Lídia Jorge afirma que “Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou, filhos do pirata e do que foi derrubado, mistura daquele que punia até à morte e do misericordioso que lhe limpava as feridas.” A ilustre escritora equipara Luís de Camões a William Shakespear e a Miguel Ângelo de Cervantes. Mas também denunciou "o pecado dos descobrimentos".
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terça-feira, 10 de junho de 2025
sábado, 3 de julho de 2021
Lídia Jorge: «Pede-se à Igreja que os seus sacerdotes sejam cultos»
Lídia Jorge considera que entre vários padres subsiste uma ignorância em relação a criações elementares da arte e da cultura, que é preciso corrigir para aproximar a Igreja de mais pessoas, e constata que muitas homilias sobre o mesmo texto bíblico se repetem ao longo de décadas, indiferentes às mudanças no mundo.
«Pede-se à Igreja que os seus sacerdotes sejam cultos» e «tenham acesso a obras literárias, instrução do ponto de vista de gosto pela música, pelo teatro, pelas várias expressões da cultura», afirmou a escritora durante o 14.º Encontro Nacional de Referentes da Pastoral da Cultura, que decorreu pela internet nesta quarta-feira.
No encontro organizado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, Lídia Jorge sublinhou que o desenvolvimento da sensibilidade para a cultura deve ser acompanhada pela «capacidade de dialogar com as pessoas».
«Muitas vezes» fala-se com sacerdotes «que não leram nada, a não ser obras fundamentais da teologia», mas «são incapazes de perceber o que a obra de James Joyce, ou outra, lhes pode dar», referiu.
Ler mais aqui
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Para momentos de inquietude

(Clicar)
Sobre esta obra, Lídia Jorge diz, na revista LER, que, “num tempo de destruição, este livro ajuda a acalmar, no coração de quem o lê, a noção da ameaça que nos cerca”. E acrescenta que, para ler Ana Luísa Amaral, “é necessário sair da esfera do conforto gramatical herdado, entrar no domínio da sua cultura e erudição, e, sobretudo, na intimidade de um sentimento capaz de passar do microcosmo da domesticidade para o domínio das esferas celestes, uma harpa de mil cordas coordenadas segundo um código que lhe é muito próprio”.
Acrescento apenas que gostei muito de o ler e que o recomendo a quem gosta mesmo de poesia. Hão de sentir, como eu, que, neste tempo de pandemia, a boa poesia nos ajuda a esquecer momentos de alguma inquietude.
F. M.
domingo, 9 de junho de 2019
Anselmo Borges - O Filho de Maria
![]() |
Anselmo Borges |
1. Um dia, num debate, perguntei ao eurodeputado Paulo Rangel sobre a crítica e até hostilidade à Igreja Católica, também no meio político, a nível europeu. Ele respondeu que essa crítica existe e que a hostilidade se estende também à Igreja ortodoxa, menos às Igrejas protestantes. Mas sublinhou: “Nunca ouvi alguém dizer mal de Jesus”.
Jesus é uma das figuras “decisivas, determinantes”, da História, como sublinhou o grande filósofo Karl Jaspers. Penso mesmo que é, quando se pensa fundo, a figura mais revolucionária. A partir da revelação de que Deus é Amor e de que todos os seres humanos valem para Deus, a ponto de o critério último que decide da salvação definitiva ser determinado pelo que se faz pelos outros nas necessidades mais imediatas, porque é a Deus, mesmo sem o saber, que se faz — “destes-me de comer, de beber, vestistes-me, foste ver-me ao hospital e à cadeia... —, independentemente do sexo, género, religião, cor, etnia, opção filosófica ou política, foi germinando a ideia da igual dignidade de todos.
Os grandes pensadores tiveram consciência disso. O próprio conceito de pessoa apareceu no contexto dos debates teológicos à volta da compreensão da pessoa de Jesus. Hegel reflectiu bem que a consciência da liberdade, da igualdade e da dignidade veio ao mundo pelo cristianismo. Ouvi o filósofo ateu Ernst Bloch declarar: “Nenhum ser humano pode ser tratado como gado, e isso sabemo-lo pelo cristianismo”. Também escreveu: Jesus agiu como um homem “pura e simplesmente bom, algo que ainda não tinha acontecido”. Jürgen Habermas, o filósofo vivo mais influente, reflectiu que a democracia, que se expressa em eleições livres com igual valor dos votos — “um homem, um voto” —, é a transposição para a política da ideia cristã de que cada homem e cada mulher são filhos de Deus. A liberdade, a igualdade, a fraternidade assentam no Evangelho. Aliás, a consciência dos direitos humanos e a sua proclamação deram-se em contexto judaico-cristão. Onde é que nasceu a Declaração dos Direitos Humanos? Foi na China? Foi na Arábia? Mesmo se, desgraçadamente, foi e vai sendo preciso impô-la também à própria Igreja enquanto instituição... Mahatma Gandhi deixou estas palavras: Jesus “foi um dos maiores mestres da Humanidade.” “Não sei de ninguém que tenha feito mais pela Humanidade do que Jesus. De facto, nada há de mau no cristianismo.” Mas acrescentou: “O problema está em vós, os cristãos, pois não viveis em conformidade com o que ensinais.” E tem razão.
sexta-feira, 13 de julho de 2018
A questão de haver ou não Deus
![]() |
Anselmo Borges |
1.Num tempo de a-teísmo, no sentido radical da palavra: "sem Deus", pior ainda, indiferente perante a questão de Deus, gostei muito da entrevista de Lídia Jorge ao Expresso, que a jornalista Carolina Reis titulou com uma citação: "A ideia de haver ou não Deus persegue a minha vida".
Na bela entrevista, a questão de Deus ocupa lugar absolutamente central. Ao desafio da jornalista: "A fé tem sido um tema transversal na sua vida", responde: "Há dois tipos de fé. Tenho fé no instinto de sobrevivência dos homens, no instinto de fraternidade. É a minha fé maior. E depois há outra fé, numa espécie de amparo que poderá haver para os homens. E a minha dúvida é sempre entre estes dois movimentos. Quero acreditar que não estamos sozinhos, que atrás daquelas estrelas que eu via quando era criança há uma força maior, que as criou e nos há-de receber. É a minha fé emocional. Mas se ponho o raciocínio a funcionar não chego lá. Gosto das pessoas que acreditam em Deus. Acho que estão mais amparadas na vida. Estão mais felizes porque têm um sentido." "Ainda tem esperança em acreditar?" Responde: "Tenho. E vivo isso com muita intensidade. A ideia de haver ou não haver Deus persegue a minha vida. Chego a sonhar com isso. E depois acordo e fico cheia de pena porque queria muito que existisse. Não para que a justiça seja feita no além, ou só no aquém, mas como face de beleza absoluta. A bondade é uma parte da beleza."
Lídia Jorge foi educada no catolicismo. Mas aos 16 anos afastou-se da Igreja, pois "vivia com revolta com o pensamento dogmático" e por causa da ideia de inferno, "dizia que não era possível que existisse uma instância tão injusta que condene para a eternidade pessoas que apenas vivem 50, 60, 70 anos". Aqui, lembrei-me de Óscar Lopes que também me disse que abandonou a Igreja por causa do inferno. E a argumentação de Lídia Jorge é forte. Lembro que já o filósofo David Hume argumentou contra a existência do inferno: "É inaceitável um castigo eterno para ofensas limitadas de uma criatura frágil, e, ainda por cima, esse castigo não serve para nada, uma vez que se dá quando a peça está acabada, concluída." Sim, Lídia: e como se pode conviver com o dogmatismo, que impede a liberdade de pensar? É o filósofo M. Heidegger que tem razão: "A pergunta é a piedade do pensamento."
Tudo quanto existe está unido a Deus, numa união tão estreita que, se Deus se retirasse, tudo voltava ao nada. Mas a criatura é criatura e Deus é Deus.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
O que é mais importante na relação da Igreja com a Cultura?
Relação entre Igreja e Cultura
não se pode «manter
por muito tempo tal qual se encontra»
não se pode «manter
por muito tempo tal qual se encontra»
Lídia Jorge
Não me parece que a relação entre a Igreja e a Cultura se possa manter por muito tempo tal qual se encontra. É verdade que se está perante dois universos difíceis de gerir, já que em parte são coincidentes, e em parte divergem. Entre outras divergências, sublinho o facto de a Cultura se basear na interpretação do pensamento sem limite de variáveis, sendo por natureza aberta e inconclusa, e a Religião fundamentar-se em silogismos de resolução fechada. Pelo meio, porém, existem todas as aproximações possíveis e desejáveis, não esquecendo que a Cultura se aproxima com mais facilidade da Religião do que a Religião da Cultura. No ponto em que estamos, vários me parecem ser os aspetos em que a aproximação da Igreja poderia ser útil para a sociedade crente e não crente dos nossos dias.
Um dos aspetos tem a ver com a natureza do discurso pastoral. Se em determinados contextos a Igreja ainda associa a criação de ambientes e discursos pouco inteligíveis como forma de desencadear relações místicas, é bem verdade que hoje em dia se assiste à prática salutar de uma crescente aproximação do discurso lógico, interventivo, por vezes com alto grau de racionalidade e muita informação, como convém a uma sociedade cada vez mais aberta e exposta ao mundo da comunicação e da crítica globalizada. Mas nem todos os agentes da Igreja conseguem atingir um nível eficaz.
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