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domingo, 24 de maio de 2020

VIVER E AJUDAR A VIVER

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

«É tempo de acabar com todas as guerras: as guerras contra a natureza e as que nos destroem mutuamente. Há quem diga que têm proporcionado grandes avanços científicos e tecnológicos. Parece que ninguém está interessado numa vacina contra a guerra e ela existe: mudar de vida.»

1. Gostei muito, por várias razões, da entrevista a Ben Ferencz, o único procurador vivo do célebre tribunal de Nuremberga, publicada na Revista Expresso [1]. Quando participou nesse tribunal tinha 27 anos. Atingiu, agora, os 100, cheio de vigor, de humor e de esperança. Não resisto a deixar aqui, num breve apontamento, o eco deste testemunho.
Foi confiada a Ben Ferencz, pelo referido tribunal, a tarefa de investigar os crimes dos Esquadrões da Morte dedicados a procurar e matar todo o judeu que encontrassem – homem, mulher ou criança – e fazer o mesmo aos ciganos e a todos os inimigos do Reich.
Nesta entrevista, sem negar a importância do dever da memória, confessa que não quis ficar colado a esmiuçar o horror desse passado. Voltou-se para o futuro e dedicou a sua vida a lutar para erguer leis e tribunais, para que os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, não possam ficar impunes.
Quem começa as guerras são pessoas e os crimes são cometidos por indivíduos que devem ser responsabilizados pelas suas acções. Quando foi procurador do tribunal de Nuremberga, o genocídio ainda não estava nos códigos. Usou esse termo, mas verificou que os nazis não podiam ser julgados por esse crime, enquanto tal, por falta de lei aplicável.
Não desistiu e, em 1948, a Convenção sobre Genocídio foi adoptada pelas Nações Unidas. Comenta: “É uma vergonha que os EUA tenham demorado 40 anos para assinarem essa Convenção. Só aconteceu em 1998.” Desde 2002, existe o Tribunal Penal Internacional, mas os EUA ainda não o reconheceram!
Adianta, no entanto, que Trump devia ser julgado nesse tribunal. Este Presidente dos EUA, no seu primeiro discurso, na ONU, atreveu-se a dizer acerca da Coreia do Norte: “Se nos ameaçarem, destruir-vos-emos totalmente.”
Como se atreve a ameaçar com a destruição um país inteiro e toda a sua população? Foi precisamente isso que os alemães fizeram com os judeus. Agora, ao levantar um muro nas fronteiras com o México, separa as mães dos seus próprios bebés! Não é isto um crime contra a humanidade?

CARÍCIAS DE DEUS

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias

«Estou convencido de que o bispo de Bragança não é caso único. Mas é um excelente exemplo da Igreja em saída, que olha para o Céu, com os pés assentes na Terra, distribuindo “carícias de Deus”. Para que se concretize um mundo melhor.»

1. Hoje celebra-se, na liturgia católica, a festa da Ascensão de Jesus ao Céu. Evidentemente, quando se fala em ascensão, não se está a fazer descrições geográficas; trata-se tão-só de tentar expressar simbolicamente que Jesus entrou na plenitude da Vida que é Deus. 
Antes da despedida, prometeu aos discípulos o Espírito Santo, o Espírito de Deus, que é Amor, aquela luz e força que ilumina, vivifica, dá ânimo, consolação, confiança, coragem. E disse-lhes, segundo os Actos dos Apóstolos, de São Lucas: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.” Desapareceu da sua vista e “como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Porque estais assim a olhar para o céu?” E observou-lhes que agora a sua missão era partir, para cumprir a missão que Jesus lhes entregara. 
Esta é a missão da Igreja. Sim, olhar para o Céu, anunciar o sentido da vida, o Sentido último da existência humana, que não caminha para o nada, mas para a plenitude da Vida em Deus. A missão da Igreja, essencial, é ser a multinacional do sentido de todos os sentidos, do Sentido último. Ao mesmo tempo, e por isso mesmo, não pode ficar parada a olhar para o Céu. Não pode abandonar o mundo, a Terra, criação de Deus. É aqui que vivemos e a missão da Igreja é continuar o projecto de Jesus, concretizá-lo, aqui, porque queremos, como é desígnio de Jesus, viver num mundo que é de todos e que deve ser para todos, na justiça, na igualdade radical, na dignidade livre e na liberdade digna, num mundo onde todos possam viver em paz e realizar a sua dignidade humana e divina. 
A missão da Igreja tem esta dupla vertente: olhar, na Terra, para o Céu. A igreja de Marco de Canavezes, de Siza Vieira, di-lo como só um artista o sabe dizer. Tem uma porta com 10 metros de altura e, quando se sai da celebração, ela abre-se e continuamos com os pés assentes na Terra, mas, diante de nós, abre-se o Céu. 

domingo, 17 de maio de 2015

Não é preciso ir à “terra santa”

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

"O segredo da simbólica da Ascensão 
é o Pentecostes, uma Igreja de saída 
que o Papa Francisco veio acordar"

Frei Bento Domingues

1. Quem se sentir desafiado por Jesus Cristo não deve ignorar que, para além da sua experiência vital e do conhecimento afectivo, tem de recorrer também aos estudos que ajudam a ler os escritos do Novo Testamento (NT) e os ziguezagues da sua influência, ao longo dos séculos. A não ser que se aposte na preguiça piedosa: quanta mais ignorância, mais devoção.
Os resultados da investigação histórica e os frutos da hermenêutica das configurações simbólicas, legadas pelas primeiras gerações cristãs, não devem servir apenas para compor as estantes das bibliotecas das faculdades de teologia.
O seu estudo livre e rigoroso será sempre o melhor remédio contra a manipulação de algumas censuras eclesiásticas, feita em nome da salvaguarda da fé. Só é possível acreditar, de modo decente, interpretando e dialogando com outras interpretações. Como já disse nestas crónicas, a defesa da tradição cristã não se faz com os métodos das indústrias de conserva. É vitalizada no confronto e no diálogo com os desafios de cada época, na diversidade dos povos, a partir dos guetos sociais e culturais criados pelos interesses financeiros e económicos da nova desordem do mundo. 

domingo, 1 de junho de 2014

CORAÇÕES AO ALTO

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Nunca posso deixar de sorrir quando alguns católicos trazem ou pedem para trazer água do rio Jordão para o baptismo dos filhos ou dos netos, como se ela fosse dotada de especiais virtudes. O futuro de Jesus não veio dessa água, mas de um banho no Espírito recriador do mundo, a essência do baptismo cristão.»

sábado, 31 de maio de 2014

ACOLHE A MISSÃO QUE JESUS TE CONFIA

Uma reflexão semanal de Georgino Rocha

«O ressuscitado está presente nos sinais previamente escolhidos: a vida humana, a reunião fraterna, a oração a Deus, o bem-fazer aos necessitados, os factos sociais relevantes que indicam um novo rumo na humanidade, a escuta da Palavra, a celebração dos sacramentos na assembleia cristã, o valor do sofrimento por amor, a preocupação por comunicar aos outros a experiência da fé que se vai fazendo, a esperança no futuro definitivo e tantos outros.»