sábado, 23 de janeiro de 2010

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 168

PELO QUINTAL ALÉM – 5


Ti Sarabando com Ti Mar'Joana

O PASTO

A
Ti Sarabando
e a sua Mar'Joana ( Maria Joana)

Caríssima/o:

Hesitei no título: erva... pasto...
Vendo bem as coisas, optei por “pasto”; “erva” nos dias que vão passando até nos dicionários se lhe junta outra conotação muito afastada daquela que nos levava junto dos animais para os alimentar...
Os tempos são outros e não apenas o sentido das palavras se alterou...

a. Pelo nosso quintal há muita erva mas não da que se criava com a sementeira e a adubação abundante para se cortar e levar para os currais das vacas, dos coelhos, dos porcos. Agora não se criam animais e a erva nasce sem ser semeada!

e. Também pelas muitas terras da nossa Gafanha que é da erva que se semeava depois da apanha do milho? Não se vê...
Naqueles tempos, as terras eram limpas de felgas e melhãs; logo “adubadas” com esterco dos currais. Depois deste espalhado, lançavam-se à terra as sementes de cevada, centeio ou aveia. A seguir, margeava-se o terreno.
Parte destas sementeiras destinavam-se a dar grão, mas a grande maioria serviria de alimento para o gado na invernia.
Era ver então como, foicinha na mão, ah!, corta que corta, se enchia a carroça ou ajeitava o molho que se levaria à cabeça ou aos ombros.

i. Quando a economia de subsistência era rainha, tudo se aproveitava. Destas plantas, os do nosso tempo se lembrarão, as folhas e os caules verdes iam alimentar o gado. Das searas, as paveias eram levadas para a eira, malhadas, ensacava-se o grão; a palha ia para os colchões, para a cama dos animais e, por vezes, para a manjedoura.

o. Directamente para a saúde, nada consta; convenhamos, porém, que muitos considerandos positivos se poderiam acrescentar sobre o equilíbrio fisiológico e emocional ...

u. E aqui se agiganta a figura do Ti Sarabando.

A IGREJA NO HAITI




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Jornal i: A pobreza não tem ideologia

O problema de procurar respostas para a pobreza é acreditar que numa delas está a solução. E procurar na ideologia esse bilhete premiado

Há 2 milhões de pobres em Portugal. Isto quando se adicionam apoios sociais do Estado aos seus fracos rendimentos: sem subsídios, são 4 milhões de portugueses que vivem com menos de 360 euros por mês. Impressionante? Estes números não servem para nada. Isso: não servem para nada - a frase, dura como ácido, valeu um prémio Nobel a Amartya Sen.


Para este indiano conhecido como a Madre Teresa da Economia, a pobreza não se afere pela existência de um ou mais dólares na carteira de cada um. O dinheiro importa, claro, mas para medir as necessidades que não se conseguem pagar com esse dinheiro. Parece a mesma coisa, mas não é: o que Sen mede é aquilo que cada pessoa consegue atingir com determinado nível de rendimento. Há gente a quem a falta de dinheiro não impede de se tornar rica - como existem crianças que nascem ricas e acabam pobres. Porquê?

A resposta valeu o prémio Nobel da Economia a Amartya Sen em 1998, mas nem ele ficou satisfeito com ela: a pobreza ou a ausência dela depende das circunstâncias em que vive cada pessoa, da sua genética, da sorte, dos seus pais, do clima, da roupa que usa, da voz que tem, das emoções que transmite e de um conjunto impressionante de outras possibilidades que salvam uns mas condenam outros.


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As sociedades humanas não podem subsistir sem o exercício do poder


Amor que serve

'Potestas' e 'auctoritas'



Mesmo não entrando em tecnicismos, esta distinção que os romanos faziam entre potestas e auctoritas pode ser fundamental, concretamente para os tempos que atravessamos.
Claro: há muitas formas de poder, desde os órgãos de soberania ao poder da moda, e Max Weber, por exemplo, distinguiu vários tipos de poder: legal, carismático, tradicional. Mas, aqui, poderíamos dizer, ainda que simplificando muito, que a potestas - vem de potis, com o significado de senhor de, que exerce o poder sobre - tem a ver com o poder no sentido institucional. Assim, os magistrados têm poder, os presidentes de câmara têm poder, os deputados, os bispos, os ministros, os presidentes de junta de freguesia, os polícias, os pais, os padres, os generais, os professores... têm poder. As sociedades humanas não podem subsistir sem o exercício do poder. Há sempre o poder enquanto domínio para que os grupos possam viver organizadamente e sem violência.

Para começar este sábado, poesia de Eugénio Beirão





“FINJO QUE SOU POETA”

Finjo que sou poeta
e construo flores de palavras
que uso na lapela.
Mas poeta eu não sou.
Assomo apenas à janela
a contemplar os astros;
e com luminosos traços
ensaio dizer o deslumbramento.

Eugénio Beirão
In Os Dias Férteis

Nota: Sobre o livro Os Dias Férteis, que ando a ler, hei-de publicar aqui, um dia destes, algumas reflexões. Como conheço o autor e as suas diversas capacidades literárias e culturais, adianto que precisa de ser mais lido.
FM

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

350 mil entradas no Pela Positiva

Como facilmente se pode ver, o meu blogue Pela Positiva acaba de registar 350 mil entradas. Motivo para saudar todos quantos, dos mais diversos pontos do mundo, entraram em sintonia comigo. Em sintonia pelo espaço, que não totalmente pelas ideias, como decerto se compreenderá. Enquanto tiver saúde e forças, já que determinação me não falta, por aqui estarei ao sabor da maré da Ria de Aveiro, que comanda os nossos humores.

Um abraço para todos

Fernando Martins

TÁCTICAS NA POLÍTICA

A política é mais complexa do que o futebol. Penso eu, claro. E porque é complexa, usa imensas tácticas em tudo. Umas que percebemos e outras que nunca descobriremos.  Vasco Pulido Valente, a propósito das negociações em curso para viabilizar o Orçamento do Estado, aponta duas tácticas.

No integrismo ou no igualitarismo não há diálogo



Ecumenismo e integrismos

1. Se formos elaborar um estudo exaustivo, mesmo que numa análise do campo exterior, a origem das religiões revela-se sempre imensa de ser universalista e totalizante, dador de sentido à existência de cada um e de todos. Nessa análise, na generalidade, detectar-se-ia uma frescura de interiorização e universalização capaz da inclusão das múltiplas diversidades e visões. Com o crescer e com o necessário realismo, como é natural, vem a procura de regulação e enquadramento, um estabelecer de balizas de ideias e de compreensões práticas, facto que, a partir de uma determinada racionalidade (porventura codificada), pode levar a excluir as diferenças, fazendo crescer a dura e crua semente do integrismo, fanatismo, fundamentalismo.


Crónica de um Professor: Já faltou mais para o equinócio da Primavera! Graças a Deus!



O Tempo

Quando não há outro assunto de conversa, fala-se do tempo. Entre os Britânicos, é assunto recorrente, quando a intimidade das pessoas não lhes consente outro tema de conversa. É suficientemente abrangente para tocar a todos e está sempre na ordem do dia. O tempo que fez, o tempo que faz e o tempo que se espera, cabem sempre nos interesses e no conhecimento de cada um.
Isto acontece quando o tempo é comedido e não extravasa os limites que lhe são atribuídos. No momento presente, é tema central de muitas conversas, digamos até que anda nas bocas do mundo, pelos excessos que tem cometido. Basta lembrar as cheias que têm acontecido no Brasil, uma calamidade, nos Estados Unidos, os nevões do norte da Europa e ultimamente os abalos telúricos no Haiti. Todos os dias nos chegam as imagens pungentes dum povo sofredor que está, neste momento, a tentar reerguer-se perante a catástrofe. É chocante, deprimente a exibição da tragédia humana que assolou um povo, já tão fustigado pelas intempéries da vida.

M.ª Donzília Almeida

O voyeurismo da tragédia

A realidade de algum jornalismo está bem retratada aqui. Concordo com o autor deste texto, publicado no blogue "A origem das espécies". Ajuda-nos a ver como se trabalha e como se joga "ao faz de conta". Há reportagens do Haiti que já enojam. Quando alguns repórteres começam a falar  já sabemos o que é que vão dizer. Até parece que lhes faltam as palavras. Ou então dizem sempre o mesmo. Como mostram imensas vezes as mesmíssimas imagens. Neste texto, fala-se, também, de um repórter fotográfico, gafanhão. O Pedro Loureiro não foge das guerras.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ÍLHAVO: Prémios de Artes Plásticas e Design para finalistas

Autarquia quer estimular a criatividade
e homenagear figuras ilhavenses


A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou a criação e atribuição dos Prémios “Artes Plásticas Cândido Teles” e “Design João Carlos Celestino Gomes” destinados a Alunos Finalistas em Artes Plásticas e Design das Escolas Superiores destas áreas, a nível nacional, relativos ao ano lectivo 2009/2010.
Com a atribuição destes prémios, a CMI pretende, além de estimular a criatividade artística, homenagear duas das mais importantes personalidades da cultura ilhavense, num projecto que se pretende afirmar como um dos mais importantes prémios a nível nacional.
Enquanto entidade promotora e patrocinadora deste evento, a autarquia atribuirá dois prémios de aquisição a duas obras seleccionadas pelo Júri constituído para o efeito, sendo cada um dos prémios — “Artes Plásticas Cândido Teles” e “Design João Carlos Celestino Gomes” — do valor de 1250 euros.
Todos os alunos interessados em participar deverão enviar até ao dia 30 de Abril de 2010, para o Centro Cultural de Ílhavo, a respectiva candidatura utilizando para o efeito os meios de comunicação habituais (e-mail e correio).

UE inaugura Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social



80 milhões de europeus
vivem abaixo do limiar de pobreza

«A Comissão Europeia e a Presidência espanhola da UE lançam esta Quinta-Feira o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social (AECPES), sob o lema “Acabemos com a pobreza já!”.
A campanha visa pôr a luta contra a pobreza, que afecta directamente um em cada seis europeus, no centro das prioridades em toda a UE durante 2010, refere comunicado da Comissão Europeia.
José Manuel Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, e José Luis Rodríguez Zapatero, Primeiro-ministro espanhol, inauguraram o Ano Europeu num evento que tem lugar em Madrid.
A Estratégia UE 2020 é essencial no combate à pobreza e deve assentar em medidas que apostem na criação de emprego, mas que vão para além de paliativos tradicionais, com políticas inclusivas e de solidariedade, defende Durão Barroso.
Falando na sessão de abertura da apresentação do Ano Europeu da Pobreza, em Madrid, o presidente da Comissão Europeia considerou que para oito por cento dos europeus o emprego "não tem sido suficiente para poder sair da pobreza”.
Uma situação “claramente inadmissível”, frisou, que obriga a políticas menos tradicionais, que incluam um rendimento mínimo garantido. “Aqueles para quem o trabalho não seja uma opção realista devem ter igualmente um rendimento mínimo adequado compatível com uma vida digna”, afirmou.
Durão Barroso insistiu na oportunidade que a Estratégia UE 2020 - que definirá as linhas mestras da política económica comum - pode ter no combate à pobreza, mas adverte que os indicadores nem sempre têm sido positivos, pelo que “chegou o momento de conseguir um novo consenso político sobre esta questão na Europa”.
Perto de 80 milhões de europeus (17% da população da UE) vivem actualmente abaixo do limiar de pobreza. Este facto alarmante encontrou grande eco junto da opinião pública, segundo um recente inquérito Eurobarómetro sobre as atitudes face à pobreza.»

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SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃO




A paciência do Espírito Santo

Está a decorrer a Semana de Oração pela Unidade dos Cristão. Ano após ano, esta iniciativa repete-se, no sentido de fortalecer os laços de proximidade entre os cristãos ligados a diversas Igrejas. Todos aceitam Jesus Cristo como Salvador e Redentor da humanidade. Porém, mantêm-se separados há séculos por motivos, por vezes, ridículos, para clérigos responsáveis.
Várias vezes me tenho interrogado sobre o porquê desta situação, para além dos conflitos que lhe deram origem. Muitos estão por dentro das “guerras” que os cristãos alimentaram entre si, por vontade própria ou por interesses vindos de fora. O que me impressiona é ver como a Boa Nova, legada por Cristo, desde as origens pautada pelo princípio da unidade, ainda não foi assimilada por todos. Será?
Desde sempre ouvi, na semana de oração pela unidade dos cristãos, que se espera do Espírito Santo um sinal ou uma ajuda para que a unidade plena se faça. Mas a verdade é que num milénio de cristianismo a separação persiste. Será assim? Será que o Espírito Santo concorda com esta realidade? Ou estará a testar a nossa paciência ou teimosia? Ou estará Ele, com a sua infinita paciência, à espera que compreendamos que a unidade, matizada por muitas correntes, está tão-só na aceitação de Jesus Cristo, como único Salvador?

FM

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Obama está a ser fiel ao próprio desígnio que apontou: «o caminho vai ser longo»


Obama

A ilusão e gestão das expectativas

1. Faz um ano (20 de Janeiro) que Barack Obama tomou posse como presidente dos Estados Unidos. No mundo das emoções, grandes expectativas podem conduzir a grandes desilusões. Após um ano de sua eleição e depois de um inédito estado de graça, Obama tem neste momento a popularidade em baixa, ou pelo menos não em tão alta. Como se sabe, das emoções sociais – um sintetizador de opinião sempre na ténue fronteira da sensibilidade – espera-se o melhor e o pior; mas a verdade é que Obama, crescendo acima de si próprio tornando-se mito quer pela sua eleição inédita de afro-americano quer envolto de uma nuvem clarividente de esperança inabalável, Obama continua a ter “razão”. Talvez tenha havido, e continua a haver, um problema de comunicação e de responsabilidade. O slogan «yes we can» está construído na primeira pessoa do plural, facto que não personaliza nele próprio o centro de referência.

Alexandre Cruz

XI Capitulo da Confraria do Bacalhau recebe Confrarias Gastronómicas Espanholas e Francesas

Catedral de Barcelona (interior)

Confraria Universal del Bacallà de Espanha presente
no XI Capitulo da Confraria Gastronómica do Bacalhau em Ílhavo,
no próximo dia 23 de Janeiro


Das Confrarias Gastronómicas já confirmadas no XI Capítulo da Confraria Gastronómica do Bacalhau, vai estar presente a Confraria Universal del Bacallà de Barcelona. Esta Confraria espanhola foi fundada em 1200 e reconhecida como de grande importância para Espanha pelo rei Alfonso V (O Magnânimo) em 1447, sendo detentora de um túmulo no chão da Catedral de Santa Maria del Mar, Barcelona. Após algum tempo sem actividade foi “refundada” em 1986.
Esta Confraria Espanhola faz parte da organização do I Congresso Mundial do Bacalhau a decorrer em 2011, em Barcelona, juntamente com o Gremio de Bacallaners e a Fundação do Instituto Catalão de Cozinha. Na cerimónia de Entronizações, a Confraria Universal del Bacallà entronizará o Grão Mestre da Confraria do Bacalhau, João Manuel Madalena.

Houve tempo, já lá vão séculos, em que a Igreja caiu na tentação de construir palácios com muralhas




Igreja em campo aberto


.A Igreja sempre esteve em campo aberto. É de sua natureza e, por isso mesmo, essa é a sua missão e seu modo natural de agir. Em campo aberto: ao calor do Verão, ao frio do Inverno, à beleza da Primavera, à serenidade do Outono. O Vaticano II veio dizer que assim é.
Porém, houve tempo, já lá vão séculos, em que a Igreja caiu na tentação de construir palácios com muralhas. À maneira de reis e fidalgos. Umas mais ostensivas a denunciar poder. Outras mais discretas, com frestas estreitas para poder espreitar, guardando da tentação de sair para o vento. Visto de longe, tudo parecia bem e iluminado. Assim, se tornou mais difícil entrar e sair, e mais cómodo estar de ouvidos cerrados ao rugir de vendavais e ao cair da chuva. O mesmo é dizer, estranho às intempéries da vida que geram sofrimento, e à luta inglória de muitos sem saberem como enfrentar o abandono.
As verdades foram ganhando bolor, as gargantas ferrugem, e o povo a ter de se contentar com a esmola ocasional e fugidia das palavras piedosas de algum frade pregador, que passava, de tempo a tempo, pelo povoado. Muitas casas paroquiais já nem eram do padre, mesmo com ele a viver lá dentro. E, onde ele ainda mandava, não raro as propostas de religião que apontavam para Deus eram limitadas, sempre iguais e de alcance reduzido para aqueles a quem chegavam, que, mesmo estes, iam escasseando, a pouco e pouco.
Um dia os maiores se aperceberam que, lá fora, em campo seu, se moviam outras forças e nelas estava o inimigo que era preciso esconjurar. Saíram, então, das muralhas para fazer guerra ao intruso. De defesa da fé e da verdade, dizia-se. Tarde de mais. Com a luz debaixo do alqueire não se pode estranhar que, na noite da vida, surjam lampiões. Os de fora equiparam-se com armas depreciadas pelos de dentro. A estas, outras se juntaram, de novo cariz e não menos poderosas. E a guerra de oposição não terminou mais.
Avisos do céu foram abafados. Palavras de profetas, não ouvidas. Sinais de novos caminhos, rejeitados. O bem que os outros faziam, desfeiteado…

António Marcelino

Padre Manuel Marques Dias foi agredido no sábado


 Bispo de Aveiro condena
acto de violência contra sacerdote

Soube hoje, pelo Correio do Vouga, que o Padre Manuel Marques Dias, de 81 anos, foi agredido e roubado. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, em nota pastoral, já disse tudo o que era preciso dizer sobre o assunto. Quaiquer outras considerações, mesmo pessoais, apenas servirão para manifestar a nossa solidariedade ao Padre Manuel e ao presbitério de Aveiro, através do nosso bispo.
Conheço o Padre Manuel há décadas. Entusiasmei-me, muitas vezes, com as suas inquietações sociais e com o seu envolvimento, concreto, na luta em favor dos trabalhadores e dos pobres. Falava com o coração na boca e era um padre incomodado e incómodo. Numa altura em que o comodismo, o medo e a falta de coragem campeavam no comum das pessoas e mesmo na Igreja, a sua atitude tornou-se notória. Por isso, parecia, imensas vezes, uma carta fora do baralho. Mas não era. O Padre Manuel nunca desligou, que eu saiba, o cristianismo da justiça social, como alavanca de uma sociedade mais fraterna. Foi incompreendido por muitos cristão e amado por outros. Na Igreja, como na sociedade, há sempre dois lados da barricada: uns remam para um lado e outros tantos para o outro lado, nem sempre em sintonia com a verdade do Evangelho. Mas o Padre Manuel nunca renegou os seus principios e os seus valores. Hoje fala-se dele por razões tristes. Amanhã seria bom que falássemos do exemplo de vida com que ele marcou muita gente.

Fernando Martins

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Socorrer os que mais precisam afirma-se como o pilar essencial de acção





Todos humanos e humanitários

1. Os acontecimentos recentes do Haiti, a par de outros do género onde a condição humana é fortemente interpelada, continua a fazer-nos relançar algumas questões fundamentais. Quantas vezes observamos que em situações trágicas as fronteiras são abertas à solicitude dos “outros”, ou as próprias linhas políticas são relativizadas, pois que socorrer os que mais precisam, sejam eles “quem” forem, afirma-se como o pilar essencial de acção. Mas depois, passado o limpar das águas ou o apagar do fogo parece que tudo volta ao passado de fronteiras fechadas, de relações sociais frias, sofrendo um forte apagão toda a frescura solidária que a urgência faz despertar nos primeiros tempos.

Alexandre Cruz

Mais um trabalho do meu amigo Manuel




«Por escolas de outros tempos»


Penso que nunca se publicou tanto no nosso País como agora. Diariamente aparecem nas livrarias novas obras de jovens promissores e de escritores consagrados. As reedições sucedem-se, sinal de que há muita gente a ler. E se as edições se vão multiplicando dia a dia, com facilidade para alguns escritores e com imensas dificuldades para os novatos nestas lides da escrita, é sabido, também, que muitos outros se vêem obrigados a edições de autor, isto é, pagas pelos próprios, sem ajudas de ninguém. Os mais teimosos lá vão tentando descobrir patrocínios para as suas publicações, mas nem sempre é fácil. Outros desistem dessas preocupações e vão escrevendo para os familiares e amigos.
Um desses é o meu amigo Manuel Olívio da Rocha, um gafanhão que reside no Porto há décadas. Quase todos os anos, pelo Natal, brinda-nos com um trabalho que poderia, muito bem, ser impresso e distribuído por editoras que não se envolvessem somente com escritores que aparecem nas televisões ou nas rádios, ou que tenham amigos nos jornais e revistas, ligados a lóbis editoriais.


Navio-escola Sagres deixa o Porto de Aveiro durante a visita dos Grandes Veleiros


CMI patrocina viagem do navio-escola Sagres


O navio-escola Sagres iniciou, hoje, uma viagem de 11 meses, à volta do mundo, que conta com o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, numa oportunidade única de promover além-fronteiras os valores e a cultura do nosso município, que tem “O Mar por Tradição”.

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Em dia de menos chuva chega-me a notícia da morte de antigos colegas




O Sol ainda não saiu vencedor

Na luta contra a chuva e o frio, o sol ainda não saiu vencedor. Foi anunciada ontem a sua vitória, mas tal não se concretizou, decerto com medo de alguém. Não sei de quem. Vamos continuar a aguardar, para depois festejar.
De qualquer forma, saí de manhã para uma caminhada, de que já sentia saudades. Caminhei pouco porque os amigos que encontrei me levaram a desenferrujar a língua. Ouvi mais do que falei, mas também falei.
E é curioso como destes encontros saio normalmente enriquecido. De um ouvi histórias de um reencontro familiar, há tantos anos esperado, de outro fiquei a saber pormenores do começo do Cortejo dos Reis na Gafanha da Nazaré, à volta da antiga capela de Nossa Senhora da Nazaré, no lugar da Chave, e com um terceiro senti o entusiasmo com que aborda os temas ligados à sua colecção de livros antigos, sobretudo os que dizem respeito aos Descobrimentos Portugueses. Prometi visitá-lo um dia destes, para a entrevista que se impõe.
Também tomei conhecimento do falecimento de dois antigos colegas de escola, residentes em Aveiro. São eles o José Maria da Silva Soares Arroja e o Manuel Pompeu da Loura de Melo Figueiredo. A vida tem destas coisas. Colegas da juventude, cada um seguiu para o seu lado. Eles por Aveiro e eu na Gafanha da Nazaré. Os anos vão passando, os encontros rareando e as amizades ficam diluídas. Depois, lá vem o dia em que o anúncio dos seus falecimentos nos faz recordar vivências em comum. Os meus pêsames às suas famílias. Paz às suas almas.

FM

Se pudesse escolher, com quem gostaria de beber uma cerveja?

Sugestões de leitura no i de hoje


No editorial do i, Sílvia de Oliveira reflecte sobre o melhor candidato para as presidenciais, olhando para Cavaco Silva e Manuel Alegre. O primeiro, Cavaco, será tecnicamente perfeito, dotado de um imaculado sentido de Estado, de uma independência e seriedade à prova de bala e de uma inabalável estabilidade de carácter r ideológica; o segundo, Alegre, combateu em Angola, foi preso pela PIDE, esteve dez anos exilado na Argélia, é poeta, gosta de caçar e de touradas, é polémico e inconveniente, é arrogante e intelectual, tem mundo.  E depois, a jornalista pergunta: «Se pudesse escolher, com quem gostaria de beber uma cerveja?»

Que os Haitis do mundo sejam conhecidos e amados por outras razões que não a tragédia




Entre Ruínas

O Haiti entrou no grande teatro do mundo por motivos bem diferentes daqueles por que frequentemente era noticiado: as crises políticas e os golpes de Estado. À notícia do sismo sempre se juntou uma outra não menos dramática: a pobreza. Um dos países mais pobres do mundo, foi o subtítulo que sempre acompanhou as grandes manchetes sobre um sismo que teve apenas mais um ponto do que aquele que recentemente nos atingiu. Poderíamos ter sido nós.
Um acontecimento desta ordem, num grau de tragédia tão intenso, deixa-nos sempre um oceano de questões que vamos arrumando desajeitadamente até que o tempo nos canse, as imagens nos saturem e um outro evento nos mude os registos da emoção. Desta vez não foi excesso de chuvas, desabamentos, furações, possivelmente por maus-tratos que vamos dando à gestão do frio e do calor nos nossos mecanismos de civilização. Desta vez não sabemos bem o que há a fazer com placas tectónicas que se movem poucos quilómetros abaixo do mar e estoiram com o rés-do-chão do nosso planeta onde construímos as nossas casas e desenhamos as nossas cidades, desde o barracão rudimentar ao palácio presidencial.

António Rego

Ainda os casamentos gay



O sexo dos cônjuges


Desculpem o meu cepticismo. Mas parece-me que a possibilidade de um casamento só ter noivos ou noivas é pouco para começar ou acabar uma civilização. No fundo, estas "causas fracturantes" em Portugal têm menos que ver com a vida social do que com a vida política. Falamos do "casamento gay" porque o PCP e o BE querem entalar o PS e porque o PS não se quer deixar entalar e, já agora, quer entalar a direita.

Os homossexuais entram nesta história como carne para canhão político. Basta pensar que entre os seus advogados encontramos os comunistas, que criaram, nos países em que estiveram no poder, dos piores infernos do século XX para a homossexualidade (leiam as memórias de Reinaldo Arenas). Ou que o PS, para ficar de bem com toda a gente, não se importa de lhes dar com uma mão o casamento e com a outra, ao proibir adopções, a primeira discriminação legal. Com o devido respeito pelas boas almas a quem o caso excita, o que convém aqui ao cidadão é uma indiferença higiénica pelo que diz e faz uma classe política irremediavelmente cínica.

Rui Ramos

Leia mais no  EXPRESSO

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Obama: O povo haitiano não será esquecido



Haiti, os milagres da tragédia

1. O Haiti é o novo centro do mundo. Desde o dia em que a terra tremeu (12 de Janeiro 2010) uma multiplicidade de acções vai-se estendendo pelo mundo inteiro no sentido da necessária ajuda ao povo haitiano. As contagens revelam o lado frio do acontecimento (cerca de 200 mil mortos?), mas o acontecimento trágico, tal como a dor e o sentimento, é sempre individual. Existem as descrições horrendas características do pior que a desumanidade pode sofrer, mas existem histórias de milagres de algumas vidas salvas em plena tragédia. As desgraças trazem consigo sempre também o lado do surpreendente e da valorização de cada vida salva, de cada gesto solidário, de cada momento bom.

Alexandre Cruz

Primórdios da Gafanha

Sobre os primórdios da península da Gafanha, leia aqui.

Lourdes Pintasilgo faria hoje 80 anos


Se fosse viva, Maria de Lourdes Pintasilgo faria hoje 80 anos. Nasceu em Abrantes a 18 de Janeiro de 1930 e faleceu, em Lisboa, a 10 de Julho de 2004. Foi a única mulher portuguesa a ocupar o lugar de primeiro-ministro, no pós-25 de Abril. Militante católica, assumiu na vida a aposta numa nova ordem social. Fundou, em Portugal, o Movimento Graal e dirigiu diversas instituições de vocação social e política.
Esta evocação, sucinta, pretende apenas lembrar uma mulher superior, com larga projecção internacional. Em Portugal não havia espaço nem lugar onde pudesse dar largas aos seus projectos de mais cultura e mais justiça social, alicerçadas na Doutrina Social da Igreja. A própria Igreja, aliás, também não soube aproveitar, entre nós, a força do seu carácter, a ambição do mundo melhor que ela desejava, o testemunho de um catolicismo responsável e coerente. Portugal não a soube ouvir e seguir. No estrangeiro foi ouvida e respeitada. 



FM


Os meus livros antigos





"Manual de Civilidade e Etiqueta" é uma edição de 1914, da responsabilidade do Editor - Arnaldo Bordalo, de Lisboa. Trata-se de «Regras indispensaveis para se frequentar a boa sociedade», coligidas por Beatriz Nazareth. É curioso como um livro destes nos pode dar um retrato de uma época, onde as classes chamadas mais altas, no conceito de pirâmide social, decerto estariam em contraste flagrante com a pobreza maioritária do grosso da sociedade.

Bento XVI na Sinagoga de Roma


Bento XVI fala de acção "discreta" 
durante a II Guerra, judeus pedem arquivos abertos

O Papa Bento XVI foi ontem visitar a Sinagoga de Roma - o que aconteceu pela primeira vez. Mas quem esteve presente, nos discursos dos judeus que o acolheram e no discurso que dirigiu à comunidade judaica da cidade, foi o Papa Pio XII, que liderou a Igreja Católica durante a II Guerra Mundial.
Durante a cerimónia, o presidente da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo Pacifici, pediu ao Papa a abertura dos arquivos do Vaticano respeitantes ao pontificado de Pio XII (1939-1958). "Enquanto esperamos um julgamento partilhado, desejamos, com o maior respeito, que os historiadores tenham acesso aos arquivos do Vaticano sobre este período e todos os acontecimentos" ligados à Alemanha nazi, afirmou.

António Marujo


Foto publicada no PÚBLICO
Leia mais no PÚBLICO de hoje

domingo, 17 de janeiro de 2010

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues


(Clicar para ampliar)

“Fazei tudo o que Ele vos disser”


Gérard David - Bodas de Caná - séc. XVI


O VINHO DA FESTA


A festa de casamento dos noivos acaba de modo feliz. O episódio ocorre em Caná da Galileia. Obedece a um ritual bem definido para celebrar o amor conjugal – sinal publicamente reconhecido do amor de Deus por toda a humanidade. Os protagonistas são o chefe de mesa, os serventes e alguns convidados, dos quais se destaca Maria e seu filho Jesus. Nazaré.

Tudo corre bem, até que Maria dá conta de que o vinho está prestes a faltar. Cheia de solicitude e com muita discrição, comunica-o a Jesus. Após umas palavras de interpelação, Maria diz aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser”. E o inesperado acontece: Surge vinho novo em abundância e da melhor qualidade. E a festa cresce de intensidade e de ritmo. A acção de Jesus havia dado um apoio decisivo às carências dos noivos, à busca de soluções dos intervenientes, à alegria dos convivas.

João – o narrador do episódio – regista o facto não apenas pelo seu valor histórico, mas sobretudo pelo seu alcance simbólico. É este alcance que lhe interessa: mostrar a mais valia da presença de Deus no casamento religioso e concretizar esta presença em Jesus Cristo e na sua atenção às situações concretas.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 167

PELO QUINTAL ALÉM – 4



O NABO


A*

Zé M.ª Parrachoche
Manuel Nunes Sarromão e Maria Augusta
João Encante
Plácido


Caríssima/o:

«O nabo e o peixe, debaixo da geada crescem.»
Vem a propósito, pelos gelos que temos sentido...

a. Este ano os nabos do nosso quintal são muito bichosos, muito feios e pouco se aproveita da cabeça; valha-nos a rama e... esperemos pelos grelos.

e. Ali pela Borda era uma fartura.
Nesta quadra do ano, não fora o nabo e a fome apertaria mais forte por meados do século passado, alturas daquilo a que os letrados chamam pomposamente de «grande guerra».
E não era só para nós, as crianças, que deambulávamos sempre perto do Esteiro. Crus e à dentada, a nossa dieta preferida; quando cozidos com a rama e o carapau de «três vinte e cinco», torcíamos o nariz... Também para o porco que estava no curral, os nabos substituíam a batata que escasseava.
Parece que os terrenos arenosos propiciavam boas colheitas...

i. O nabo é barato, saudável e fácil de preparar e de cultivar ( mesmo em solos pobres).
A cabeça tem as honras, mas talvez não se saiba que as folhas de nabo, que muitos cozinheiros não aproveitam, são mais nutritivas do que as raízes.
Muitas pessoas servem os nabos frescos ou cozidos, mas eles também podem ser assados, cozidos no vapor ou fritos. Pelo sabor doce e ao mesmo tempo picante, o nabo pode ser usado em saladas, cozidos, sopas e pratos de legumes.


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