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sábado, 25 de novembro de 2023

CURIOSIDADE- Rio Vouga divinizado

 

Embora o rio da foto não seja o Vouga, a pedra que se vê na foto da Revista História do JN, mês de outubro, que assino, mostra um pequeno altar romano, descoberto há um bom par de anos durante a demolição de uma casa no concelho de Armamar, confirma que o rio Vouga foi divinizado na altura pelos romanos. Aliás, os romanos divinizavam tudo o que na natureza considerassem importante, tal como o Vouga. Na pedra lê-se: VACO/AVITA/VOTO”, o que significa que uma senhora, chamada Avita, mandou esculpir este altar em cumprimento de uma promessa (voto) feita à divindade Vaco (rio Vouga). 

FOTO da Revista HISTÓRIA DO JN

quinta-feira, 28 de julho de 2005

RIO VOUGA: Uma sugestão de passeio

 

  À PROCURA DO NOSSO RIO


Hoje,  proponho um passeio que tanto pode ser perto como longe. Sugiro que se parta à descoberta do nosso Rio Vouga, com paisagens deslumbrantes a desafiarem uma fuga ao stresse. Perto ou longe, ele está sempre à nossa espera para ser admirado e contemplado, sobretudo por olhos pouco habituados à natureza pura, que um rio como o Vouga ainda pode oferecer, por aqui e por ali.
Saia de casa sem meta à vista, para além do rio, e aprecie as belezas das margens do Vouga, que chega a Aveiro à procura do mar, onde quer dormir tranquilamente e tornar-se infinito. Ouça o marulhar cantante das cascatas e sinta o rio, ora apressado ora dorminhoco, à espera de ser mais cantado em prosa ou verso ou registado com cores de artista.
Leve máquina fotográfica, para mais tarde recordar, um caderno para registar um poema que o Vouga lhe possa inspirar, olhos para ver e a alma para ficar inebriada. Vá e não fique sempre agarrado à praia. Há muito mais que ver por aí.

Fernando Martins


Um poema de António Correia de Oliveira

RIO VOUGA

Rios do meu País, línguas de prata, 
Misteriosas bocas de verdura 
Onde sorri a graça das estrelas: 
Convosco falo eu que sei a língua 
Dessa íntima saudade, que é a vossa, 
Por ser a desta terra em que nascestes. ~
Mas só um, de entre vós, fala comigo: 
Só um sabe o meu mal, e o vai chorando 
Por entre as vivas fráguas que lho lembram. 
Só um, vendo cair as minhas lágrimas, 
As recolheu em si, piedosamente, 
Para as dar a beber aos arvoredos. 
E tardou seu andar, só para que elas 
Estrangeiras paisagens amargosas 
Não vissem, nem corressem pelos mares: 
Mas bebidas, assim, pelas raízes 
Florescessem na Terra dos Amores, 
E fossem parte dela eternamente.
Rios do meu País, milagres de água, 
Fundos olhos de moiras prisioneiras 
Entre sombrias árvores, olhando, 
Só um de vós viu já abrir meu peito: 
E, de falar comigo, sabe a lágrimas, 
Enrouqueceu a sua voz profunda, 
És tu, Vouga sagrado!
És tu, ó rio ~ Português de nascença, e até à morte, 
Figura da nossa alma derradeira. 

In Antologia