sábado, 4 de janeiro de 2020

Torresmos de Bacalhau



Ingredientes: 

Pele do bacalhau Óleo vegetal qb 

Preparação: 

Comece por cortar a pele do bacalhau e seque bem. Corte em tiras e frite em óleo bem quente, até ficarem crocantes, e coloque em papel absorvente para retirar o excesso de gordura. Sirva como aperitivo e bom apetite! 

Receita apresentada pelo Grupo Folclórico “O Arrais” no “Concurso Prato Tradição & Prato Inovação”. (1.º lugar da Categoria “Inovação”), realizado no âmbito do Festival do Bacalhau 2019

Nota: Publicado na agenda "Viver em..." da  CMI

A violência e os incompetentes

“A violência é o último refúgio do incompetente” 

Isaac Asimov ( 1920-1992), escritor 

Li hoje esta frase no PÚBLICO, na rubrica “Escrito na Pedra”, e não resisti à tentação de a transcrever porque está certíssima. Sinto-a como espelho de atitudes de muita gente nas redes sociais. Não é que se ande por dá cá aquela palha à paulada física, porque há palavras que ferem muito mais do que um murro. Realmente, a violência, seja ela qual for, é mesmo própria dos fracos e dos incompetentes. 

Os Reis Magos já vêm a caminho para adorar o Menino

Menino com Maria e José



Rei Herodes no seu trono

Pastores vão adorar o Menino 

Nas Eucaristias, foi anunciado que os Reis Magos vêm a caminho para adorar o Menino e até já está marcado o dia, 12 de janeiro, para o esperado encontro com o Filho de Deus, na Gafanha da Nazaré. Os poderosos, depois de os humildes pastores O terem adorado, também desejam conhecer o Salvador prometido, que está ao colo de sua Mãe, ambos bem protegidos por José, um homem bom e justo, sempre atento aos desígnios de Deus. 
Os Reis com seus séquitos não conhecem os caminhos, mas não faltarão gafanhões com uma estrela à frente para iluminar os caminhantes até Belém. 
Durante o cortejo, outros se incorporarão, cantando e revivendo alguns autos natalícios, como reza a tradição. É preciso, no entanto, sensibilizar os menos avisados de que estamos em dia de festa na paróquia e que a Sagrada Família já sabe que haverá muita gente com ânsias de beijar o Menino, que a todos acolhe com santa ternura. 
A fila vai engrossando durante o trajeto, e todos, ricos e pobres, com ofertas, produtos das suas colheitas e frutos dos seus labores, desejam presentear o Menino-Deus que se fez homem para nossa salvação.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Onde está o Rei acabado de nascer?

Reflexão de Georgino Rocha 
para o domingo da Epifania do Senhor 


“O Natal é um dom que nos é oferecido, é uma luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com esta luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer? Essa é, no fundo, a verdadeira pergunta natalícia”.

Cardeal Tolentino Mendonça 

Ingenuidade, ignorância ou provocação?! São exclamações espontâneas que a pergunta dos Magos a Herodes suscita e “deixa no ar”. Confiança no informador, desejo de acertar na procura, certeza firmada no nascimento ocorrido? São interrogações que podem servir de guia para penetrarmos na maravilha da Epifania do Senhor. Profissão de fé no Recém-nascido, profecia do futuro emergente, testemunho corajoso de quem busca a verdade e, inquieto, arrisca todas as vias? São deduções razoáveis e auspiciosas que se podem fazer, a partir do encontro de Jerusalém. A pergunta dos Magos é a pergunta de tantos homens e mulheres do nosso tempo que, sem preconceitos inibidores, ousam escutar a voz da consciência profunda e, livremente, pretendem alcançar resposta condizente.
“O encontro com Deus necessita de sinais, de mediações, fortes e impalpáveis ao mesmo tempo, como todos os sinais de luz, afirma Manicardi, prior da Comunidade de Bose. E prossegue: O texto do Evangelho apresenta a procura de Deus por parte dos Magos: procura feita de confiança, caminho, indagação, e, finalmente, encontro”.
Perguntar ao rei do poder por outro rei, seu concorrente, credenciar a necessidade de saberem com a descoberta da “sua estrela no Oriente”, manifestar a determinação de quererem adorá-lo, reconhecendo a sua divindade… é “coisa” que dificilmente Herodes podia “engolir”. E, hábil como era, desencadeia um processo em ordem a evitar quaisquer veleidades.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Carlos Drummond de Andrade - Receita de Ano Novo

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Receita de Ano Novo, 2008. 
São Paulo: Editora Record.

NOTA: Por gentileza do amigo M. Rodrigues 


Anda comigo ver aquela rua!

Travessa dos Bons Senhores

“Se esta rua fosse minha…” é um projeto da Câmara Municipal que pretende recolher, compilar e divulgar informação sobre a História das ruas, praças, pontes, becos do concelho. Para além desta informação, pretende-se também recolher memórias, disponíveis apenas na vida e no imaginário da comunidade, tais como curiosidades, lendas, histórias, afetos, vivências, evitando que caiam no esquecimento.
É aqui que todos os munícipes são convidados a intervir, contando, escrevendo, partilhando as suas histórias, fotografias, etc.
A Câmara Municipal de Ílhavo encarrega-se da História, mas contamos consigo para nos ajudar a imortalizar as memórias. Todos os contributos serão trabalhados pelo Centro de Documentação e devolvidos à comunidade através de exposições, aplicações interativas, jogos e muito mais.
Ajude-nos a imortalizar a História e a Identidade da nossa terra! A Universidade Sénior do CPSNSN, os Agrupamentos de Escolas do concelho e a Universidade de Aveiro já estão a contribuir. 


“Se esta rua fosse minha…” 

Anda comigo ver aquela rua! 
Tem vida, sabor e nome. 
Anda, vem sentir as suas pedras, 
Os ecos, o perfume. 
Vem olhar o céu azul 
Por entre o casario. 
E o sol a brincar na calçada 
Com alegria, em desvario. 

(Refrão) 

Se esta rua fosse minha 
E eu pudesse lá mandar 
Punha vasos nas janelas 
Com as flores a espreitar. 
Se esta rua fosse tua 
E tu pudesses lá mandar 
Que farias, que farias, 
Para bem a conservar? 

Esta rua tem um nome. 
Esta rua tem uma história. 
Nesta rua mora gente 
Que partilha tradição. 
Não deixes que ela caia 
Num passado sem memória, 
No vazio do esquecimento, 
Num mundo sem coração.” 

Letra: Maria Helena Malaquias Música: Monika Silva Ferreira Composição: Universidade Sénior do Centro Social Nossa Senhora da Nazaré 

NOTA: 

1. Publicado na Agenda "Viver em..." da CMI;
2. Foto da travessa dos meus arquivos.

Para começar o ano


Para começar o ano com rumo certo não vou olhar para o passado à cata de eventuais erros, imperfeições, incúrias ou ideias menos conseguidas. O que importa é olhar para a frente, apostando no que é, na minha ótica, mais significativo para mim e para quem me lê, neste meu espaço com mais de 15 anos. 
É óbvio que terei em conta, sempre que possível, sugestões, desafios, aplausos ou críticas dos muitos amigos que, felizmente, caminham ao meu lado e à minha frente, dando-me apoio e sugerindo-me  rotas mais seguras, no sentido da verdade, do conhecimento e da felicidade. 
Informo, também, que no meu blogue há espaço para a colaboração dos meus amigos, seguindo os critérios da verdade, da liberdade e do respeito pelo pensar e agir das pessoas, dentro de uma sociedade como a nossa, democrática e pluralista. 
Bom ano para todos. 

Fernando Martins

São Salvador – Ílhavo



Não se sabe, com rigor, quais são as raízes dos ílhavos, mas sabe-se que possuem características próprias que os distinguem, no porte, no linguajar e no viver, dos povos circundantes. Gregos, fenícios, romanos e árabes terão andado por aqui, como o atestam vestígios arqueológicos e outros achados na sua área geográfica. Muito depois, fixemo-nos em documentos que remontam ao século XI, antes, portanto, da fundação da nacionalidade, os quais dão mote às mais diversas conjeturas sobre o vocábulo Ílhavo e suas origens. 

Posteriormente, em 1296, o rei Lavrador, D. Dinis, concede à povoação o seu primeiro foral, dando-lhe o título de vila. Certo também é a ligação ancestral ao mar, mantendo-se nos nossos dias, sem descurar a agricultura e outras atividades com ramos diversíssimos 

Saltemos agora uns séculos, até D. Manuel I, que lhe outorgou o segundo foral, em 1514, sinal indesmentível do progresso em vários setores, atraindo pessoas, comércio e indústrias, com reflexo na economia regional e nacional, de que se destaca, desde 1824, a Fábrica de Porcelanas da Vista Alegre, cujo prestígio das suas porcelanas se espalhou pelo mundo, marcando presença em mesas faustosas, pela beleza e qualidade da sua louça e peças decorativas. 

Em 1835, dá-se a transferência religiosa da região das Gafanhas de Vagos para São Salvador, mas a desanexação civil só aconteceu, oficialmente, em 31 de dezembro de 1853, embora, na prática, somente se tivesse concretizado em outubro de 1855. 

O concelho vem em 1836, em resposta ao seu crescente desenvolvimento económico e social, enriquecido pela construção naval, comércio, pescas e indústrias correlativas. O turismo surgiu naturalmente, acompanhando o país litoral, área geográfica na qual Ílhavo se insere. E o título de cidade surgiu em 13 de julho de 1990. 

A igreja matriz foi benzida em 1785, tendo sido considerada, na altura da sua inauguração, como a melhor do bispado de Aveiro. 

Da rica e longa história de São Salvador, será justo sublinhar a inquietude dos ílhavos, desafiados ou obrigados a embarcar nas diásporas para governarem a vida no mar e não só. Tejo e Douro, mais litoral, com artes de pesca, embarcações e saberes, o povo de Ílhavo deixou marcas indeléveis por onde passou ou onde se estabeleceu, que os estudiosos não se cansam de registar. 

Entretanto, na saga dos bacalhaus foram mestres, comandantes e pilotos renomados, mas ainda descobridores de novos bancos de pesca, nomeadamente a Groenlândia, e construtores navais. 

Na área geográfica da freguesia, é pertinente referir, muito sucintamente, o Museu Marítimo de Ílhavo com um acerbo precioso que faz dele um dos mais completos museus ligados ao mar e ria, com exposições permanentes de expressivo valor artístico e cultural. 

Mas a Fábrica da Vista Alegre, com o seu renovado museu e igreja dedicada a Nossa Senhora de Penha de França, com vestígios ainda de um bairro social para os seus trabalhadores, um avanço significativo na altura da sua construção, também não pode ficar ignorada. 

Associações e instituições de solidariedade social, cultural, desportiva, recreativa e artística, entre outras, atestam o dinamismo dos ílhavos, sempre orgulhosos do seu passado e crentes num futuro de prosperidade. 

Fernando Martins 

Notas elaboradas para publicação no jornal "VOZ sénior" da Universidade Sénior do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O mascarilha

O mascarilha é um gato vadio que a Lita adotou. Trata-o com esmero e o bichano assentou arraiais cá por casa. Gosta do arvoredo e sabe rebolar-se na relva, sobretudo no verão. Também aprecia a caça aos pássaros. Desde que escolheu os nossos domínios e apreciou o carinho de quem dele cuida, sente-se o dono disto tudo. 
Há dias, senti que o chilreio da passarada com trinados de encantar quem tem a sorte de os ouvir deixaram de existir. E eu, que tanto os apreciava, disse logo: — O mascarilha, com o seu vício de caçar, é o culpado desta tristeza. A Lita, contudo, garante: — Tem calma, os passarinhos hão de voltar. Deus queira que sim.

Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz

«A Paz como Caminho de Esperança: 
Diálogo, Reconciliação e Conversão Ecológica»


A paz é um bem precioso, objeto da nossa esperança; por ela aspira toda a humanidade. Depor esperança na paz é um comportamento humano que alberga uma tal tensão existencial, que o momento presente, às vezes até custoso, «pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros dessa meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho»[1]. Assim, a esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. 
A nossa comunidade humana traz, na memória e na carne, os sinais das guerras e conflitos que têm vindo a suceder-se, com crescente capacidade destruidora, afetando especialmente os mais pobres e frágeis. Há nações inteiras que não conseguem libertar-se das cadeias de exploração e corrupção que alimentam ódios e violências. A muitos homens e mulheres, crianças e idosos, ainda hoje se nega a dignidade, a integridade física, a liberdade – incluindo a liberdade religiosa –, a solidariedade comunitária, a esperança no futuro. Inúmeras vítimas inocentes carregam sobre si o tormento da humilhação e da exclusão, do luto e da injustiça, se não mesmo os traumas resultantes da opressão sistemática contra o seu povo e os seus entes queridos. 
As terríveis provações dos conflitos civis e dos conflitos internacionais, agravadas muitas vezes por violências desalmadas, marcam prolongadamente o corpo e a alma da humanidade. Na realidade, toda a guerra se revela um fratricídio que destrói o próprio projeto de fraternidade, inscrito na vocação da família humana.

Ler toda a Mensagem do Papa aqui 

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

As nossas paisagens - Praia da Barra


Aproxima-se o final de 2019 e já se vislumbra o novo ano cheio de projetos, realizáveis, uns, irrealizáveis, outros. É sempre assim. E a vida, em 2020, recomeçará como este areal: frio, desértico, seco, porventura agreste. Mas logo depois,  com o crescer do ano, como por magia, o areal retoma a vida, o povo ocupa-o, revolve-o, caminha sobre ele e tudo se agita, deita-se na areia para melhor ver o céu azul, olhos nos olhos, e tudo brota com esperança renovada. 
Bom Ano para todos.

Fernando Martins

Balanço do ano pela positiva

A Lita e eu olhamos o futuro
O hábito de fazer o balanço do ano vai continuar e terá os seus apreciadores. Os órgãos de comunicação social encarregam-se disso recorrendo aos seus arquivos, tão diferentes como diferentes são as linhas editoriais de cada um, com toda a legitimidade. O que uns apontam como relevante, sob o ponto de vista positivo e negativo, não é unânime, nem poderia ser. E eu, embora com alguns registos nos meus arquivos, não vou por aí. Agradaria a uns e desagradaria a outros. 
Assim, depois de refletir, cheguei à conclusão de que 2019 foi para mim um ano muito bom. O que houve de positivo superou, em grande medida, o que de negativo ou menos bom me aconteceu. 
Felizmente, tenho de reconhecer que a vida me tem dado aquilo de que preciso: Amor dos que me cercam, saúde, alegrias, otimismo, esperança em dias melhores para toda a família, paz, sentido de solidariedade e de partilha, tempo e espaços para os meus gostos pessoais no dia a dia, amizades, silêncios e sonhos, disponibilidade e capacidade para aceitar os outros tal como são, humildade, algumas dores para reconhecer as minhas fragilidades. Muito do que passou já foi levado pelas nortadas que sempre conheci, mas não me deixaram  a alma vazia. Rejuvenescido pela esperança, acredito que  o futuro a Deus pertence. 
Bom 2020 para todos 

Fernando Martins 

Santa Maria, Mãe de Deus, Rogai por Nós

Reflexão de Georgino Rocha


“Que o Deus da paz nos abençoe e venha em nossa ajuda. Que Maria, Mãe do Príncipe da paz e Mãe de todos os povos da terra, nos acompanhe e apoie, passo a passo, no caminho da reconciliação. E que toda a pessoa que vem a este mundo possa conhecer uma existência de paz e desenvolver plenamente a promessa de amor e vida que traz em si”.

Papa Francisco 

A Igreja coloca o Novo Ano sob as bênçãos de Maria e destaca a sua maternidade divina como fundamento da sua especial relação com Jesus Cristo e da sua função cooperante no projecto de salvação. Também o Papa Francisco, seguindo uma tradição que vem de Paulo VI, dedica neste dia uma mensagem de Paz aos Responsáveis das Nações e a todos os homens de boa vontade. A nossa reflexão anda à-volta destes factos que procuramos meditar.
A invocação à Santa Mãe de Deus abre a segunda parte da Avé Maria, oração decorrente do diálogo do Anjo Gabriel com ela aquando da anunciação. Nasce e flui como resposta do povo cristão perante a contemplação das maravilhas enunciadas na primeira parte: Maria, a cheia de graça, convidada a alegrar-se, que fica surpreendida e preocupada com a mensagem recebida, que é escolhida para ser a Mãe de Jesus, o filho do Altíssimo, que quer saber o como de tudo isso que contrasta com a sua opção de noivado com José, que confia na verdade narrada, que se disponibiliza para ser a obediente serva e assumir tão grandioso projecto. Maria, a reconhecida por Isabel como a Mãe do Senhor, a bendita entre as mulheres que gera no seu ventre um fruto precioso, Jesus.
“Rogai por nós, Santa Mãe de Deus” reza, na Salve Rainha, a fé do povo cristão em súplica confiante ao sentir as aflições da vida e os males do mundo, ao fazer a experiência da fragilidade humana e das provocações adversas, ao dar largas às aspirações do coração que quer ser fiel à Palavra do Senhor e à Igreja que a proclama, e participar da sua missão na terra e gozar da sua recompensa no Céu.
Maria é Mãe de Deus por ser a Mãe de Jesus, seu filho carnal. No seu seio, Deus adquire forma humana, faz-se um de nós, humaniza-se. Faz-se célula germinal e vive as fases marcantes da concepção à idade adulta, da criança adolescente ao jovem amadurecido. Nada do que é genuinamente humano lhe é estranho. Até a experiência da morte, berço da vida nova, a feliz ressurreição. Querer encontrar Deus é procurar em Jesus a verdade do ser humano, o espírito filial, a relação fraterna, o cuidado solícito por toda a criação e pelo ambiente, nossa casa comum. Corremos o risco de dirigir o nosso olhar para onde Deus não está. Enquanto o tempo é tempo e a história tiver a marca da finitude, é na humanidade de cada pessoa e na relação de todas entre si que Ele se esconde para nos dar a alegria da surpresa do encontro amigo e da aliança de amor.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Sem balanço de 2019 e votos para 2020

Frei Bento Domingues

"Neste ano, cresceu muito o número dos amigos e familiares, o meu irmão Bernardo, com quem já não posso falar nem aguardar notícias"

1. Estamos a chegar ao fim do ano e continuamos dentro do mistério do tempo e dos seus enigmáticos sinais. Como não fui reler as crónicas de 2019, fico sem saber o que apontei, o que realcei o que me passou despercebido ou mal avaliado, assim como as esperanças e os receios que não se confirmaram.
Neste ano, cresceu muito o número dos amigos e familiares, o meu irmão Bernardo, com quem já não posso falar nem aguardar notícias. Continuarei a falar deles e, intimamente, a manter uma relação viva com aqueles que Deus não pode esquecer. É também com eles que rezo e, quando celebro a Eucaristia, convoco-os sempre a todos. Preciso desse mundo para continuar a viver. Já há muitos anos, uma jornalista perguntou-me o que desejava escrever como epitáfio sobre a sepultura. Respondi que, se alguém tiver essa triste ideia, escreva: não estou aqui.
Contaram-me que, numa aldeia do Norte, muito católica, morreu uma criança e todas as crianças foram ao funeral. De regresso a casa, uma perguntou à mãe: se eu morrer o que é que me acontece? O teu corpinho vai num pequeno caixão para o cemitério e a tua alminha vai direitinha ao céu, respondeu a mãe. E eu? Interrogou a criança!
Quando tenho de participar num funeral, lembro-me sempre de uma observação de Jesus perante a euforia dos discípulos ao regressarem entusiasmados de uma missão que tinha sido um êxito e que o Mestre confirmou. Acrescentou, no entanto, algo inesperado: alegrai-vos antes porque os vossos nomes, a vossa vida, está inscrita nos céus, no coração de Deus [1].
Conta o texto de S. Lucas que Jesus, naquele momento, estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo. Havia um motivo para aquela comoção: durante séculos e séculos, os que se julgavam sábios e entendidos nas Escrituras tinham ocultado o essencial ao povo simples, “aos pequeninos”: bem-aventurados os olhos que vêem o que vós estais a ver. Pois eu digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram. Ocultaram-nos que somos misteriosamente amados de Deus, mesmo quando nos sentimos abandonados, como o próprio Jesus se sentiu na cruz. É este o cume da revelação cristã.

As nossas paisagens - Ria na Torreira



A Ria está cheia de paisagens circundantes que se refletem na tranquila laguna que sustenta tanta gente, direta ou indiretamente. O viajante queda-se com olhos atentos e alma aberta à serenidade que as águas salinas sabem oferecer-lhe. 

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue