“O CÂNONE” é um livro que ouso propor para este período prolongado de confinamento que estamos a viver. Trata-se de um livro com 533 páginas para serem lidas ao sabor da maré, já que apresenta cerca de 50 escritores portugueses já falecidos, com lugar cativo nas estantes de quem gosta mesmo de ler. Para além dos estudos referentes aos selecionados, o livro contém referências a grupos, escolas, movimentos e revistas.
Os responsáveis pela edição de “O CÂNONE”, António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen, escolheram os escritores a seu gosto, nem outra atitude seria de esperar. E para tranquilizar os eventuais leitores digo que os ensaios e outros escritos apresentam-se em poucas páginas, pelo que não cansam ninguém.
Na contracapa diz-se que “Foram incluídos ensaios sobre autores conhecidos e celebrados, como Gil Vicente, Eça de Queirós e Fernando Pessoa; e sobre autores menos conhecidos ou celebrados, como o rei Dom Duarte, Frei Luís de Sousa ou Irene Lisboa”. E como curiosidade para mim, no mesmo espaço afirma-se que Florbela Espanca, também incluída em “O CÂNONE”, tem sido menosprezada por “quase todos os críticos”.
Ainda se sublinha que os grandes escritores não foram escolhidos “por consenso ou por votação popular, mas por terem sempre leitores, mesmo que poucos, ao longo do tempo”.
Ao pegar nesta obra, segui uma tendência natural: fui à cata de escritores mais ou menos conhecidos, porém já lidos por mim. Comecei por Agustina Bessa-Luís vista por Pedro Mexia, um conhecido poeta e crítico literário que leio há bons anos. E a partir dai, fui saltando ao sabor dos apetites, próprio de quem está confinado e com tempo para tudo.
Mais uma nota curiosa: os autores dos ensaios e estudos críticos não se limitaram a aplaudir os escritores selecionados; avançaram com considerações interessantes que o leitor comum, como eu, jamais lá chegaria. E “O CÂNONE” também vale muito por isso.
A edição é da Fundação Cupertino de Miranda e Edições Tinta-da-China.
Fernando Martins