sábado, 7 de março de 2009

Um Magalhães que esqueceu o Português

Ó Magalhães, volta à escola portuguesa!
Eu não sei se todos os meus visitantes sabem que Magalhães foi um navegador português que deixou Portugal para trabalhar para os Reis Católicos, nossos vizinhos na Península Ibérica. Não chegou a concluir a volta ao mundo, mas ficou na história como tendo sido o autor da iniciativa. E ao serviço dos nossos vizinhos terá esquecido a Língua que Camões imortalizou. É que, meus caros, agora metido num portátil, adaptado aos alunos das nossas escolas, o Magalhães (que me perdoe o autêntico, onde quer que ele esteja) ainda não reaprendeu o Português, sem erros, que tinha a obrigação de utilizar nos seus diálogos com as nossas crianças. Ouvi dizer, no entanto, que ele, o computador, foi ensinado por quem sabe pouco da Língua Pátria, razão por que tem baralhado tanta gente jovem e menos jovem. Cá para mim, o Magalhães devia apanhar uma palmadas para não brincar com coisas sérias... Pode lá um Magalhães destes, nado e criado neste rectângulo ibérico, ainda agarrado à fama de ser bom navegador, andar por aqui a usar palavras que terá aprendido nem se sabe como nem onde, baralhando alunos que deviam, desde tenra idade, ouvir e falar um Português escorreito! Ó meu caro Magalhães, deixa-te de brincadeiras e volta quanto antes à escola portuguesa, para aí aprenderes o que desaprendeste enquanto trabalhaste para os Reis Católicos.
FM

Ontem como hoje: O drama do primeiro emprego

O drama do primeiro emprego é terrível nos tempos que vivemos. Os jovens, na ânsia de conseguirem alguma independência económica, passam às vezes por situações difíceis. Nas últimas férias grandes, um desses jovens lá foi em busca de trabalho. Bateu a diversas portas e todas se mantiveram fechadas. Mas uma abriu-se. "Que sim, que podia começar no dia seguinte, para substituir um empregado em férias. O ordenado via-se depois. Teria alimentação na própria casa (café-bar dos arredores da Gafanha) e o horário de trabalho seria o normal." Tudo certo. Ao fim do primeiro mês, foi informado de que seria melhor receber no fim do contrato verbal, nunca oficializado. E assim aconteceu. - Muito obrigado pelos teus serviços. Foste um trabalhador dedicado - disseram-lhe os patrões. Toma lá 30 contos pelos três meses. - Fiquei desolado, senhor professor. Fui competente, dedicado, trabalhei em média 12 horas por dia e no fim recebi por três meses o que esperava receber por cada um. Eu comia, é verdade, mas também trabalhava 12 horas ou mais por dia. E sabe uma coisa? Na sua freguesia são tidos por gente de respeito, cristã e honesta.
Fernando Martins
TIMONEIRO, Fevereiro de 1990

Universidade de Aveiro: Fé e Ciência em debate

António Marcelino e Carlos Fiolhais

ATÉ ONDE PODE IR O INFINITO?

Na próxima quarta-feira, 11 de Março, pelas 17 horas, na Livraria dos Serviços de Acção Social da Universidade de Aveiro, vai haver debate sobre “Até onde pode ir o infinito?”. As intervenções principais ficam a cargo do Prof. Carlos Fiolhais, Físico da Universidade de Coimbra, e de D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro. Este debate é aberto a toda a comunidade.

Um Poema de Eugénio Beirão

ANSEIO Anseio a frescura de cada manhã e o orvalho de cristal a brilhar na planura cor de romã. Anseio a luz ressuscitada em cada madrugada, o calor reconfortante e a face iluminada do sol de diamante. Anseio a plenitude do corpo e da alma, a alegria perfeita dos sentidos, o céu gostoso da mágica calma e a volúpia dos sonhos consentidos. Eugénio Beirão In Pétalas de Rubis
Ilustração de Afonso Henrique

SÃO PAULO E AS MULHERES

Nos casamentos, constato com satisfação que as noivas rejeitam como leitura da Missa um dos textos propostos, da Carta aos Efésios, atribuída a São Paulo. Diz assim: "As mulheres submetam-se aos seus maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher. Como a Igreja se submete a Cristo, assim as mulheres, aos maridos, em tudo." Na Carta aos Colossenses, também se lê: "Esposas, sede submissas aos maridos, como convém no Senhor." E na Primeira Carta a Timóteo: "A mulher receba a instrução em silêncio, com toda a submissão. Não permito à mulher que ensine, nem que exerça domínio sobre o homem, mas que se mantenha em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva." Na Primeira Carta aos Coríntios: "As mulheres estejam caladas nas assembleias, porque não lhes é permitido tomar a palavra e, como diz também a Lei, devem ser submissas." Aí estão os textos fundamentais a partir dos quais São Paulo foi julgado como misógino e responsável pela situação de submissão das mulheres na Igreja e na sociedade. No entanto, tornou-se hoje claro que este preconceito repressivo e negativo é injusto. Quando comparamos a imagem que Paulo tem da mulher com a dos seus contemporâneos, concluímos mesmo, como escreve Stephen Tomkins, que Paulo é dos "escritores mais liberais da Antiguidade e que dificilmente merece uma crítica tão dura". Na Grécia e em Roma, as mulheres não eram consideradas pessoas, não tendo, portanto, direitos. "Calar é a grande honra de uma mulher." Aristóteles escreveu que "o homem é por natureza superior e a mulher, inferior; ele domina e ela é dominada". Os homens judeus agradeciam diariamente a Deus não os ter criado mulher, e o testemunho de uma mulher não era aceite em tribunal. Lê-se no livro bíblico de Ben Sira: "Menos dano te causará a malvadez de um homem do que a bondade de uma mulher." São Paulo fez uma experiência avassaladora, que transformou, de raiz, a sua vida: Deus não abandonou à morte Jesus crucificado. Que vale um morto? Que vale um crucificado? Então, se Deus o ressuscitou, não foi pelas suas qualidades. Assim, Deus está do lado dos abandonados e excluídos e, portanto, todos valem diante dele. Paulo intuiu e experienciou a dignidade infinita do ser humano, seja quem for. Daí ter escrito esta palavra decisiva, na Carta aos Gálatas: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo." E tirou as conclusões práticas. Formou comunidades cristãs carismáticas. Reuniam-se em casa de um cristão para celebrar a Eucaristia. Quem presidia era o dono ou dona da casa, de tal modo que nada impede pensar que, no princípio, mulheres presidiram à celebração eucarística. O facto de Paulo se dirigir também a mulheres casadas com não cristãos indica que as recebia na comunidade enquanto autónomas, como os homens, independentemente dos maridos. No último capítulo da Carta aos Romanos, saúda 16 homens e 8 mulheres. Lá aparecem Febe, que "também é diaconisa na igreja de Cêncreas"; Priscila, "minha colaboradora"; Maria, "que tanto se afadigou por vós"; Trifena e Trifosa, "que se afadigam pelo Senhor"; "a minha querida Pérside, que tanto se afadigou pelo Senhor". Merece menção especial uma apóstola: Júnia, "tão notável entre os apóstolos". Do confronto destes textos, conclui-se que Paulo não pode ser acusado de misoginia. O que se passa é que das 13 cartas que lhe são atribuídas, ele só é autor de 7: Primeira aos Tessalonicenses, 2 aos Coríntios, aos Filipenses, a Filémon, aos Gálatas, aos Romanos. As outras 6 - aos Colossenses, aos Efésios, Segunda aos Tessalonicenses, 2 a Timóteo, a Tito - são pseudopaulinas, isto é, dependem da "escola paulina", mas ele não é o seu autor. Ora, os passos citados, exigindo a subordinação e o silêncio da mulher, pertencem às pseudopaulinas. Quanto ao passo da Primeira Carta aos Coríntios, aceita-se hoje que é uma interpolação posterior, pois só assim se percebe que antes refira "a mulher que reza e profetiza". O comportamento misógino e subordinado da mulher não se deve a Paulo, mas a outras lutas e influências.
Anselmo Borges In DN

sexta-feira, 6 de março de 2009

Olimpíadas do Ambiente

Jorge Manuel de Sousa, da Gafanha da Nazaré,
entre os 200 melhores de todo o País
As Escolas Básica dos 2.º e 3.º Ciclos José Ferreira Pinto Basto de Ílhavo e Secundária da Gafanha da Nazaré participam neste importante desafio Ambiental Nacional, cuja edição, de 2009, conta com mais de 38 600 alunos inscritos. Os resultados da 1.ª eliminatória colocam o aluno da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré - Jorge Manuel N. M. de Sousa - entre os 200 melhores de todo o País. Este evento tem como objectivos motivar nos Jovens e Docentes de todas as Escolas Nacionais uma Educação preocupada com o Desenvolvimento Sustentável, de forma a aprofundar o conhecimento sobre a situação ambiental Portuguesa e Mundial e a desenvolver ainda competências na investigação e possível resolução dos problemas ambientais locais, adoptando comportamentos mais amigos do Ambiente. Fonte: CMI

Derrapagem na ampliação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro

A ampliação do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, demorou o dobro do tempo a ser dada por concluída, havendo uma derrapagem de 100 milhões de euros, qualquer coisa como 32 por cento do valor-base. Chama-se a isto, em meu entender, um escândalo que, parece, faz parte da nossa "cultura" empresarial, a nível das Obras Públicas. Quem denunciou a situação foi o Tribunal de Contas. Mas que é "norma", em Portugal, lá isso é. E o mais engraçado é que ninguém é culpado. Será que os nossos técnicos, os que fazem os projectos e calculam os custos e o tempo de execução, ainda não aprenderam, com rigor, a fazer contas? Ou há manobras para alguns ganharem mais uns dinheiros?
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NB: Entretanto, o ministro Mário Lino já veio esclarecer que tudo isto se ficou a dever a novas obras e alterações, em relação ao projecto inicial. Pergunta-se: Por que razão não se pensou tudo de uma vez, para se evitarem especulações e dúvidas? E por que motivo não informaram, atempadamente, o Tribunal de Contas?
FM

D. Nuno Álvares Pereira: Apelo a uma cidadania exemplar

A vida de D. Nuno é força de mudança
"Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também um apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão do melhor humanismo ao serviço do bem comum."
Fonte: Nota Pastoral dos Bispos Portugueses

Secundária de Ílhavo: Semana da Leitura

Na Escola Secundária de Ílhavo encerra hoje a Semana da Leitura. Iniciativa louvável, essencialmente por poder estimular o gosto pelos livros. Quando se sabe que as pessoas, sobretudo os jovens, estão mais voltadas para as novas tecnologias de comunicação (NTC), é bom saber que há escolas que insistem em educar para a leitura. E se é verdade que as NTC oferecem enormes saberes, de mistura com lixo, também não é menos verdade que os livros ainda são, julgo eu, a primeira e mais consistente fonte da cultura e da aprendizagem. Daí, portanto, o mérito de projectos como este.
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Na Revista LER, de Março, António Barreto aborda a questão dos livros e da leitura. Assim:
António Barreto não poupa nas palavras quando fala de uma das principais bandeiras do governo de José Sócrates: o computador Magalhães. «Da maneira como o Governo aposta na informática, sem qualquer espécie de visão crítica das coisas, se gastasse um quinto do que gasta, em tempo e em recursos, com a leitura, talvez houvesse em Portugal um bocadinho mais de progresso. O Magalhães, nesse sentido, é o maior assassino da leitura em Portugal», considera o sociólogo e presidente da nova Fundação Francisco Manuel dos Santos, em entrevista à revista LER, nas bancas a partir de amanhã. «Chegou-se ao ponto de criticar aquilo a que chamaram “cultura livresca”. O que é terrível. É a condenação do livro. Quando o livro é a melhor maneira de transmitir cultura. Ainda é a melhor maneira. A coroa de todo este novo aparelho ideológico que está a governar a escola portuguesa – e noutras partes do mundo – é o Magalhães. Ele foi transformado numa espécie de bezerro de ouro da nova ciência e de uma nova cultura, que, em certo sentido, é a destruição da leitura.» Temas da longa conversa com Carlos Vaz Marques foram também as suas primeiras leituras, a «tentação do romance», os novos projectos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, as temporadas em Oxford (onde lê ficção «para a desbunda»), a relação com Portugal a partir da década de 60 («tive alturas em que Portugal me interessava e vivia frustrado por não poder voltar e houve momentos em que era exactamente o contrário e eu não queria nem ouvir falar de Portugal. Cheguei mesmo a pôr a hipótese de me naturalizar suíço») e a radiografia da escola portuguesa: «Passaram 50 anos e, por razões diferentes, a escola hoje destrói a leitura. Seja com a análise estruturalista linguística dos textos, seja pela ideia de que escola tem de ser mais a acção e tem de ser mais projecto e mais mil coisas que fazem a nova escola. A leitura na escola é a última das preocupações.»

Solidariedade no Arciprestado de Ílhavo

Casa da Criança em Ílhavo
PARA UMA SOCIEDADE MAIS FRATERNA
A partir de hoje e até domingo, vai decorrer uma acção com a marca da pedagogia social. Uma equipa do Arciprestado de Ílhavo, constituída por 60 jovens, vai participar em tarefas de solidariedade, junto de diversas instituições do concelho. O mérito, como facilmente se compreenderá, está em proporcionar a alguns jovens uma experiência decerto muito enriquecedora para todos. Quem dera que iniciativas como esta viessem a repetir-se, no sentido óbvio de levar os jovens, e não só, a olharem o mundo com o espírito da solidariedade, rumo a uma sociedade mais fraterna. A acção termina no domingo, na igreja matriz da Gafanha da Nazaré, com uma eucaristia, às 11 horas.

O TEMPO QUE PASSA E A MEMÓRIA QUE PERDURA

Alguém, já nem sei quem, escreveu que “uma pessoa só morre depois de morrerem todos aqueles que a conheceram”. É este um dizer de sabedoria normal, que faz com que perdure, para além do tempo e capaz de o vencer, a memória do coração. Aquela que sempre guarda, envolvidos em amor, os que fazem parte da mesma vida ou que partilharam os mesmos ideais. Como se fala hoje muito das doenças do coração e das suas consequências, vamos encontrando razões para perceber que também ele vai perdendo a memória e, deste modo, deixa morrer muita gente antes de ela se ter despedido de vez. É o mundo incontável dos não-amados, dos idosos a reclamar cuidados e a exigir despesas sem lucros, das vítimas, como tantas crianças, depressa esquecidas por decisões loucas. São ainda todos os que vivem do outro lado da barricada, se evitam na vida e a quem se pôs um rótulo definitivo de cariz politico, religioso ou qualquer outro, marcado pela desafeição, e de quem de diz, com normalidade, que é como tivessem já morrido…. No tempo actual tudo parece ter referência obrigatória ao económico e ao poder. Quem perdeu cotação nestes campos, põe-se simplesmente de lado ou já morreu. A menos que teime em contrariar, permanecendo vivo, para gáudio de uns e incómodo de outros. Ser incómodo, a qualquer título, hoje é um perigo. Os afectos, as emoções, a liberdade sem peias passaram a ser o mais poderoso fundamento das leis e das relações sociais. Estas vão-se encarregando de aliviar o terreno, para que nem os gerados não nascidos, porque “ainda não são gente”, nem os que já não merecem ser vivos, porque oneram o tesouro e roubam tempo aos apressados, incomodem cada vez manos quem quer ser livre de responsabilidades e, mais ainda, do pesado ónus de ter de amar e de respeitar. O amor, essa dívida nunca paga por quem dele beneficiou! Aqui, entra a memória do coração, grande teimoso que não deixa morrer nem quem já partiu Entra o espaço necessário da gratidão, o reduto sempre aberto do respeito e do apreço, o sentimento maravilhoso de quem diz “nunca morrerás porque eu te amo”. Entra a vida. Só os vivos fazem parte da história e dela continuam eternamente protagonistas. Aos que apenas se olham a si próprios e aos seus interesses, o tempo os leva consigo na onda do esquecimento. Aos que fazem do cuidado e do bem dos outros o seu caminho diário, a vida não os deixa morrer, nem esquecer. Redimem os tempos povoados de egoísmo, servem de estímulo aos que optaram por ser solidários e dar lugar aos outros, com gestos feitos de amor fraterno e de reconhecimento da sua dignidade. A memória apaga-se facilmente, por incómoda e desnecessária, se não é guardada por um coração que sente e persiste em ser lúcido e agradecido. Há pessoas que, da sua memória, resta a placa na rua. Põe-se-lhes, por debaixo, a indicação de quem foram, porque já ninguém os conheceu. Quase sempre homens da política, promovidos por correligionários. Poucas ruas com nome de mulheres. Outras pessoas, que podem nem ter nome nas ruas, serem até de terras, povos e línguas diferentes, os que viveram ontem e vivem hoje bem os conhecem. É o que se passa com quem viveu fazendo o bem, por ele soube dar sentido à história e à sua vida em sociedade. São esses os que nunca morrem. Sempre conhecidos de quem lhes está grato por uma vida que gerou vida, por um testemunho que anima a fazer igual caminho. O tempo apaga tudo, menos a memória do bem, a que o amor deu sentido. Com gestos de bem-fazer, é preciso dar memória ao coração, dar lugar aos que ninguém lho deu. Assim, vale a pena viver, se abre caminho ao alcance de todos, se dá sentido ao tempo. António Marcelino

quinta-feira, 5 de março de 2009

RECONFIGURAR O DESFIGURADO

A arte moderna privilegia a representação do ser humano com figuras fragmentadas e desconexas. Realça o valor do fragmento e mostra o efeito contrastante da desconexão. Deixa intuir a beleza do todo e a harmonia dos conjuntos. Afirma, pela negativa, a necessidade de reconfigurar a pessoa e, nela, com ela e por ela, o mundo e toda a biodiversidade. Atesta na linguagem que lhe é própria a urgência de se criar uma consciência social e política, amiga do ser humano na sua integralidade e favorável ao seu autêntico desenvolvimento. É publicamente reconhecida esta necessidade e proclamada esta urgência. Vozes sem conta e de todos os quadrantes ideológicos e religiosos se erguem e insistem na importância de tomar a sério a situação à beira do limite. Um outro mundo é possível, mundo em que à pessoa humana veja reconhecido o protagonismo a que tem direito e esta o assume como dever de reciprocidade. Reconfigurar o ser humano desfigurado por tantos atropelos que geram adormecimento de capacidades e sentimento de impotência e inutilidade constitui, sem dúvida, um desafio colossal que a todos diz respeito, especialmente aos agentes educativos e aos responsáveis culturais, políticos e religiosos. No processo de humanização, ninguém se pode demitir ou fazer substituir, ninguém deve ocupar o lugar do outro ou impor-se a ele. Cada um é protagonista do seu próprio crescimento que só se faz em relação de reciprocidade com os demais e beneficiando de circunstâncias favoráveis. Cada um afirma-se como porta-voz de todos e do que há de melhor no seu conjunto: o respeito e a estima pela dignidade pessoal; o cuidado recíproco pelos bens que são propriedade gratuita de todos, sobretudo quando os bens são escassos e estão ameaçados; o amor privilegiado aos mais frágeis e indefesos, amor que se faz serviço humanizado, cheio de ternura e solicitude; a esperança consistente, ousada e firme em que um mundo à medida humana é possível. E sendo possível é imperioso que novos valores orientem consciências, presidam a opções, provoquem decisões, originem políticas, reencaminhem comportamentos e atitudes, façam surgir um estilo de vida solidário, confiante, sóbrio, feliz. A começar pela família que por natureza constitui o espaço e a escola em que se faz a primeira educação para este tipo de vida. A interagir com outros dinamismos culturais, lúdicos e religiosos. A acolher informação e a dialogar sobre o "mundo" de sentimentos que provoca. A proporcionar a abertura a novas dimensões. Sempre em nome do ser humano chamado a reconfigurar-se pessoalmente, tendo como referência e modelo Jesus Cristo e os valores que brilham no seu estilo de vida e se vão cultivando, como se de viveiro se tratasse, nas comunidades que lhe são fiéis.
Georgino Rocha

Ria de Aveiro vai ter mais um operador turístico

Li no Correio do Vouga que a Ria de Aveiro vai ter mais um operador turístico. Trata-se da empresa "Douro Acima", que já adquiriu três barcos moliceiros, os quais vão agora ser restaurados e adaptados para o efeito. A empresa, entretanto, assegurou que também vai promover passeios turísticos por terra, devendo utilizar autocarros panorâmicos.

10 de Junho

Instituições Públicas não podem ficar
reféns do poder económico O Presidente da República nomeou o sociólogo António Barreto para presidir à comissão das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Tratando-se de personalidade competente, aplaudo a escolha. Em entrevista à Visão, António Barreto manifestou o desejo que as celebrações estimulem a "consciência nacional". E eu acrescento que, se o povo não for motivado, com a colaboração das mais diversas instituições, nomeadamente, escolas, associações, clubes e comunicação social, corremos o risco de mais uma vez assistirmos ao desinteresse dos nossos compatriotas, que ficam, apenas, a viver um dia de folga, que os liberta das tarefas quotidianas. Nesta entrevista, o conhecido sociólogo referiu, ainda, que "A relação entre o Estado, a Nação e a Europa é um elemento essencial para o nosso futuro próximo e que tem de ser debatido", sem que as instituições públicas fiquem "reféns do poder económico", como "parecem estar", sublinhou.
FM

Preto no Branco: Eleições e Acordo Ortográfico

"Linguistas e políticos, havendo de ambos nos dois lados da disputa, vão terçando armas por causa do acordo ortográfico. Vasco Graça Moura, liderando os contra, entra pela via da impossibilidade imediata de aplicação, dizendo que é necessário dar formação aos professores, substituir a maioria dos títulos nas bibliotecas escolares e ainda que o Governo assuma que vai pôr em causa a substituição dos manuais não de seis em seis anos como pretende, mas a meio da sua vigência. Em boa verdade, os argumentos a favor do acordo parecem mais consensuais. Ainda ontem, Fernando Cristóvão defendia que o acordo ortográfico valida a lusofonia e que ninguém é proprietário único da língua e esta pertence a todos que a falam. O acordo "é uma base comum de entendimento". Sem querer reduzir a discussão ao folclore dos exemplos, ocorre perguntar porque deixámos de escrever farmácia com ph ou por que razão hão-de os brasileiros continuar a colocar um trema em sequência?"
José Leite Pereira

Lúcia Seabra - Pintura no Salpoente

No restaurante Salpoente, em Aveiro, a partir de amanhã, 6 de Março, e até 14 de Abril, pode ser apreciada pintura de Lúcia Seabra. A inauguração da mostra será pelas 18 horas, com a presença da artista.
A exposição pode ser visitada de terça a sábado, das 12.30 às 14.30 horas, e das 19.30 às 22.30 horas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

FUTEBOL: Alguns clubes podem acabar

O presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol, Joaquim Evangelista, disse, na Rádio Renascença, que, face à actual crise económica, está em perspectiva o “fim da linha para alguns clubes”. Clubes sem capacidade para pagarem regularmente aos seus atletas, entre outras despesas, podem acabar no final da temporada. É sabido que alguns craques ganham fortunas astronómicas e que, até em clubes modestos, há jogadores que auferem vencimentos muito superiores à média dos melhores vencimentos de qualquer técnico superior, de cientista ou profissional altamente qualificado. A loucura e a irresponsabilidade de dirigentes e a ganância e as “jogadas” de outros tantos intermediários do mundo do futebol acabarão por destruir muitos clubes, arrastando na queda os jogadores. É claro que eu não ando pelos meios futebolísticos para conhecer todos os seus meandros, mas não deixo de ler as notícias, de ouvir alguns comentadores e de tirar as minhas conclusões. Quem vive acima das suas capacidades económicas, tarde ou cedo cai no charco. FM

Mensagem para o Dia Cáritas

"A Cáritas é chamada a ser expressão estrutural da Igreja, forma organizada, operativa e dinâmica do modo cristão de viver, junto dos mais pobres e excluídos da sociedade. Em cada diocese, em comunhão com o Bispo, a Cáritas é órgão integrador e dinamizador da pastoral sócio-caritativa. Através da Caritas, o Bispo pode promover e garantir a atenção da sua Igreja particular aos irmãos mais necessitados."
Carlos A. Moreira Azevedo,
Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social
Ler toda a Mensagem aqui

Crónica de um Professor...

A joaninha...
Com os primeiros laivos da Primavera a fazerem-se .sentir, começa a temperatura a subir... não só, no clima, mas sobretudo nos corpos e nas mentes dos nossos alunos. No primeiro aspecto, é vê-los em grande cumplicidade física... pelos cantos e esquinas, numa postura que em Química se denominaria por “transferência de calor”! Por osmose... ou interpenetração directa? E, tão compenetrados ficam na execução do processo químico, que nem dão pela aproximação dos colegas ou de algum professor que exerce a sua função de moderador! Mas, sendo a natureza espontânea e pujante... nesta Primavera incipiente... de que adianta refrear aquilo que tem tanta força a fermentar dentro das veias? Foi num contexto destes que a teacher deparou com a sua sala de aula trancada, com um punhado de alunos lá dentro. Preparava-se para uma cena de “faca e alguidar” (!?), quando de súbito, a porta se abre e de lá de dentro surge o aluno mais polémico da turma! Aquele que parece mais vocacionado para a arte dramática, actor/entertainer, liderava o movimento de recepção à teacher! – Temos uma surpresa para si! Já se revolvia mentalmente, num afã, no sentido de vislumbrar qual seria o teor daquela surpresa! Entrou! Qual não foi o seu espanto, quando dentro da sala, reparou no quadro de ardósia, na sua mesa de trabalho, outrora uma secretária, agora, sem qualquer especificação para a função desempenhada! Por todo o lado abundavam imagens coladas de joaninhas, ladybirds, com a palavra escrita em grandes caracteres, de duas cores. Como tinham descoberto aqueles alunos que a teacher era uma aficionada de joaninhas, borboletas e outros insectos esvoaçantes? Certamente fora traída pelo seu discurso pedagógico que alguma vez deve ter aludido ao seu nick, Ladybird! De facto, era de forma empolgada que a teacher deixava transparecer a sua sensibilidade estética perante manifestações do Criador, nomeadamente no que concerne àqueles insectos de tão minuciosa beleza. Sempre que observava uma no seu jardim, a teacher ficava a contemplá-la demoradamente... Com que número de pincel (!?) conseguira o Criador fazer aquelas pintinhas tão redondinhas? Era a admiração do belo... o êxtase perante um raro espectáculo da natureza! Os alunos tinham-lhe apanhado o fraco e quiseram, nesse final da manhã de um dia hipocritamente primaveril, dar um ar da sua graça e também da sua candura, da sua condição de crianças... na acepção de Fernando Pessoa, "O melhor do mundo são as crianças”! Mas... parafraseando Andrew Mattews, “Life is not perfect!”, daqueles alunos que não foram admitidos no grupo da manifestação e por que também nutrem afecto pela teacher, saiu um que estragou o ramalhete com a vingançazinha a falar mais alto. – Ali dentro, está alguém que lhe anda a fazer patifarias, pela surdina! Era o ciúme de quem se viu preterido numa demonstração que também o deveria envolver! E... da euforia inicial, passou a teacher para a melancolia... ao pensar que, por detrás daquele ar angelical, pode estar algo de menos puro, de perverso, quiçá alimentado por alguma força exterior! A vida é uma caixinha de surpresas... a dum Professor... um contentor sem fim!
Mª Donzília Almeida 27.02.09

Aveirenses Ilustres: Jaime da Magalhães Lima

EXEMPLO DE VIRTUDES CÍVICAS E MORAIS
Amanhã, 5 de Março, no Museu da Cidade, pelas 18.30 horas, vai ser homenageado o ilustre aveirense Jaime de Magalhães Lima. Será orador Manuel Carvalho. A entrada é livre. Conforme recorda Mons. João Gaspar, no seu mais recente livro, AVEIRO – Recordando Efemérides, Jaime de Magalhães Lima foi lembrado pela cidade, com um monumento, no parque Infante D. Pedro, em 24 de Fevereiro de 1957, cujo autor foi David Cristo. Nesse monumento, pode ler-se “Ínclito aveirense, pensador, poeta, ensaísta, crítico, exemplo de virtudes cívicas e morais”.

AVEIRO ANTIGO em fotografias

De 7 de Março a 5 de Abril

Aspecto da Ponte Praça, que foi inaugurada em 25-5-1952

Exposição na Galeria dos Paços do Concelho

No âmbito das Comemorações Aveiro2009, a Exposição de Fotografia Aveiro Antigo é constituída por 23 fotografias de Aveiro nos séculos XIX e XX, todas pertencentes ao espólio do Município de Aveiro. A Exposição poderá ser visitada de terça a domingo, das 14 às 19 horas, na Galeria dos Paços do Concelho. Tem entrada livre. Fonte: "Site" da CMA

terça-feira, 3 de março de 2009

TINHA SIDO O GALÃ DA ALDEIA

Na sua juventude tinha sido o galã da aldeia. Vestia bem e apresentava-se com dignidade. Bem falante e de boa figura, era alvo das atenções onde quer que estivesse. Tinha o seu emprego estável e era competente. Depois, de um dia para o outro, por razões que desconhecemos, começou a beber e a desleixar-se. A partir daí foi o fim. Qual farrapo humano, deambula por aqui e por ali, de taberna em taberna. À noite recolhe-se à sua barraca. Os primeiros amigos, os da juventude, esqueceram-no ou ignoraram-no. Os amigos de hoje, se os tem, vivem, na sua maioria, os mesmos objectivos, sempre alimentados estes pelo copo de tinto ou branco, conforme as circunstâncias. Os outros amigos, os que não bebem, bem tentam recuperá-lo e ajudá-lo, mas pouco têm conseguido. A queda na escala social e a degradação provocada pelo álcool aniquilaram o indivíduo. O farrapo humano, completamente desligado e desinteressado da vida, continua, apesar de tudo, um ser humano com corpo e alma. Continua nosso irmão. Vamos mesmo tratá-lo como tal?
Fernando Martins
Publicado no TIMONEIRO, Fevereiro de 1990
NB: Revisitei números antigos do TIMONEIRO e neles encontrei textos que se tinham varrido da minha memória. Alguns, por um ou outro motivo, aqui serão publicados. Talvez pela sua flagrante actualidade.
FM

ÍLHAVO: I Seminário Náutico do Município

Vai realizar-se o I Seminário Náutico do Município de Ílhavo, no dia 13 de Março 2009, numa perspectiva de partilhar as primeiras actividades deste novo Fórum, conhecer programas desenvolvidos pelas Federações de Canoagem, Natação e Vela, assim como experiências de associações náuticas da Galiza, usando o espaço único do Museu Marítimo de Ílhavo. Esta realização é um contributo para a dinamização das actividades náuticas, elemento de valorização de Ílhavo, da Região de Aveiro e de Portugal.

Há quanto tempo não se confessa?

"É a segunda vez que me encontro com este monge beneditino de Munsterschwarzach, chamado Anselm Grun. A primeira foi num desconcertante livro sobre Deus e o sofrimento, com uma luta leal entre os dramas humanos e a sábia providência de Deus. Desta vez, na livraria, olhei primeiro o título, e quase no fim da introdução voltei à capa e reparei que o autor não me era estranho. Tem a ver com o sacramento da penitência e com todas as lutas que travamos connosco próprios para a nossa reconciliação interior, o diálogo sobre a nossa condição de pecadores, a Igreja como lugar de reflexo do nosso arrependimento e do reconfortante perdão de Deus. Sabendo nós que podemos voltar a pecar e que mesmo assim não estamos abandonados nem por um momento à nossa solidão ou desesperança."
António Rego
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segunda-feira, 2 de março de 2009

HÁ MAIS CATÓLICOS NO MUNDO

Segundo informações do Vaticano, o número de católicos no mundo aumentou, em particular em África e Oceânia, mas diminuiu na América. Isto mesmo diz o Anuário Pontifício de 2009. Os dados referem-se a 2007 e tèm por base mais de 2900 circunscrições eclesiásticas. De acordo com o documento, o número de padres também aumentou, sendo agora superior a 408 mil.

ÍLHAVO: VI Concurso de Fotografia

“Olhos sobre o Mar”
A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou hoje as normas do VI Concurso de Fotografia “Olhos sobre o Mar”. Este concurso conta com o apoio do Centro Português de Fotografia/Ministério da Cultura, da revista FotoDigital e do Diário de Aveiro. Será de âmbito nacional, nas categorias cor e preto e branco, e decorre até 15 de Junho de 2009. Atendendo ao facto de ter sido fundado, recentemente, o Fórum Náutico no nosso Município, foi excepcionalmente criada, neste concurso, uma Secção Especial, denominada “Desporto no Fórum Náutico do Município de Ílhavo”, à qual cada fotógrafo poderá concorrer com uma fotografia em cada uma das categorias (cor e preto e branco), que retrate a temática. A entrega dos prémios acontecerá em Agosto, mês em que os 50 melhores trabalhos irão ficar expostos na Sala de Exposições Temporárias (Porão de Salgado), do Navio-Museu Santo André. Para mais informações, visitar http://www.cm-ilhavo.pt/, passar pela Câmara Municipal, contactar pelo telefone 234 329 602 ou por e-mail geral@ilhavo.pt.

GAFANHA DA NAZARÉ: Delimitações

Sobre as delimitações da freguesia da Gafanha da Nazaré, aqui publico a acta que regista o facto, em 1911. Lembro que a freguesia foi criada em 1910.

“A Barra e os Portos da Ria de Aveiro” em Madrid

DE 4 DE MARÇO A 12 DE ABRIL
ANA PAULA VITORINO VAI PRESIDIR À INAUGURAÇÃO
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, vai presidir, esta quarta-feira, 4 de Março, em Madrid, à inauguração da exposição “A Barra e os Portos da Ria de Aveiro 1808 – 1932, no Arquivo Histórico da Administração do Porto de Aveiro”. A inauguração está prevista para as 18 horas, na sala de exposições da Arquería de Nuevos Ministerios, Paseo de la Castellana. A presença da exposição em Madrid acontece sob o Alto Patrocínio do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (Portugal), e do Ministerio de Fomento (Espanha), sendo organizada pela Administração do Porto de Aveiro (APA, S.A.) e por Puertos del Estado. De registar o apoio da Câmara Municipal de Aveiro. Patente até 12 de Abril de 2009, a exposição, comissariada por João Carlos Garcia e Inês Amorim (ambos professores da Faculdade de Letras do Porto), cumpre em Madrid a quinta etapa de um circuito de itinerância pela Península Ibérica. A exposição é composta por quatro núcleos: - “I – A RIA DE AVEIRO”; “II – A BARRA DE AVEIRO”; “III – A NAVEGABILIDADE DA RIA DE AVEIRO”; “IV – AS MARINHAS DE SAL DA RIA DE AVEIRO”.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

domingo, 1 de março de 2009

SINAL +

A Igreja Católica não precisa de lições de solidariedade social
Centro de Dia (foto do meu arquivo) AS CONFISSÕES RELIGIOSAS TÊM O DIREITO
DE DEFENDER OS SEUS PRINCÍPIOS
A propósito das declarações recentes da hierarquia da Igreja Católica sobre o casamento de mulheres cristãs com muçulmanos e sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, ouvi acusações sem nexo. Que a Igreja não tinha nada que se meter nestes assuntos e que devia, isso sim, preocupar-se com a pobreza, com as injustiças sociais, com os marginalizados. Enfim, a Igreja devia fechar-se nos templos, ficar por lá a rezar, preocupando-se com o espiritual e deixar o resto para os políticos. Claro que esta posição de algumas cabecinhas pensadoras reflectem bem o seu gosto preferencial pelas sociedades de pensamento único, esquecendo-se que, numa democracia, todos, mas mesmo todos, têm o direito e a obrigação de expor e defender as suas opiniões e as suas convicções. Sem querer avançar com temas polémicos, que existem em todas as sociedades livres, permitam-me que lembre apenas que a Igreja Católica, como outras Igrejas cristãs e não cristãs, não precisa que lhe recordem as suas obrigações sociais, traduzidas, no nosso país e pelo mundo, através das mais diversificados respostas, muito concretas, em favor de quem sofre e de quem precisa. Basta olhar para o lado, com olhos de ver.
FM

Mais um livro de Mons. João Gaspar

Aveiro2009 – Recordando Efemérides

Mons. João Gaspar



“Quando penso na história milenar de Aveiro e da sua região, logo assoma em mim a rara sensação de uma estranha e única composição de terra, de água, de sol, de ar e de luz, que, no rodar da existência, é difícil encontrar em qualquer outra parte. As vagas do Atlântico, as ondinas da ria, as velas dos barcos, as proas dos moliceiros, o remanso do Vouga, a beleza dos horizontes, a pujança dos campos, o verde das florestas, o contorno das serranias, a diversidade das povoações, o primor dos edifícios, o sinuoso das ruas, a singularidade dos costumes, a característica do folclore, a animação das festas, a galhardia dos cortejos, o sentimento das devoções, a originalidade das maneiras, a esperança das famílias, a traquinice das crianças, o entusiasmo dos jovens, a faina dos marnotos, a labuta dos agricultores, a canseira dos trabalhadores, a preocupação dos empresários, o talento dos letrados, a formosura das mulheres, o altruísmo dos voluntários, a coragem dos mártires, a vida das terras, a graça das gentes…”

 In NA MEMÓRIA, do livro de Mons. João Gonçalves Gaspar

Ontem tive o privilégio de assistir ao lançamento do mais recente livro de Mons. João Gonçalves Gaspar – Aveiro2009 – Recordando Efemérides –, no Museu da Cidade. Apresentou a obra Delfim Bismark Ferreira. Teceu naturais e justos elogios ao autor, que já publicou mais de 30 títulos, a maioria dos quais à volta de Aveiro e sua região, mas também sobre vultos da história local. 
Mons. João Gaspar pensou este trabalho há uns três meses. Pegando na ideia, buscou na história e na memória o que de relevante aconteceu em cada mês, de muitos anos “redondos”. Começou, obviamente, pela data mais antiga – 12 de Junho de 922 – que se refere provavelmente a Aveiro. Diz assim: “D. Ordonho II, rei da Galiza e de Leão, assinou uma importante doação em favor do Mosteiro de Crestuma, onde se menciona o PORTU DE ALIOVIRIO; se este topónimo corresponder a uma anotação alterada de ‘Alavário’, temos aqui a primeira referência histórica a Aveiro.” 
Fiquemos então com esta data que assinala o primeiro “baptismo” de Aveiro. Mas o livro tem muitas outras curiosidades que nos levam a visitas bem guiadas, através dos séculos e até quase aos nossos dias, pela vida da terra aveirense e das suas gentes. Esta obra, com edição de excelente papel e profusamente ilustrada, insere-se perfeitamente nas celebrações dos 250 anos da elevação de Aveiro a cidade. 
Com capa de Hugo Rios, a partir de desenho de Sara Bandarra, e composição de José Luís Santos, este livro é um regalo para os olhos e para o espírito de quem sente o património histórico como parte integrante do seu próprio ser. 
Mons. João Gaspar, provavelmente o mais prolífero historiador aveirense, não se poupa e esforços para nos ofertar, com alguma frequência, lampejos da sua sensibilidade e do seu labor, carregados de aveirismo, onde o eixense, que ele é também, mergulhou há muito, com assinalada paixão. Deste trabalho haverei de falar e de escrever algumas vezes, ao sabor das efemérides que o autor tão bem soube registar em letra de forma, com belas e oportunas fotografias. 

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 120

BACALHAU EM DATAS – 10
ERA PRÓSPERA A PESCA NO REINADO DE D. SEBASTIÃO
Caríssimo/a:
1570 - «Por razões que se relacionam mais com o estado da barra,”não foi longa esta afluência de navios estrangeiros ao porto de Aveiro. [...] O entupimento da barra – afirma Marques Gomes – que começou em 1570, paralisou quase por completo o comércio marítimo.» [Oc45, 78] 
1571 -Nov 03 - «Também era próspera a pesca do bacalhau naquele reinado [D. Sebastião], determinando-se em 3 de Novembro de 1571 que a flotilha de Aveiro seguisse com a de Viana para os Bancos.» [MG, 170] «A lei de 3 de Novembro de 1571, § 23, faz referência à necessidade de os barcos se armarem e pelejarem, juntos, contra inimigos. “As naus que forem da Vila de Aveiro e Viana e de qualquer outra parte dos meus Reinos e Senhorios à pescaria do bacalhau, irão armadas e elegerão, entre si ao tempo em que partirem Capitão-mor, tudo conforme este regulamento [...]”.» [Oc45, 78] «No reinado de D. Sebastião, esta actividade continuava a desenvolver-se. Foi então publicado o “Regimento para as frotas da pesca do bacalhau”, pelo qual estas eram reorganizadas sob um mesmo comando». [HPB, 22] «Dos portos do Minho, Douro e da barra de Aveiro, saíam regularmente frotas que tiveram dos reis D. João III e D. Sebastião regimentos para seu governo.» [ in Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, Iniciativas Editoriais, 1979, Volume I, pág. 268] 
1572 - «Secou-se e beneficiou-se bacalhau entrado na barra da vila de Aveiro, cf. Documento existente no Arquivo Municipal de Aveiro.» [MG,341] «Quanto à seca de bacalhau, Mosés Amzalak cita um documento existente no Arquivo Municipal de Aveiro, onde se refere à existência desta actividade no porto de Aveiro em 1572. Ainda sobre este período do século XVI, escreve Francisco Salles Lencastre que o produto da pescaria do bacalhau opulentou várias terras de Portugal, principalmente Viana na Foz do Lima e Aveiro.» [HPB, 21] 
1576 - «Havia na Terra Nova pescando bacalhau, 50 navios portugueses, 30 ingleses e 100 espanhóis.» [HPB, 22] 
1578 - «Segundo um mercador de Bristol, Anthony Parkhurst, “havia na Terra Nova mais de 100 velas espanholas pescando bacalhau, 50 velas portuguesas e 150 francesas e bretãs e 50 inglesas”.» [HPB, 21] A História reserva-nos muitas surpresas, habituados como estamos a sombras, sonhos, ... fantasmas, leituras rápidas, pouca reflexão/investigação... D. Sebastião [1554-1578, em 1568 assume o trono aos 14 anos], Alcácer Quibir, Sebastianismo... Quem de nós, ao falar no rei D. Sebastião, pensaria em ... pesca de bacalhau!?... Ainda mais: estando nós no início da Quaresma, imaginaremos a importância e influência da religião sobre a pesca do bacalhau? Pois vejamos: 
«Cedo o bacalhau salgado e seco se torna um alimento importante em Portugal. Dos portos do Norte do País e de Lisboa saem expedições anuais que trazem o peixe, cujo consumo se populariza. A obrigatoriedade religiosa de abstinência de carne nos dias magros decretados pela Igreja forçava a explorar aqueles recursos imensos.» [Oc45, 5] «A necessidade era imperiosa, já que a pesca era o alimento básico dos europeus dos séculos XV e XVI, para além do preceito religioso que impedia os cristãos de ingerir carne durante mais de metade dos dias do ano.» [Oc45, 24] 

 Manuel

DEIXA-TE TENTAR

“Deixa-te tentar” pelo desafio do caminho a percorrer, se queres chegar à meta; pela luta a travar, se pretendes alcançar vitória; pela fidelidade diária, se desejas saborear a felicidade; pelo esforço constante, se sonhas ter o êxito ansiado. Deixa-te tentar, sente o estímulo que te desperta energias e avança sem cedências nem mistificações. Deixa-te tentar pelo apelo da consciência, se aprecias a paz interior e valoras a rectidão do proceder; pelos segredos do coração, se cultivas o encanto da surpresa e estás aberto à novidade que humaniza; pela força da emotividade racional, se desejas avivar o humano que há em ti e viver em harmonia e liberdade. Deixa-te tentar, aprecia a verdade que liberta e o caminho que conduz à vida. Sem vacilações, animado pela esperança, valorizando sempre os passos dados. Deixa-te tentar pela presença amiga dos outros, se acreditas na força da solidariedade e na mais valia da reciprocidade; pela cooperação sustentável e pelas exigências da subsidiariedade, se queres “fazer um mergulho” em profundidade e desvelar o que existe de melhor na tua interioridade; pelo bem comum de todos, vencendo egoísmos talvez justificáveis, se aspiras a ter um coração à medida do universo e a ser amigo do mundo que Deus cuida com amor de serviço. Deixa-te tentar, dá espaço a um novo olhar, lança lufadas de ar fresco na monotonia bafienta das rotinas e abre horizontes à estreiteza do êxito fácil e imediato. Define-te pela afirmação, pelo sim generoso, pela entrega solícita, pelo serviço voluntário e solidário. Deixa-te tentar pela probabilidade consistente, para não dizer pela certeza absoluta, de que Deus cuida de nós com amor p/materno e está pronto a colaborar connosco para que se vençam todas as crises que desumanizam as pessoas e vitimam inocentes de todas as categorias, destroem espécies únicas da fauna e da flora indispensáveis ao equilíbrio do cosmos, poluem o planeta terra arruinando o jardim-casa de cada ser humano e de toda a humanidade. Deixa-te tentar, se pretendes sinceramente que o teu “eu” aflore com autenticidade e o teu agir seja coerente e sincero. Ceder a tão entusiasmante e oportuna tentação é atitude positiva, sinal de clarividência constante, caminho viável e seguro de realização, penhor antecipado de bênção feliz. Facilita o auto-conhecimento, fideliza a autenticidade, reforça a relação solidária e alicerça no presente as pontes do futuro.
Georgino Rocha

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