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terça-feira, 26 de março de 2019

Gafanha da Nazaré — aventuras, desportos, jogos e brincadeiras

Júlio Cirino com Dinis Ramos e Manuel Serafim, dois amigos da infância
Grupo Coral da Universidade Sénior
“Gafanha da Nazaré — aventuras, desportos, jogos e brincadeiras” é o mais recente livro de Júlio Cirino. Vem na sequência de “Gafanha da Nazaré — Memória Histórico-Antropológica”, carregado com recordações que, para além do mais, contribuirá para a unidade de um povo com origens diversas. E se no primeiro abordou temas mais voltados para a problemática da formação e ocupação do espaço que habitamos, com riqueza de pormenores relacionados com gentes e costumes, neste segundo trabalho o autor foi à cata de assuntos que dão substrato ao dia a dia dos nossos antepassados até hoje, como está claro no subtítulo do livro. 
Sentimos, com gosto, quanto o Júlio Cirino soube estruturar este trabalho, apoiado na sua intervenção social, cultural e desportiva, denotando tarefas de um sem-número de contactos, pesquisas e achados quase inacessíveis, para mostrar à saciedade aventuras, desportos, jogos e brincadeiras, com uma sensibilidade que chega a comover. E a visão do que viveu, ouviu, leu, aprendeu e ensinou, com as credenciais que advêm do seu envolvimento na área desportiva, como praticante, mas sobretudo como treinador de atletas de expressão regional, nacional e internacional, refletem-se nesta obra.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Gafanha da Nazaré: aventuras, desportos, jogos e brincadeiras


No próximo dia 15 de março, pelas 21 horas, na Escola Secundária da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado o mais recente livro de Júlio Cirino,“Gafanha da Nazaré: aventuras, desportos, jogos e brincadeiras”. O evento está aberto a toda a comunidade, em especial aos que gostam de revisitar o passado, tendo por guia o próprio autor.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

“AS VELHAS" DA ILHA TERCEIRA — AÇORES



Volto hoje aos Açores por mor de um comentário que me foi enviado do Brasil sobre “As Velhas” da Ilha Terceira. O autor, que se apresenta como Silo Lírico, tece algumas considerações com base histórica alusivas àquela tradição exclusiva da Ilha Terceira, conotada com as cantigas trovadorescas de escárnio e maldizer. E veio à baila com o comentário no seguimento do que há tempos o nosso conterrâneo Júlio Cirino, radicado na Terceira, escreveu sobre o assunto em crónica que publicou no meu blogue. Tenho de o convencer a voltar à liça. Mas o melhor é ler, para já, o blogger brasileiro:

«Segundo dados colhidos, cantar As Velhas é uma poética de exclusividade da Ilha Terceira. Conceito que se assemelha às cantigas trovadorescas de escárnio e maldizer, com base no improviso, entre dois cantadores, ao som musical de uma viola, entre as de evidências, estão, a viola da terra com 12 cordas e viola da Terceira 18 cordas, todas de arame. Embora diferente do canto ao desafio, alguns estudiosos defendem, que nas velhas há a situação risível, em qual o cantador tem por objetivo apresentar uma resposta ou réplica mais original e melhor, da apresentada pelo seu oponente, sem o desafiar.
O fenômeno da insularidade deixou marcas no espírito dos açorianos. Cinco séculos de isolamento físico, e de contato permanente com o mar de horizontes finitos, passando por cataclismos vulcânicos, o povo caldeou uma religiosidade gerada, precisamente, no terror sagrado de sismos e vulcões, que foram fatores que marcaram e moldaram o modo de ser, de pensar e de agir do açoriano português.»

Ler mais aqui 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Júlio Cirino — Açores - Terceira - Festas Sanjoaninas

Traça arquitetónica de Angra
Tocadores de uma marcha
Desfile de bandas
Marchas de S. João

As Festas Sanjoaninas são um dos pontos mais altos das festividades de Angra do Heroísmo. Por essa altura juntam-se, para assistir aos festejos, dezenas de milhar de residentes e forasteiros.
Não há palavras para descrever as Festas Sanjoaninas. Durante uma semana, em cada dia, faz-se o desfile de abertura; o desfile de 36 bandas filarmónicas; desfilam, divididas por dois dias, mais de 60 marchas; desfilam os atletas de todas as modalidades desportivas praticadas nos Açores, faz-se um desfile de cariz religioso e até o desfile de carrinhos de bebé.
Os trajes usados são riquíssimos, bem confeccionados e de muito bom gosto. Os carros alegóricos são obras de arte. Os trechos musicais são muito bem escolhidos. As festividades de S. João muito honram os angrenses. 
Quem estiver interessado em saber sobre o que estou a falar, consulte o seguinte endereço:
Sanjoaninas 2015 – Angra, memória dos meus encantos, by Manuel Bettencourt. (recomenda-se que abra a quarta janela)

Obs.- Fotos extraídas da rede social.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira - Cantorias

Desgarrada

José Eliseu

Mulheres na Cantoria

Peter

Assistência

O cantar ao desafio, nos Açores, é conhecido por “cantoria”. Por a letra ser de improviso, no início nem os cantadores sabem o rumo que a “cantoria” vai tomar. Por vezes faz-se chacota da gravata de um dos intervenientes ou ao nariz de outro, ou à ilha a que pertence, ou a qualquer outro pormenor que chame a atenção dos cantadores. O visado procura defender-se e contra-atacar quando lhe for possível.
A “cantoria” é versejada em quadras ou sextilhas. Por vezes inicia em quadras e acaba em sextilhas. 
A “cantoria” começa com a saudação ao povo da freguesia ou a alguém mais ilustre que esteja no arraial ou no salão. Os cantadores também se saúdam reciprocamente. Depois segue-se a “cantoria” propriamente dita que termina com a despedida e novas saudações.
Na ilha Terceira, para além da “cantoria”, temos “as velhas” (cantigas brejeiras e de escárnio) e as “desgarradas” (com música do fado de Lisboa, mas com letra de improviso). 
Estes cantares são acompanhados pela “viola da terra”, com 12 cordas de arame, e por uma viola de acompanhamento. Fábio Ourique, fadista afamado nos Açores, por vezes é acompanhado na “cantoria” à guitarra por Tiago Lima e à viola por Emanuel Silva, seus acompanhantes nas “Sombras Negras do Fado”.
Todos os anos as cantigas ao desafio são levadas aos Estados Unidos e ao Canadá, a convite de inúmeros emigrantes açorianos que por lá vivem.
Apesar de alguns cantadores nem serem de cá, os que mais se ouvem são o José Eliseu, o Bruno de Oliveira (de S. Jorge), o João Leonel, o Tiago Clara (de S. Miguel), a Maria Clara, o José Esteves, o Roberto Toledo (puto de 12 anos, que já se safa muito bem) e tantos outros. Temos ainda o decano dos cantadores terceirenses, o Ti João Ângelo, já com mais de 80 anos. No passado tivemos o Charrua, o Caneta, etc., etc. 

Obs.- Aconselho a audição da “cantoria” que escolhi por uma parte ser dedicada a um grupo de professores da Gafanha da Nazaré que por cá passou. Nesse grupo estava integrado o Rogério Fernandes (guitarrista de fado de Coimbra) e o Pedro Lagarto (treinador de andebol).
Quem estiver interessado em ouvir, por favor digite: José Eliseu e Bruno Oliveira, S. Sebastião 2015.
Para ouvir “As Velhas”, basta digitar: As velhas da Terceira com Bruno Oliveira & João Pinheiro.
Quanto à desgarrada, podemos ouvi-la, digitando: 5 cantadores na desgarrada açoriana. 
Este grupo é constituído por dois “coriscos” (alcunha dos habitantes de S. Miguel, também conhecidos por “japoneses”), dois “patacos falsos” (de S. Jorge) e um “rabo torto” (da Terceira).
Depois desta explicação preliminar, já se pode compreender melhor a desgarrada que recomendo. 

Nota - fotos extraídas da rede social.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira – Carnaval

Melodia
Músicos
Pandeiros
Dança Pandeiro 

O Carnaval ocupa um lugar de destaque nas festividades da ilha Terceira. O “bailinho”, designação popular para uma representação teatral acompanhada por música, é o principal entretenimento no Entrudo. “As chamadas ‘Danças de Carnaval’, às quais assistem milhares de terceirenses, são o maior encontro de teatro popular em língua portuguesa que se faz em todo o mundo.” 
Os membros de cada “bailinho” criam o enredo, a música e a coreografia da peça. O traje também é da sua autoria. Estes grupos podem representar uma paróquia, uma casa do povo, uma sociedade filarmónica, uma instituição de solidariedade ou até um partido político. 
Existem várias categorias de danças e “bailinhos”. As “danças de espada”, as “danças de pandeiro” e os “bailinhos” masculinos, femininos ou mistos. 
O “bailinho” começa com uma cantiga acompanhada por tocadores de cordas e de instrumentos de sopro. Segue-se uma peça teatral sobre um tema escolhido e tudo termina com mais uma cantiga. Cada espectáculo tem a duração aproximada a 40 minutos. 
As Sociedades Filarmónicas, as Casas do Povo ou as Juntas de Freguesia, a abarrotar de gente entre o sábado gordo e a madrugada de quarta-feira de cinzas, são visitadas por mais de 60 “bailinhos” que apresentam os temas mais variados. Cada grupo, entre actores, músicos, dançarinos, autores, ensaiadores e costureiras conta com uns 50 elementos. Isto é, na ilha movimentam-se mais de 3.000 pessoas que, no palco, vão trazer alegria a quem assiste! 
Ninguém paga para assistir a estes espectáculos. Porém, os salões, para angariar fundos, possuem bares onde se podem comer bifanas, frango, chouriça e linguiça fritos, coscorões, arroz doce, filhoses, etc., que constituem a gastronomia própria da época. O vinho e a cerveja acompanham tais petiscos. 

Obs.: É pena que, como noutros assuntos, os ecos do Carnaval na Terceira não cheguem ao Continente. Dando o meu contributo para contrariar tal situação, convido-vos a assistir, pela internet, a dois “bailinhos” que retratam o que por aqui se passa no Carnaval. 
A quem estiver interessado, recomendo “Um Congresso da 3.ª idade - Bailinho do Posto Santo - Carnaval de 2015.” (por se ver melhor, aconselho a que abram a segunda janela da página). 
Através desta peça, de cariz humorístico, podemos ver certa rivalidade que existe entre a Terceira e S. Miguel por os micaelenses “terem a mania” que são da capital dos Açores. 
Está também aqui retratada a fama que os terceirenses têm de estar quase sempre em festa e por isso pouco trabalharem. No arquipélago até costuma dizer-se: “nos Açores há oito ilhas e um parque de diversões (a Terceira)”. 
Vão notar diferenças de sotaque, algo exageradas, entre a ilha Terceira, a de S. Miguel e de S. Jorge. Quem não estiver por dentro da realidade açoriana, poderá não compreender algumas “bocas regionais”, mas no fim ficará mais enriquecido pelo espectáculo a que acabou de assistir, para além de ficar a saber o que é um “bailinho”. 
O segundo tema que recomendo é o “Bailinho do Grupo de Amigos do Carnaval SFP dos Biscoitos – A vida de S. Norberto”. 
Aqui é retratada a vida de um solteirão chamado Norberto, pessoa simples que tem de tomar conta dos pais já idosos e doentes. Cansado da vida que levara, durante 27 anos, foi estudar para padre… 
A pronúncia utilizada nesta peça corresponde a algumas zonas da ilha. Realço que os excelentes actores provêm das mais variadas camadas sociais, podendo ser professores, carpinteiros, pedreiros, agricultores ou ter qualquer outra profissão. 

Todos os espectáculos que por cá se fazem são interpretados por amadores, mas que ensaiam como profissionais para não se saírem mal nos espectáculos em que vão participar.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira: Touradas

Toca a fugir

Tourada

Estátua aos Touros

Paixão pelas touradas

Praça de Touros



            Há coisas que se fossem combinadas não correriam tão bem. O tema que escolhi para esta semana foi a “tourada à corda”. O Prof. Fernando Martins pensou no mesmo, por o seu filho Pedro estar de visita aos Açores. Ainda bem, pois um trabalho complementa o outro. Assim sendo, passo a dar a conhecer o que já tinha escrito a este respeito.

Touradas

A ilha Terceira é terra de touros e touradas. Em Angra do Heroísmo existe uma praça de touros frequentada por muitos aficionados. Os irmãos Pamplona, a cavalo, e os “Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica” (de Angra) e os “Forcados Amadores do Ramo Grande (da Praia da Vitória)” são dos nomes mais sonantes na ilha.
Mas a verdadeira paixão dos terceirenses são as “touradas à corda”, realizadas nas ruas da ilha entre 1 de Maio e 15 de Outubro de cada ano. Durante este período realizam-se mais de 400 touradas que atraem milhares de aficionados à “festa brava”.

O primeiro registo de um evento desta natureza ocorreu em 1622, ano em que a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo organizou a primeira “tourada à corda” enquadrada nas celebrações da canonização de S. Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loyola.
Numa tourada de rua participam quatro touros, num percurso que ronda os 500 metros. O animal é controlado por uma corda comprida, com cerca de 100 metros, puxada, quando necessário, por sete a doze “pastores” que trajam blusa branca, chapéu preto e calça acinzentada.
A festa arranca logo pela manhã, na pastagem, para escolher os touros para a festa. Segue-se um almoço ao ar livre, muitas vezes acompanhado por música.
Algumas horas antes da tourada, os quatro touros separados são colocados em gaiolas de madeira, sendo o transporte para o local da corrida seguido por uma caravana de carros enfeitados com hortênsias.

Às 18H30 é lançado um foguete anunciando o início dos festejos, altura em que o primeiro touro sai da gaiola. Até ao pôr-do-sol sairão os restantes. Cada animal anda na rua perto de 20 minutos.
Entre a lide de cada touro existe um intervalo, que ronda um quarto de hora, aproveitado para dar escoamento ao trânsito e para os homens petiscarem nas “tasquinhas” ambulantes mesmo ali à mão. Por ali também andam vendedores de batatas fritas, pevides, amendoins, pipocas e donuts, para além de outras guloseimas. As touradas são uma excelente fonte de receita para as gentes da região. Basta dizer que os negócios ligados aos touros movimentam quase 40 milhões de euros por ano! Uma particularidade: os que moram na zona do arraial preparam mesas fartas para familiares e amigos e mesmo para alguns forasteiros que são convidados a associarem-se ao repasto.
Qualquer pessoa pode arriscar enfrentar o touro e ninguém paga bilhete para assistir ao espectáculo. É tradição as mulheres ficarem nas varandas, ou nos terraços, enquanto os homens se divertem no arraial. São considerados os mais destemidos aqueles que não se afastam muito do bicho.”
Alguns dos que por ali andam ainda não compreenderam que o peso dos anos já lhes roubou a agilidade de outrora e, por mais voltas que dêem, acabam quase sempre por se ensarilhar nos chifres do touro. Quando chega a hora, os que tiverem pernas para fugir correm até se sentirem seguros. Não havendo tempo, trepam muros, portões, árvores, postes de iluminação ou àquilo que estiver mais a jeito.
Outros, menos ágeis, ao verem as coisas mal paradas, atiram-se para o chão, protegendo a cabeça com as mãos, na esperança de não serem colhidos. Muitas vezes safam-se! Mas, mais cedo ou mais tarde, o touro acaba por atirar alguém contra um muro ou, pegando-lhe pelos fundilhos das calças, lança o desgraçado ao ar provocando-lhe uma queda aparatosa.
Mas nem só os que andam na estrada podem sofrer com a passagem do touro. Há pessoas sentadas nos muros que atiçam o bicho. Ora os muros, às vezes, são de construção frágil, compostos por calhaus soltos, uns por cima dos outros, rematados por uma camada de cimento. O bicho investe com tal ferocidade que esfrangalha aquilo tudo, pondo em perigo quem se julgava a salvo dentro do pátio. Se isto acontecer o pânico é geral, com toda a gente a esquivar-se, esbaforida, para a rua.
Se por um lado há pessoas que saem muito combalidas da refrega, outras há que são verdadeiros artistas na arte de escapar às investidas do touro. São os “capinhas” que, com ares de diestro, toureiam com capas improvisadas, guarda-chuvas abertos, uma peça de roupa, etc.
Há também quem enfrente o bicho completamente desarmado. Homem contra o touro. No campo das “touradas à corda”, luta mais leal não há! A única safa que têm, para não serem colhidos, é correr com passo miudinho, em círculos muito apertados, para vergar o touro, cortando-lhe a investida. Chegam a andar tão perto que roçam com a mão, durante alguns segundos, a testa do bicho.
Após a lide, os animais voltam aos campos para voltarem a ser utilizados quando necessário, mas nunca num período de tempo inferior a uma semana. Nas pastagens os touros têm alimentação saudável. São vacinados pelo médico veterinário que também os assiste em caso de doença.

A realização de corridas de “touros à corda” foi adquirindo um conjunto de regras de cariz popular respeitadas por todos. Estas normas definem, através dos riscos brancos pintados na via pública, até onde o touro pode ir, o lançamento de foguetes que anunciam o início e o fim de cada lide, para além de haver o cuidado de os touros terem as pontas dos chifres cobertas por algo que proporcione alguma protecção dos espectadores. Também as casas, muros, varandas e janelas, são tapados com protecções de madeira para evitar prejuízos quando o animal investe contra as coisas.
As touradas podem realizar-se mesmo em dias de condições atmosféricas desfavoráveis.

No final da tourada, a festa continua com “comes e bebes” ao qual os terceirenses chamam o “quinto touro”, que dizem “pegar mais” do que os touros verdadeiros.

Quem estiver interessado em conhecer melhor o que é uma “tourada à corda”, basta digitar, por exemplo: Imagens da Tourada à corda CAJAF na Feteira de 21 de Agosto de 2014.

Obs.- Fotos extraídas da rede social.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Júlio Cirino — Ilha Terceira - Rua da Sé

A Rua da Sé vai do Alto das Covas à Praça Velha. Nesta rua, de casas avarandadas e muito floridas, podemos sentir o pulsar da vida cheia de alegrias que Angra do Heroísmo nos dá. 
Partindo do Alto das Covas temos a Escola do 1.º Ciclo Infante D. Henrique e, logo a seguir, a sede do Sport Clube Lusitânia, clube criado a 24 de Junho de 1922. É a 14.ª Delegação do Sporting Clube de Portugal.
Avançando um pouco, aparece-nos, à esquerda, o Mercado Duque de Bragança e o distinto Teatro Angrense, para além de vários estabelecimentos comerciais a funcionar em casas, com traça antiga, exemplarmente conservadas. Foram estes cuidados que levaram a UNESCO a classificar Angra do Heroísmo como Património Cultural da Humanidade.
Um pouco mais adiante, à direita, vemos, altaneira, a Sé Catedral cuja “primeira pedra” foi colocada, com grande solenidade, em 1570. Porém, em 1 de Janeiro de 1980 a Sé foi violentamente sacudida por um sismo de grande magnitude que, para além de abalar toda a estrutura do edifício, transformou a torre sineira esquerda e parte do frontispício num amontoado de calhaus. Na Terceira, este terramoto causou 51 mortos e mais de 400 feridos. Por terem ficado cerca de 15.000 pessoas sem tecto, o governo, apoiado por países como o Japão, os Estados Unidos, o Canadá, a Coreia do Sul, a Alemanha, a França e o Reino Unido, mandou construir um grande bairro para os desalojados. 
Na noite de 25 de Setembro de 1983 nova catástrofe se deu: um incêndio de grandes proporções fez estragos vultuosos na Sé, destruindo os riquíssimos tectos de madeira e toda a talha dourada e os tubos dos órgãos. Depois de restaurada, foi reaberta ao culto a 3 de Novembro de 1985. 
Ladeando a Sé pela esquerda, vemos uma estátua em memória do Papa João Paulo II que por aqui passou no ano de 1991.
Em 2017 o Bispo de Angra e Açores é D. João Lavrador, natural do Corticeiro (Mira). 
Qualquer festividade mais grandiosa, e por aqui há tantas, faz-se na rua da Sé. No dia de procissão, ou do desfile, as varandas são ornamentadas por colchas riquíssimas. A Praça Velha, existente em frente aos Paços do Concelho de Angra do Heroísmo, é um local dos mais festivos. Nos meses estivais, existem lá dois palcos para a actuação alternada de duas bandas filarmónicas que tocam ao desafio. Neste local também podemos ouvir música tradicional açoriana, bons fados de Lisboa e outros espectáculos tão do agrado dos terceirenses sobre os quais falarei em altura mais apropriada. 
Apesar de na ilha Terceira haver muitas festas, a quantidade de foguetes lançada é diminuta - não mais de dois ou três foguetes de “pum”, de fraca potência, de cada vez. A festa está no coração das pessoas e, normalmente, é celebrada durante 10 dias nas igrejas ou nos “impérios” e à volta da mesa entre familiares e amigos.

Obs:  Fotos extraídas da rede social.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

ILHA TERCEIRA — FORTE DE S. SEBASTIÃO

Crónica de Júlio Cirino

Forte de S. Sebastião
Pousada no interior do Forte

Vacas no local onde se desenrolou a Batalha da Salga, tendo por pano de fundo os ilhéus das cabras 
O Forte de S. Sebastião está localizado no Porto de Pipas e começou a ser construído em meados do Séc. XVI. Dada a sua posição estratégica, foi cobiçado por corsários de várias nacionalidades: franceses, ingleses, argelinos e espanhóis. Por exemplo, em 1581, os terceirenses, ao serviço de D. António Prior do Crato, resistiram galhardamente às investidas da armada de Filipe II, na qual a metralha do Forte de S. Sebastião teve importância preponderante para a debandada da esquadra espanhola na Batalha da Salga. Na famosa carta de 1582, Ciprião de Figueiredo, corregedor dos Açores, mostra bem o pensar dessa gente: “antes morrer livres que em paz sujeitos”. Porém, em 1583, os espanhóis voltaram a investir, desta vez sob o comando de D. Álvaro de Bazan. Após uma luta ardorosa e sangrenta, conseguiram apossar-se da última parcela de território português. 
Mas não foi fácil! Apesar de os invasores já pisarem solo terceirense, numa tentativa extrema de se defenderem, as nossas tropas soltaram perto de 2.000 cabeças de gado o que complicou bastante a investida do inimigo. Foi uma carnificina para os homens, de ambos os lados, e para o gado! 
Em 1943, em plena II Guerra Mundial, as dependências do forte foram cedidas às tropas britânicas. Debaixo do túnel de acesso ao forte, existe uma placa com a seguinte inscrição:

 “Lápide comemorativa da chegada das Forças Britânicas em 8 de Outubro de 1943 de conformidade com as cláusulas de acordo Luso-Britânico, de Agosto de 1943, com o consentimento do Comandante Militar da Terceira brigadeiro João Tamágnini de Sousa Barbosa e o Comandante da Força, Vice-Marechal do Ar Geoffrey Bromet, onde estabeleceram o seu primeiro Quartel-General.” 

Em 2006, o forte foi requalificado em “Pousada Histórica”. Esta pousada está pintada de cor ocre, com as portas e janelas ornamentadas por aduelas brancas. No pátio existe uma pequena piscina, mesmo ao lado da pousada, e um vistoso restaurante no extremo oposto. 

Angra do Heroísmo, 7 de Julho de 2017

sexta-feira, 16 de junho de 2017

ILHA TERCEIRA — CAIS DE ANGRA

Crónica de Júlio Cirino 

Cais de Angra

Igreja da Misericórdia 

Vasco da Gama

O Cais de Angra do Heroísmo é um lugar histórico muito frequentado pelos turistas que visitam a ilha Terceira. Os barcos que por aqui aproam provêem das mais diversas nacionalidades.
No socalco superior do Cais existe a Igreja da Misericórdia, erigida no Séc. XVIII, ladeada pelo Pátio da Alfândega, onde se encontra uma estátua em honra de Vasco da Gama que por aqui passou para enterrar o seu irmão no regresso de uma viagem que fizeram à Índia:

Paulo da Gama hu dos capittães que
acompanharão no descobrimento da Índia Oriental
seu irmão o heróico Dom Vasco da Gama
no ano de 1497 e voltando no de 1449, faleceu o
dito Paulo da Gama na Ilha Terceira e jaz sepultado
nesta capella mór de São Francisco.

O Cais de Angra, agora tão calmo, no passado foi alvo das pilhagens dos piratas e corsários que tentavam apoderar-se das riquezas trazidas pelas naus que aqui aproavam vindas da África, da Índia e do Brasil.

Angra do Heroísmo, 15 de Junho de 2017

segunda-feira, 5 de junho de 2017

CRÓNICA DA ILHA TERCEIRA I — JARDIM DUQUE DA TERCEIRA





Crónica de Júlio Cirino

A ilha Terceira, descoberta entre 1444 a 1449, é uma das mais belas regiões de Portugal. A riqueza da sua cultura e tradições é quase desconhecida no resto do país. Por essa razão, faço o convite para que me acompanhe na visita aos locais mais belos que por aqui podemos encontrar. Comecemos a nossa viagem pelo Jardim Duque da Terceira, um dos ex-líbris da cidade de Angra do Heroísmo.
Para além de muita paz, de pombas e alguns melros à espera de comida (quantas vezes dada pela mão inocente de uma criança), de flores multi-cores, de árvores de origem tropical, de pequenos lagos com pimpões e um coreto, existe um telheiro-biblioteca com um armário destinado à leitura de obras editadas em várias línguas que podem ser consultadas, gratuitamente, por quem estiver interessado. Uma curiosidade: os livros são oferecidos pelos leitores. Próximo de um local conhecido por “canto dos gatos”, existe um busto erigido em honra de Almeida Garrett, com a seguinte inscrição:


“Não tive a fortuna de nascer naquele torrão; 
mas a minha pátria; 
mas a de meus pais; 
mas o meu património;
mas tudo quanto constitui a pátria de um homem, 
é a minha saudosa Ilha Terceira, 
um dos mais nobres padrões da glória portuguesa.”

Almeida Garrett

NOTA: 

1. O meu amigo Júlio Cirino aceitou enviar crónicas para o meu blogue, um gesto de partilha que muito agradeço. Sei que todos ficaremos mais ricos pela oportunidade que teremos de apreciar belezas que descobre no seu dia a dia. 
2. Fotos da Wikipédia