sábado, 6 de maio de 2023

Gosto muito de ficar por casa

Eu reconheço que sou uma pessoa muito caseira. Não tem nada a ver com a idade porque fui sempre assim. A propósito desta minha maneira de ser, até vou recordar um episódio da minha juventude: Um domingo, depois do almoço -- antigamente dizia-se jantar --, os meus pais foram dormir a sesta e o meu irmão, o Armando, também conhecido por Grilo, apelido da família do meu pai, foi dar uma volta de bicicleta. Os meus pais perguntaram-me por que razão eu havia de ficar por ali. Disse-lhes que ia ler. E insistiram, mas eu acabei mesmo por ficar em casa. E acontecia muitas vezes.
Hão de pensar que eu não tinha amigos. Tinha e muitos, mas nem sempre haveria motivos que justificassem sair de casa. Por exemplo, nos dias de hoje há cafés por todos os lados. Nem calculo quantos cafés e similares temos na Gafanha da Nazaré.  E outras diversões...
Presentemente, no rescaldo do Covid-19, criei fortes raízes caseiras e sinto-me bem assim. Vou ao quintal, aprecio o arvoredo, saboreio uma tangerina ou laranja, tiro uma fotografias, que não faltam motivos por aqui, como a flor que ilustra este texto E que mais quero para ser feliz?

A pessoa em tensão

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

O Homem vive-se a si mesmo numa tensão insuperável. Por um lado, o corpo é o seu peso, a sua limitação - parece que, se fôssemos espírito puro, poderíamos, por exemplo, estar em todo o lado. Com o tempo, o corpo decai, envelhece e, aparentemente, envilece-nos. Referindo-se ao nascimento, Santo Agostinho, nada exaltado, tem estas palavras cruas: "inter faeces et urinam nascimur", que não traduzo, por ser desnecessário. Adoecemos e desmoronamo-nos. Depois, com a morte, o que resta do corpo é lixo biológico e coisa que apodrece.
Por outro lado, será sempre misterioso um corpo que fala: produz sons que encarnam e transmitem sentido. Um olhar é sempre a visita do infinito. Um corpo humano canta, ora, sorri, produz obras de arte, que param o tempo e visibilizam a transcendência.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Catedral de Aveiro celebra 600 anos


“A catedral de Aveiro, outrora Igreja do Mosteiro de Nossa Senhora da Misericórdia, ou de São Domingos, celebra, este ano, os 600 anos do início da sua construção e desde o ano passado comemoramos os 550 anos da chegada da Princesa Santa Joana à vila de Aveiro e da sua entrada no Mosteiro de Jesus. Aproveitando estas efemérides, vamos celebrar, entre 12 de maio de 2023 e 13 de maio de 2024, um Ano Jubilar, concedido pelo Papa Francisco, sob o lema: “Igreja de Aveiro peregrina na esperança”.

A Salve Rainha de Alçada Baptista

De vez em quando volto ao Alçada Baptista, um escritor intimista e memorialista que muito me marcou. Hoje andei às voltas com estórias e estorietas de “A cor dos dias — memórias e peregrinações”, escritas com saber e sabor inexcedíveis, pela forma e sumo.

Alçada Baptista nunca perdia a oportunidade de criticar o que em seu entender estava mal, tanto em textos cívicos como religiosos. Um dia insurgiu-se contra o Hino Nacional, naquela parte que nos incita a lutar contra os canhões. Em sua opinião, essa fase já está ultrapassada, pelo que seria importante dar uma volta ao texto. Hoje recordo a sua discordância em relação à Salve Rainha, uma oração que acompanha a recitação do terço. E propõe uma nova oração, para eliminar «os degradados filhos de Eva», e depois «deste desterro nos mostrai Jesus». Então diz:
«Eu acho que era bonito termos uma oração a Nossa Senhora mas escusávamos de nos desvalorizar tanto para o fazer.» Sugeriu então:

“Salve Rainha, mãe de Deus, olhai por nós que somos frágeis. A vós nos dirigimos do meio das dificuldades da vida com ansiedade e confiança. Lançai sobre nós os vossos olhos bondosos e, depois da nossa morte, leva-nos a Jesus com a ternura da mãe para o filho querido. Ó doce Virgem Maria, ajudai-nos e olhai para nós e ajudai-nos para podermos alcançar as promessas de Cristo.”

Nota 1 - Nós, os católicos, estamos tão habituados à Salve Rainha que aprendemos em criança, que nem sei se seríamos capazes de optar pela proposta do Alçada Baptista de saudosa memória;

Nota 2 - Texto reeditado.

Dia Mundial da Língua Portuguesa


Celebra-se hoje o Dia Mundial da Língua Portuguesa, razão para todos falarmos e escrevermos sobre isso, por mais simples que seja. Para já, posso informar que, segundo li no OBSERVADOR, uma entidade jornalística multifacetada, haverá celebrações em 60 países, entre os quais, o Japão, Etiópia, Estados Unidos e Austrália. Acredito, porém, que o mesmo acontecerá nos países de língua oficial portuguesa.
Não sei se à nossa volta, sobretudo nas escolas, teremos alguma iniciativa, por mais simples que seja, alusiva à nossa Língua, mas seria muito bom que tivéssemos.
Acredito que ao menos os professores da Língua Portuguesa se lembrem disso, aproveitando o facto para realçar a importância da leitura de prosa e verso dos nossos escritores. Aqui fica a sugestão, com votos de boas leituras.

NOTA: Indico livros de uma coleção sobre temas do nosso país que considero importantes.

Cinegética – Factor turístico da região Aveirense

Foto da reportagem 

«Quanto mais analisamos as condições naturais de Aveiro e da sua maravilhosa região, mais nos convencemos de que isso constitui um dos maiores potenciais turísticos do País. Do ponto de vista cinegético reúne tudo quanto se possa imaginar de melhor para o exercício do salutar desporto da caça, em especial das espécies aquáticas.
Um dia de caça na Ria de Aveiro é um dia inesquecível. A paisagem singular e grandiosa, o espectáculo da imensa laguna, a abundância de caça e a deliciosa liberdade do ar livre, são um conjunto de predicados difíceis de se encontrar em qualquer outro ponto da Europa, até porque durante a época venatória a Ria adquire as suas melhores condições climáticas, principalmente com o desaparecimento dos ventos predominantes.»

Reportagem de Daniel Constant, jornalista


Revista "Aveiro e o seu Distrito", N.º2, Dezembro de 1966 

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante

Celebra-se hoje, 5 de Maio, o Dia Mundial do Trânsito e da Cortesia ao Volante. O que se pretende, com esta celebração, é lembrar que há regras a cumprir, quer pelos condutores quer pelos peões. 
Exige-se aos condutores prudência e conhecimento das regras e aos transeuntes os cuidados necessários,  caminhando pelos passeios e atravessando nas passadeiras. É muito bonito verificar a cortesia que muitos cultivam nas ruas por uns e outros. A desobediência às regras gera mortes quase todos os dias do ano. Não podemos esquecer essa calamidade.

Tronco seco


Este tronco seco com ramos que fotografei com gosto há bastante tempo tem o seu significado. Se é sinal evidente de que gosta deste  mundo, não deixa de mostrar a sua resistência e o seu amor à vida. Foi árvore frondosa e deu frutos saborosos. Matou a fome durante muitos anos a muitas pessoas e refrescou outras tantas em pleno verão. Merece pois a nossa gratidão, extensiva a quem a plantou e regularmente a regou.
Como todo o ser vivo, chega sempre a hora de morrer, mas o ramo seco ele quer provar que, enquanto for possível, quer manter-se de pé. A  árvore é como as pessoas. Enquanto tiver forças para se manter de pé, será  sempre motivo de interesse. 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Coisas do meu sótão

 

Este quadro que  mora no meu sótão apareceu cá em casa vindo nem sei de onde. Por ali está como desafio à nossa imaginação. Nota-se que representa a caça, em eras de setas do homem primitivo, mas mais não vislumbro

terça-feira, 2 de maio de 2023

Regata dos moliceiros


Mais uma fotografia do livro "IMAGENS de um século - Do espólio de coisas de Aveiro deixado por João Sarabando", que bem conheci. Aqui fica uma foto relacionada com uma Regata S. Jacinto-Aveiro, integrada nas Festas da Cidade (anos 70 do século XX).

Dr. Lourenço Peixinho nasceu neste dia

 

No dia 2 de Maio de 1877 nasceu o ilustre aveirense Dr. Lourenço Simões Peixinho, que, durante longos anos, foi presidente do Município e, sobretudo nessa qualidade e na de provedor da Santa Casa da Misericórdia, prestou à cidade os mais assinalados serviços. (Litoral, 29-4-1977)

ÍLHAVO acolhe Feira da Saúde e da Família

Com o objetivo de sensibilizar a população para os cuidados de saúde, a prevenção e a adoção de estilos de vida mais saudáveis, nos próximos dias 12 e 13 de maio, o Município de Ílhavo voltará a promover a Feira da Saúde e da Família. Este ano, o certame tem lugar maioritariamente no Laboratório das Artes Teatro Vista Alegre, onde estarão presentes diversas entidades ligadas à área da Saúde com mostras de produtos, serviços e meios de diagnóstico gratuitos.
No dia 13 de maio, entre as 9h e as 13 horas, haverá uma sessão de Dádiva de Sangue, pelo Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com inscrições abertas até 10 de maio. No dia 14 de maio (domingo), a Feira da Saúde e da Família “desloca-se” à EMER - Escola Municipal de Educação Rodoviária, na Gafanha da Nazaré, para chamar as famílias a participar em atividades de prevenção rodoviária.

Fonte: Correio do Vouga

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Uma passagem pelo Jardim Oudinot



Passámos hoje pelo Jardim Oudinot na hora do café. O café-bar está em pleno na certeza de que não faltarão clientes, ansiosos por saborear uma bebida num ambiente de sala de visitas arejada e acolhedora. E por ali encontrámos gente conhecida que conhece os cantos e recantos da nossa terra como nós.
Naquele espaço de lazer, não faltou gente a inaugurar a época das merendas à sombra do arvoredo, sempre apetecido por quem passa a semana a trabalhar. Famílias sentadas no chão iam petiscando enquanto a criançada brincava com a bola, tentando imitar o Ronaldo. E a nossa visita terminou em jeito de ensaio para novas passagem por este belo recanto da Gafanha da Nazaré.

Lindo dia para os trabalhadores



Diz-se que do tempo falamos quando não temos mais nada que dizer. Mas que temas se poderão abordar, face ao lindo dia que hoje, Dia do Trabalhador, veio apoiar as festas próprias das celebrações que estão a decorrer neste momento, um pouco por toda a parte?
Os trabalhadores têm, pois, razões para dar asas aos seus desejos e necessidades de diversão, compensadores dos esforços de cabeça e braços no dia a dia nos seus espaços de trabalho, quantas vezes monótonos e agressivos.
Embora pessoalmente não seja muito festeiro, por temperamento e peso da idade, aprecio quem sai de casa com a merenda para ser degustada à sombra do arvoredo ou no areal de uma praia, com a família ou em grupo. E se houver música e outras diversões, ainda melhor. Um feliz dia para todos os que trabalham nos empregos e mesmo em casa.

Filhos da Ria

Torreira - 1967

Todos os que nascemos e vivemos nas margens da Ria de Aveiro somos filhos dela. E nela todos brincávamos. No inverno, porém, ensaiávamos nas valas mestres nas alturas das chuvas. E não é que todos sabíamos, também, das artes das construções navais?

Nota: Fotografia do livro "AVEIRO - Imagens de um século". Do espólio de coisas de Aveiro deixadas por João Sarabando.

Dia Mundial do Trabalhador - 1.º de Maio



À volta desta Igreja, vai acontecer a festa ligada ao Dia Mundial do Trabalhador, 1.º de Maio. Música, divertimentos, comes e bebes, alegria, convívios, de tudo um pouco para esquecer agruras da vida.

Em 1 de Maio de 1891, numa manifestação em França, morrem dez operários e meses depois, em Bruxelas, a Internacional Socialista proclama o 1.º de Maio como dia internacional para as reivindicações de melhores condições de trabalho.
Outros países, sobretudo os mais industrializados, seguem o exemplo dos pioneiros. Havia países em que os operários tinham de trabalhar 16 horas por dia, muitas vezes em condições péssimas e mesmo desumanas. Na nossa terra, nas secas e não só, trabalhava-se de sol a sol.
Em Portugal houve celebrações 1.º de Maio muito incipientes. Na primeira República, os sindicalistas chegaram a ser perseguidos e durante o chamado Estado Novo foram proibidas manifestações sindicais. Só com o 25 de Abril, com as portas que se abriram às liberdades fundamentais, é que o 1.º de Maio passou a ser celebrado, como o Dia Mundial do Trabalhador. É feriado nacional e as festas de e com trabalhadores generalizaram-se a todo o território português.
Manifestações, comícios, convívios, com organização das Centrais Sindicais ou mesmo sem elas, os nossos trabalhadores, agora debaixo de um conceito mais alargado, sentem este dia como seu, respeitando-o como homenagem a todos os que, com o seu esforço físico e científico, mas também com a sua capacidade criativa, constroem riqueza e alimentam projetos de dignificação do homem e da mulher para os nossos tempos.

Fernando Martins

domingo, 30 de abril de 2023

Viver nas fronteiras

Crónica de Bento Domingues
no Público

Já há 50 anos, havia quem chamasse a atenção para as resistências à mudança das congregações e ordens religiosas: ou se renovam ou morrem dentro de 150 anos. Bergoglio não se resigna.


1. O Papa Francisco tem um sentido muito agudo do tempo. Repete que já não estamos em regime de cristandade. Estamos a viver, não simplesmente uma época de mudanças, mas uma mudança de época e lembra a afirmação de Newman: “Aqui, na terra, viver é mudar.”
Não se trata de procurar a mudança pela mudança nem de seguir as modas, mas é preciso ir recuperando o tempo perdido. Assumiu a observação do cardeal Martini: a Igreja ficou atrasada 200 anos [1].
Já há 50 anos, havia quem chamasse a atenção para as resistências à mudança das congregações e ordens religiosas: ou se renovam ou morrem dentro de 150 anos. Bergoglio não se resigna.

Estrada Aveiro - Barra

30 de Abril de 1861

                         



Com a conclusão do lanço da Gafanha ao Forte, terminaram neste dia os trabalhos de construção da estrada da Barra, iniciados em 12 de Março de 1860. - Padre João Vieira Resende, Monografia da Gafanha, pg. 181.

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