sexta-feira, 26 de abril de 2019

MaDonA - Fragmentos...

Cãezinhos

Vendedora
Circulava eu, tranquilamente, pela Avenida da Força Aérea, sempre a velha tendência de andar com a cabeça no ar, quando me aproximo da passadeira para a atravessar. Como mandam as regras da segurança rodoviária, devemos esperar pela cor verde dos semáforos, para uma passagem segura. Ao meu lado, estava um jovem casal, em que a senhora segurava uma trela dupla com dois caniches vivaços e irrequietos. 
Como é típico nos portugueses muito apressados (!?) se não vier um carro próximo, olha-se para ambos os lados da via e atravessa-se mesmo com o sinal vermelho. Confesso, mea culpa, que faço parte deste grupo transgressor. 
O jovem senhor que partilha deste mau comportamento, aventurou-se como eu, a atravessar com sinal vermelho, tomando-me até a dianteira. A senhora que ficara no início da passadeira, aguardando o momento de passar, exclama com reprovação “Olha que exemplo estás a dar aos cães! 
Sorri, complacente e prossegui viagem, em direção ao quartel da GNR, não para fazer nenhuma denúncia, apenas de passagem... 
Nesse percurso, junto À Oficina da Saúde, cruzo-me com um grupo de três pessoas, um deles um cavalheiro, bem-trajado e engravatado, (parecia uma testemunha de Jeová!) e apanhei de relance “Um homem quando se ajoelha, fica reduzido a um terço da sua estatura!” “um terço?”, contesta uma interlocutora. “Ah...a dois terços, vistas bem as coisas”....Ouvi, curiosa e prossegui a matutar naquilo “Um homem fica diminuído?”

Georgino Rocha: O Ressuscitado convive connosco

Domingo da Misericórdia 2019 

  
  É ao cair da tarde. Em Jerusalém, cidade onde há dias havia ocorrido a morte por crucifixão de Jesus de Nazaré. A noitinha está prestes a chegar. Começam a rarear os últimos clarões de luz. A hora do tempo marca o ritmo do coração e indicia o estado de ânimo dos discípulos: Esperança muito em baixo. Refugiados em casa, estão cheios de medo e com as portas trancadas. Sobretudo as do espírito encerrado no futuro imediato. O desfecho dos seus sonhos, que duraram quase três anos, deixou-os em estado de choque. O Rabi, o Mestre em quem haviam depositado total confiança, teve morte trágica. E agora, que vai ser de nós? Será conhecido o nosso refúgio e esconderijo? Virão à nossa procura? Que nos farão? E muitas outras dúvidas e perguntas enchiam a sua imaginação.
Jesus apresenta-se no meio deles. De modo simples. Sempre Ele a tomar a iniciativa, a surpreender. E saúda-os amigavelmente: “A paz esteja convosco”. João, o narrador do episódio (Jo 20, 19-31), não faz alusão a qualquer censura pelo passado recente. Apenas refere que lhes mostra as mãos e o lado, com as cicatrizes da paixão, sinais da sua identidade de crucificado. Não haja dúvidas. É Ele mesmo. Está à vista.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Senos da Fonseca - 45 Anos de Abril.



 45 Anos de Abril

Sobre a verde bruma do dia
Vê-se no céu pardacento
Um sol sem brilho nem fulgor.
A ria corre sombria.
Parece triste por nenhum barco
Sobre ela, a novo futuro rumar.

Dia de melancolia carpida,
Naquele que foi
Um dia,
O dia de todas as alegrias vividas.
A minha alma de hoje
Não é igual à alma de ontem.

Na minha alma de ontem soava
Num tambor feito de prata
Do tamanho do meu país,
a liberdade, então conquistada.
Hoje bate um trémulo tlim-tlam
Soando triste, na madrugada.

SF - 25 abril 2019


25 de Abril - Do discurso do Presidente da República



“Dir-se-ia que foi ontem, mas passaram já 45 anos. E há 45 anos quais eram as expectativas, os anseios, os desafios, as causas dos jovens de Portugal? Desse Portugal também jovem, apesar do milhão que havia votado com os seus pés, emigrando, recusando a vida sem liberdade, sem mais desenvolvimento, sem maior justiça social. Lembramos bem o que nos unia, a nós jovens, dos mais opostos pensamentos na alvorada da mudança. Unia-nos democracia em vez de ditadura. Liberdade em vez de repressão. Desenvolvimento integral e justiça social mais partilhada em vez de desigualdade económica, descriminação social, taxas confrangedores de mortalidade infantil, de escolaridade e de infraestruturas básicas. Paz em África em vez de empenhamento militar sem solução política. Isto nos unia.”
 
E mais...

“Muito do mais nos dividia. Os contornos concretos do regime político, o sistema de governo, a visão sobre a Europa e do Mundo, o papel do Estado, pessoas e organizações, o caminho, o fim, o ritmo da Revolução, o alcance da Constituição e como ela se devia conjugar com a Revolução, prolongando-a, moderando-a ou conformando-a. E como sempre acontece com as revoluções, cada qual cadinho de muitas, muito diversas, uns veriam os seus desígnios triunfar no instante inicial. Alguns, em vários trechos do percurso. Outros, na primeira versão da lei fundamental, outros ainda no somatório das revisões que a foram moldando a novos tempos e a novos modos. Em rigor, dos jovens de 74 nenhum pode dizer ter visto vencer tudo o que queria para o seu e nosso futuro.” 

25 de Abril

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen,

In "O nome das coisas"

terça-feira, 23 de abril de 2019

Dia Mundial do Livro - Boas leituras



O Dia Mundial do Livro é celebrado desde 1996, a 23 de abril, por decisão da UNESCO. Pretende-se promover o livro, os autores, os ilustradores e os editores.
Diz o Google que esta data foi escolhida com base na tradição catalã, segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge, e recebem em troca um livro, testemunho das aventuras do heroico cavaleiro. Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em abril de 1616.
Para os amigos dos livros e das leituras, esta efeméride tem um duplo sentido, que engloba o prazer do conhecimento, o sentimento da busca do belo, o enriquecimento de imaginário e o gosto de viajar para a descoberta de outras gentes e outras culturas, que a grande maioria das pessoas podem não ter possibilidades de sair de casa.
Eu, que pertenço ao grupo destes últimos, sinto-me feliz por ter sido educado para as leituras, que são um dos meus grandes prazeres que a vida me tem proporcionado.
Boas leituras para todos.

FM

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Dia Mundial da Terra







O dia Mundial da Terra celebra-se a 22 de abril de cada ano, desde 1970. A ideia partiu do senador norte-americano Gaylord Nelson, que resolveu organizar um protesto contra a poluição da Terra, depois do desastre petrolífero de Santa Bárbara, na Califórnia, ocorrido em 1969.
Daquele acontecimento não se tem falado muito, ultimamente, mas o tema da poluição e das lutas a favor da defesa do planeta, ameaçado constantemente, apesar dos tratados internacionais assinados pelos países conscientes dos seus deveres nessa linha, não deixa margem para dúvidas sobre a importância do nosso dever de cuidar da casa comum, no dia a dia de todos.

domingo, 21 de abril de 2019

RESSURREIÇÃO

Que a Luz de Cristo Ressuscitado nasça para cada um de nós

Senhor!
Eu bem Te vejo, apesar
da escuridão!
Inda me não tocou a Tua «Mão,
mas bem na sinto, bem na sinto em meus cabelos,
numa carícia igual a um perfume ou um perdão.

Senhor!
Eu bem te vejo, apesar
da escuridão!
Que já se abriram cinco
               (ou são cinquenta?...
                   ou são quinhentas?...)
Estrelinhas azuis no Céu azul
— as Tuas cinco, ou não sei quantas, feridas
lavadas pelas águas lá de Cima.

Vejo-Te ainda incerto e vago
como um desenho sumido,
mas esta é, Jesus, a última das noites.

Há já três
(não Te lembras, Senhor, das bofetadas
e dos cravos nos pés?...)
que Te pregaram numa cruz
e que morreste.

Até logo, Senhor!
           (Deixa ser longa a Noite e o Logo longo,
           que é de noite que eu seco os meus espinhos
           e cavo, na minh´alma, o Teu jardim.
           Rompa tarde a Manhã de ao fim
          da Tua minha Noite derradeira.

— Não quero é que Te rasgues novamente,
quando, no terceiro Dia longe-perto
                                       misericordiosamente,
ressuscitares em mim.)

Sebastião da Gama
 In  SERRA-MÃE

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