sábado, 14 de dezembro de 2019

Dia Internacional do Chá




O Dia Internacional do Chá celebra-se, hoje, 15 de dezembro, mas não foi criado para se degustar uma chávena da bebida que tanta gente aprecia em todo o mundo. Pretende-se, nesta data, no entanto, chamar a atenção dos governos e das populações para os problemas que a  produção do chá levanta, no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores das plantações e dos pequenos produtores e consumidores. 
A data comemorativa foi oficialmente estabelecida, pela primeira vez, em 2005, na Índia, embora já se lutasse por ela há muito. 
Numa visita a São Miguel, Açores, tive a oportunidade de passar pelo centro de produção do Chá Gorreana, o único chá produzido na Europa, tanto quanto sei. 
A propósito daquele chá, diz Raul Brandão,  no seu livro “As ilhas desconhecidas”: «O melhor chá dos Açores, delicado e aromático, tomei-o na Gorriana [Agora Gorreana], na casa fidalga do senhor Jaime Hintze, toda ao rés-do-chão e caiada de amarelo, entre o bulício alegre da vida rústica, num lar que a bondade de sua esposa santifica.»

Pela Positiva completou 15 anos de vida


O meu blogue nasceu há 15 anos. Parece que foi ontem, mas estou no 15.º inverno na blogosfera. 
Tinha posto fim a uma vida de jornalismo com responsabilidades desgastantes em agosto de 2004, admitindo que era tempo de viver mais tranquilo, mas enganei-me. Em dezembro do mesmo ano, reconheci que tinha cometido um erro. E quando comecei, nos tempos livres, a lidar com a Internet, topei com a blogosfera, nomeadamente, o blogue de Pacheco Pereira — ABRUPTO. Tanto bastou para me entusiasmar. Desabafando com alguém, recebi como conselho que os blogues eram para gente nova. 
Um dia, José Carlos Sá, jornalista, questionou-me: Está mesmo interessado em criar um blogue? A minha resposta saiu pronta: — Estou. 
José Carlos Sá estava sentado com o PC à sua frente. E disse-me:— Vamos criar então um blogue para si. 
Registou o meu nome e o meu e-mail. Fui respondendo a algumas questões e a dada altura José Carlos faz-me a pergunta sacramental: — Nome para o blogue… 
Fiquei a olhar para ele e perante o meu silêncio ele repete a pergunta. E eu, instintivamente, disse: Pela Positiva… e acrescentei que andava cansado do mundo negativo de muita comunicação social. 
Quando ele concluiu o registo do Pela Positiva, sublinhou: — Agora já pode começar… 
Em casa, escrevi a minha primeira mensagem:

«Propósito 

O meu propósito, a partir de hoje e neste espaço, situa-se na linha dos que apostam, no dia a dia, num mundo muito melhor. Não simplesmente pelo protesto, que será sempre a via mais fácil e menos estimulante, mas fundamentalmente pela defesa do bem, do belo, dos afetos, em suma, dos valores que enformam a nossa civilização. 
Pela Positiva vai ser o meu lema de todos os dias, quer na análise dos mais diversos acontecimentos, quer pela divulgação do que vou lendo, quer pela defesa do que vou refletindo, quer, ainda, pela partilha de gestos, porventura ignorados ou marginalizados, que são matriz de uma sociedade mais justa e mais fraterna. De bom grado se aceitam sugestões, desde que venham pela positiva.» 

Obrigado, meu caro amigo, pelo primeiro passo que me ajudou a dar no mundo da blogosfera. E como vê, a ajuda foi tão importante que ainda continua a marcar os meus dias, 15 anos depois. Um abraço com votos de  saúde e otimismo.

Fernando Martins

Até onde irá o Papa Francisco?

Crónica de Natália Faria no PÚBLICO


Pôs a Igreja a discutir a homossexualidade, o aborto, o fim do celibato, a ordenação de mulheres, criticou o carreirismo eclesial, a “economia que mata”, forçou o clero a encarar os abusos sexuais. Ao fim de oito anos de pontificado, porém, o Papa Francisco não mexeu na doutrina da Igreja. Será agora?

Foi capa da Time e da Rolling Stone, alimentou quilómetros de notícias por, já na qualidade de Papa, se ter escapulido do Vaticano para comprar óculos e sapatos, por ter trocado a limusina por um carro utilitário, por ter renunciado ao luxuoso apartamento papal para residir com os funcionários da Santa Sé na Casa de Santa Marta. O argentino Jorge Mario Bergoglio é, quase oito anos depois de ter sido eleito Papa, um dos maiores ícones políticos da actualidade. E o mínimo que dele se pode dizer é que, mesmo que não consiga mudar o mundo, está seguramente a reinventar a Igreja Católica, implodindo o conservadorismo de milénios e chamando para a mesa discussões tidas como impossíveis, das excepções ao celibato à ordenação de mulheres, passando pelos divórcios e pela homossexualidade.
Quando, no dia 13 de Março de 2013, se anunciou ao mundo como a escolha dos 115 cardeais reunidos em conclave, ao fim de 26 horas e de cinco votações, nada do que se passaria a seguir se adivinhava. Mas os sinais do desprezo pelos velhos símbolos do poder eclesial estavam todos lá. Naquele início de noite frio e chuvoso, o jesuíta de 76 anos mostrou-se sorridente, afável, vindo do “fim do mundo”, despojado da costumeira parafernália papal, como recordam os jornalistas Joaquim Franco e António Marujo, no livro Papa Francisco – Uma Revolução Imparável. Em vez dos famosos sapatos vermelhos, uns velhos sapatos pretos. Desprezou o discurso em latim que lhe tinham preparado para a sua primeira missa e, em vez disso, proferiu uma homilia simples, directa, e em italiano. Logo depois do habemus papam, fizera questão de ir pessoalmente pagar a conta do albergue onde se hospedara nos dias anteriores. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Dia do Violino

Uma saudação natalícia para todas as Rosas...


A Rosa passou, olhou, e, com simpatia, dirigiu-me uma saudação amiga. Identificou-se como explicanda de há décadas. Estava eu sentado na zona de passagem de uma grande superfície a ver correr o tempo e as pessoas para as compras ou delas regressando. Sempre apressadas, como é timbre de quem tem horas contadas para tudo.
Como não gosto de apreciar preços e de andar à cata dos saldos ou coisa parecida, por ali me quedei meio absorto. A Rosa acordou-me da modorra em que estava. E a conversa pegou… com evocações de bons tempos. Foi uma grande alegria.
Estar com alunos e explicandos de há décadas é voltar ao passado, tornando-o presente. E a Rosa levou-me de mansinho, que na minha idade as comoções podem tornar-se perigosas, numa caminhada de recordações que nunca mais teriam fim, se não surgisse o seu marido que tive o prazer de ficar a conhecer.
Para mim, evocar é reviver, é dar lugar e espaço ao passado no presente. É sentir-me novo e atuante, é ver nos olhos de quem me fala reflexos de brincadeira, de correrias, de jogos onde cabiam todos e que implicavam habilidades, tendências, força e destreza, partilha e emoções. Mas ainda, e sobretudo,  de trabalho, de gosto pelo saber, da vontade de vencer.  E a Rosa levou-me com agrado meu, e dela certamente, a épocas em que fui e fomos muito felizes. 
Obrigado, Rosa, por me teres acordado de uma certa letargia, enquanto esperava a minha Lita. E fica ciente de que, de minha parte, haverá sempre lugar para a partilha de sentimentos.
Um abraço para todas as Rosas…

Fernando Martins 

Ide contar a João

Reflexão de Georgino Rocha 
para o III Domingo do Advento

«Deus está aí. Discreto, mas solícito. Silencioso, mas interveniente. “Ferido”, mas sanador. Peregrino e companheiro no tempo, mas “dono” da casa de família onde acolhe, em alegre festim, todos os que souberam caminhar com Ele e aceitar o ritmo do seu amor.»

Assim começa a resposta que Jesus dá aos enviados de João. “Ide contar o que vedes e ouvis”. Mt 11, 2-11. João estava na cadeia, onde chegam notícias contrastantes com o que havia anunciado na sua missão profética. E tem dúvidas, como é normal. Quer esclarecer e procurar a verdade. Não deixa que a cadeia lhe aprisione o espírito nem limite a liberdade. Para ele, como para qualquer pessoa, viver na dúvida é uma espécie de prisão que limita a razão e amarra o coração. Não deixa adormecer a pergunta inquietante nem se inibe face ao preconceito que mina a confiança. Fiel a si mesmo, honesto e decidido, quer saber e encarrega os seus discípulos de buscarem a resposta desejada. Que belo exemplo nos dá e apelo nos faz para sermos peregrinos da verdade!
João anuncia o reino prestes a chegar e urge a conversão com palavras duras, metáforas de amedrontar as “raças de víboras”, invectivas fortes aos palradores que “dizem e não fazem”, ameaças terríveis de castigos iminentes, apelos gritantes ao arrependimento e à correspondente mudança de atitudes. O “juízo de Deus” vai iniciar-se. O contraste é claro, como veremos a seguir.
O estilo de Jesus surge como resposta velada à pergunta preocupada de João. Acolhe os cegos e abre-lhes os olhos. Aproxima-se dos coxos e restitui-lhes a liberdade de movimentos. Escuta a súplica dos leprosos e estes ficam limpos da doença que marginaliza e rói a dignidade humana. Toca os ouvidos dos surdos e estes abrem-se à realidade nova da escuta que relaciona e insere no vasto horizonte comunicacional. Visita as famílias com defuntos, reza por eles e ordena-lhes que regressem à vida terrena, ao convívio dos seus. Que desafio nos lança o estilo de Jesus!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Presidente Marcelo faz anos



Tenho andado um pouco distraído por razões que não vislumbro, mas dei conta há momentos que o Presidente Marcelo fez anos, tendo nascido em 12 de dezembro de 1948. E porque aprecio a forma como tem exercido as funções de mais alto Magistrado da Nação, com sentido de proximidade elevado ao mais alto grau, não podia deixar de o felicitar nesta data, com votos de saúde e coragem para continuar a cumprir a sua missão. 
Confesso que me tem surpreendido o desempenho  do nosso Presidente  Marcelo, porque não encontro nada parecido no mundo que conheço ou ao qual tenho acesso. Um Presidente que está presente em todas as situações junto dos mais carentes de afeto e dos que merecem aplausos, vencidos pela vida, uns, e vencedores em tantos momentos, outros, precisa mesmo das nossas palavras de simpatia, estímulo e apreço. 
Parabéns, Presidente Marcelo.

Fernando Martins

NATAL feliz para todos



NATAL

Lá na gruta de Belém
onde nasceu o Redentor
houve falta de agasalho
que sobrou em Paz e Amor
Apoio humano e divino
prendas singulares do mundo
foram presença marcante
nesse Presépio fecundo
cuja pobreza na grandeza
e desamparo era bondade
e que simplesmente deu
rumo à Humanidade.
Que nesta época de Natal
de já rara fraternidade
que ao menos, depois da festa,
Possa celebrar-se a Amizade.

M. Cerveira Pinto


NOTA: Este poema, de um colega e amigo que muito estimo, publiquei-o há dez anos no meu blogue. Republico-o  com votos de Santo Natal para a sua família e para os meus muitos amigos. A ilustração representa a sensibilidade da Lita. 

É importante dar "cátedra" aos não crentes

 D. António Marcelino - A cátedra dos não crentes e o átrio dos gentios

D. António Marcelino

«Era importante dar “cátedra” aos não crentes, ou seja, proporcionar-lhes espaço e tempo próprio para se exprimirem livremente e ouvirem quem bebesse do Evangelho, mais do que de regras e proibições canónicas. “Cátedra dos Não Crentes”, assim se chamou esta audaciosa iniciativa, à qual o Cardeal Martini, ele próprio, não se furtou a dar a cara no diálogo longo com Umberto Eco. Ficou a coragem em livro, também publicado em português, com o título expressivo “Em que crê quem não crê”. Pela Cátedra de Milão, uma iniciativa regular e cíclica, passaram filósofos e pensadores, ateus e agnósticos, indiferentes satisfeitos e gente ansiosa de verdade.»

Ler mais aqui 


Nota: Não estranhem por apresentar hoje, neste meu blogue aberto ao mundo, um texto com foto de D. António Marcelino, que foi Bispo de Aveiro e que me marcou profundamente. É que tenho por hábito reler textos dele e doutros que nas minhas buscas sobressaem, levando-me a relê-los com prazer, muitos dos quais mantêm uma atualidade indiscutível.

F. M. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Dia Internacional da Montanha

Serra do Caramulo

Hoje, 11 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional da Montanha, uma oportunidade para refletirmos sobre a importância da preservação das montanhas no mundo. Faço-o com gosto porque fico sempre fascinado com montes e serras desde que, menino da ria e do oceano, contemplei ao longe as silhuetas das montanhas, em dia claro, avistadas das planícies marinhas que nos envolvem. 

Quando ando pelas serras, todo o meu ser fica dominado pelo prazer da solidão desejada, do silêncio procurado, da paz sonhada. Perco-me a contemplar paisagens tantas vezes inacessíveis, horizontes sem fim, quietudes tranquilizantes. Depois, regresso ao dia a dia dos meus quotidianos, num corre-corre próprio do estar e viver com a família e amigos. À montanha voltarei sempre que puder e se puder.

Revista Igreja Aveirense – Um espelho da diocese de Aveiro



É na partilha de experiências, projetos, sonhos 
e realidades que aprendemos a fazer mais e melhor


A revista Igreja Aveirense (IA), referente ao primeiro semestre de 2019, acaba de ser editada e já tive o cuidado de a compulsar para apreciar, com atenção e curiosidade naturais, porque gosto de estar a par do que faz e pensa a Igreja em terras aveirenses. 
A IA vive o XV ano da sua existência, com edições semestrais, fazendo refletir no seu conteúdo o viver e o sentir da comunidade diocesana, traduzidos nos multifacetados trabalhos pastorais, sociais, culturais e espirituais dos católicos e das paróquias, que se estendem do litoral marítimo e lagunar até às serras, com as suas aldeias remotas mas de vivências cristãs a vários níveis. 
A revista é um espelho, tão completo quanto possível, das suas 101 paróquias, com destaques para o que diz, prega, ensina e propõe o nosso bispo, D. António Moiteiro, mas ainda o que se programa e faz nos arciprestados, nas associações, serviços, obras laicais, movimentos, instituições, departamentos e organizações de diversíssima ordem que constituem a nossa Igreja local, multifacetada por natureza, respirando ares citadinos e populosos a par de aldeias quase desertas, mas com alma enriquecida por purezas ancestrais. 
Destacamos, nesta edição, publicações de interesse eclesial e humano e a homenagem a D. António Marcelino, mas também é digno de nota, a fechar, uma pessoa notável, que bem conhecemos, Maria Armanda Pêgo Guedes, cuja vida cristã foi exemplo para muitos. 
IA é uma revista que precisa de ser lida e consultada para se conhecer quem somos e como somos enquanto cristãos num mundo em permanente mudança. É na partilha de experiências, projetos, sonhos e realidades que aprendemos a fazer mais e melhor, se possível. 

Fernando Martins

Porto de Aveiro em fase de investimentos e crescimento

Fátima Lopes Alves, presidente do Conselho da Administração da APA (Administração do Porto de Aveiro), garante que o próximo ano promete ser de «investimentos e crescimento» na área portuária. Na linha do que se espera, «O Porto de Aveiro tem luz verde para a retirada de areias da zona portuária e para a dragagem do espaço onde vai nascer o novo cais privativo da 'A Silva Matos' na 'bacia de manobras'», li no site do Porto de Aveiro. 
Fátima Lopes Alpes anuncia que a retirada das areias tem data marcada para se iniciar em 1 de maio e que o novo cais privativo ficará sob gestão da empresa “A Silva Matos”, fazendo parte do acordo para a instalação daquela empresa na área do porto. O investimento, da ordem de 6,8 milhões de euros, abre portas ao início da operação de atividades logísticas, li no  referido site.
Como é óbvio, todo o processo garantirá as normas ambientais das populações circundantes, em especial da Gafanha da Nazaré, mas não só.

Os que falam mas nada fazem



“Os que muito falam pouco fazem de bom” 

William Shakespeare (1564-1616), 
dramaturgo, poeta e actor 

(Editado no PÚBLICO)

Nota: Que grande verdade! Foi assim no tempo de Shakespeare e continua hoje. E agora, com o apoio da comunicação social e das redes do ciberespaço, os palradores, críticos maldizentes, políticos que só veem na sua direção e outros tantos nada fazem de positivo. É evidente que a crítica bem intencionada é salutar e necessária… Mas de muitos seria de espera que deixassem, por vezes, as palavras e passassem aos atos.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Jorge Cardoso - Um artista da nossa terra


Os artistas são sempre motivo de admiração porque são criadores. Do nada nasce uma peça com vida própria. A arte pura não se copia e brota espontaneamente das mãos e da sensibilidade dos artistas. Não é artista quem quer, mas quem nasce com dons que nos transcendem. O  artista põe  mãos à obra e isola-se do mundo que o cerca para se alimentar da imaginação e partir daí à procura de algo nunca visto. Os habilidosos limitam-se a copiar e a enganar, por vezes, quem olha para os seus trabalhos. 
Jorge Cardoso é um criador. As suas peças, miniaturas pacientemente elaboradas, nascem das suas mãos como cogumelos, nunca iguais. Não sei se com rapidez se vagarosamente. São milhares, nem sabe quantas, mas todas têm pormenores que indiciam paciência, meticulosidade, rigor, paixão. 
Encontrei-o no sábado à entrada do Continente, em Aveiro. Uns minutos de conversa, apenas uns minutos, porque os curiosos e eventuais compradores exigiam a sua atenção. O Jorge vende as suas peças porque vive delas. E para isso percorre feiras e exposições. Em diversos certames tem sido premiado. Ainda bem que é reconhecido o seu labor e valor. 
Os meus parabéns ao Jorge Cardoso. 

Fernando Martins

“Ler é a maior dádiva dos deuses aos seres humanos”

Li a frase em título  na revista E do Expresso, semanário que entra em minha casa desde o número um… já lá vão uns 46 anos.  Quem a proferiu  foi Paulo José Miranda na rubrica “10 perguntas a…”, da responsabilidade da jornalista Inês Maria Meneses. 
Parto dela para uma curta reflexão porque gostei da resposta daquele escritor e poeta à jornalista, quando ela lhe perguntou sobre os livros de que nunca nos cansaremos?: “Há livros que não cansam. Ler é a maior dádiva dos deuses aos humanos.” 

Gosto imenso de ler desde a infância. Mais ainda, e sobretudo, desde quando, acamado por doença, nada mais podia fazer. Ouvir música na rádio e ler durante todo o tempo em que não precisava de dormir faziam parte do meu quotidiano. Foram dois anos nessa vida em que também conversava com os amigos que me visitavam. 
Sou um leitor assíduo de gostos variados: prosa, poesia, história, crónicas, reportagens, entre outros géneros, bailando no meu espírito livros, revistas, jornais, de tudo um pouco. Horas a fio, saltando de uns para outros, depois de os manusear… 
Realmente, a leitura é, de há muito, a minha ocupação favorita, procurada e perseguida, roubando-me tempo para outros prazeres que passam a secundários. De permeio, gosto de rabiscar (teclar) umas coisas para manter ativo o cérebro sem incomodar ninguém. Cedo, como todo o vivente, aos desafios das circunstâncias, acicatado pelas novas tecnologias. E que Deus (não os deuses) me dê saúde e forças para poder ver e ler os sinais dos tempos, mola-real da vida. 

Fernando Martins

Etnográfico da Gafanha da Nazaré em festa natalícia

Ferreira da Silva, fundador do grupo, Fernando Caçoilo, presidente CMI, e José Manuel Pereira, presidente do GEGN


Participantes 

Presidente da CMI

Daniel Bastos da FFP

Bolo de aniversário

Quando todos formam uma equipa, tudo sai muito mais fácil

Cerca de uma centenas de pessoas, entre membros do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), familiares, apoiantes e convidados, participaram, no sábado, 7 de dezembro, na Casa da Música, no habitual convívio de Natal, onde foi servido o tradicional bacalhau, tão apreciado pelas nossas gentes, nesta quadra mas não só.
O presidente do Etnográfico, José Manuel Pereira, acolheu com simpatia e amizade os que responderam ao convite da direção e a todos dirigiu palavras de boas-vindas, com votos de boas festas natalícias.
Fernando Caçoilo, presidente da Câmara de Ílhavo, referiu que, na vida das coletividades, «o mais importante é o convívio» que aproxima as pessoas, levando-as à participação empenhada. Evocou o velho edifício que deu lugar à atual Casa da Música, dizendo que, com boa vontade, «tudo isto se construiu», salientando a importância do espaço» que hoje podemos usufruir, valorizando o trabalho das duas instituições com sede neste edifício: Filarmónica Gafanhense e Grupo Etnográfico. «Aqui têm os seus pertences, ensaiam, convivem; é uma obra que nos orgulha a todos», disse.
Afirmou que, quando entra na Casa da Música, se sente satisfeito e com a «noção do dever cumprido», até porque permite «oferecer cultura à população da Gafanha da Nazaré, mas não só». 
A Federação do Folclore Português esteve representada pelo dirigente Daniel Bastos, da Murtosa, que referiu, na altura própria das saudações, que o convívio anual é o «corolário de um ano de trabalho» que não se consubstancia nas habituais atuações de terra em terra, pois não pode descurar a investigação e o estudo das nossas raízes etnográficas. «O GEGN é um grupo com uma dinâmica muito forte», o que «só é possível com a participação de todos os seus elementos», garantiu.
Daniel Bastos salientou, ainda que «a direção é o motor, mas todos têm de colaborar», concluindo: «quando todos formam uma equipa, tudo sai muito mais fácil.»

Fernando Martins

A data incerta de uma festa admirável

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

Celebramos o nascimento de Jesus a 25 de Dezembro. Qual é o fundamento desta data? Nenhum.


1. Por mais paradoxal que isso possa parecer, no Evangelho de S. Marcos, considerado o mais antigo dos quatro Evangelhos, não há Natal! Por opção, começo pelo desfecho abrupto deste “livro de intenso encanto literário e um dos mais arrebatadores que alguma vez foi escrito”. Desfecho tão abrupto que o seu tradutor, Frederico Lourenço, pergunta: é concebível que um livro em língua grega possa terminar com a palavra “pois"? Mas é um facto. Vou transcrever esta tradução de ritmo grego em português.
Conta S. Marcos que, “passado o sábado, Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé compraram perfumes para irem embalsamá-lo. E muito cedo de manhã, no primeiro dia da semana, elas vão ao sepulcro tendo já nascido o sol. E diziam entre si: Quem rolará para nós a pedra da entrada do sepulcro? E tendo olhado à sua volta, vêem que a pedra tinha sido rolada para o lado; e era muito grande. E entrando elas no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram apavoradas. Ele diz-lhes: é Jesus, o Nazareno que procurais, o crucificado? Ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o depuseram. Mas ide e dizei aos seus discípulos e a Pedro: Ele vai à vossa frente a caminho da Galileia; lá o vereis, tal como ele vos disse. E elas, saindo, fugiram, pois domina-as um tremor e um êxtase. E nada disseram a ninguém: tinham medo, pois” [1].

domingo, 8 de dezembro de 2019

Sorte e Miopia

Crónica de Miguel Esteves Cardoso no PÚBLICO


O Interior é o futuro – e sabe-o. Só o balofo do Litoral não sabe. 
E o Litoral, infelizmente, pensa que sabe tudo. 
E pode e manda, ainda por cima. 



Ao ler o presciente artigo de Teresa Mineiro no Fugas ocorreu-me o dilema de sempre: devemos ou não falar das coisas boas de Portugal, sabendo que falar delas leva quase sempre à destruição das qualidades que tornaram essas coisas únicas? 
Se eu tivesse de escolher um único desejo para Portugal seria que nós portugueses déssemos valor ao que temos. 
Não damos – nem pouco mais ou menos. Nem sequer estamos perto de saber o que temos – quanto mais dar-lhe valor. 
Perdemos tempo a mais a chorar o que não temos ou a sonhar com o que nos daria imenso jeito. Somos vítimas do futuro – do futuro que não conseguimos ter. 
Em Portugal precisamos mais de levantamentos do que de projectos. Que economia ou política pode fazer sentido se não sabemos o que temos; se não temos ideia de tudo aquilo com que poderíamos contar, caso conhecêssemos? 
Está mais que visto que o Interior é o futuro. “Interior” não é nada menos do que o nome de Portugal. Mais justo seria deixar de falar em Interior e passar a dizer Portugal, excepção feita para aquela delgada mas resplandecente faixa a que deveríamos chamar Litoral. 
O futuro pertence à pergunta “Onde é que não há gente?” ou “Onde é que não há gente que chegue?”. Depois só falta saber se há boas razões para não haver ali gente. 
Quase nunca há. O Interior é o futuro – e sabe-o. Só o balofo do Litoral não sabe. E o Litoral, infelizmente, pensa que sabe tudo. E pode e manda, ainda por cima.

Miguel Esteves Cardoso escreve no PÚBLICO todos os dias

Nossa Senhora da Conceição - Padroeira de Portugal

N. S. da Conceição - Gafanha da Nazaré
A Igreja Católica venera Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal por decisão do Rei D. João IV, o Restaurador. O Rei organizou em 25 de março de 1646 uma cerimónia solene em Vila Viçosa, onde residiu antes de ser proclamado  rei, em 1640. Quis, com este gesto, agradecer a Nossa Senhora da Conceição a restauração da independência de Portugal, na altura sob domínio do Rei D. Filipa IV de Espanha, III de Portugal. 
Naquela data, foi até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, onde a declarou como Padroeira e Rainha de Portugal. E a partir daí, nunca mais os reis do nosso país usaram coroa, símbolo do poder real,  até ao último, D. Manuel II.
Na paróquia da Gafanha da Nazaré há uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, cuja data de aquisição desconheço. Sabe-se que em 1948 houve obras na capela de Nossa Senhora da Conceição (capela lateral) que importaram em 8359$00 e que no ano seguinte foi paga a pintura do altar (1000$00) ao senhor Manuel Catraio. 
A festa dedicada a Nossa Senhora da Conceição, na nossa paróquia, dirigida aos homens do mar e suas famílias, era muito concorrida. Depois, sem razões conhecidas, caiu no esquecimento. 
As notas referentes à nossa paróquia foram extraídas do livro “Gafanha de Nossa Senhora da Nazaré” de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins. 

Fernando Martins

Francisco no Japão: é “imoral” o uso e a posse de armas nucleares

Crónica de Anselmo Borges 

Francisco realizou o seu sonho de jovem: ser missionário no Japão. Foi de lá que, na semana passada, enviou para o mundo mensagens essenciais para o futuro da Humanidade. 


1. Entre essas mensagens, clamou por uma “ecologia integral”, atendendo, portanto, também à ecologia humana, que exige solidariedade; deixou claro que é necessário combater “o fosso crescente entre ricos e pobres”; “a dignidade humana deve estar no centro de toda a actividade social, económica e política, sendo necessário fomentar a solidariedade inter-geracional”; “sabemos que, em última análise, a civilização de cada nação e povo não se mede pelo seu poder económico mas pela atenção que dedica aos necessitados bem como pela capacidade de tornar-se fecundos e promotores da vida”; clamou contra “o eu isolado”, contra o bullying e os excessos do consumismo compulsivo, pedindo concretamente aos bispos que ajudem os jovens contra o bullying e os suicídios, já que em cada ano no Japão 30.000 pessoas, na sua maioria jovens, acabam com a vida; advertiu contra o carreirismo, a competição excessiva na busca do lucro e da eficiência, o êxito a qualquer preço: “a liberdade pode ver-se asfixiada e debilitada quando ficamos encerrados no círculo vicioso da ansiedade e da competitividade ou quando concentramos toda a nossa atenção e as melhores energias na procura sufocante e frenética de produtividade e consumismo como único critério para medir e validar as nossas opções e definir quem somos e quanto valemos”; apelou ao sentido do maravilhamento e da admiração frente “à imagem das cerejeiras em flor”; embora a Igreja Católica seja minoritária (menos de 0,5% da população, sendo a maioria dessa minoria constituída por trabalhadores estrangeiros), “isso não deve tirar força ao vosso compromisso com uma evangelização cuja palavra mais forte e clara é a de um testemunho humilde, quotidiano e de diálogo com outras tradições religiosas”; “o anúncio do Evangelho da Vida impele-nos e exige, como comunidade, que nos convertamos num hospital de campanha, preparado para curar feridas e oferecer sempre um caminho de reconciliação e perdão”; na Universidade Sophia de Tóquio, dos jesuítas, renovou as suas críticas ao “paradigma tecnocrático” ao mesmo tempo que pediu que “os grandes avanços tecnológicos de hoje possam colocar-se ao serviço de uma educação mais humana, justa e ecologicamente responsável.” 

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