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sexta-feira, 11 de maio de 2018

A multinacional do sentido

Anselmo Borges


1 No discurso histórico no Collège des Bernardins, que já aqui tentei sintetizar nas suas linhas de força [20 de Abril], o presidente da França, Emmanuel Macron, quis mostrar a importância decisiva dos católicos na vida cultural, ética, caritativo-social, política, mas sublinhou o inesperado: a Igreja como guardiã e despertadora das perguntas últimas, das questões do homem enquanto pessoa, do sentido da vida. É claro que "uma Igreja que pretendesse desinteressar-se pelas questões temporais não iria até ao fim da sua vocação". Mas há a outra parte, a parte católica da França, aquela "que no horizonte secular instila seja como for a questão intranquila da salvação, que cada um, acredite ou não, interpretará à sua maneira, mas em relação à qual cada um pressente que põe em jogo a sua vida toda, o sentido desta vida, o alcance que se lhe dá e a pegada que deixará. É verdade que o horizonte da salvação desapareceu totalmente do quotidiano das sociedades, mas é um erro e vê-se através de muitos sinais que continua aí, enterrado. Cada um tem o seu modo de nomeá-lo, de transformá-lo, de levá-lo consigo, mas é sempre a questão do sentido e do absoluto nas nossas sociedades que a incerteza da salvação traz a todas as vidas, mesmo as mais resolutamente materiais". Há um dom que a Igreja deve dar à República: "O dom da liberdade espiritual." "Porque não somos feitos para um mundo que seria atravessado apenas por finalidades materialistas. Os nossos contemporâneos têm necessidade, tenham fé ou não, de ouvir falar de uma outra perspectiva sobre o homem que não a material. Têm necessidade de matar uma outra sede, que é uma sede de absoluto. Não se trata aqui de conversão mas de uma voz que, com outras, ousa ainda falar do homem como um ser vivo dotado de espírito. Que ousa falar de outra coisa que não o temporal, mas sem abdicar da razão nem do real."