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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Homenagem a D. António Francisco

«In manus Tuas — Nas Tuas mãos… é o lema episcopal do Senhor D. António Francisco e o título que damos a estes textos que nos ajudarão a não esquecer a sua paixão pela caridade, o seu ardor pela evangelização dos praticantes e dos não crentes e o seu espírito de oração.» — lê-se no Prefácio do livro publicado com o mesmo título, como gesto de homenagem a D. António Francisco, assinado por D. António Moiteiro, Bispo de Aveiro. Esta nota, na contracapa, sintetiza, de forma lapidar, o conteúdo do livro publicado pela Diocese de Aveiro, como sinal de gratidão a D. António Francisco dos Santos, falecido em 11 de setembro, no Porto, sede da diocese do mesmo nome e da qual foi Bispo. Antes, havia sido Bispo de Aveiro, onde granjeara estima e admiração dos aveirenses, pela sua simpatia natural, proximidade sem barreiras, humildade exemplar, caridade inexcedível e bondade sem limites. D. António Francisco partiu para o seio de Deus, inesperadamente, quando tanto tinha para nos dar da sua visão humanista do mundo, alicerçada na Boa Nova de Jesus Cristo, que ele, tão expressivamente, sabia transmitir-nos.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Perdoar de todo o coração. Sempre!

Reflexão de Georgino Rocha



Dom António Francisco dos Santos, conhecido por ser o bispo da bondade, deixa-nos um belo exemplo de como ser misericordioso e reconciliador, ir ao encontro dos outros, fazer-se próximo, acolher sem condições, dar e receber o perdão. As suas ricas mensagens e, sobretudo, o seu estilo de vida, garantem que é possível viver o Evangelho a tempo inteiro no emaranhado do quotidiano, sem alarmismos nem ansiedades. A sua memória abençoada certamente vai fazer-nos ser mais atentos à Palavra de Deus que, hoje, nos convida a varrer do coração todo o rancor, como aconselha a 1.ª leitura, a ousar perdoar incondicionalmente, seguindo a viva recomendação de Jesus, a pertencer sempre ao Senhor da vida e da morte, de acordo com a afirmação de fé de São Paulo.
A vida humana está marcada pelo limite e pela relação. A convivência nem sempre é harmoniosa e pacífica. Surgem tensões e conflitos, ofensas e outras atitudes mais agressivas. Que fazer? O que é melhor para reequilibrar o que se entortou e azedou a cidadania? Retaliar? Com que medida? Recorrer ao tribunal? Em que assuntos? Pedir a amigos que sirvam de mediadores e ajudem a lançar alguma ponte a fim de sanar a ferida e reatar a harmonia perdida? E entretanto o que diz a consciência pessoal e a voz da dignidade do outro, a sabedoria dos povos e a novidade do Evangelho? Ter em conta este rico património estimula a coragem a tomar uma decisão oportuna e acertada.
Pedro, segundo a versão de Mateus, o evangelista que narra o episódio (Mt 18, 21-35) quer viver a prática do perdão como Jesus vivamente exortava. De modo justo e generoso. Entre os Judeus, a medida prevista chegava a três vezes, oscilando conforme as escolas dos rabinos mais reconhecidos. Por isso, a Pedro parecia-lhe que sete seria o máximo e esperava confirmação do Mestre. A resposta de Jesus deixa-o sem palavra. “Não te digo até sete, mas setenta vezes sete”. E, para lhe fazer ver como estamos chamados a ser misericordiosos e a perdoar, conta a parábola do rei misericordioso e do servo sem entranhas de compaixão, em que surgem outros elementos esclarecedores. E conclui, afirmando que Deus procede connosco conforme nós procedermos uns com os outros. Quer dizer, deixa nas nossas mãos a medida do perdão. E para nos lembrar desta verdade ensina-nos a rezar no Pai Nosso: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Que responsabilidade e interpelação! Sejamos dignos desta ousadia confiante!

O Papa Francisco, na sua histórica Viagem Apostólica à Colômbia, reafirma muitas vezes a importância do perdão como caminho para a paz e exorta veementemente a que todos se esforcem para construir uma sociedade justa, sem feridas sangrantes nem ódios congelados. Dirige-se especialmente aos jovens na mensagem à multidão (mais de um milhão de pessoas), na praça Bolivar em Bogotá e diz-lhes: “A vossa juventude também vos torna capazes duma coisa muito difícil na vida: perdoar. Perdoar a quem nos feriu; é digno de nota ver como não vos deixais enredar por velhas histórias, como olhais de modo estranho quando nós, adultos, repetimos histórias de divisão simplesmente porque estamos presos a rancores. Ajudais-nos neste intento de deixar para trás aquilo que nos ofendeu, ajudais-nos a olhar para a frente sem o obstáculo do ódio, porque nos fazeis ver toda a realidade que temos à nossa frente, toda a Colômbia que deseja crescer e continuar a desenvolver-se; esta Colômbia que precisa de todos e que nós, os mais velhos, devemos entregar a vós.

Por isso mesmo vós, jovens, enfrentais o enorme desafio de nos ajudar a sanar o nosso coração, de nos contagiar com a esperança juvenil que está sempre disposta a conceder aos outros uma segunda oportunidade. Os ambientes de desespero e incredulidade fazem adoecer a alma: são ambientes que não encontram saída para os problemas e boicotam aqueles que procuram encontrá-la, danificam a esperança de que toda a comunidade necessita para avançar. Que as vossas aspirações e projetos oxigenem a Colômbia e a encham de salutares utopias!”
O perdão é a convicção firme de um caminho a percorrer na humanização das relações humanas, qual seiva revigorante em que se encontra o Deus da bondade, o nosso Deus. “Posso estar verdadeiramente magoado e ofendido, mas reconheço que mais vale ultrapassar, ir «mais além» disso. É o «per» do «doar». E o padre jesuíta Vasco de Magalhães conclui: “O grande problema é pesar bem o que vale mais”.
E não há nada mais valioso do que aceitarmos percorrer os caminhos de Jesus, do seu amor incondicional, do seu perdão misericordioso, da sua doação irradiante que faz da cruz horrorosa a porta aberta para a feliz ressurreição. E tanto nos humaniza que “diviniza” a nossa relação. Demos mais um passo e aprendamos a perdoar mais e melhor.

Georgino Rocha

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

D. António Francisco dos Santos — Um bispo próximo e acolhedor


Hoje de manhã, fui dolorosamente surpreendido pela notícia da partida de D. António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, para o regaço maternal de Deus. Apesar da fé que nos anima e nos leva a crer que tudo será melhor no coração do Senhor da Vida, que acolhe todos os homens de boa vontade, porque «perdoa sempre; perdoa tudo!», no dizer do Papa Francisco, reconhecemos, humanamente, que a dor momentânea da separação nos deixa tristes. 
Evoquei então o dia 8 de dezembro de 2006, Festa da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal e Mãe da Igreja, que me marcou para o resto dos meus dias. No cortejo de entrada na Sé de Aveiro, para a cerimónia solene da tomada de posse de D. António Francisco dos Santos, como bispo residencial da Igreja Aveirense, sofri um enfarte. Conduzido ao hospital, ali fiquei nos cuidados intensivos. No dia seguinte, pela manhã, antes dos meus familiares chegarem, abri os olhos ainda cansados para fixar dois visitantes: D. António Francisco e D. António Marcelino. Terão sido informados da minha situação pelo meu querido amigo e capelão do Hospital, Padre João Gonçalves. No domingo seguinte, D. António Francisco celebrou a Eucaristia no Hospital para os doentes e voltou a passar pelos cuidados intensivos para saber do meu estado. Dirigiu-me palavras de estímulo, palavras que vieram de um coração bondoso, que jamais esquecerei. 
Tempos depois, visitei-o na Casa Episcopal, para lhe agradecer a gentileza do gesto e das palavras que me dirigiu no Hospital de Aveiro. Sem pressas, sem nunca olhar para o relógio, falámos, trocámos impressões sobre Aveiro e sua região. Fiquei com a certeza de que a nossa Diocese, que teve tão grandes Bispos, cada um com o seu estilo, tinha agora um Bispo muito próximo e acolhedor. 
Dias depois, soube da saudação que dirigiu à Diocese, na qual garantiu que todos teriam lugar no seu coração de Bispo. «Que ninguém se sinta sozinho, esquecido, excluído ou à margem do meu desvelo de servir, independentemente da sua condição social, convicção de fé, cor ou cultura.», disse.  E na tomada de posse adiantou: «Somos uma diocese nova, recém-restaurada. Mas o caminho percorrido é grande e belo, com etapas marcantes de dois Sínodos diocesanos a cujos dinamismos me vinculo. É meu dever assumi-los. É meu desejo continuá-los. Há vidas doadas a Deus, à Igreja e ao Seu Povo, que hoje e sempre devemos recordar, agradecer e merecer.»
Num olhar atento, percebe-se que D. António Francisco foi, essencialmente, um Bispo com uma capacidade rara para ouvir, sem pressas. Atento ao mundo e à diocese, no seu espaço de intervenção pessoal, direta e próxima, D. António Francisco privilegiou a pessoa, com todos os seus problemas e anseios, mas ainda com as suas limitações e dificuldades.
Pessoalmente, não posso deixar de registar a sua serenidade, a sua humildade no contacto com todos, a sua fé esclarecida e atuante, o seu desejo de inovar e a procura das melhores soluções para implantar e dinamizar o Reino de Deus entre nós.

Fernando Martins

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Mensagem de D. António Marcelino

Temos um  novo Bispo em Aveiro!

Venho dar a todos vós, caríssimos diocesanos, uma boa notícia. Neste dia, em que completo 76 anos de idade e 31 de episcopado, quase 26 destes vividos convosco e ao vosso serviço, quis o Santo Padre dispensar-me do governo diocesano e nomear, como meu sucessor, o Senhor D. António Francisco dos Santos, Bispo Auxiliar de Braga e originário da Diocese de Lamego. Noutro local deste jornal podereis ver a sua biografia e os serviços apostólicos e pastorais a que foi sendo chamado.
Sinto muita alegria nesta escolha do Santo Padre. D. António Francisco, como iremos chamar-lhe e logo veremos, é um homem simples, aberto, amadurecido e experiente, um padre exemplar, culto, apostólico e bem preparado para a missão, um Bispo próximo e acolhedor, com sensibilidade e grande compreensão das exigências que hoje são postas à Igreja e das realidades humanas e sociais.
A mensagem que ele quis, já neste dia, dirigir à Diocese, e hoje mesmo publicada, denuncia bem o seu espírito sacerdotal e apostólico. Ele a dirige de Roma, onde participa num encontro para bispos, sendo hoje mesmo recebido por Bento XVI. A entrada na Diocese, será, por sua vontade, no dia 8 de Dezembro, festa litúrgica da Imaculada Conceição e 34.º aniversário da sua ordenação sacerdotal.
Até lá, pede-me o Papa que continue a dirigir a Diocese como Administrador Apostólico, com as faculdades e as responsabilidades que este título canónico comporta.
D. António Francisco, ainda com muitos compromissos assumidos em Braga, passará, porém, pela Diocese, para ir conhecendo pessoas e instituições e se aperceber, de perto, da nossa realidade social e pastoral. Rezemos, a partir de hoje, pelo novo Bispo, dom de Deus à Diocese de Aveiro, para que ele seja, como é seu desejo, um Pastor à maneira de Jesus Cristo, o Bom Pastor.

António Marcelino,
Administrador Apostólico