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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

A poesia de Ana Luísa Amaral



Ana Luísa Amaral, a poeta que faleceu em 5 de agosto de 2022, deixou uma obra que vale a pena ser lida e relida. Infelizmente, não voltará a partilhar novos poemas, mas os que deixou, compilados em livro de mais de mil páginas, merece estar sempre à mão para leituras e releituras.
Quem gosta de poesia tem mesmo de ter por perto o seu livro “O olhar diagonal das coisas”, editado pela Assírio & Alvim.
Não sendo crítico literário, nem para lá caminho, nunca poderia fazer apreciações eruditas. Apenas digo que, se puderem, leiam Ana Luísa Amaral.
Aqui partilho um poema do seu livro.

Eu? ela perguntou

Mas diz-me como
se trago sobre mim
pano de linho
tingido de mil céus?

Se continuo a amar
o meu olhar ao espelho
nele passeio os olhos
como em longo deserto
vagueia o peregrino?

Mas sobretudo
se não ecoa em mim
o nome que me dás

nem o meu sim
ressoa
em nitidez de sino?

domingo, 7 de agosto de 2022

Ana Luísa Amaral

Homenagem à poeta Ana Luísa Amaral
que faleceu na sexta feira











«O vitelo mais gordo»
disse o pai. Mas era para o outro
que falava

E ele interrogou-se confundido,
o coração pesado de negócios,
esquecido de viagens e sonhos
por fazer

Deve ser coisa estranha
a lealdade,
como penoso o ofício
de amar

Perdida a juventude
entre contas e servos,
entre terras vedadas e cega obediência
que lhe restava

Senão juntar-se à festa
e comer do vitelo
e fingir alegria
em pródigos sorrisos?



Nota: Do livro ÁGORA. Ler mais aqui

sábado, 5 de junho de 2021

Prémio Rainha Sofia para Ana Luísa Amaral

Ana Luísa Amaral recebeu esta semana o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana, considerada a maior distinção para a poesia dentro daquele espaço geográfico, segundo li no PÚBLICO.
Sobre esta professora universitária, escreveu Lídia Jorge na Revista LER: “é necessário sair da esfera do conforto gramatical herdado, entrar no domínio da sua cultura e erudição, e, sobretudo, na intimidade de um sentimento capaz de passar do microcosmo da domesticidade para o domínio das esferas celestes, uma harpa de mil cordas coordenadas segundo um código que lhe é muito próprio”.

No seu livro Ágora, que li e reli com muito gosto, pode ler-se este poema:

A LESTE DO PARAÍSO

Antes ser tudo e livre
do que bom mas humilde

Assim pensara então

e agira

E o oriente lhe foi destinado:
terra de mil castigos
de difíceis colheitas; mais
suor

Só depois descobriu
que lá o sol nascia
e que podia falar das coisas
todas

                Mas com quem?

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Para momentos de inquietude



(Clicar)

Sobre esta obra, Lídia Jorge diz, na revista LER, que, “num tempo de destruição, este livro ajuda a acalmar, no coração de quem o lê, a noção da ameaça que nos cerca”. E acrescenta que, para ler Ana Luísa Amaral, “é necessário sair da esfera do conforto gramatical herdado, entrar no domínio da sua cultura e erudição, e, sobretudo, na intimidade de um sentimento capaz de passar do microcosmo da domesticidade para o domínio das esferas celestes, uma harpa de mil cordas coordenadas segundo um código que lhe é muito próprio”. 
Acrescento apenas que gostei muito de o ler e que o recomendo a quem gosta mesmo de poesia. Hão de sentir, como eu, que, neste tempo de pandemia, a boa poesia nos ajuda a esquecer momentos de alguma inquietude.

F. M.