sábado, 14 de outubro de 2023

Babel e o Pentecostes: Homenagem a Natália Correia

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias 

Natália Correia, a grande escritora, lutadora pela liberdade, nasceu a 13 de Setembro de 1923. Em sua homenagem, neste seu centenário, fica aí uma breve reflexão.
Estava-se nos anos 1976-1977 e eu, porque era Vice-Presidente do Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo, residia em Lisboa. Por isso, encontrei-me muitas vezes no famoso Botequim com Natália Correia, que fazia o favor de ser uma querida amiga. Nos inícios da década de oitenta, também fui convidado, como ela e representantes de partidos, pela Embaixada da então República Democrática Alemã para uma visita a Berlim Leste e, se cito este evento, é porque nele pude constatar, frente ao nazismo e ao estalinismo e ao Muro, o empenho de Natália na luta pela liberdade. Depois continuámos a encontrar-nos, uma das vezes até foi num jantar com o grande Vitorino Nemésio. Quando ela morreu, recebi um telefonema na Universidade de Coimbra: "A Natália morreu e tem de vir a Lisboa para dizer umas palavras, umas palavras de despedida, no funeral." Fui, triste, para essas palavras de despedida, com este final: ""Para onde vão os mortos?", perguntava o filósofo Bernhard Welte. "Para o Silêncio? Para o Nada? É este Nada que a todos espera. Que Nada? Não está, à partida, decidido como deve ser interpretado este Silêncio e este Nada. Trata-se de um silêncio morto ou de um Silêncio vivo, habitado?

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Dia Internacional da Rapariga


O Dia Internacional da Rapariga celebra-se anualmente a 11 de outubro. Esta  data foi instituída em 2011 pela Organização das Nações Unidas, através da Resolução 66/170, com o objetivo de promover a proteção dos direitos das raparigas de todo o mundo e de acabar com a vulnerabilidade, a discriminação e a violência que estas sofrem. Em 2012 celebrou-se a data pela primeira vez.
Muitas raparigas continuam a ser impedidas de estudar e são obrigadas a casar pelas famílias. Para chamar a atenção sobre aqueles e outros problemas, por todo o mundo realizam-se atividades neste dia que visam promover os direitos das raparigas e das adolescentes, em todas as circunstâncias da vida.
Sendo certo que na nossa civilização esses direitos já foram instituídos há muitos anos, a verdade é que, em famílias, em  escolas e nas profissões ainda persistem situações  de discriminação.



terça-feira, 10 de outubro de 2023

Um poema de Daniel Faria


ZAQUEU

A árvore foi a forma de te ver
E desci para abrir a casa.
De me teres visitado e avistado
Entre os ramos
Fizeste-me passagem
Da folha ao voo do pássaro
Do sol à doçura do fruto.
Para me encontrares me deste
A pequenez.

Daniel Faria
(1971-1999)

Do livro VERBO
Selecção e prefácio 

José Tolentino Mendonça 
Pedro Mexia 

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Dia Mundial dos Correios

O Dia Mundial dos Correios celebra-se em 9 de outubro, devido a ter sido neste dia que, em 1874, aquando da assinatura do Tratado de Berna, as administrações postais uniram esforços e criaram a União Postal Universal, começando a maior rede de distribuição física do mundo. Portugal é um dos 22 países membros fundadores da União Postal Universal (UPU).
A celebração do Dia Mundial dos Correios em Portugal está a cargo do Instituto das Comunicações de Portugal e dos CTT - Correios de Portugal, que organizam diferentes atividades todos os anos. Entre elas destaca-se a entrega do prémio do concurso "A Melhor Carta" às crianças que escreveram a melhor carta do ano. Estas crianças concorrem depois ao concurso mundial da UPU.
Temos de reconhecer que os CTT - Correios de Portugal têm sofrido as consequências da evolução das novas tecnologias e da Internet. Se as cartas há décadas eram o pão nosso de cada dia, entre pais e filhos, entre namorados e namoradas, e entre e[i]migrantes, para além de avisos oficiais, hoje a Internet tem feito um ataque sem tréguas à correspondência. Um e-mail de uma ou duas linhas liberta-nos da compra de selos e do trabalho de termos de passar pelos CTT.

Paisagens de sonho



Enquanto espero o jantar, hoje liberto dessa tarefa, tenho estado por aqui a apreciar paisagens de florestas virgens, onde tudo parece perfeito. Vegetação exuberante, água cristalina e sem sinais de poluição, aves esvoaçando à cata de insetos. Nem  gente por ali ciranda.
Mesmo sabendo que viagens já estão longe dos nossos horizontes, é muito bom sonhar com paraísos terrenos, presentemente ao alcance de jovens ou idosos frescos para caminhar sem hora marcada para descansar.
Viajar e apreciar o mundo pulverizado de maravilhosas paisagens com pessoas das mais diversas culturas é prazer de todos, certamente, mas só possível para alguns. E sem invejas, que é pecado grave, vamo-nos contentando pelos arredores das nossas moradas.

D. António Marcelino foi para o seio de Deus há 10 anos

Evoco hoje D. António Marcelino com o texto que escrevi 
no momento em que me foi dada a  informação do seu falecimento


A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. Foi no dia 9 de outubro de 2013. Há, precisamente, 10 anos. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar, porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons.
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária.
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram.
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal.

9 de outubro de 2023

domingo, 8 de outubro de 2023

A Paz


"A paz é a maior arma para o desenvolvimento que qualquer povo pode ter"

Nelson Mandela (1918 - 2013),
activista e Presidente da África do Sul.

Nota: Publicado no Público de hoje

A revolução da Igreja e na Igreja?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

1. Quando a Igreja aparece nos meios de comunicação social e mesmo no linguajar habitual, a referência é a Igreja enquanto instituição de poder e a hierarquia: Papa, cardeais, bispos, monsenhores, cónegos, padres... O que pensa a Igreja sobre isto ou aquilo? Esta pergunta está, em princípio, referida à hierarquia: o que pensam a Cúria Romana, os cardeais, os bispos, os padres?...
No entanto, a palavra Igreja/Igrejas apareceu no início do cristianismo para designar a comunidade/comunidades de cristãos e cristãs, baptizados, discípulos de Jesus, que acreditavam no Evangelho, notícia boa e felicitante: Deus é bom, Pai e Mãe, nunca, nem na morte, nos abandona, e todos os homens e mulheres são seus filhos, devendo, por isso, ser tratados como irmãos.
Evidentemente, aumentando o número, teve de haver coordenadores das comunidades - bispos, presbíteros, diáconos. Mas eram servidores - Jesus tinha dito que Ele veio "para servir, não para ser servido" - e não senhores. Foi numa história longa e complexa que foi surgindo a Igreja como instituição de poder, luxo e esplendor, com a hierarquia de um lado e os fiéis do outro, aqueles com todo o poder, os que mandam, e estes como os que obedecem. Uma observação: Não se viu no fim de semana passado, televisões, por exemplo, a exultar com o esplendor de barretes cardinalícios e mitras? Jesus, porém, tinha apelado à simplicidade e disse: "sois todos irmãos".

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