sábado, 31 de dezembro de 2022

MORREU BENTO XVI

Bento XVI em Portugal

Quando esta tarde retomei as minhas ocupações habituais, fui surpreendido pela notícia do falecimento do Cardeal Ratzinger, que foi o Papa Bento XVI. Não tenho hoje palavras à altura da dimensão intelectual e espiritual de um Papa que muito admirei, pela profundidade da sua postura face aos problemas do mundo em que então vivíamos, em geral, e da Igreja Católica, em especial, ou não estivéssemos numa fase de profundas transformações sociais e culturais, que exigiam da Igreja respostas concretas e muito firmes. Outros, mais avalizados, não deixarão de lavrar para a história a oportunidade das suas intervenções e dos seus escritos, nomeadamente as suas oportunas encíclicas.
Quando percebeu que não estava com forças para enfrentar desafios que exigiam respostas firmes e concretas da Igreja, renunciou, abrindo as portas ao Papa Francisco.
Rogarei a Deus que o acolha no seu regaço maternal.

Fernando Martins


NOTA: Tive a felicidade de participar neste encontro, no Centro Cultural de Belém, quando Bento XVI visitou Portugal, em 12 de Maio de 2010. Nesse dia, deixou-nos este recado:

«Caros amigos, a Igreja sente como sua missão prioritária, na cultura actual, manter desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus; levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas. Convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele Se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza. Interceda por vós Santa Maria de Belém, venerada há séculos pelos navegadores do oceano e hoje pelos navegantes do Bem, da Verdade e da Beleza.»

Pela Positiva. Ler mais aqui

2022 - 31 de dezembro


Entrei neste dia com otimismo porque um novo ano é sempre uma esperança renovada de um futuro risonho. Mal de nós se assim não fosse. Deixo então para os pessimistas o hábito que cultivam  de augurar pesadelos nestas alturas. 

Chego  ao último dia de 2022 e quero agradecer a Deus, à família, aos amigos e  à sociedade em geral o que me foi dado viver, conviver  e sonhar. 

Desde que nasci,  senti nos horizontes do dia a dia dramas e angústias na sociedade, próxima e alargada, mas também sucessos com alegrias. Dramas das guerras, das incertezas, dos conflitos e dos crimes que me abalaram, como abalaram a Igreja Católica, onde jamais poderia admitir a pedofilia e abusos sexuais, perpetrados por clérigos, mas não só. Os sucessos e alegrias dão-me razões mais do que suficientes para acreditar que o próximo ano será à medida dos nossos sonhos.

Bom 2023 para todos. 


Fernando  Martins


SOMBRAS DA NOITE

 

As sombras da noite no último dia de 2022. Que 2023 desperte com luz renovada. 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA

Pórtico de Entrada
no Ano Novo

Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana.

O pórtico do ano novo na liturgia da Igreja abre com o domingo da Festa da Sagrada Família. É pórtico de entrada no lar de Nazaré, no estilo de vida de Jesus, Maria e José, no ambiente relacional com a vizinhança, na oração doméstica, no trabalho honrado, na harmonia e na paz. Estes são alguns dos valores que mais brilham e podem servir de referência para as nossas famílias. Mt 2, 15-23.
Valores altamente humanizantes para todos os tempos. Consciente de que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confecionada de uma vez para sempre” (Papa Francisco «A Alegria do Amor» 325), enuncio, apenas alguns, em jeito de bem-aventuranças e faço votos para que a família, estruturada e feliz, continue a atrair os Jovens e a mobilizar as energias de quem se dispõe a promover o bem integral da humanidade.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

É tão fundo o silêncio


É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

José Saramago 

In “Provavelmente Alegria”


E por aqui fico uns dias até  as roseiras florirem. 
Bom ano de 2023 para todos.

Fernando Martins

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

METAMORFOSE NECESSÁRIA — RELER SÃO PAULO

Um livro de José Tolentino Mendonça
 


METAMORFOSE NECESSÁRIA — RELER SÃO PAULO é o mais recente livro de José Tolentino Mendonça, com edição da Quetzal de novembro deste ano. O autor é um poeta, cronista e biblista, mas ainda Cardeal, por nomeação do Papa Francisco, com elevadas responsabilidades no Vaticano. Prolífero escritor, ofereceu aos seus leitores e ao público em geral, crentes ou não crentes, um estudo sobre São Paulo, em que nos propõe “A redescoberta de um dos pensadores fundamentais do ocidente”, como se lê na contracapa. Na mesma área, sublinha-se que “é uma viagem pela história intelectual do cristianismo”.
No Prólogo, o biblista frisa, entre outras considerações pertinentes, que “um pensador como Paulo de Tarso interessa a todos”, adiantando que escreveu esta obra “a pensar em tantos amigos não crentes e em como a aproximação a São Paulo poderia ser um estímulo para o seu caminho de questionamento e procura”. 
O autor apresenta Paulo como o primeiro escritor cristão e “um dos autores fundamentais do património espiritual e filosófico da humanidade”. E lembra ainda que foi com ele que “o cristianismo ganhou a amplidão que o próprio Jesus prometera”.
Podia continuar a citar frases e ideias fundamentais deste livro do Cardeal Tolentino, que me têm fascinado, mas prefiro deixar neste espaço do nosso Timoneiro apenas o desafio a todos os cristãos e não cristãos da nossa comunidade para que leiam esta obra. Os diversos temas dos 11 capítulos, leem-se com muito prazer. 

Fernando Martins

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas

António Mega Ferreira faleceu hoje


Tem sido notícia o falecimento de António Mega Ferreira, escritor, gestor e jornalista, talvez mais conhecido por chefiar a candidatura de Lisboa à Expo’98, de que foi comissário executivo. Depois desempenhou diversas funções de grande relevo cultural e social, tendo publicado ao longo da vida 40 obras de ficção, ensaio, poesia e crónicas.
Não sendo grande conhecedor da sua obra, andava presentemente com um livro em mãos, publicado em Setembro deste ano, “Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas”, que me ofereceram há dias e que me deixa fascinado. Lê-se, portanto, com muito agrado.
Mega Ferreira dá-se ao luxo de estudar «o mistério que envolve o envelhecimento e a obsolescência das palavras» que caíram em desuso, dissecando-as ao pormenor, para enriquecer o leitor com referências por muitos nunca imaginadas. Cada palavra é uma crónica que permite aos mais idosos recordar tempos idos.
Aqui ficam algumas como desafio: Atenazar, Bota de elástico, Capelista, Desaustinado, Emplastros, Famigerado, Galheta, Hombridade, Infernizar, Jucundo, Lhaneza, Merenda, Olvido, Pileca, Sumiço, Telefonia, Utopia, Vate, Xerazade, Zorba.

Fernando Martins




ABUSOS 

A sensação de abusos alimentares é norma nestes tempos festivos. Toda a gente sabe. Mas hoje fiquei mais tranquilo quando li que o pior é quando abusamos durante todo o ano. Garanto que vou pensar seriamente nisso e só vou abusar na próxima passagem do ano. Façam como eu. 

Que a paz do Deus-Menino permaneça em todos

Notas do meu diário

Hoje, Dia de Natal, Festa da Família, foi momento esperada com ansiedade como é da tradição. Por nós e pelos que nos cercam desde que nos casámos, em 7 de Agosto de 1965. Já passaram tantos anos! A Família cresceu, ramificou-se, mas ainda é possível confirmar que persiste o desejo da união e da partilha, traduzido nas lembranças que hão de recordar os momentos de alegria suscitados. É próprio do Dia de Natal, festa do nascimento do Menino que veio para estar no meio de nós, como símbolo da paz e da fraternidade universais, ano a ano renovado.
Que a paz do Deus-Menino permaneça em todos os meus amigos e leitores.

Fernando Martins

domingo, 25 de dezembro de 2022

Natal de Deus, Nosso Natal: Deus Connosco

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO

Teimamos em contrariar o desígnio de Cristo e seguir o reino da estupidez, o império da guerra. Continuamos, no entanto, a acreditar que a paz vencerá. Por isso, Boas Festas!
 
1. Quase todos os anos, quando chegava o Natal, procurava e procuro não confundir o Jesus da história e o Cristo da fé. Por Jesus histórico, a obra monumental de John P. Meier (1942-2022) referia-se ao Jesus que podemos resgatar ou reconstruir, utilizando os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica. Considerando-se o estado fragmentário das nossas fontes e da natureza, muitas vezes indirecta, dos argumentos que devemos usar, este Jesus histórico será sempre um constructo científico, uma abstracção teórica que não coincide, nem pode coincidir, com a realidade plena do Jesus de Nazaré que, de facto, viveu e trabalhou na Palestina, no primeiro século da nossa era. Com a iluminação da fé sentimo-lo como nosso contemporâneo e vida da nossa vida mais profunda. O Jesus histórico não é o Jesus real. A própria noção de real é enganosa. Como observa o investigador citado, com humor, existem tantos livros sobre Jesus que dariam para três vidas e um budista pecador poderia muito bem ser condenado a passar as próximas três incarnações lendo-os todos [1].

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