sábado, 4 de setembro de 2021

Júlio Dinis - Um escritor da minha adolescência

Num blogue que leio frequentemente, “De Rerum Natura”, li hoje um texto alusivo a Júlio Dinis, um escritor da minha adolescência e juventude, que muito me entusiasmou. Doente pulmonar, doença de que também padeci em duas alturas da minha juventude, esteve em Aveiro e na Gafanha, como já diversas vezes referi nos meus escritos.
Os seus romances deixaram em mim a ideia de que se tratava de um homem em sofrimento, com ânsia de felicidade. Como médico, que, aliás, nunca exerceu, sabia que a morte seria inevitável. Daí, penso eu, a opção pelos cenários de gente boa, trabalhadora, feliz. "A Morgadinha dos Canaviais", "As Pupilas do Senhor Reitor", "Uma Família Inglesa", "Os Fidalgos da Casa Mourisca" e "Serões da Província", entre outas  obras, ocupam o meu imaginário. 
Já lá vão muitos anos. Só esporadicamente releio umas simples páginas. Não seria ocasião para voltar a Joaquim Guilherme Gomes Coelho, o escritor Júlio Dinis? Talvez. 
A Feira do Livro do Porto, em curso, é-lhe dedicada.

Quem não vota nunca terá o direito de criticar

Aproximam-se a passos largos as eleições autárquicas. No dia 26 de setembro, os portugueses que constam dos cadernos eleitorais vão escolher os que nos hão de governar a partir das autarquias locais, Municípios e Freguesias. Sinais mais notórios da proximidade das eleições são a propaganda que os partidos e coligações se afadigam nas campanhas em curso.
A caixa do correio começa a merecer a minha atenção porque, já com alguma frequência, não faltam os folhetos com rostos e posições políticas que conheço. Todos, sem exceção, devem merecer a nossa atenção e o nosso respeito. Realmente, quem se dispõe a servir a comunidade, na política ou noutras áreas, mostra à evidência qualidades de disponibilidade, altruísmo, sentido de responsabilidade e capacidade de se dar e de servir muitíssimo louváveis, em tempos carregados de egoísmos. Os meus parabéns a todos os que, voluntariamente, dão a cara por um ideário ou projeto político,  neste caso.
A decisão de cada um de nós dependerá, necessariamente, não muito daquilo que prometem, mas daquilo que sabemos serem capazes de cumprir, com provas dadas nas áreas profissionais, sociais, culturais ou outras, tendo em conta as necessidades mais prementes das pessoas e comunidades. Votar é um dever. Quem não vota nunca terá o direito de criticar ou reclamar. 
Felicito todos, sem exceção, os que se candidataram, lembrando que os vencidos não poderão cruzar os braços. Há outros horizontes e outras eleições para se darem à sociedade. 

Fernando Martins

A palavra solidão faz-me companhia

Um poema de Álvaro Guimarães 
que publiquei há 15 anos

Praia da Vagueira (foto Via Verde)

O LIMPA-PALAVRAS

Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.

Pode ver aqui 

"As mulheres sejam submissas aos maridos"

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Sobre o sexo, as mulheres, as religiões e a Igreja já escrevi aqui muitas vezes. Também em livros que publiquei, incluindo o próximo, O Mundo e a Igreja. Que Futuro?, que espero esteja nas livrarias em finais de Outubro. Retomo hoje o tema muito rapidamente, por causa do "alarido" que houve nos media provocado por uma leitura na Eucaristia de um domingo passado, transmitida pela televisão pública. Algum esclarecimento é devido.

1 O que se passou é que foi feita uma leitura bíblica a dizer: "As mulheres sejam submissas aos maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o Chefe da Igreja."

Previno que o texto é da Carta aos Efésios, atribuída a São Paulo, mas a autoria realmente não lhe pertence. Aliás, é preciso dizer que, no cristianismo, com Jesus, que escandalosamente tinha discípulos e discípulas, São Paulo deu um contributo decisivo para a emancipação feminina: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus", escreveu na Carta aos Gálatas; e na Carta aos Romanos descreve Júnia como ilustre entre os Apóstolos.

2 Todas as religiões se entendem a si mesmas como reveladas. A pergunta é: como sabem os crentes que Deus falou?

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Faz tudo bem feito. Abre-te

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXIII do Tempo Comum

Fomos e regressámos da lua, mas temos enorme dificuldade em atravessar a rua para visitar o vizinho

O episódio do surdo-mudo ocorre na região da Decápole, situada além Jordão, território independente, habitada por gente pagã. A missão para Jesus não tem fronteiras nem faz discriminações, não se limita a confirmar o que há de bom no homem, mas visa iniciar uma nova criação. Mc 7, 31-37.
Marcos localiza Jesus na região de Tiro ( costa do atual Líbano) e quer ir para a Galileia. Faz um caminho que passa por Sídon (ainda na costa do Líbano) e pela Decálope («Dez cidades», zona da atual Síria e parte da Jordânia). Caminho que indicia a intenção do evangelista de apresentar Jesus como o missionário do Pai que visita todos os territórios pagãos e, neles, todos os homens que estão à espera de salvação.
O episódio do surdo-mudo constitui uma expressiva mensagem, valiosa para todos os tempos, mas sobretudo para os nossos, tão profundamente marcados pela surdez e incomunicação generalizadas, na era em que torrentes de informação circulam sem limites de qualquer espécie.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Faleceu Acácio Catarino - Um homem de causas


Acabo de saber que faleceu Acácio Catarino, sociólogo e consultor social, responsável pela rubrica Questões Sociais do Correio do Vouga, semanário da Diocese de Aveiro.
Recordo com natural emoção a sua ligação ao nosso jornal diocesano, desde o tempo em que  exerci as funções de diretor. Daniel Rodrigues, diretor-adjunto, acabara de chegar de Fátima, onde havia participado numa jornada ligada ao setor social, na qual interveio, com testemunho marcante, Acácio Catarino. Adiantou, então, que seria uma mais-valia para o Correio do Vouga a sua colaboração periódica. E antes que se fizesse tarde, de imediato entrámos em contacto com ele, que aceitou, com toda a naturalidade, apesar de ser uma pessoa muitíssimo ocupada.
Os seus escritos, normalmente curtos e diretos, abordavam questões de justiça social e de promoção humana, preocupações fundamentais da sua vida, repartida pela docência universitária e por cargos de responsabilidade em diversos organismos. Cáritas Portuguesa (presidente durante 17 anos), Comissão Nacional Justiça e Paz, IPSS, Misericórdias, Semanas Sociais, Promoção do Voluntariado, entre outras instituições de cariz social e caritativo,  beneficiaram dos seus saberes, experiências e capacidades na área que dominava como  poucos.
Endereçamos à família e ao Correio do Vouga os nossos sentidos pêsames, na certeza de que Deus já o acolheu no seu regaço maternal. 

Fernando Martins

Centro de Religiosidade - Um convite à nossa contemplação

Alguns aspetos da exposição 









Tempo de terra...
                            rumo de mar


Mais uma vez os nossos homens partem, mar fora, na aventura do pão de cada dia. A vida deles é sempre mais uma vez. Marinhar teimoso para sobreviver, desfraldar de velas sempre a partir, acenar de lenços, saudades que vão, saudades que ficam. E a alma da nossa terra, desta terra marinheira de céu azul e capelinhas brancas, de imagem dolorida do Senhor Jesus dos Navegantes, reparte-se por esses mares de Cristo na inquietação das horas difíceis e na esperança do regresso daqueles que partiram. E depois do regresso os nossos homens partem outra vez. A vida deles é sempre mais uma vez...

Amigos! Um homem do mar é um homem de fé. Rude, valente diante a tempestade, tem sempre fé. Aprendeu-a no regaço terno das mães, tempera-a nas batalhas árduas contra as fúrias das tempestades, fortalece-a no convívio sagrado da família, revê-a nos olhos dos seus filhos. E no mar, quando o mar é mar ou toalha mansa de prata, ele sente-se mais perto de Deus.

Amigos! Que o Senhor Jesus dos Navegantes vos dê a paz das consciências tranquilas no fim de cada dia de trabalho, vos ajude na pesca e vos traga salvamento.

Eles que partem, 1961, D. Júlio Tavares Rebimbas +, prior de Ílhavo

Nota: Tradução do texto da imagem

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Centro de Religiosidade Marítima (CRM) nasceu em Ílhavo na requalificação do espaço do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários, nas traseiras da Igreja Matriz. Trata-se de uma obra da responsabilidade da Câmara Municipal, à qual se associou a paróquia de São Salvador, que importou em cerca de 1,5 milhões de euros, acolhendo, para além daquele centro, a Confraria Gastronómica do Bacalhau, uma loja social e um auditório. O espaço museológico pode ser visitado, gratuitamente, até ao fim do ano
Limitações pessoais impediram-nos de visitar o novo museu, há mais tempo. Só agora foi possível, embora de passagem, mas voltaremos. Garantidamente. Foram muitíssimos os elogios, mas não podemos deixar de salientar que as nossas expetativas foram amplamente suplantadas, tal a beleza estética, a sensibilidade artística e a riqueza do espólio que pudemos apreciar. As obras do CRM e da requalificação do Jardim Henriqueta Maia foram concebidas pelo arquiteto ilhavense José Paradela. oferecendo à sede do concelho um espaço amplo e arejado, complementado pela arte da museologia sacra. Todo este conjunto merece ser apreciado, divulgado e usufruído.
No CRM, nem sabemos que mais destacar, tal a diversidade e riqueza das peças de vários estilos e épocas, carregadas de vivências dos marítimos ilhavenses e seus familiares, animados pela fé e suas devoções, vivenciadas estas, imensas vezes, nos mares revoltos e nas fainas piscatórias e outras a elas ligadas.
Uma exposição que merece ser visitada.

Fernando Martins

Ficar à escuta


Ficar
à escuta

À escuta
de silêncio

Adília Lopes

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Primeiro dia de Setembro



Depois de um mês de algum descanso, pelas circunstâncias e tradições, voltamos à vida ativa, com profissões e hábitos a ditarem as suas leis. Cada um voltará às suas tarefas do dia a dia, restabelecidos decerto pelas férias. Apostaremos agora, os que puderem, na inovação e no diferente, se possível, já que o ramerrão não leva a parte nenhuma. 
Os aposentados, como eu, saberão delinear novas pistas, na ânsia de descobrirem novos horizontes de esperança com alguns sonhos a ilustrarem os caminhos diários. O dia a dia de cada um não pode nem deve ser mais do mesmo.
Bom ano de trabalho para todos os meus amigos e leitores.

O nabo


A ti tudo
te foi dado
e não tratas
os outros
com doçura

És um nabado
e és um nabo
(quem te dera
seres um nabo)

Adília Lopes
em SUR LA CROIX

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Paróquia da Gafanha da Nazaré - 111 anos de vida

Igreja Matriz - Inaugurada em 14-Jan-1912

Prior Sardo
Por decreto do Bispo-Conde de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, a nossa paróquia foi criada em 31 de Agosto de 1910, no respeito pelo decreto do Rei D. Manuel II, com data de 23 de Junho do mesmo ano. Nessa altura, com a extinção da Diocese de Aveiro no século XIX, ficámos a pertencer à Diocese de Coimbra até à restauração da diocese aveirense, em 11 de Dezembro de 1938.
Como tem sido largamente sublinhado, o grande dinamizador do processo que levou à criação da paróquia foi o padre João Ferreira Sardo, capelão da nossa terra, mas também, ao tempo, vereador da Câmara Municipal de Ílhavo, onde terá dinamizado o processo para o desmembramento da freguesia de São Salvador em duas paróquias. A nossa terra foi, portanto, elevada à categoria de paróquia, atendendo ao seu desenvolvimento, mas não só.
A aprovação da Câmara, liderada por Alberto Ferreira Pinto Basto, apoiou-se num pormenor curioso, registado em ata de 28 de Março de 1910:

“Considerando que os povos do mesmo lugar se acham separados da sede da atual freguesia por uma grande extensão de areia solta, cuja travessia se torna bastante incómoda; considerando que, sendo este concelho constituído por uma única freguesia, que hoje conta cerca de 15 mil almas, o seu pároco e regedor não conhecem grande número dos seus habitantes, o que sobremaneira embaraça o serviço público; por isso é a mesma Câmara de parecer que deve ser criada uma outra freguesia com sede no mencionado lugar da Cale da Vila d'este concelho.”

Com este parecer, considerado fundamental, D. Manuel II decreta, em 23 de Junho do mesmo ano, apenas três meses depois, a criação da freguesia, abrindo portas à fundação da paróquia, o que aconteceu em 31 de Agosto de 1910, com o decreto do Bispo de Coimbra. O seu primeiro pároco foi, obviamente, o Padre João Ferreira Sardo. 
Passados 111 anos, esta terra,  separada do “mundo” por uma grande extensão de areia solta, cuja travessia se tornava incómoda, tornou-se numa cidade respeitada e conhecida nas mais diversificadas paragens. Há gafanhões nos quatro cantos da terra e por aqui labutam gentes de diversíssimas origens.

Se é verdade que a Gafanha da Nazaré é obra de todos os gafanhões, daqui naturais e residentes que adotaram esta terra como sua, hoje é nosso dever honrar os primeiros habitantes que nela labutaram para transformar as areias soltas em terra fértil.
Não resisto a deixar um reparo para nossa reflexão. Os primitivos gafanhões, que arrotearam as dunas sob sol escaldante e ventos agrestes, não mereceram de nós qualquer símbolo que os perpetuassem como exemplo a seguir. 

Fernando Martins

O dito e o feito


"Qualquer pessoa com bom senso e uma mente perspicaz irá tomar a medida de duas coisas: o que é dito e o que é feito"

S. Heaney, escritor

Publicado em ESCRITO NA PEDRA do PÚBLICO 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Assim foi o nosso Agosto de outras eras

Chaves - Ponte romana


Lita comigo em Chaves
O mês de Agosto aí está na sua reta final. Faltam algumas horas e já pressinto a tristeza de muitos com o adeus a este mês, com tudo o que ele proporcionou de bom. As férias naturais dos portugueses estão de partida, deixando-os livres para o romance da vida. Agosto é mês de férias desde que me conheço. Escolares, as primeiras, em várias fazes da minha vida, seguindo-se as outras, de trabalhos e canseiras. Por fim, as definitivas. Aquelas que nos segredam sem ninguém ouvir: Descansa que trabalhaste bastante.
Bastante? Tanto quanto o necessário, mas garanto que não estou nada arrependido. Se voltasse atrás, talvez percorresse os mesmos caminhos, risonhos, uns, para esquecer, outros. E agora, quando acordo e salto da cama, relógio no pulso sem dele precisar, entro na azáfama de dar corda à roda do dia, que parar é morrer, dizem, decerto com razão. Depois, meses e meses a pensar nas próximas férias, minhas e dos demais, que por contágio mexem comigo.
Tantos Agostos de férias partilhadas, quais saltimbancos com a família. Em campismo, mas não só. Casa às costas, carro sobrecarregado, filhos felizes pela mudança de hábitos, novas amizades, serras calcorreadas, que o mar ficava à nossa disposição quando regressássemos. Novas terras e gentes, amigos que se faziam para a ocasião, que logo perdíamos de vista. Outros permanecem leais. Assim foi o nosso Agosto de outras eras. Agora, recordamos apenas e já nos sentimos muito felizes por isso.

Fernando Martins

domingo, 29 de agosto de 2021

Festa em honra da nossa Padroeira



Com as limitações impostas pela pandemia do Covid-19, a festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré ficou circunscrita à Eucaristia. Não houve procissão, que teria passado pelo largo do Cruzeiro com arranjo dignificante, e muito menos foi possível o arraial, com músicas, concerto de banda e foguetório próprios do último domingo de agosto na Gafanha da Nazaré. Contudo, estamos em crer que em 2022 tudo se normalizará, para gáudio do nosso povo.
A Eucaristia festiva foi celebrada às 10h30 pelo nosso prior, Padre César Fernandes, que tinha a ladeá-lo, no espaço do altar-mor, a Irmandade e os mordomos da festa, bem como diversos colaboradores. As autoridades civis, Câmara e Junta de Freguesia, e outras instituições também se associaram, como é habitual. Os cânticos entoados pelo grupo coral estavam em sintonia com a homenagem à nossa Nossa Padroeira. O nosso prior agradeceu a presença de todos e formulou votos de que no futuro possamos congregar todo o povo em torno dos festejos que vêm dos nossos ancestrais. 
Permitam-me sublinhar que as festas em honra dos padroeiros, que aconteciam tradicionalmente no verão, tinham por princípio contribuir, também, para o povo desanuviar dos trabalhos cansativos da agricultura. Nas festas, cantavam, dançavam, encontravam os amigos, recebiam visitas de emigrantes e moradores noutras paragens, mas ainda comiam saborosos assados nos fornos a lenha, tudo regado com vinho da pipa da taberna vizinha.

Fernando Martins

AVEIRO: Artes no Canal


Aveiro é uma cidade bonita. 
Em cada canto há motivos para apreciar e sentir o palpitar dos aveirenses. 
Quem passa a correr jamais a descobrirá na sua plenitude. 


No segundo sábado de cada mês, há Artes no Canal. 
Arte e artesanato variados dão vida ao centro de Aveiro. 
Muita gente para passear, ver e comprar. 
Há de tudo para todos os gostos de ambos os lados do canal central. 
O dia lindo convidava a sair de casa.


Os moinhos da minha meninice e infância ali estavam. 
Como recordo a arte de os fazer! 
Um avô passa com netinho que corre para os moinhos, 
que giravam alimentados pelo ventinho. 
Teve direito a um que ergueu ufano.
 

Para quem se esqueceu do chapéu no carro, 
aquela tenda terá valido a muita gente. 
Eu tive direito a um boné fresquinho para o verão que temos.



A nossa Gafanha não podia faltar. 
João de Mello, quase meu vizinho, que não via há anos, é  artesão por paixão. 
Lá estava com as suas artes. 
Merecerá mais divulgação.


Os moliceiros, táxis na laguna,  andavam apressados. 
Era indubitavelmente necessário aproveitar a maré.
Um guia turístico debitando notas oportunas.


Para animar a festa não faltou a banda musical. 
Não será que as festas ajudam a esquecer mágoas?

Fernando Martins

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