sábado, 2 de janeiro de 2021
2021 será melhor
A infância de Jesus
Longe de mim querer minimamente ferir o fascínio da magia divina das narrativas do Natal, mas é natural que a pessoas se perguntem como foi a infância de Jesus, em que data nasceu e onde, quem eram os reis magos, se houve a matança dos inocentes, se Jesus menino foi levado para o Egipto...
É a essas muitas perguntas que vou tentar responder, inspirando-me em parte no exegeta Ariel Álvarez Valdés: Cuál es el origen del diablo? Para descobrir o sentido autêntico e profundo das celebrações natalícias.
1. O Natal é a maior festa do cristianismo? Embora seja a mais popular, e compreende-se — a luz, o calor humano da família e da amizade, a evocação do milagre do nascimento de uma criança... —, o Natal não é a festa maior. A festa central da fé cristã é a Páscoa, que celebra a vida, o anúncio da boa nova do Reino de Deus, a paixão e morte de Jesus e a sua ressurreição: na morte, Jesus não morreu para o nada, na morte encontrou a plenitude da vida em Deus, que é Pai-Mãe. Este é o núcleo da mensagem cristã, como proclamou São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé.”
E é à luz da Páscoa que se compreendem as narrativas do Natal. De facto, no início, os cristãos não se interessaram pelo seu nascimento, pois o essencial era a vida, a morte e a ressurreição.
2. Como apareceu a festa do Natal? Hoje, nenhum historiador sério nega que Jesus existiu realmente. Quando, por volta do séculos III-IV já havia comunidades cristãs espalhadas pelo Império Romano, houve a ideia de transformar a festa pagã do Dies Natalis Solis Invicti (Natal do Sol Invicto), associada ao solstício do Inverno, quando os dias começam a aumentar e com eles a luz solar, na festa do nascimento do Sol dos cristãos, d'Aquele que é o verdadeiro Sol invencível, a Luz verdadeira. A Missa do galo está associada a esta luz, o galo canta, anunciando a aurora.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2021
O brilho da Estrela que nos guia
Ruy Belo para começar o ano
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
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terça-feira, 29 de dezembro de 2020
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domingo, 27 de dezembro de 2020
Agradecimento de Boas Festas
Um guisadinho bem à gafanhoa
um escritor gafanhão
«O capitão Armando Vieira, do mesmo modo familiar com que o tinha recebido pela primeira vez logo após a chegada, fez entrar o amigo da juventude pela porta da cozinha, com as manifestações de alegria de quem acolhia em sua casa alguém que tivesse acabado de regressar, ileso, de uma batalha perdida
e a cozinha estava inundada de um odor forte, saído de algo que estava a cozinhar, que fez recordar ao tio Florêncio a caldeirada de bacalhau
não obstante ele pensou que não poderia adivinhar de forma tão simples e imediata que seria esse “o jantar gafanhão” que lhe tinha sido prometido, pois a caldeirada não poderia nunca ser considerada um prato gafanhão, nem tão-pouco apenas português
— Estás a lembrar-te de alguma coisa conhecida neste cheirinho que está aqui na cozinha, não estás, sócio?
mas eu aposto singelo contra dobrado em como não adivinhas o que a Adélia tem ali a cozinhar
— Guiado pelo cheiro, eu apostaria que se trata de caldeirada de bacalhau
mas ao mesmo tempo qualquer coisa me diz que perderia a aposta, porque este aroma que anda no ar não é exactamente igual ao da caldeirada
perderia… seguramente
porque depois de teres prometido um jantar gafanhão, seria falta de imaginação apresentares-me para comer uma banal caldeirada de bacalhau
embora seja coisa que não como há muitíssimo tempo só que ninguém poderá dizer que se trata de um prato gafanhão os bascos e os galegos também a fazem
— Deixa-te de divagações e vem dar uma espreitadela
— Oh, assim estragas a surpresa, Armando
mas ele aspirava o vapor que saía do tacho e comentava:
— Hum, este cheiro a salgado entra-me no nariz e trepa-me até à alma
vem cheirar, vem cheirar este perfume que nos lembra o mar e é como se fossem as mãos dos anjos a acariciar o que há de melhor dentro de nós
ah, e como formosa nos parece a vida saboreando estes petiscos
melhor do que isto só lagosta suada ou bacalhau á Freitas
o tio Florêncio aproximou-se dele e espreitou para dentro do tacho
aspirou também o cheiro da comida
— Então que tal?
— Não estou a ver o que possa ser
cheira a bacalhau… mas ao mesmo tempo há qualquer coisa de diferente neste cheiro
— São sames, sócio, são sames, que já não deves comer há muito tempo
— Sames?
caramba, há mais de trinta anos que não me lembrava sequer dessa estranha palavra, quanto mais comê-los
— Sim senhor, um guisadinho de sames de bacalhau, bem à gafanhoa
é ou não é?»
Excerto do capítulo oitavo
do romance “Ai, Amor”
Uma distância caritativa?
Se o Natal cristão existe como a festa da proximidade, donde poderá vir a alegria com a afirmação pública e ostensiva da distância?