de Anselmo Borges
Deus: O essencial
Vivemos imersos em crises que nos desumanizam, mas a maior, no meu entender, é vivermos mergulhados no ter, no prazer, no poder pelo poder, nas redes sociais, nas tecnologias, no imediatismo, na vertigem da pressa, esquecendo o ser, o parar para pensar, a pergunta por Deus...
Enredamo-nos assim no sem sentido... Com razão, perguntava Karl Rahner, talvez o maior teólogo católico do século XX — tenho a honra de ter sido aluno: O que aconteceria, se a simples palavra “Deus” deixasse de existir? E respondia: “A morte absoluta da palavra ‘Deus’, uma morte que eliminasse até o seu passado, seria o sinal, já não ouvido por ninguém, de que o Homem morreu.” Václav Havel, o grande dramaturgo e político, pouco tempo antes de morrer, surpreendeu muitos ao declarar que “estamos a viver na primeira civilização global” e “também vivemos na primeira civilização ateia, numa civilização que perdeu a ligação com o infinito e a eternidade”, temendo, também por isso, que “caminhe para a catástrofe”.