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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Doenças da Cúria, segundo o Papa Francisco

Vemos o argueiro no olho do vizinho, 
mas não vemos a trave que está no nosso





A doença da "patologia do poder" e do “sentir-se imortal”;
A doença do “trabalho excessivo, sem repouso para a meditação e interioridade”;
A doença da "fossilização mental e espiritual";
A doença do “excesso de planificação e do funcionalismo”;
A doença da “má coordenação”;
A doença do "Alzheimer espiritual”;
A doença da “rivalidade e da vanglória";
A doença da "esquizofrenia existencial";
A doença dos "rumores, mexericos, murmurações, má-língua";
A doença de "divinizar os chefes";
A doença da “indiferença para com os outros”;
A doença da “cara de enterro";
A doença da “acumulação de bens materiais”;
A doença dos "círculos fechados";
A doença do “mundanismo, do exibicionismo”.


Declaração de interesses: Aceito, humildemente, que também fui atingido pelas denúncias bombásticas do Papa Francisco. Não o reconhecer seria orgulho, no mínimo. Posto isto, vamos à reflexão. E a reflexão surge na sequência do que tenho lido e ouvido, isto é, ninguém se revê no grupo dos que na sala Clementina escutaram a mensagem natalícia do Papa, que era suposto ser uma mensagem cordial cheia de frases bonitas, semelhantes àquelas que todos (ou quase) trocámos nesta quadra.
Ora, o Papa, se falou diretamente para Cardeais, Arcebispos, Bispos e Monsenhores, entre outros dignitário, falou, também, indiretamente, para os cristão em geral, neles incluindo clérigos, consagrados e leigos, onde não faltam pecadores com aqueles atributos, que nem vale a pena repetir. 
Eu já li e reli a lista que o Papa Francisco elaborou na quadra natalícia, decerto com a intenção de chegar a toda a gente, porque sabia que a comunicação social não lhe ficaria indiferente.
Realmente, por aquilo que li e ouvi, o «Papa sem papas na língua», como lhe chamou Inês Pedrosa, tem andado na boca de todo o mundo, crente e não crente, com declarações de aplauso. Mais ténues, permitam-me que o diga, do lado dos católicos. E só referem, por sistema, o mau serviço da Cúria Romana, como fonte de todos os males. Dá a impressão que tudo está bem fora de Roma. Trata-se de ver o argueiro que está no olho do vizinho sem ver a trave que está no nosso.
É claro que o poder central, por mais visto, é tido como espelho de toda a Igreja Católica. E sendo assim, espera-se que o Papa consiga varrer o Vaticano da podridão que encontrou quando ali chegou, vindo do outro lado do mundo. Mas não será possível a conversão dos acusados? Não terão eles capacidade para se arrependerem? Ficamos à espera. 
Já agora, seria muito bom que a outros níveis se fizesse um exame de consciência profundo, na Igreja Católica e fora dela.

Fernando Martins

domingo, 28 de dezembro de 2014

Um milénio entre a excomunhão e a bênção

Crónica de Frei  Bento Domingues 



1. Segundo a cronologia, devia ter deixado para hoje o que escrevi no Domingo passado. Mas assim é melhor. Vamos, então, à fonte donde nasceram as questões que os jornalistas levantaram ao Papa, no voo de regresso da Turquia.

Foi uma peregrinação que durou três dias cheios de acontecimentos, cuja significação profunda e decisiva para o futuro passou quase despercebida. Começo pelo contraste complementar entre as declarações fervorosas sobre o Islão – a não confundir com as organizações que o invocam para matar em nome de Deus - e o apelo veemente aos dirigentes religiosos e políticos muçulmanos para que se unam na denúncia clara e pública desses crimes e ameaças.
A Turquia é a fronteira de muitas fronteiras políticas, religiosas e cristãs. Bergoglio não foi lá dar lições a ninguém. Foi encorajar os que procuram caminhos de paz no Medio Oriente, intensificar o diálogo inter-religioso e revigorar a proximidade católica com o mundo cristão da Ortodoxia.
Era conduzido pelo desejo de congregar as energias de todas as pessoas de boa vontade, daquelas que vêem o mundo a partir do rosto das vítimas da violência, dos pobres e dos excluídos e que não aceitam esta vergonha como uma fatalidade.