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segunda-feira, 1 de abril de 2019

Sociedade Civil de Aveiro mobiliza-se para o combate pela modernidade


As organizações, empresas e instituições da sociedade civil, chamadas pela “Plataforma Cidades” a pensar e projectar o futura da cidade e região de Aveiro, “mostraram-se preparadas para integrar vários processos de mudança”, salientou Júlio Pedrosa, no final da sessão, ontem realizada na Casa de São Sebastião, em Aveiro.
O antigo reitor da Universidade de Aveiro (UA) e ex-ministro da Educação sumariou que da primeira reunião de trabalho ficou a convicção de que um mundo em transformação tecnológica acelerada exige a activação de “respostas” a novos desafios, através da educação e da formação. Acrescentou que a carência de quadros e de mão-de-obra se resolverá pela qualificação de recursos humanos, assim como pela atracção de pessoas, incluindo migrantes, num processo que –sublinhou – exige um comba­te à burocracia também por parte dos actores da sociedade local.

No Diário de Aveiro de ontem, domingo.

sábado, 29 de setembro de 2018

Três grandes feridas contemporâneas


Anselmo Borges

Devo este título e alguma inspiração para esta crónica a J. M. Rodríguez Olaizola, no seu livro Bailar con la Soledad, já aqui citado na semana passada. Quais são as três feridas?

1. A do amor. O que é que todos procuramos? A felicidade, e elemento constitutivo da felicidade é o amor, um amor sólido, estável e fiel. Mas isso hoje está como se sabe: na sociedade líquida, também o amor é líquido, para ir a Z. Bauman. Só para dar o exemplo do amor conjugal: Portugal é o país da Europa com mais divórcios, 70 por cento dos casamentos terminam em divórcio. Aí está G. Lipovetsky, em Da Leveza: "Publicidade, proliferação de formas de empregar o tempo livre, animações, jogos, modas: todo o nosso mundo quotidiano vibra com cantos à distracção, aos prazeres do corpo e dos sentidos, à ligeireza de viver. Com o culto do bem-estar, da diversão, da felicidade aqui e agora, triunfa um ideal de vida ligeiro, hedonista e lúdico." 

Então, a contradição é esta: num tempo de incerteza, do zapping, do provisório, do usar e deitar fora até nas relações humanas, o amor sólido e fiel, inabalável, deveria ser a pedra angular da vida, e é isso que se procura idealmente, mas, ao mesmo tempo, pretende-se viver numa união sem compromisso, na abertura ao consumo do "poliamor", numa liberdade à deriva, incapaz de sacrificar-se pelo que mais vale. E lá está outra vez Z. Bauman, em Amor Líquido: "Automóveis, computadores ou telefones celulares em bom estado e que funcionam relativamente bem vão engrossar o monte de resíduos, com pouco ou nenhum escrúpulo, no momento em que 'versões novas e melhoradas' aparecem no mercado. Há alguma razão para que as relações de casal sejam uma excepção à regra?" 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

A celebração do domingo humaniza a sociedade

Georgino Rocha

"A lei ao serviço da vida e de tudo o que a qualifica na sua dignidade inviolável. Sem referência à pessoa e ao seu bem maior (o bem comum), a lei corre o risco de ser desajustada e, por vezes, iníqua."

Jesus enfrenta, desde o início da sua missão pública, a desconfiança fria e distante dos fariseus que o vigiam atentamente e fazem provocações acusatórias. Marcos escreve o seu texto após a perseguição de Nero que dizimou muitos cristãos e a comunidade precisava de alento e confiança. O que havia acontecido a Jesus constituía um apoio espiritual reconfortante.
O confronto apresentado na leitura de hoje, Mc 2, 23-28 e 3, 1-6, é o último de uma primeira série que havia ocorrido: ora com os escribas a respeito do perdão dos pecados ao paralítico, ora com os publicanos e pecadores por estar sentado com eles à mesa, ora com discípulos de João e os fariseus por questões ligadas à prática de jejum, ora com os espias a propósito da observância do Sábado. A partir deste último, os opositores de Jesus tomam a decisão de o matar e elaboram um plano com este objectivo.
O confronto com os fariseus-espias ocorre ao sábado e desenrola-se em dois episódios, sendo o primeiro o das espigas apanhadas na seara do campo e comidas pelos discípulos porque tinham fome; e o segundo, o da mão ressequida curada na sinagoga. E a novidade de Jesus afirma-se cada vez mais: O amor de Deus que não faz acepção de pessoas, prefere os esquecidos da sociedade e quer que tudo, sobretudo as instituições e as leis, esteja ao serviço da vida na sua integralidade. Que mensagem oportuna e interpelante! Que mensagem luminosa e encorajante para todos/as os/as que lutam por causas nobres e irrenunciáveis! Que mensagem centrada no essencial para não nos perdermos em pormenores que, sendo importantes como as folhas das árvores, comportam o risco de esconder o tronco e a seiva que lhes dão suporte e vida!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Cultura do encontro

Temos de trabalhar pela cultura do encontro 
na família e sociedade 
e combater a indiferença, afirma papa


«À mesa, na família, quantas vezes se come a ver a televisão ou se escrevem mensagens no telemóvel. Cada qual é indiferente [ao] encontro. Inclusive precisamente no núcleo da sociedade, que é a família, não há encontro», frisou Francisco. «Se eu não vejo – não é suficiente olhar, não, ver –, se eu não me detenho, se eu não vejo, se eu não toco, se eu não falo, não posso fazer um encontro e não posso ajudar a fazer uma cultura do encontro.»

Ler mais aqui 

sábado, 21 de maio de 2016

Uma sociedade ameaçada

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias



1 A actual sociedade europeia de que fazemos parte tem, na expressão do filósofo E. Husserl, uma nova "forma de vida", isto é, um horizonte novo de vivência, sentido e autocompreensão, a partir de três princípios fundamentais.
Trata-se de uma sociedade à qual foi possibilitado imenso bem-estar, derivando daí novas possibilidades de auto-realização e também um feroz individualismo, que apenas reivindica direitos ignorando deveres.
Por outro lado, as novas tecnologias têm um impacto decisivo nas sociedades, e não só no plano socioeconómico: mudam as mentalidades. Por exemplo, estar ligado à rede, navegando, afecta a vivência de si e do mundo. A concepção de espaço é outra, muda sobretudo a vivência do tempo. Tudo é rápido, vertiginoso. Tem-se a sensação de estar ao mesmo tempo em toda a parte, mas num tempo fragmentado, que não faz tecido. No bombardeamento simultâneo de notícias e opiniões - toda a gente se pronuncia sobre tudo, sem hesitações nem perplexidades -, o que acontece é a dispersão labiríntica, que dificulta a construção de uma identidade narrativa consistente. Paradoxalmente, a ligação global produz solidões penosas. Há um sentimento de quase omnipotência, seguindo-se daí que tudo o que é tecnicamente possível se deve realizar, sem perguntas de outro foro, ético, humanista. A satisfação imediata e o facilitismo são outras características de uma sociedade líquida e mole, cujo deus é o dinheiro.
Desta forma de vida faz parte ainda a crítica religiosa, no sentido de um laicismo agressivo.

domingo, 8 de novembro de 2015

800 anos é muito tempo!

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO


«Cada sociedade
 tem a sua história
 reescreve-a à medida 
que ela mesma muda»


1. Continuam a perguntar-me o que significa o acrescento, O.P., à minha assinatura, nomeadamente nestas crónicas.
Explico. Em 1953, no Convento de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, abrindo o tempo de Noviciado, o Prior conventual, numa celebração comovente, perguntou-me: que pedis? A misericórdia de Deus e a vossa, respondi.
Disse-me que esperava que já tivesse recebido a misericórdia de Deus, mas a da Ordem dos Pregadores (O.P), não era incondicional. Depois de um tempo de experiência, haveria uma avaliação recíproca e nela se veria se queríamos continuar juntos ou não. Entretanto, Frei Bento passava a sobrepor-se ao nome que usara até esse dia.
Não estranhei muito, pois o padroeiro da minha aldeia é S. Bento e muito perto havia a romaria de S. Bento da Porta Aberta, a mais importante do norte de Portugal. Por outro lado, o meu irmão chamava-se Domingos e ao entrar na Ordem fundada por S. Domingos, passou a chamar-se Frei Bernardo!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mudanças nos próximos 20 anos

«Nos próximos 20 anos, haverá mais mudanças 
na sociedade e na Igreja do que nos últimos cem»
Rui Jorge Martins


Na diocese de Innsbruck, na Áustria, subsiste a convicção de que «nos próximos vinte anos, na sociedade e na Igreja, haverá mais mudanças do que nos últimos cem anos».
«A direção desta tendência, se para melhor ou para pior - está nas nossas mãos», refere uma nota referente ao ciclo de encontros "Um outro futuro é possível", que a diocese organiza no âmbito da comemoração dos cinquenta anos.
As sessões sobre o futuro da sociedade e Igreja, que começam esta terça-feira, contam com a intervenção do bispo do Tirol, bem como especialistas em teologia pastoral, pedagogia, sociologia, ecologia, empreendedorismo e jornalismo, entre várias personalidades do mundo académico, eclesiástico e social austríaco.
Os organizadores apostam no «diálogo» para favorecer uma «compreensão mais profunda» das posições dos diferentes intervenientes, abrindo a porta à mudança de posições e atitudes.
Os debates centram-se em questões que podem conduzir a sociedade ao desespero, resignação e medo, ou podem ser fontes de alegria, coragem e esperança, dependendo das decisões que forem hoje tomadas, sublinha a nota de apresentação.


Li aqui

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

"Humanizar a Sociedade"


Contributo dos mais pobres 
na humanização da sociedade


D. António Francisco,
João César das Neves e Georgino Rocha


“Muitos dos que fazem diálogo com o mundo ficam no mundo. O Pe. Georgino Rocha vai ao mundo, mas leva-o até Cristo”, afirmou João César das Neves na apresentação do livro “Humanizar a sociedade”, que decorreu na tarde de 30 de outubro, na Universidade de Aveiro.

De acordo com a apresentação de João Cesar das Neves, o livro é uma “coletânea de textos”, sobre temas como comunicação, família, valores, terceira idade, ciganos e prisões, à qual o autor deu “coerência”, constituindo a própria obra “um ato de doutrina social da Igreja”, pois parte de várias histórias e casos humanos para chegar à paixão de Cristo, que tudo ilumina.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

A sociedade está mais empobrecida e sem alma



Um apelo que frequentemente fica sem resposta 
António Marcelino 

António Marcelino


«Faltam educadores que sintam e tomem consciência de que, pela sua ação diária, passa o futuro de muita gente e a construção ou não de uma sociedade humanizada e fraterna. Há muitos educadores que sabem o caminho, lutam por segui-lo e se doem por verem que o muito que fazem é destruído por outros colegas, e, também, pela família, pela rua, pela comunicação social, que não olha a meios para conseguir quem compre os seus produtos viciados.» 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Bispos Portugueses analisam «Caritas in Veritate»

Propostas para a sociedade portuguesa

 
Primeiro documento do Gabinete de Estudos Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa analisa sociedade à luz da encíclica «Caritas in Veritate»
As dificuldades económico-financeiras, a crise moral e as questões relativas à família e educação constituem os temas principais de um documento distribuído hoje pelo Gabinete de Estudos Pastorais (GEP) da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O texto analisa alguns aspectos da realidade nacional à luz da última encíclica do Papa Bento XVI, “Caritas in Veritate” (Caridade na Verdade), publicada em 2009.
O documento surge da constatação de que os portugueses estão “muito preocupados e desconcertados com uma série de acontecimentos e notícias que abalaram as suas convicções”, sentindo por isso “a necessidade de orientações, sobretudo por parte de instituições autorizadas como é o caso da Igreja”.
As críticas à actuação de organismos dependentes do Estado constituem um dos aspectos mais presentes no estudo, intitulado “A visita do Papa Bento XVI a Portugal, a Encícilia ‘Caritas in Veritate’ e a sociedade portuguesa”.
A primeira parte do texto reflecte sobre “a crise de valores e o modelo de desenvolvimento”, detendo-se também nos “impactos sociais e políticos” da actual situação económica.
Os autores – o padre jesuíta António Vaz Pinto, Francisco Sarsfield Cabral, Guilherme d’Oliveira Martins, Manuel Braga da Cruz, Maria José Nogueira Pinto e Pedro Roseta – defendem que a recessão foi causada pela “irresponsabilidade financeira” decorrente da “desregulação” dos mercados.

Ler mais aqui

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O FIO DO TEMPO: Da polémica à formação

Uma sociedade
sedenta de casos mediático


1. Cada vez mais vale a pena pensar e perguntar sobre o que, afinal, move as multidões, as pessoas, a sociedade em que vivemos. Uma perturbadora preferência no mundo da comunicação pelo que escandaliza, pelo que arrepia caminho tido como normal reflecte a nova condição humana actual. Há dias alguém dizia que para alimentar uma notícia e vender papel bastará sobre um determinado assunto fracturante chamar duas pessoas a expor as suas ideias, uma de cada lado e alimentar a polémica. Poder-se-á dizer que nunca como hoje se combateu todo o género de extremismos, mas nunca como agora estes foram tão úteis e usados para alimentar as “novelas” que seduzem uma sociedade sedenta de casos mediáticos onde o esquisito sempre triunfa.

2. Sempre nos perturbou esta desfocagem em que o essencial muitas vezes se mostra passado para a periferia. Quanto bem é feito, quantas apostas decisivas na formação, quanto esforço de tanta gente em semear os grandes valores e as maiores causas, dedicação imensa esta que acaba por não ter nenhum reflexo público. Esta regra de mediatizar o que é escândalo, mesmo sem o saber ou querer, é precisamente o motor gerador da generalização do “mal” que se de(a)nuncia. Se em tudo a vida é “como as cerejas”, umas puxam as outras, não se duvide da contra-escola que acaba por representar o contínuo explanar do rol de notícias trágicas, de situações de violência, de cinemas carregados de armas… desenhos animados já não inocentes como outrora mas muitas vezes a ensinarem as maiores manhas e egoísmos a quem está na fase de aprender a viver para ser…



3. Sociedade melhor formada será sociedade mais informada. O baixar do nível ético alimenta a própria incultura que se denuncia. A relação de causa – efeito, se assumida a sério, obrigará todos os agentes educativos, dos formais aos informais, a pensar e repensar em toda a contradição que persiste quando num lado ensinam uma coisa e da televisão aprende-se outra. Vale a pena pensar nisto!?

Alexandre Cruz

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ainda o caso Meddie

A TELENOVELA VAI CONTINUAR...
A telenovela vai continuar, pelos vistos. Quando tudo fazia prever que o caso estava arrumado, por falta de provas, eis que um simples livro vem acordar toda a gente para a história dramática da menina desaparecida há mais de um ano sem deixar rasto. A comunicação social, ávida de temas de cartaz, aí está a reconstruir todo o drama. São precisos temas escaldantes para o Verão arrancar em grande, agora que o sol chegou, com assuntos que envolvam as pessoas. Claro que é o Caso Meddie, a menina inglesa. Os casos, que os há, de muitos outros meninos e meninas desaparecidos continuarão no silêncio dos gabinetes policiais. Ninguém repara neles. Ninguém sabe se foram assassinados ou envolvidos pelas redes pedófilas. Não interessa. Só interessa o Caso Meddie. Não me canso de magicar sobre o porquê de tudo isto. Mas sempre vou pensando que, afinal, a “virtude” desta situação está, simplesmente, nos “negócios” de muita comunicação social. Sem casos, não se vendem notícias… No fundo, quer fazer-se passar a ideia de que houve erros graves que dificultaram a descoberta do crime, se é que houve crime. O espectáculo das acusações mútuas, mesmo entre polícias, vai marcar esta época estival. Cá para mim, os erros foram protagonizados por toda a gente: pais que abandonaram os filhos para jantar com os amigos; polícias e demais autoridades que não terão agido com perspicácia e prontidão necessários; comunicação social que apostou friamente em ganhar notoriedade e dinheiro com um drama, alimentando a “telenovela” com capítulos e mais capítulos da história e com repetições de cenas e de coisa nenhuma, até à exaustão; e nós todos que fomos na onda dos manipuladores de opinião. É triste que, de dramas familiares, que envolvem pessoas e sentimentos, se alimentem juízos temerários, enquanto, porventura, se descura o trabalho de investigação, que deve ser feito em silêncio, muito longe dos holofotes dos industriais e comerciantes de notícias. FM

segunda-feira, 14 de abril de 2008

ONU: QUE FUTURO?


“Nós, os povos das Nações Unidas, decidimos:
A preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que, por duas vezes, no espaço de uma vida humana, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade;
A reafirmar a nossa fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, assim como das nações, grandes e pequenas;
A estabelecer as condições necessárias à manutenção da justiça e do respeito das obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional;
A promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de um conceito mais amplo de liberdade;”
Este texto consta da Nota Introdutória da Carta das Nações Unidas, assinada na cidade de São Francisco, a 26 de Junho de 1945, pelos Estados-membros seus fundadores.
Ninguém deixará de concordar com estes princípios e que a sua aplicação real seja feita, de modo a que cada continente, cada país, cada povo, cada etnia e cada homem se sintam, apesar das suas naturais diferenças, iguais entre si, em direitos e deveres, na medida que todos são cidadãos de uma mesma casa comum: a Terra.
Infelizmente, a realidade do mundo actual dá-nos conta de que, ao fim dos seus 63 anos, após a sua fundação – 24 de Outubro de 1945 –, a Organização da Nações Unidas (ONU) está longe de conseguir aplicar os princípios a que ela mesmo se propôs, assim como dá sinais, evidentes, de uma flagrante inoperância, incapaz de inverter a dinâmica de injustiças, conflitos, guerras, pobreza e doenças que, cada vez mais, se vão instalando um pouco por todo o mundo.
Desde há muito que se discute a eficácia real da ONU e a sua capacidade para fazer face aos problemas reais do mundo contemporâneo e esta questão já não é ignorada por nenhum dos seus actuais 192 Estados-membros.
De facto, como é possível que a ONU possa ter uma estrutura moderna e funcional, capaz de encontrar soluções e propostas para o mundo de hoje, se ela própria, ao longo dos seus quase 63 anos de existência, não sofreu nenhuma reforma de fundo, capaz de reavivar os princípios éticos e morais da sua própria Carta de valores.
É evidente que não é por acaso que isto sucede e se deixou chegar a ONU ao ponto em que chegou.
Teoricamente, todos os Estados-membros têm os mesmos direitos e deveres, só que, na prática, estes princípios não funcionam, havendo Estados-membros de primeira e de segunda categoria.
No dia 9 de Abril, do corrente ano, o antigo presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, numa conferência, no auditório da Fundação Serralves, no Porto, afirmava: “É urgente reestruturar as bases da ONU, para que adquira força de se impor ao mundo e não esteja dependente do veto de alguém, o que, muitas vezes, obriga que os Estados tenham que andar a negociar aquilo a que aspiram e lhes cabe por direito e justiça própria.”
Criada logo a seguir ao final da II Guerra Mundial e passando por todo o período da Guerra Fria (1945-1991), os pressupostos da sua criação e da sua posterior manutenção já não existem, nos mesmos termos de há 63 anos atrás. O mundo tem mudado muito.
Num mundo em que emerge, notoriamente, a ideia de que ninguém se entende sobre as grandes questões mundiais e onde faltam líderes fortes e mobilizadores da sociedade humana, a ONU tem que abandonar a mediocridade geral instalada e tornar-se numa Instituição credível e responsável, ao serviço de todos os povos e do mundo.
Vítor Amorim

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Escuteiros zangados com a Media Markt



O CNE (Corpo Nacional de Escutas), escutismo católico português, está zangado com a Media Markt. A razão é simples: aquela multinacional resolveu fazer publicidade, utilizando um escuteiro para parodiar um eventual cliente. Claro que o Chefe Nacional, Carlos Alberto Pereira, não gostou e protestou. Em ofício dirigido aos responsáveis, diz que a campanha publicitária é “intoleravelmente ofensiva para os 80 000 escuteiros portugueses e suas famílias”. E acrescenta: “As afirmações feitas constituem uma ofensa ao bom nome e consideração devidas a quem diariamente contribui para uma sociedade melhor, educando os jovens para uma cidadania responsável, participativa, solidária.”
Solidarizo-me com este protesto do CNE. E é bom que se diga que o escutismo não é uma organização qualquer. Ele é, tão-só, a maior organização juvenil do mundo. Merece, por isso, muito respeito.
Estou em crer que a Media Markt saberá reconhecer que cometeu um erro, ao brincar com coisas sérias. E também acredito que a publicidade ofensiva recolherá aos armazéns da empresa, o mais breve possível, para aí morrer sem incomodar ninguém.

FM

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

A sociedade é injusta

A TELENOVELA CONTINUA O caso da criança britânica desaparecida no Algarve, há 100 dias, continua a mobilizar a comunicação social do mundo ocidental. É espantoso como um tema, dramático, sem dúvida, consegue preocupar tanta gente, numa ânsia incontida de se descobrir a verdade. Graças, também, à acção constante dos pais, que não se têm poupado a esforços para tornar conhecido o seu drama. Não estou, naturalmente, contra o envolvimento dos meios de comunicação social, que considero legítimo e necessário, nem contra outras instituições que, do mesmo modo, se preocupam com o desaparecimento da menina, numa zona de férias do Algarve. O que me choca, isso sim, é que as muitas centenas de crianças desaparecidas nos últimos tempos, um pouco por toda a parte, não tenham merecido as mesmas preocupações e o mesmo tratamento policial e jornalístico. Vivemos, pelo que se vê, numa sociedade injusta, onde há, nitidamente, pessoas de primeira e de segunda, quando se prega que toda a gente deve ter tratamento igual, em circunstâncias iguais ou parecidas. Esta menina já mereceu da comunicação social do nosso País, seguramente, mais cobertura mediática do que todas as crianças portuguesas desaparecidas. E, pelos vistos, a telenovela vai continuar… até aparecer outro assunto que faça vender notícias e reportagens.Não seria mais prudente deixar trabalhar a polícia sem tantas pressões? F.M.