abril de 2019

Anselmo Borges - A Igreja é uma canoa, não é um museu

Anselmo Borges

“Queridos jovens, ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que os lentos e temerosos. A Igreja precisa do vosso entusiasmo, das vossas intuições, da vossa fé. Fazeis-nos falta. E, quando chegardes aonde nós ainda não chegámos, tende paciência para esperar por nós.”

Papa Francisco

No Sínodo de Outubro passado, em Roma, um jovem proveniente das ilhas Samoa, disse que a Igreja é “uma canoa, na qual os velhos ajudam a manter a direcção, interpretando a posição das estrelas, e os jovens remam com força, imaginando aquilo que os espera mais além.” 
Na recente “Exortação Apostólica Pós-Sinodal Cristo Vive aos jovens e a todo o Povo de Deus”, inspirada nas reflexões e diálogos do Sínodo, incluindo opiniões de jovens de todo o mundo, crentes e não crentes, o Papa Francisco retoma a imagem da canoa, para acrescentar: “Não nos deixemos levar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já caducou, nem pelos adultos que julgam saber sempre como é que os jovens se devem comportar. É preferível que todos subamos para a mesma canoa e que entre todos procuremos um mundo melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo.” 
A pastoral só pode ser sinodal, isto é, caminhando juntos, dado que a Igreja somos todos e cada um deve contribuir com os seus carismas e a sua situação. “Ao mundo nunca aproveitou nem aproveitará a ruptura entre gerações.” Só com os contributos intergeracionais se poderá construir um mundo novo e uma Igreja aberta. Lá diz o ditado: “Se o jovem soubesse e o velho pudesse, não haveria coisa que não se fizesse”. 
O Papa apela aos jovens para que não esqueçam as raízes: “É fácil ‘sumir-se no ar’ quando não há onde agarrar-se, onde apoiar-se.” Não devem seguir quem lhes peça que desprezem ou ignorem a História. Quem faz isso “precisa que estejais vazios, desenraizados, desconfiados de tudo, para que só confieis nas suas promessas e vos submetais aos seus planos. Assim funcionam as ideologias de diversas cores.” E previne-os contra outro perigo: a adoração da juventude e do corpo. “Os manipuladores utilizam outro recurso: uma adoração da juventude, como se tudo o que não seja jovem se convertesse numa coisa detestável e caduca. O corpo jovem torna-se o símbolo deste novo culto, e, então, tudo o que tiver que ver com esse corpo é idolatrado e desejado sem limites, e o que não for jovem é olhado com desprezo.