domingo, 31 de dezembro de 2023

ÚLTIMO DIA DE 2023


Pessoalmente, reconheço que 2023 foi um ano cheio. É sempre cheio quando temos saúde, paz e amor. Não me posso queixar. Como não sou, de certo modo, ambicioso, só tenho que agradecer a Deus, à família e aos amigos o dom da vida que me ajudaram a manter. Fiz coisas boas e outras menos boas. Andei ao sabor da maré, com os olhos postos no meu futuro e no futuro dos que me cercam, em especial a Lita, os meus filhos, netos e bisneta. Terei falhado algumas vezes, mas errar é próprio dos humanos.
Aqui chegados, resta-me felicitar todos os amigos e mesmo os que o não são, cultivando o espírito de um futuro melhor para todos.
Que em 2024, terminem as guerras, as fomes e os sofrimentos de toda a ordem. Está nas nossas mãos contribuir para um mundo muito melhor.

Fernando e Lita

sábado, 30 de dezembro de 2023

Obra da Providência


Dona Rosa Bela e Dona Maria da Luz

Neste mês, em que se assinala o primeiro aniversário do Fórum Municipal da Maior Idade e em que apresentamos aos nossos leitores uma Agenda renovada, dedicamos esta nova rubrica da Agenda de Eventos “Viver Em...”, “Associações”, à Obra da Providência, a mais antiga entidade parceira do Fórum.
A Obra da Providência, Instituição Particular de Solidariedade Social, nasceu espontaneamente em 1953, na Gafanha da Nazaré, graças ao empenhamento de duas mulheres, a D. Maria da Luz e a D. Belinha, que dedicavam grande parte do seu tempo a ajudar os mais desfavorecidos.
O objetivo era o de dar apoio a jovens vítimas de rejeitação familiar e violência doméstica, da prostituição e de outras situações sociais problemáticas, sendo um grande número de mães adolescentes. Denominada na altura de Lar da Providência, as fundadoras procuraram desde o início que a marca caraterística desta casa fosse o ambiente de acolhimento e de liberdade. Procuraram também manter um grupo pequeno para assegurar um ambiente familiar.

Fonte: CMI

Nota: Publicado em 30 de dezembro de 2013.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

AVEIRO : Trânsito caótico

Não se assustem com o texto. A cidade é sempre bonita e acolhedora


Há uns 80 anos, a vida era muitíssimo mais calma. Vivíamos à volta de casa e pelas ruas circulavam poucos carros e camionetas. De motorizadas pouco havia para dizer. O povo andava mais a pé e de bicicleta.
Na juventude, doente acamado, só me podia levantar em dias de sol, sem vento e chuva. E olhando para a Rua que ligava a nossa terra às Gafanhas da Encarnação e Carmo, de manhã e à tardinha, as mulheres e raparigas das secas, deslocavam-se a pé. Depois, com o passar do tempo, começaram a aparecer as bicicletas e…motorizadas. Hoje, é o trânsito que todos conhecemos. Como o tempo evolui!
Fomos ontem a Aveiro e senti no corpo e na alma o movimento extraordinário de automóveis de todas as marcas e feitios. Filas intermináveis, parques de estacionamento a abarrotar.
A Lita ao volante deu voltas e voltas para sair da cidade. Será que só poderemos  passear pela cidade dos canais  já no próximo ano?

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

ASCÊNCIO DE FREITAS - Guisadinho à gafanhoa

Recordando um escritor gafanhão


«O capitão Armando Vieira, do mesmo modo familiar com que o tinha recebido pela primeira vez logo após a chegada, fez entrar o amigo da juventude pela porta da cozinha, com as manifestações de alegria de quem acolhia em sua casa alguém que tivesse acabado de regressar, ileso, de uma batalha perdida
e a cozinha estava inundada de um odor forte, saído de algo que estava a cozinhar, que fez recordar ao tio Florêncio a caldeirada de bacalhau
não obstante ele pensou que não poderia adivinhar de forma tão simples e imediata que seria esse “o jantar gafanhão” que lhe tinha sido prometido, pois a caldeirada não poderia nunca ser considerada um prato gafanhão, nem tão-pouco apenas português
— Estás a lembrar-te de alguma coisa conhecida neste cheirinho que está aqui na cozinha, não estás, sócio?
mas eu aposto singelo contra dobrado em como não adivinhas o que a Adélia tem ali a cozinhar
— Guiado pelo cheiro, eu apostaria que se trata de caldeirada de bacalhau
mas ao mesmo tempo qualquer coisa me diz que perderia a aposta, porque este aroma que anda no ar não é exactamente igual ao da caldeirada
perderia… seguramente

VOTOS DE BOAS FESTAS


Direta ou indiretamente, pessoalmente e por mensagens, foram muitas as  que recebemos com votos de Boas Festas, na quadra natalícia. Na impossibilidade de a todos agradecer e retribuir os gestos de amizade e simpatia, queremos  fazê-lo agora, por esta forma, na esperança de não esquecermos ninguém. E já agora, que o próximo ano nos abra as portas da paz e da fraternidade.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Ontem foi Dia de Natal


Ontem foi dia de Natal. Em nossa casa, alguns se juntaram à volta da mesa e depois conversámos mais descontraídos ao sabor da maré.

Estávamos tranquilos e recebemos alguns familiares. Fomos premiados com os descendentes que iniciaram há pouco as suas aventuras neste nosso mundo tão minado por guerras que julgávamos em sono profundo. Dormiam apenas em jeito de descanso, ao que parece para ganhar forças. E as guerras, cada vez mais mortíferas, continuam nos mais  variados quadrantes. E Deus não podia intervir, fazendo o milagre de acalmar os guerreiros? Se o fizesse, deixaríamos de ser livres e autónomos, para nos tornarmos escravos.

Deus dá os conselhos, direta ou indiretamente, mas não força ninguém a segui-los. E aqui está um desafio extraordinário para cada um de nós. O que gostaria Deus que eu fizesse para contribuir para a paz nas famílias e no mundo?


Fernando Martins


domingo, 24 de dezembro de 2023

Pedro H. de Mello — VELHA MESA



VELHA MESA

Pai e Mãe.
À cabeceira,
Nosso Avô e nossa Avó...
Perto, o calor da lareira,
Que não deixa ninguém só.
E a história daquela mesa,
De ano a ano repetida,
Lembra uma lanterna acesa
Que alumia toda a vida!

Pedro Homem de Mello
Natal de1959

Ilustração: Postal dos CTT de 1959 de Raquel Roque Gameiro 

David Mourão-Ferreira — Voto de Natal


Voto de Natal

Acenda-se de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.

E a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!

Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida...
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.

Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.

David Mourão-Ferreira, 
in 'Cancioneiro de Natal'
Fundação Calouste Gulbenkian


A NOSSA CONSOADA


Como diria  Raul Solnado, hoje é domingo em todo o país. Coisa banal, à partida, porque cada semana tem o seu domingo. Mas este domingo é um dia especial. Não apenas pelas crianças, que hão de pôr, algumas, o sapatinho na chaminé, para o Menino Jesus não se esquecer que Natal é dia de prendas, mas é  sobretudo o dia das ceias tradicionais que congregam famílias à volta do bacalhau, que por aqui não faltará, mais os doces das nossas avós, com receitas variadas, mas sempre muito desejadas e muito doces.
O comer será conforme os apetites, mas eu também gosto imenso das conversas, das risadas, da alegria, enfim, da boa disposição como sinal da felicidade. 
Já me esquecia que, em muitas famílias, não hão de faltar as trocas de lembranças, ou prendas. Há, garantidamente, famílias onde este último predicado não será cumprido. Se cada um de nós souber de algum vizinho nessa situação, ofereça algo que o faça feliz. E prolongue esse gesto por todo o ano. 
Boa consoada para toda a gente!

Fernando Martins

Pascal: o Homem e Deus

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

O Memorial, fé e razão, a aposta

3. Pascal entregou-se totalmente a Deus e doou os seus bens aos pobres. Em 1654 teve uma experiência extraordinária, mística, com o Deus vivo, de tal modo marcante que a descreveu e guardou escrita em segredo cosida no forro do casaco, tendo sido descoberta depois da morte por um criado. É o famoso Memorial:
"Ano da graça de 1654, Segunda-Feira, 23 de Novembro, dia de São Clemente, papa e mártir, e de outros no martirológio. Véspera de São Crisógono, mártir, e outros. Das dez horas e meia da noite, mais ou menos, até mais ou menos meia-noite e meia. FOGO. Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacob, não dos filósofos e dos sábios. Certeza. Certeza. Sentimento. Alegria. Paz. DEUS de Jesus Cristo. Deum meum et Deum vestrum (Meu Deus e vosso Deus). "O teu Deus será o meu Deus". Esquecimento do mundo e de tudo, menos de Deus. Ele não se encontra senão pelas vias ensinadas no Evangelho. Grandeza da alma humana. "Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu conheci-te". Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria. Separei-me dele. Dereliquerunt me fontem aquae vivae. Meu Deus, abandonar-me-eis? Que eu não me separe de ti eternamente. Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo. Jesus Cristo, Jesus Cristo. Eu separei-me dele, fugi dele, reneguei-o, crucifiquei-o. Que eu nunca me separe dele. Ele só se conserva pelas vias ensinadas no Evangelho: Renúncia total e doce. Submissão total a Jesus Cristo e ao meu director. Alegria eterna por um dia de exercício na terra. Non obliviscar sermones tuos. Ámen."

sábado, 23 de dezembro de 2023

A noite de Natal - Cecília Sacramento

Em memória de uma professora
que jamais esquecerei


«A noite de Natal. A ceia. A aproximação do acontecimento, a repetição sempre apetecida, igual e nova, o diferente que pairava e nos invadia e ficava a agitar-nos como um vento bom. A grande sala de jantar repensada desde os primeiros dias de Dezembro, limpa do tecto às frinchas do soalho, sob a fiscalização da Avó, que já sabia de cor os sítios mais vulneráveis, entre as frinchas que iam de lado a lado, ao comprido das tábuas, na juntura, muito penetradas pela piaçava, rija, a escovar o mais fundo possível, metia-se a vassoura no balde, esfregava-se-lhe o sabão, “é preciso que a água com o sabão entre abundante na frincha e seja arrastada com o rasar da piaçava, para com ela vir todo o lixo”, dizia ao ensinar, depois o pano apanhava-o, depois passava-se por água limpa, constantemente renovada, o pano limpava, por fim, muito espremido, e a madeira ficava repousada, amarelinha e seca, quase. Esta, a última fase da limpeza, todo o resto fora metodicamente executado de cima para baixo e, por fim, podia-se respirar o ar cheiroso a lavado fresco.

E a subida do nível do mar?

Para pensar...



Uma investigação realizada no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte) informa sobre a forma como os residentes nas regiões costeiras lidam com as ameaças das alterações climáticas, nomeadamente a subida do nível das águas.
Com as consequências das alterações climáticas, as zonas costeiras estão expostas aos impactos negativos da subida do nível das águas, colocando em risco comunidades e habitats naturais. No entanto, as consequências da subida do nível do mar não são imediatas, o que pode explicar por que razão as pessoas continuam a escolher viver ao longo da costa. 
Durante o seu mestrado no Iscte, Natacha Parreira, sob a orientação de Carla Mouro, investigadora do CIS-Iscte, investigou como diferentes tipos de vinculação ao lugar estão associados às estratégias das pessoas para lidar com a subida do nível das águas no distrito de Aveiro, considerada uma das zonas costeiras de maior risco em Portugal.

FOTO - Redes sociais 

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Boas festas para todos

Penso que vale a pena recordar que levamos a vida a correr. E sendo assim, raramente refletimos sobre o que fazemos ou não fazemos. Em épocas festivas, então, tudo se multiplica e não há tempo a perder, que na hora marcada tem de estar tudo pronto e afinado. 
Por estes dias vai ser assim e a festa há de correr como esperado. Todos, ansiosos, apostamos nos encontros familiares em paz. É a consoada, ano a ano repetida e sempre apetecida. Que à volta da mesa não falte a alegria. 
Boas festas para todos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Júlio Dinis passou pela Gafanha


Júlio Dinis passou pela Gafanha
e em 28 de Setembro de 1864  escreveu de Aveiro 
ao seu amigo Custódio Passos:

“Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.
Imaginei-me transportado à Holanda, onde, como sabes, nunca fui, mas que suponho deve ser assim uma coisa nos sítios em que for bela.”
Depois, acrescenta, como que a querer dar-nos uma lição: “Proponho-me visitar hoje os túmulos de Santa Joana e o de José Estêvão, duas peregrinações que eu não podia deixar de fazer desde que vim aqui.”

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Mourão-Ferreira — Natal, e não dezembro




NATAL, E NÃO DEZEMBRO

Entremos, apressados, friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido…
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave…
Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.

David Mourão-Ferreira


Nota: Gosto da poesia de Natal  de David Mourão-Ferreira. Publicação repetida.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

DIFERENÇAS — Cardeal Tolentino

O estribilho tenho-o ouvido com frequência: “Não temos hoje a afirmação de um pensamento católico consistente”. Parece que rareia - é certo. Mas há sempre magníficas excepções. E o Cardeal Tolentino é uma exemplar de primeira grandeza. Teólogo esclarecido, profundo e aberto aos desafios do nosso tempo, biblista, filósofo da interioridade; o homem que sabe dizer para além das palavras, em poesia humanista, filosófica e mística a um tempo; conferencista plurifacetado… 
Não admira que tenha sido chamado às responsabilidades de que se desempenha na Cúria Romana, não espanta ter ganho o Prémio Pessoa 2023 e ter sido investido pela Universidade de Aveiro como Doutor Honoris Causa. 
Faz a diferença em relação a tantos atavismos teológicos, a tanta inércia de saudosismos passadistas, a tanto medo (ou cobardia) rotulado de prudência. Também com esta pena iluminada se faz Natal, no meio da selva de tanto dizer sem nada dizer, de tanta ‘teologia de bolso’, de tantos muros erguidos face à cultura, de tantas janelas a fecharem-se, numa rota de preservar a Igreja condenando-a ao mofo da insignificância.

Querubim Silva 
no Correio do Vouga de hoje 

Os sonhos comandam a vida

 “Neste Natal, atreva-se a sonhar.” Li esta frase, há anos, num saco publicitário, e ficou guardada no meu cérebro para sempre, em especial no Natal. De pequenino senti que o Natal era um sonho que continuará até ao fim dos tempos. E quem não gosta de sonhar?

Neste Natal, tenho sonhado com o fim das guerras, tantas guerras, ao longo da história. E nenhuma levou os homens e mulheres procurarem a paz para sempre. Tanto a nível pessoal, local e universal.

O sonho, diz o poeta António Gedeão, comanda a vida. E se assim é, há que encher a vida de sonhos. Sonhos que nos alimentem o espírito e nos garantam forças para prosseguir na jornada, em caminhos de optimismo, tolerância e verdade.

Importa, pois, sonhar, porque a vida não pode ser só trabalho, canseiras, preocupações, tristezas. De permeio, há felicidades pessoais ou coletivas a conquistar.

Urge crer num mundo melhor e lutar por uma sociedade mais justa e mais solidária, para nós e para os nossos filhos e netos. Urge tornar fáceis, através dos sonhos, mas não só, os caminhos que trilhamos, iluminando os que nos rodeiam com sorrisos e projetos de beleza e paz. Urge prosseguir no dia a dia na busca do que é bom para todos os homens e mulheres de boa vontade.

Será ótimo sonhar em espírito natalício todos os dias do ano! É que o sonho, a alma de uma vida melhor, é luz que brilha e ilumina projetos com sentido, porque assentes na ternura que o MENINO do presépio de Belém nos deu para sempre.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Recordando um amigo: Georgino Rocha

Lembrei-me hoje de um amigo que já está no seio de Deus: Georgino Rocha. Um padre amigo e sempre disponível para colaborar neste meu blogue, com reflexões adequadas aos tempos litúrgicos. Não era preciso telefonar-lhe nem sugerir-lhe assuntos para os seus escritos. Estou convicto de que o meu amigo de tantos anos não me levará a mal este modesto elogio, mas sinto que devo fazê-lo por razões de justiça.
A sua fidelidade era tal, que, mesmo doente, os seus escritos não faltavam na hora própria, dando testemunho da sua fé e da sua cultura, que era muito acima do normal. Não será necessário citar os seus doutoramentos porque o padre Georgino não fazia gala disso, embora o provasse, quando escrevia ou falava para gente humilde ou culta.
Em sua memória, republicarei alguns textos seus. É que o padre Georgino continua a acompanhar-me na minha vida terrena.

Fernando Martins

domingo, 17 de dezembro de 2023

O PRESÉPIO de João Saraiva

Menino vestido pela Lita por causa do frio
 

Numas palhinhas deitado,

abrindo os olhos à luz,

loiro, gordinho, rosado,

nasce o Menino Jesus.


Uma vaquinha bafeja

seu lindo corpo divino, 

de mansinho, que a não veja 

e não se assuste o Menino!


Meia-noite. Canta o galo.

Por essa Judeia além

dormem os que hão de matá-lo 

quando for homem também!


E, pensativa, a Mãe pura

ouve, embalando Jesus,

os rouxinóis na espessura

dum cedro que há de ser cruz!


PAPA FAZ HOJE 87 ANOS — PARABÉNS!

PAPA FRANCISCO FAZ HOJE 87 ANOS

 

Pascal: o Homem e Deus

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

Entre o nada e o Infinito, outras tensões, Jesus Cristo e a salvação.
Desproporção no homem. "O que é um homem no infinito? O que é um homem na natureza? Um nada diante do infinito, um tudo diante do nada, um meio entre nada e tudo, infinitamente longe de compreender os extremos. Todas as coisas saíram do nada e são elevadas até ao infinito."
O homem não se compreende porque está no meio e não se contenta senão com o infinito. "Todos os homens procuram ser felizes. O que não conhece excepção por muito diferentes que sejam os meios para esse fim. A vontade não faz a mais pequena diligência a não ser tendo em vista esse objecto. É este o motivo de todas as acções de todos os homens, até mesmo dos que se enforcam.

sábado, 16 de dezembro de 2023

NATAL — Provérbios

O Nosso Menino Jesus
 

- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.

- Caindo o Natal à segunda-feira, tem o lavrador de alugar a eira.

- Festa do Natal no lar, da Páscoa na praça, do Espírito Santo no campo.

- Mal vai a Portugal se não há três cheias antes do Natal.

- Natal à sexta-feira, por onde puderes semeia; ao domingo, vende bois e compra trigo.

- O Natal ao assoalhar e a Páscoa ao luar.

- Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu.

- Natal ao sol, Páscoa ao fogo fazem o ano formoso.

- Depois do Natal, saltinho de pardal

- Pelo Natal, cada ovelha no seu curral.

- Pelo Natal, neve no monte, água na ponte.

- Chuva em Novembro, Natal em Dezembro.

- Do Natal a Santa Luzia, cresce a noite e mingua o dia.

- Dos Santos ao Natal, bom é chover e melhor nevar.

- Dos Santos ao Natal, perde a padeira o seu capital.

- Dos Santos ao Natal, é inverno natural.

- Natal em casa, junto à brasa.

- No dia de Natal têm os dias bico de pardal.

- No Natal semeia o teu alhal se o quiseres cabeçudo pelo Entrudo.

- Pelo natal, se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia tudo.

- Pelo Natal, sachar o faval.

- Pelo Natal, tem o alho bico de pardal.
:


NB: Há mais provérbios... Quem quer dar uma ajuda?

Homenagem a Tolentino Mendonça

“Mesmo se vivemos rodeados de perguntas, as mais preciosas são, porventura, aquelas que em silêncio nos acompanham desde o princípio, aquelas que se confundem com o que somos, como o espinho no troço da rosa ou como a rosa que, sem sabermos como, floresce no cimo improvável daquela sucessão de espinhos.”

In “O pequeno caminho das grandes perguntas” de José Tolentino Mendonça

NOTA: Ontem, o cardeal, poeta, teólogo e escritor multifacetado esteve na Universidade de Aveiro. Fui informado que só podiam assistir à cerimónia em que foi homenageado os convidados. Tive pena. Aqui o lembro em jeito de homenagem. 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Férias inesquecíveis

Com os nossos primeiros filhos, Pedro e  Fernando,  já com óculos

Vivemos, ao longo dos tempos, férias inesquecíveis, um pouco por todo o país, do Minho ao Algarve. Não conhecemos todo o país, mas passámos por inúmeras cidades, vilas e aldeias. As nossas preferências inclinavam-se para o interior. Praias? Tínhamos as nossas.
Hoje encontrei esta foto. Éramos quatro e a tenda era grande. Que mais seria preciso? Neste caso, não sei onde estávamos.

Tolentino Mendonça na UA


“José Tolentino Mendonça tem-se afirmado como figura central na cultura portuguesa contemporânea, dando continuidade, por um lado, à presença do cristianismo na sociedade, cultivando, por outro, o diálogo com o mundo laico e os valores humanistas, e resgatando, enfim, ideias de empatia e sabedoria em tudo opostas à polarização, ao imediatismo e à estridência”, escreve o presidente da República, a partir da nota de justificação do júri.
Iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, o Prémio Pessoa tem por objetivo “reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país” e tem um valor de 60 mil euros, que o galardoado já indicou querer destinar na sua totalidade a uma instituição.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

"No Peito Quero Guardar-te, Meu Amor!"


Manuel Araújo, meu colega no Diaconado Permanente, teve a gentileza de me oferecer o livro NO PEITO QUERO GUARDAR-TE, MEU AMOR!, dedicado, como é notório, à memória de sua querida esposa, Maria Idalina, que faleceu em 22 de abril de 2022. O autor,  na mesma página, agradece a DEUS pelo dom da vida e pelo Amor da Maria Idalina, mas também agradece aos filhos e às  pessoas que o incentivaram a publicar o livro, de forma especial a João Gamboa (Eugénio Beirão na escrita literária) “pela paciência na revisão dos escritos e preparação desta publicação”.
João Gamboa, na Introdução, começa bem com “É o amor a mola real deste livro, ou o seu fio condutor”. Seria o suficiente, para mim, aceitar os poemas do meu colega e amigo, mas logo me desafia a contemplar a “natureza, com momentos de oração à maneira de São Francisco de Assis, em que o louvado é sempre o Deus-Criador e Senhor”. E cito João Gamboa ainda quando frisa na última parte da sua introdução: “Ele conseguiu, em muitos e muitos dos 62 poemas, fazer aquilo que dizem estes versos: “Para a dança dos fonemas/e das rimas/me visto de alegria./Na luz das palavras”.
Li serenamente os poemas do meu bom amigo Araújo, apreciando a forma como soube traduzir o seu amor pela sua Idalina e como nos sugeriu uma tão bonita forma de perpetuarmos a memória dos que regressaram ao coração maternal de Deus.

*****
PARTIDA

Partiste, meu amor, de manhãzinha,
Serena, sem um ai nem um lamento.
E, como prazenteira andorinha,
Voaste em direção ao firmamento.

E ao olhar e ver-te, amada minha,
A luz da tua estrela é meu alento.
A dor que em minha alma se detinha
Vai-se embora, arrastada pelo vento.

Olho o céu, onde creio que tu moras,
E o teu rosto me invade o pensamento.
E se alguma saudade triste vem,

Lembro o nosso amor de todas as horas,
E imploro a Deus, em cada momento:
Dai-lhe vossa luz e paz, Senhor, Amem.

Manuel Araújo


terça-feira, 12 de dezembro de 2023

As Grandes Navegações Portuguesas


O mais recente livro de Senos da Fonseca vai ser apresentado em Lisboa. Trata-se de uma boa oportunidade para as gentes da nossa região, radicadas por aqueles lados, matarem saudades, conversando com o autor, que tem sempre novidades da nossa região.

GAIVOTAS NA HORA DA SESTA


Depois da labuta diária, de um lado para o outro, na busca de algum peixito para seu sustento, as gaivotas resolveram descansar, sossegadamente, no meio da ria, em sítio inacessível as humanos.

Missa marca aniversário do Correio do Vouga


No dia 16 de novembro de 1930, o Correio do Vouga surgiu em Aveiro. Completam-se amanhã 93 anos de publicação ininterrupta do semanário que desde a restauração da Diocese de Aveiro, em 1938, é o órgão oficial da Igreja aveirense.
O aniversário será assinalado com uma Missa de Ação de Graças, presidida pelo Bispo de Aveiro, na Igreja do Carmo, no dia 20 (próxima segunda-feira), às 18h30. A direção e a administração do jornal, com o Bispo de Aveiro, pretendem agradecer o trabalho desenvolvido e rezar pelos colaboradores, leitores, assinantes, anunciantes e parceiros privilegiados.
Os leitores que quiserem podem associar-se a este momento.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Aveiro — Honoris causa para D. Tolentino

O cardeal D. José Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, recebe no dia 15 o doutoramento Honoris Causa da Universidade de Aveiro.
Congratulo-me com a distinção que considero muito merecida, pelo seu contributo multifacetado em prol da cultura.
++++

Biblista, poeta e ensaísta, José Tolentino de Mendonça é uma das vozes mais influentes do catolicismo contemporâneo. Em 2018, o Papa Francisco nomeou-o arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, nomeando-o Arcebispo de Suava. Um ano depois o Papa elevou-o a Cardeal para, em 2022, o tornar prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação. (Texto da UA)
Nota: Foto dos meus arquivos

domingo, 10 de dezembro de 2023

PASCAL: O HOMEM E DEUS

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 

Quando me perguntam sobre os livros da minha vida, respondo: a Bíblia, a obra de Immanuel Kant, a obra de Hans Küng e Pensamentos de Pascal.
Pascal nasceu em Junho de 1623, portanto, há 400 anos. Neste quarto centenário, fica aí uma modesta homenagem ao matemático, um dos maiores de sempre, mas também a um dos maiores cristãos europeus de sempre, lembrando alguns pensamentos de Pensamentos e outros textos e a sua busca de Deus. Ousei, servindo-me, com arranjos, da tradução de Denis da Luz e Miguel Serras Pereira, uma brevíssima antologia em três momentos.

1. Grandeza e miséria, divertimento, busca de Deus

sábado, 9 de dezembro de 2023

Decoração de Zé Augusto na Praia da Barra


As fotografias são uma forma preciosa de mostrar o bom gosto de decorar uma povoação, por mais modesta que seja. Este trabalho, do artista Zé Augusto, merece ser apreciado na Praia da Barra, Gafanha da Nazaré. Quando puder, passe por lá. E depois de apreciar o nosso mar, procure este painel.  

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

A VIDA DE MARIA

 

Não resisto à tentação de divulgar, em jeito de publicidade, uma revista famosa que dedica um número especial a Nossa Senhora. Trata-se da revista National Geographic que saiu há tempos com capa onde se sublinha A vida de Maria – A mulher mais amada da história. Li tudo porque sou curioso e porque gosto de conhecer as raízes da minha fé. É claro que não vou falar do que li com prazer, mas não quero ficar zangado comigo mesmo por não a aconselhar aos meus amigos e leitores.
O autor do texto, Daniel S. Levy, aborda os mais diversos temas relacionados com Maria, Mãe de Jesus, “Do mundo bíblico aos dias de hoje”.
Profusamente ilustrada, com a marca de grandes artistas, o autor desenvolve o texto em cinco capítulos: A sua infância, O tempo de Maria, Jesus atinge a maioridade, Santa Maria e Sempre presente.
Tenho para mim que os crentes e mesmo os não crentes têm, no mínimo, a obrigação de conhecer as raízes da nossa fé e das nossas tradições.

Dia da Imaculada Conceição


O Dia da Imaculada Conceição celebra-se a 8 de dezembro. É dia santo e feriado nacional. Como dia santo, a Igreja Católica celebra a vida e as virtudes da Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem mácula. É dogma católico desde 8 de dezembro de 1864 e, por isso, tem grande significado na Igreja Católica, a nível mundial. Contudo, muito antes de ter sido considerado um dogma, a celebração da festa universal já havia sido decretada em 1476 pelo Papa Sisto IV.
Em 25 de março de 1646, o rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a Restauração da Independência de Portugal em relação à Espanha.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

ESTOU POR CASA

Estou por casa como dita o bom senso. O mau tempo também dita o mesmo, sobretudo aos mais velhos. Confesso, porém, que já estou cansado desta situação. O frio e a chuva vão ditando as suas leis e eu, fragilizado pela idade, por aqui vou andando na esperança de que um dia destes surja um sol acalentador com a chuva e o frio a remar para outras bandas.
Os meus familiares e amigos sabem que eu gosto de saborear um bom ambiente caseiro, sobretudo quando tenho algo a fazer ao calor da fogueira, mas o que é demais cansa, inevitavelmente.
Agora escrevo esta nota, depois de ter lido umas coisinhas, mas não posso cansar os olhos. Então, que o sol venha depressa que tenho mais que fazer. Dizem-me para caminhar, mas como? Pelos curtos corredores da minha casa?

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

JOSÉ TOLENTINO — NATAL NÃO É ORNAMENTO


O NATAL NÃO É ORNAMENTO 

O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade

O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande

O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções

O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!

Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará

José Tolentino Mendonça


segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Primeira sede da Junta de Freguesia

Primeiro edifício-sede da Junta de Freguesia 

Presentemente, a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré possui um bom edifício para a sua sede. É claro que ainda um dia vai ser diferente, para melhor. Para já, a que temos é boa, na minha opinião. Mas reparem na que aqui está retratada por mim, há nem sei quantos anos. Pobrezinha, mas muito digna para a época.

PAPA SEMPRE OPORTUNO


“Urge que as religiões, sem cair na armadilha do sincretismo, deem o bom exemplo de trabalharem juntas, não para os próprios interesses nem para os interesses duma parte, mas para os interesses do mundo. Entre estes, os mais importantes são a paz e o clima”.

Papa Francisco

domingo, 3 de dezembro de 2023

ADVENTO - 3 DE DEZEMBRO


Numa antecipação marcada pela vivência natalícia de décadas, que sempre vivi no seio da família, é saboroso perspetivar o NATAL de 2023 que agrade a todos os meus familiares e amigos, como sinal da cultura de afetos que podemos e devemos recrear com amor.
Recordo os Natais da casa dos meus pais, com todos os membros da família a partilharem as alegrias próprias da quadra, onde os desejos de uma felicidade abençoada pelo Menino-Deus se pressentia nos olhares e atitudes de todos. Tudo isso será possível se soubermos conjugar e reforçar os laço da ternura que almejamos.
O primeiro domingo do Advento é hoje, 3 de dezembro. É também o início do novo ano litúrgico. Mais ainda: É o ponto de partida para recrearmos um mundo melhor, com a bênção do Menino-Deus que celebraremos de modo especial no próximo 25 de Dezembro.
Bom Natal para todos.

Fernando Martins

ETNOGRÁFICO ORGANIZA CONVÍVIO DE NATAL



Honra-me muito o convite do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré para participar no jantar-convívio da época natalícia. Ontem lá estive mais uma vez. Que me lembre, só faltei uma vez por razões de saúde. E gosto de marcar presença por rever amigos, muitos amigos, que comungam das minhas ideias, em relação à importância de um grupo que aposta em investigar, estudar e promover as tradições etnográficas da região das Gafanhas.
É verdade que acompanhei de perto a fundação do grupo desde os primeiros passos, já lá vão 40 anos,  pois foi fundada em 1 de Setembro de 1983. E tenho apreciado a preocupação em se manter em permanente atualização. 

UM CONTO DE NATAL

O REGRESSO DO IRMÃO PRÓDIGO

Nas vésperas da noite de consoada falta sempre qualquer coisa mais ou menos importante para a festa da família, associada, há muito, ao nascimento de Jesus. Prendas, sobretudo. Porque não se contava com a visita de um familiar, porque as destinadas ao filho mais velho ou mais novo não se coadunavam, afinal, com os seus desejos ditos em jeito de brincadeira, porque a filha precisava de algo diferente para decorar a sala.
Não cultivo muito o gosto de fazer compras, exceto de livros, mas acompanhei uma familiar pelas lojas mais na moda ou mais agressivas na publicidade aos seus produtos. Essa minha pouca apetência pelas compras não foi fruto de uma qualquer catequese mal alinhavada, que leva à conta de puro consumismo tudo o que diz respeito a dar lembranças em datas marcantes das nossas vidas, mas, sim, a uma inexplicável falta de jeito. As prendas, no fundo, e em especial as de Natal e Páscoa, são normalmente sinais dos nossos afetos e do nosso amor para quantos nos rodeiam. Por isso, até foi com satisfação que acompanhei, também com a minha opinião, as últimas aquisições para a noite de consoada.

A Imaculada Conceição, o pecado original e o sexo

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Volto ao tema, pois não sei se a maioria dos portugueses sabe a razão do feriado de 8 de Dezembro. Os católicos saberão que se trata de uma festa ligada a Nossa Senhora e, se interrogados, talvez respondessem, na quase totalidade, que tem a ver com a virgindade de Maria. Para dizer o quê, celebrando o quê? Volto ao tema, porque pode ser ou tornar-se uma festa com muitos equívocos.
Logo à partida, que pode significar Imaculada Conceição? De facto, não se refere directamente à virgindade, mas não lhe é completamente alheia. Do que se trata, na realidade, é da afirmação de que Maria, a Mãe de Jesus, foi concebida sem pecado. Mas, aqui, sem hermenêutica, isto é, sem interpretação, pode albergar-se uma série de confusões, profundamente ofensivas sobretudo para as mulheres, minando, desgraçadamente, a mensagem do Evangelho enquanto notícia boa e felicitante também para elas.

sábado, 2 de dezembro de 2023

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

PARA RECORDAR - 1


Em momentos de alguma solidão que me levam a recordar tempos que não voltam, vou dando por mim a pensar na vida agitada que levei durante anos e anos. Esta foto trouxe-me à memória os trabalhos jornalísticos com prazos marcados com rigor matemático. O PC era peça indispensável e o cérebro não tinha tempo para dormir a sesta. Textos escritos e revistos, era necessário correr para a Biblioteca da Figueira da Foz, onde havia NET para enviar a minha colaboração para os jornais. Bons tempos.

PORTUGAL RETOMA A INDEPENDÊNCIA


O dia 1.º de dezembro de 1640 ficou na história como data simbólica e real da nossa libertação do jugo da monarquia do país vizinho. O rei era o mesmo, Filipe de Espanha e de Portugal, mas o descontentamento generalizou-se com a carestia de vida e o desânimo pátrio. Os conjurados, depressa e com eficácia,  assumiram a luta. Foram, ao paço, onde vivia a representante do Rei de Espanha, Duquesa de Mântua, com o seu secretário, Miguel de Vasconcelos. Este foi liquidado como traidor e lançado pela janela para a rua, onde os populares descarregaram a sua ira. Um arauto, cavalgando pela cidade de Lisboa, anunciou, alto e bom som, que Portugal era, de novo, independente. Assim aprendi, mais ou menos, quando era menino.

RIA DE AVEIRO - BARCO MOLICEIRO


RIA DE AVEIRO

Na ria de Aveiro
Quero um pequenino
Barco moliceiro.
Também sou menino.

Na ria de Aveiro
Podeis vir comigo,
Barco moliceiro
Nunca tem perigo.

Nunca se naufraga
Na ria inocente:
Da crista da vaga
Vêm braços à gente.

Quer vão ao moliço,
Quer soltem as redes,
O mar é submisso
Aos barcos que vedes.

Brancas, amarelas,
Na ria de Aveiro
Se espalham as velas:
Brinquedo ligeiro.

Também sou menino,
Ó moças de Aveiro!
Dai-me um pequenino
Barco moliceiro

RIBEIRO COUTO
1944

Ribeiro Couto (1898-1963)
 terá passado por Aveiro em 1944 
– pelo menos é essa a data do seu poema –,
onde se deixou cativar pela graça 
quase alada dos barcos moliceiros. 
Caso Curioso, na mesma época
estabeleceria relações de Índole literária 
com Mário Sacramento.

“Aveiro e o seu Distrito”, 
n.º 20, Dezembro de 1975

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Dia de Santo André

O Dia de Santo André celebra-se no dia 30 de novembro. Santo André, o irmão mais velho de São Pedro, foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo. Era pescador como o seu irmão e com ele abandonou tudo para seguir Jesus. A história regista o seu martírio e morte no dia 30 de novembro do ano 63.

Gaspar Albino deixou muitas saudades



Há amigos que gosto de recordar, sobretudo os que já partiram e nos  legaram sinais indeléveis de sensibilidades e artes que os marcaram. Gaspar Albino foi um deles.
Quando procuro ou arrumo livros ou papéis deparo normalmente com curiosidades que me convidam de imediato a partilhá-las com o nosso mundo, tão diferente pelas novas e diversificadas tecnologias da comunicação. 
Hoje encontrei um catálogo sobre uma exposição de pintura de Gaspar Albino no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, com data de 2001, em “Homenagem ao Pescador Manuel”.
O catálogo saiu muito enriquecido com textos de Pedro Calheiros, Professor da Universidade de Aveiro, Vasco Branco, artista multifacetado e proprietário da Farmácia Branco, Jeremias Bandarra, artista plástico e nosso comum amigo, Joaquim Correia, professor da Universidade de Coimbra, e do próprio Gaspar Albino, que desenvolve, em texto singularmente expressivo “Eu, pintor, me confesso — Portas que entreabri; caminhos que não percorri.”

Fernando Martins