sábado, 23 de dezembro de 2017

Senos da Fonseca — Amanhã

Amanhã ...

Vem aquecer-me a alma, 
Vem à minha porta
Dizer que ainda
Vale a pena
Por pequena que ainda seja
A pena de tal desdita,
Marear na barca da vida.

E se meu corpo está velho
Meus olhos ainda voam
Com as gaivotas,
Que vão e logo voltam
Guiadas pela minha sombra,
Vêm trazer as saudades
Dos que de mim se apartaram.

Quem parte das saudades se aparta
Quem fica, com elas se afaga.
Fica a alma tão perdida
Sem saber se deve partir
Ou cumprir o seu fadário:
De Natalar neste canto, aqui recolhida
À espera, de se apartar, vencida.


SF  Natal 2017

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Evocando a Dona Rosinda, Parteira



Rosinda Clotilde de Almeida Borrelho, natural de S. Salvador, Ílhavo, onde nasceu a 3 de março de 1928, exerceu a profissão de parteira da Casa dos Pescadores,  na década de 50 do século passado. Trabalhou no Posto Médico de Aveiro, situado na Av. Dr. Lourenço Peixinho, e posteriormente foi colocada no Posto da Gafanha da Nazaré, desde o seu início. Reformou-se por limite de idade.
Entre nós, era conhecida por Dona Rosinda, parteira, que ajudou inúmeros gafanhões a entrarem no mundo, sem regatear esforços para atender as parturientes. Tanto quanto me lembro, era uma profissional serena, disponível e muito experiente, percebendo, exatamente, o momento em que devia sair de sua casa para ajudar quem estava mesmo a precisar dos seus serviços.
Já lá vão algumas décadas quando um dia fui acordado para chamar a Dona Rosinda. Alta madrugada, levantei-me apressado e dirigi-me a sua casa, na Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, rogando-lhe o favor de me acompanhar para um parto. Perguntou-me quando teriam começado as dores e eu lá lhe disse que estariam no início. “Então, venha cá daqui a duas horas”, disse-me ela.
Regressei a casa da parturiente e confirmei o que havia dito à Dona Rosinda. Não fui dormir e na hora combinada bati novamente à sua porta. No meu carro, adiantou-me, com toda a naturalidade, que as dores do parto assustam muito quem está a sofrer e os familiares ou amigos, motivo por que devemos ter isso em conta. Chegou, tranquilizou quem estava, pediu o que tinha a pedir e fez o seu trabalho com toda a tranquilidade. E levei-a, no final, a sua casa.
Escrevo estas notas sobre a Dona Rosinda porque soube que, apesar dos seus 90 anos, está obviamente limitada, mas continua entre nós, viva e rija. Mas também o faço por uma questão de justiça e em jeito de homenagem a uma profissional que, como tantos outros, nas mais diversas atividades, cumpriu os seus deveres com dedicação, superando-se, caindo depois no esquecimento. 
Votos de saúde e paz interior para a Dona Rosinda. 

Fernando Martins

MaDonA — A Prenda

Museu Guggenhein

Basílica de Lourdes




Basílica de Santo Inácio de Loiola 

Cena do Presépio

Cena do Presépio

Com a aproximação do Natal, anda toda a gente num corrupio a fazer as compras para por no sapatinho. Ainda se usará? Eu optaria por um chinelo ortopédico, mais adaptado a uns pés cansados de tanto calcorrear as veredas da vida. Alguém preocupado com a minha saúde já me deu de presente. 
As prendas que a sociedade de consumo fomenta e alimenta, acabam por ser para muitos, a mais importante componente do Natal. Dá-se tudo, aquilo que se desejou ao longo do ano, aquilo que o marketing impõe pelos olhos dentro nos mass media, a que os mais afortunados têm acesso. Os outros, que lutam diariamente pela sobrevivência, ficam-se pela miragem. 
O dinheiro compra tudo, menos aquilo que não tem preço e que só está ao alcance de alguns: uma fatia de tempo, um sorriso magnânimo, dois dedos de conversa a quem está só, um ombro amigo a quem precisa, etc, etc Isto não faz parte do rol das prendas que se trocam pelas festas. São muito dispendiosas, custam os olhos da cara...só para quem pode! 
Apesar de preferir as últimas, ainda sou um pouco materialista (!?) e recebi a minha prenda de Natal antecipadamente. 
Mal entrou dezembro, o Menino Jesus, solícito e sempre atento, depositou-ma na caixa de correio, a clássica, não a eletrónica como se usa hoje em dia. Modernismos à parte, Ele que tudo sabe e tão bem conhece os seus filhos diletos (Serei?) trouxe a esta criatura algo que lhe é muito caro. Nada de guloseimas, vestuário, perfumes, eletrodomésticos...mas sim um cheque viagem, com prazo de validade. Teria que ser usado de três até nove de dezembro. Conhecedor profundo do gosto que esta criatura tem de conhecer, enfim, andar por este mundo de Cristo, satisfez-lhe este desejo. 
Desta vez, conduziu-a ao País Basco, outrora tão badalado pelas lutas independentistas, mas agora mergulhado na maior tranquilidade 
Uma pausa, após a longa viagem, foi feita nas Termas de Cestona, em Zestoa, num ambiente rodeado de montanhas e coberta por uma exuberante vegetação. Fomos a banhos, num antigo edifício de construção renascentista, em que o salão de jantar de tetos altos e lustres magníficos nos deleitava com o espetáculo de pinturas murais 
Aí perto ficam as praias de Zumaia e Zarautz convidativas na estação quente. 
Como a oferta foi feita pelo Menino Jesus, o grupo resolveu fazer turismo religioso, seguindo a rota das catedrais, a iniciar no País Basco, em Loyola. 
O Santuário construído na casa natal de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus dos padres jesuítas, localiza-se em Azpeitia. 
É de estilo barroco, destacando-se a sua cúpula de 24 metros de diâmetro. O museu que integra o majestoso monumento é um repositório de arte sacra do século XVIII. 
Dada a relativa proximidade, demos uma saltada a Bilbau, onde visitámos o Museu Guggenheim. De arquitetura moderna, vanguardista, passou a fazer parte de um plano de desenvolvimento maior, cujo objetivo era renovar e modernizar a cidade industrial. Quase imediatamente após sua abertura em 1997, o Guggenheim de Bilbau tornou-se uma atração turística popular, com visitantes de todo o mundo. 
Embora a forma metálica exterior pareça uma flor observada pelo topo, o edifício mais se assemelha a um barco visto do solo, evocando o passado industrial portuário da cidade. Construído em titânio, calcário e vidro, as curvas aparentemente aleatórias do exterior são projetadas para captar a luz e reagir ao sol e ao tempo. 
A imponência deste museu fica-se pela arquitetura do edifício de linhas ousadas e materiais inovadores 
Em seguida e porque estávamos a dois passos da fronteira, rumámos a Lourdes onde Nossa Senhora é venerada após a sua aparição, no dia dia 11 de fevereiro de 1858, a Bernadette Soubirous, na gruta de Massabielle. Era uma camponesa de 14 anos, enquanto recolhia lenha com a irmã e uma amiga. Este santuário mariano é local de concentração de peregrinos que acorrem de todas as partes do mundo. Lado a lado com a sumptuosidade da basílica, convivem as lojinhas, onde se vende toda a espécie de artigos religiosos e outros, levados como souvenirs. De entre toda a amálgama de artefactos e bugigangas saltou-me à vista a quantidade enorme de pequenos bidãos de plástico para transporte de água de Lourdes, local sagrado. 
De regresso ao país basco, visitámos a Catedral de Burgos, um dos monumentos mais bonitos da arte gótica, que mereceu o título de Património Mundial da Humanidade em1984. A sua construção foi iniciada em 1221, seguindo os padrões góticos franceses. Possui modificações importantes nos séculos XV e XVI, como as que incluíram o pináculo da fachada principal e a cúpula do transepto, elementos de gótico flamejante que conferem ao templo o seu perfil único e inconfundível. 
Para terminar em beleza, após a despedida de nuestros hermanos, no regresso, pernoitámos no Sabugal. Em gratidão ao Menino Jesus, o patrocinador da viagem, fomos visitar o presépio, organizado pela autarquia, que merece uma apreciação detalhada pela sua espetacularidade. Uma notável recriação da vida social do tempo, a uma escala, que quase envolve o visitante nas cenas do quotidiano, retratadas com enorme realismo. 
Obrigada Menino Jesus. 

3 a 10 de Dezembro 

M.ª Donzília Almeida 

Anselmo Borges - O Menino Jesus de Fernando Pessoa


"O seu Menino Jesus representa a procura terna e eterna da paz e da reconciliação, na simplicidade daquele Menino eternamente criança e humano."

1 - Ainda era Outubro e já havia anúncios comerciais lembrando o Natal. Já se esqueceu que o Natal de Jesus é o Natal do Emanuel, o Deus connosco, e, consequentemente, o Natal da dignidade divina da pessoa humana, da liberdade, da fraternidade, dos direitos humanos, da igualdade radical de todas as pessoas. Isso foi lembrado pelos grandes: Hegel, Ernst Bloch, Jürgen Habermas, entre outros. Esquecendo o essencial, fica-se afundado na correria das compras e na concorrência opressiva das prendas, dentro da sofreguidão consumista insaciável, lembrando o velho mito do tonel das Danaides. E será o inessencial e o cansaço.

2 - Fernando Pessoa, o génio da melhor literatura mundial de sempre, também confessou o seu cansaço. Mas, ele, ele era por causa do mais profundo e essencial: o pensar: "O cansaço de pensar, indo até ao fundo de existir,/Faz-me velho desde antes de ontem com um frio até no corpo." "O que há em mim é sobretudo cansaço/ (...)/ Um supremíssimo cansaço/íssimo, íssimo, íssimo,/Cansaço..." Por isso, suspirava por voltar à inocência dos tempos de criança. O Menino Jesus seria o reencontro da inocência perdida: "Num meio-dia de fim de Primavera/Tive um sonho como uma fotografia./Vi Jesus Cristo descer à terra./Veio pela encosta de um monte/Tornado outra vez menino,/A correr e a rolar-se pela erva/E a arrancar flores para as deitar fora/E a rir de modo a ouvir-se de longe./Tinha fugido do céu. Era nosso de mais para fingir/De segunda pessoa da Trindade./(...)/ No céu tinha de estar sempre sério/(...)./Um dia que Deus estava a dormir/E o Espírito Santo andava a voar,/Ele foi à caixa dos milagres e roubou três./Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido./Com o segundo criou--se eternamente humano e menino./Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz/E deixou-o pregado na cruz que há no céu/E serve de modelo às outras./Depois fugiu para o Sol/E desceu pelo primeiro raio que apanhou./Hoje vive na minha aldeia comigo/É uma criança bonita de riso e natural./(...)/A mim ensinou-me tudo./(...)/Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro./Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava./Ele é o humano que é natural,/Ele é o divino que sorri e que brinca./E por isso é que eu sei com toda a certeza/Que ele é o Menino Jesus verdadeiro./ (...)/A Criança Eterna acompanha-me sempre./A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando./O meu ouvido atento alegremente a todos os sons/São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas./Damo-nos tão bem um com o outro/Na companhia de tudo/Que nunca pensamos um no outro,/Mas vivemos juntos e dois/Com um acordo íntimo,/Como a mão direita e a esquerda./Ao anoitecer brincamos às cinco pedrinhas/(...)/Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens/E ele sorri, porque tudo é incrível./Ri dos reis e dos que não são reis,/E tem pena de ouvir falar das guerras,/E dos comércios, e dos navios/Que ficam fumo no ar dos altos mares./Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade/Que uma flor tem ao florescer/E que anda com a luz do Sol/A variar os montes e os vales/E a fazer doer aos olhos os muros caiados./Depois ele adormece e eu deito-o./Levo-o ao colo para dentro de casa/E deito-o, despindo-o lentamente/E como seguindo um ritual muito limpo/E todo materno até ele estar nu./Ele dorme dentro da minha alma/E às vezes acorda de noite/E brinca com os meus sonhos./Vira uns de pernas para o ar,/Põe uns em cima dos outros/E bate as palmas sozinho/Sorrindo para o meu sono./... Quando eu morrer, filhinho,/Seja eu a criança, o mais pequeno./Pega-me tu ao colo/E leva-me para dentro da tua casa./Despe o meu ser cansado e humano/E deita-me na tua cama./E conta-me histórias, caso eu acorde,/Para eu tornar a adormecer./E dá-me sonhos teus para eu brincar/Até que nasça qualquer dia/Que tu sabes qual é./... Esta é a história do meu Menino Jesus./Por que razão que se perceba/Não há-de ser ela mais verdadeira/Que tudo quanto os filósofos pensam/E tudo quanto as religiões ensinam?"
Em apontamentos soltos, o próprio Fernando Pessoa reconheceu que escreveu "com sobressalto e repugnância o poema oitavo de O Guardador de Rebanhos com a sua blasfémia infantil e o seu antiespiritualismo absoluto", dizendo ao mesmo tempo: "Na minha pessoa própria, nem uso da blasfémia nem sou antiespiritualista." O seu Menino Jesus representa a procura terna e eterna da paz e da reconciliação, na simplicidade daquele Menino eternamente criança e humano.
Fernando Pessoa "ele mesmo" - ele era muitos, como cada um de nós é muitos; se assim não fosse, como poderíamos entender-nos uns aos outros e a nós próprios? - também escreveu: "Grande é a poesia, a bondade e as danças.../Mas o melhor do mundo são as crianças,/Flores, música, o luar e o sol, que peca/Só quando em vez de criar, seca./O mais que isto/É Jesus Cristo,/Que não sabia nada de finanças/Nem consta que tivesse biblioteca..." E assim chega mesmo a caminhar de mãos dadas com Deus: "Por isso, a cada passo/Que meu ser triste e lasso/Sente sair do bem/Que a alma, se é própria, tem,/Minha mão de criança/Sem medo nem esperança/Para aquele que sou/Dou na de Deus e vou."

3 - Fica aqui o meu mais vivo desejo de Boas Festas para todos, lembrando que o essencial do Natal é Jesus, como disse o Papa Francisco no passado dia 17, quando fez 81 anos: "Se retirarmos Jesus, o que é o Natal? Uma festa vazia."

Anselmo Borges no Diário de Notícias

Georgino Rocha — De Maria, nasce Jesus, o Filho de Deus


Convite aceite

Deus bate à porta de um par de noivos, surpreende-os nos seus sonhos familiares e faz-lhes uma proposta aliciante, embora estranha e perturbadora. Quer dar início à nova fase do projecto que tem em curso desde a criação do mundo: repor a dignidade original do ser humano que, entretanto, tinha sido ferida pelo pecado, e abrir-lhe os horizontes de novidade insuspeitos.
Os noivos habitam em Nazaré, são gente humilde e honrada, vivem os esponsais e aguardam, em esperança confiante, a fase que se segue: habitar juntos. Ela é Maria e ele, José. Cada um, a seu modo, tem o coração posto no futuro que se avizinha. Ambos, sem dúvida, partilham a expectativa messiânica, como bons judeus, e aguardam a sua realização. Ambos são surpreendidos pelo convite do enviado de Deus que pretende a sua colaboração generosa e pede a aceitação correspondente. Maria vai ser a Mãe do Filho de Deus, o Emanuel, a quem será dado o nome de Jesus. José terá a missão de velar pela família e garantir o seu sustento, ser responsável legal, inserir na história que remonta a David a nova situação criada.
Lucas e Mateus, autores dos relatos destes episódios como eram vividos pelas comunidades a que dirigiam os seus escritos, mostram a reacção de perturbação e medo dos convidados. Em tons diferentes e propósitos diversos. Nem era para menos! Imagine cada um o sobressalto que teria se a “coisa” fosse consigo. O enviado de Deus dá explicações que reforçam a grandeza da missão que lhes vai ser confiada e o desejo intenso de que aceitem. O que vem a acontecer, felizmente. E deixa a claro o respeito pela liberdade humana, iluminada pela verdade descoberta e assumida.
O domingo, que celebramos hoje, traz-nos a figura de Maria, ficando a de José para outra vez. Vamos seguir os passos do texto proclamado. Está elaborado, em estilo claro e atraente, para ser um ensinamento sapiencial à maneira de memória agradecida pelo que aconteceu e não tanto para fazer um relato histórico, como agora se entende.
É encantador o modo como o Anjo se aproxima de Maria: “Tendo entrado onde ela estava”, diz o narrador. Que suavidade e delicadeza! Nada que se compare a visitas ou aparições temerosas como a alguns profetas ou mesmo a Saulo de Tarso. Parece que pede licença para lhe falar ou que quer identificar o espaço em que habita: uma casa de família, onde decorre a vida normal. Nada de esplendoroso como o Templo de Jerusalém onde acontece o anúncio a Zacarias de que ia ser pai de João. A escolha do Anjo é significativa e indicia o valor do quotidiano, da ocupação diária, do tempo, do corpo, da relação entre as pessoas, da interioridade pessoal e da consciência iluminada pela razão inteligente e pela fé esclarecida. E deixa-nos o convite a valorizar o nosso dia-a-dia, as tarefas chamadas rotinas, onde o amor discreto quer brilhar.
“Alegra-te, cheia de graça”, assim começa a saudação do anjo visitador. Dá-lhe um novo nome. Ela é Maria por registo familiar; agora é a cheia de graça por indicação divina; no fim do diálogo, vai ser a serva do Senhor por decisão pessoal. É sempre a mesma jovem, filha de Ana e de Joaquim, seus humildes pais.
“O Senhor está contigo”. Por isso, não temas. Serena. Escuta o que Deus sonha para a humanidade por meio de ti: O Filho do Altíssimo, o herdeiro das promessas a David, aquele que vai iniciar um reinado sem fim, esse nascerá de ti por acção do Espírito Santo. E Maria evolui interiormente: Da perturbação e perplexidade face ao anúncio, passa à pergunta de esclarecimento, ao assentimento e abandono confiante expresso na entrega incondicional: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
Gabriel, o anjo visitador, faz memória de alguns feitos de Deus para libertar o coração de Maria da perturbação sentida. E ela escuta e atende. Esta atitude diz-nos que a fé em nós nasce da palavra, que há necessidade de conservar no coração o que vem da parte de Deus, que só a coerência de vida é resposta adequada ao seu acolhimento incondicional. Como seria bom cultivarmos o amor à Palavra de Deus que abre novos espaços à nossa vida!
Após receber o consentimento de Maria, a serva do Senhor, o anjo retirou-se. Como chegou, assim partiu. Sem mais recomendações, nem alaridos. Com plena confiança, deixa o precioso legado a germinar nas entranhas da que vai ser Mãe. Com plena liberdade. E responsabilidade, também. Que respeito e discrição! Aqui e agora, o silêncio de Deus mostra toda a sua fecundidade. E a sua transcendência toma o rosto sereno de uma criança prestes a nascer.

Georgino Rocha

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Já estamos no Inverno


Já estamos no Inverno. Oxalá ele venha com chuva, mas não com frio. No inverno da vida, precisamos muito de temperaturas mais amenas, se possível. Contudo, a chuva própria desta estação faz muito jeito a toda a natureza, incluindo as pessoas. A água é já um bem escasso em muitos recantos do mundo, pelo que será bom lembrar que importa preservá-la, poupando-a e evitando a poluição. E que nos lembremos também de quem vive em zonas áridas, sem água à vista. 
Para elucidar os meus habituais leitores, sirvo-me hoje de um texto que transcrevo do Observatório Astronómico de Lisboa. Leia, por favor: 

«Este ano o Solstício de Inverno ocorre no dia 21 de Dezembro às 16h 28min. Este instante marca o início do Inverno no Hemisfério Norte, estação mais fria do ano. Neste dia, o sol no plano da eclíptica passará pela declinação mínima (latitude ao equador) de -23° 26′ 5″, atingindo o máximo de fluxo de energia solar (J/m2) no hemisfério sul do planeta.
Produz também um dos dias mais curtos do ano no hemisfério norte: apenas 9h e 27min 4s em Lisboa. O dia 21 é igualmente curto até à casa dos segundos. A duração do dia será de: 9h e 8minem Bragança; 9h e 12min no Porto; 9h e 18min em Coimbra; 9h e 21min em Castelo Branco; 9h e 29min em Évora; 9h e 33min em Ponta Delgada; 9h e 37min em Faro; 10h e 0min no Funchal;
Esta estação prolonga-se por 88,99 dias até ao próximo Equinócio que ocorre no dia 20 de Março de 2018 às 16h 15min.
Solstícios: pontos da eclíptica em que o Sol atinge as posições máxima e mínima de afastamento (altura) em relação ao equador, isto é, pontos em que a declinação do Sol atinge extremos: máxima no solstício de Verão e mínima no solstício de Inverno.
A palavra de origem latina (Solstitium) está associada à ideia de que o Sol devia estar estacionário, no movimento de afastamento ao equador, ao atingir a sua mais alta ou mais baixa posição no céu.»

O nosso Menino Jesus já está connosco


Razões diversas provocaram um atraso na chegada do Menino Jesus. Obras em casa têm os seus custos. Porém, tudo terminou a seu tempo, porque, afinal, é sempre tempo de nos revermos no nosso Menino Jesus que está na família há décadas. Em corpo e em espírito.
Um dia destes tentámos acertar as contas, mas as provas reais nunca bateram certo. Certo é que o nosso Menino Jesus, desde há muito, se apresenta vestido a rigor, não vá dar-se o caso de se constipar com o frio e a humidade próprios da quadra.
De facto, há bastantes anos a Lita pôs-se a meditar e chegou à conclusão de que Nossa Senhora, se visse como apresentam o seu e nosso Menino Jesus quase nuzinho,  nas igrejas e em espaços comerciais, mas ainda em casa de gente cristã, ficaria zangada, ela que tantos cuidados teve com o seu querido filho desde que o ofereceu a todos os homens de boa vontade. Depois dessa meditação, a Lita não hesitou e vestiu o nosso Jesus com roupinhas quentinhas e à sua medida, feitas com muita ternura. E assim ficou até hoje.

Bom Natal para todos.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Câmara de Ílhavo solidária com Pedrógão Grande





Não podendo passar ao lado da catástrofe dos incêndios que se abateram no nosso país, com as consequências dramáticas de todos conhecidas, nomeadamente na região de Pedrogão Grande, a Câmara Municipal de Ílhavo acaba de doar o bacalhau para um jantar de Natal promovido pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande e destinado a um universo de 200 pessoas dos concelhos atingidos pelos incêndios. Este jantar terá lugar em Castanheira de Pera no dia 25 de dezembro e nele deverá participar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. A autarquia ilhavense faz jus à sua qualidade de Capital do Bacalhau. Trata-se de um gesto que me apraz registar. 

Fonte: CMI

Ponte-cais da Bestida renovada em 1938



Este é verdadeiramente um postal ilustrado (preto e branco) da ponte-cais renovada da Bestida, Murtosa, com data de 1938, a caminho, portanto, os 80 anos. Quem nos brindou com esta evocação foi o Porto de Aveiro com o intuito, garantidamente, de tornar presente marcas da passagem do tempo.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O LIVRO


"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, 
um cego que guia, um morto que vive."

Padre António Vieira

Li no Citador

Nota: O Padre António Vieira, que viveu no séc. XVII, tinha realmente uma capacidade de síntese enorme. Nos sermões, obras primas da oratória e da arte de escrever, dizia grandes  verdades de forma tão simples e bela. Apreciem como numa  frase é capaz de ideias tão expressivas.

NATAL À BEIRA-RIO




É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta. 

Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado... 

É noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra. 

Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
à beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?


David Mourão-Ferreira,
in 'Obra Poética'

domingo, 17 de dezembro de 2017

Papa celebra o seu 81.º aniversário



O Papa Francisco completou hoje, 17 de dezembro, a bonita idade de 81 anos. Nesta hora, não posso deixar de admirar a sua paixão pela Trindade Divina, sendo responsável máximo pela Igreja que ama como provavelmente mais ninguém. 
Diariamente, sem cansaço nem tibiezas, sem medos nem hesitações, acorda o mundo para os frutos dos nossos comodismos e indiferenças, bem patentes nas injustiças dilacerantes que assolam milhões de seres humanos em todos os quadrantes da Terra. Sente-se envergonhado pelo mal que fazemos e pelo bem que não fazemos, pelos nossos orgulhos e preconceitos, mas também pelos nossos olhares de soslaio para quem tem fome e sede de justiça, pelas guerras que alimentamos e pela paz que nos recusamos a construir.
O Papa Francisco, que veio do outro lado do mundo para acordar uma Igreja adormecida, uma Igreja do luxo e de vaidades, não se cansa de bradar para que os católicos e demais homens de boa vontade saiam em força para as periferias, onde importa, quanto antes, levar Cristo aos deserdados, aos famintos de verdades salvíficas e do pão reconfortante, deixando os adros das igrejas à espera dos peregrinos que se perderam nos caminhos da vida por falta da Luz que ilumina valores de paz, alegria e fraternidade. O Papa quer uma Igreja pobre de bens e rica de amor para os feridos pela sociedade do descartável. Uma Igreja sem pompa imperial, mas aberta à partilha. 
Que Deus Todo Poderoso abençoe o Papa Francisco, são os meus votos.

Detesto ser enganado




Eu nunca gostei de ser enganado, mas há quem goste. Frequentemente deparo-me com gente que me quer impingir publicidade de alguém que faz curas milagrosas com «resultados máximos em 7 dias». E vai mais longe, o próprio ou o empregado do “espiritualista”: ajuda a resolver casos, «graves ou de difícil solução», tais como «saúde, amor, negócios, união familiar, desviar ou prender, afastar ou aproximar pessoas amadas, exames, doenças, vícios de alcoolismo e droga, impotência sexual, maus olhados, invejas, etc…» Também lê a sorte e faz trabalho à distância. Garante que o pagamento é feito após resultados. No papelinho, que encontrei preso no limpa-vidros do meu carro, estão bem claros os seus contactos, que não reproduzo para não alimentar tais publicidades.
Confesso que fico perplexo perante a indiferença das autoridades que permitem estes negócios, que também aparecem em alguns jornais, revistas e até televisões, dando pelo nome de cartomantes, horóscopos, tarot, búzios, bolas de cristal, pulseiras magnéticas, astrologia e equiparados, poderes de falar com o diabo ou com as almas do outro mundo, que nada têm de científico. E o povo, na sua ignorância, infantilidade mental, talvez desesperado, decerto à procura de sorte ou de riqueza sem trabalhar, vingativo e desejoso de fazer mal a alguém, procurando passar nos exames sem estudar, etc… etc…, vai na onda. 
Há tempos, uma dessas “artistas” que põem cartas na mesa, numa televisão, em resposta a uma pergunta de um consulente, disse: a menina Carolina (nome fictício) está bem de amores, há uns desentendidos, mas tudo vai ficar bem, brevemente. E o consulente atira: Olhe que a menina só tem quatro anos. A “artista” ficou atrapalhada… sorriu, e continuou o trabalhinho. E assim se ganha a vida à custa dos papalvos. E as autoridades, caladinhas. Será que essa gente paga impostos? Se calhar, é por isso. 

Fernando Martins

Bento Domingues — Jesus nasceu para descrucificar



“Jesus Cristo, com as palavras que lhe são atribuídas nos quatro evangelhos, é a figura que mais me interessa. Continuo a achar que, independentemente de ele ter dito aquelas palavras ou não, elas são as coisas mais extraordinárias que foram ditas à face da terra. Por exemplo, quando leio para mim o Novo Testamento estou num mundo maravilhoso que é só meu e me preenche muito, animicamente, espiritualmente. Apesar de ser um linguista crítico-histórico, não sou um ateu a traduzir a Bíblia. Serei sempre, até ao último segundo da minha vida, um apaixonado por esse judeu chamado Jesus de Nazaré.”

Frederico Lourenço


1. Estamos na quadra litúrgica do Advento, mas tudo parece encenado e polarizado apenas pela memória do nascimento de Jesus, alimentando um terno imaginário da infância, com alguma e passageira solidariedade, própria da estação, sem, no entanto, tocar nos alicerces da sociedade. É como se nada estivesse para acontecer.
Os textos das celebrações do Advento vão, pelo contrário, noutra direcção: é hoje que podemos acolher a graça da nossa transformação interior que nos associe, de forma activa, às mais diversas iniciativas sociais, culturais e políticas da construção de uma cultura da justiça e da paz, a nível local e global. O Espírito do Natal é Aquele que suscitou o canto subversivo de Maria de Nazaré.
As preocupações com as indispensáveis reformas das “cozinhas eclesiásticas” da Igreja, se não estiverem centradas no estilo da prática histórica de Jesus Cristo e nas urgências dos mais carenciados das nossas sociedades, acabam por nos fazer esquecer que somos nós, a Igreja, que precisamos de reforma permanente. 
Frederico Lourenço — a grande figura portuguesa da cultura bíblica fora das sacristias — recorda-nos que os Evangelhos têm, ainda hoje, em 2017, o potencial para mudar o mundo para radicalmente melhor. Sublinha comovido: “Jesus Cristo, com as palavras que lhe são atribuídas nos quatro evangelhos, é a figura que mais me interessa. Continuo a achar que, independentemente de ele ter dito aquelas palavras ou não, elas são as coisas mais extraordinárias que foram ditas à face da terra. Por exemplo, quando leio para mim o Novo Testamento estou num mundo maravilhoso que é só meu e me preenche muito, animicamente, espiritualmente. Apesar de ser um linguista crítico-histórico, não sou um ateu a traduzir a Bíblia. Serei sempre, até ao último segundo da minha vida, um apaixonado por esse judeu chamado Jesus de Nazaré.” [1]
Muitos anos antes, numa entrevista de 1978, Eduardo Lourenço mostrou a verdade da nossa condição, na própria referência cristã: “Cristo é o momento (sem limite de tempo) em que a humanidade tomou forma humana. [...] Foi crucificado, não por querer ser deus, mas por ensinar o que era ser homem. Dois mil anos passaram sem que esquecêssemos nem aprendêssemos a lição.” [2]
Num belo livro, traduzido por José Sousa Monteiro, deparo com a confissão do marxista Milan Machovec: “O coração duma freira desconhecida que se dedica a uma criança incurável, só poderia ser substituída por uma teoria da história, por um estúpido e um idiota [...]. Pessoalmente, não me traria grande desgosto o facto de a religião acabar. Mas se tivesse de viver num mundo no qual Jesus fosse inteiramente esquecido, então preferia não continuar a viver” [3].
Como escreveu o dominicano E. Schillebeeckx, para Jesus, a história dos seres humanos é a narrativa de Deus acolhido ou recusado [4].

2. Para o imaginário do Evangelho de S. Lucas, a festa do nascimento de Jesus aconteceu num curral iluminado pela luz do céu, acompanhada pela música dos anjos e rodeado de pastores e estrangeiros. Tudo aconteceu à margem do Templo de Jerusalém e dos palácios imperiais. Aliás, Jesus com o comércio do Templo teve uma relação muito agreste e só conheceu os palácios quando estava a ser julgado e condenado à pena capital. A sua coroa foi de espinhos e o seu trono foi uma cruz.
Esta apresentação testemunha um profundo contraste, mas pode cair na perversão do próprio Evangelho de Cristo, sugerindo que Jesus veio sacrificar-se e semear mais sacrifícios no mundo. Porque será mantida a cruz como símbolo cristão, quando o que Jesus procurava era, precisamente, descrucificar?
A minha hipótese de interpretação é outra, bastante simples, mas que importa explicar. A cruz, a sentença de morte mais bárbara e cruel, fazia parte do mundo que Jesus queria mudar. Então, por que continua a funcionar como um símbolo cristão, quando ela é anti-humana, anticristã?
Ao contrário do que se repete há séculos, Jesus Cristo não desejou nem santificou a cruz. Alterou-lhe, porém, a significação de forma radical. Foi-lhe imposta, num julgamento iníquo, por ele recusar trair o seu projecto. Tornou-se, deste modo, o símbolo da fidelidade inquebrantável, o signo da extrema generosidade. A presença de sinais da cruz, desde o baptismo até à morte, diz que é preciso dizer não à crucifixão da vida e dizer sim à generosidade libertadora, no dia-a-dia.
Tudo isto vem confirmado no trecho do Evangelho escolhido para a celebração da Eucaristia, do passado dia 6: estava Jesus sentado junto ao mar da Galileia e uma grande multidão veio ter com ele e lançou-lhe, aos pés, coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros [5].
Se o mestre fosse um pregador de sacrifícios dizia-lhes: estais mal? Ainda bem. Assim podeis santificar-vos e, um dia, sereis muito felizes no céu.

3. Jesus não acreditava nessa mística. Curou-os e organizou, com pouca coisa, um grande banquete popular. A multidão ficou admirada ao ver os mudos a falar, os aleijados a ficar sãos, os coxos a andar, os cegos a ver e todos a comer até sobrar.
Poder-se-á dizer: porque não deixou a fórmula? Seria uma alternativa muito barata dos serviços de saúde, públicos e privados. Mas ele não veio para nos substituir.
Já na apresentação do seu programa, em Nazaré, ficou claro que o mundo tinha de começar mesmo a mudar. Deus não podia ser o da ira de Iavé, mas o da pura graça do amor. Diz a narrativa evangélica que, nesse momento, os seus conterrâneos o julgaram um subversivo e, por isso, quiseram acabar logo com ele [6].
Os seus comportamentos eram, de facto, estranhos: andava em más companhias, com quem comia e bebia, a ponto de lhe chamarem “comilão e beberrão”; aceitou o convívio de mulheres que não eram todas exemplos de virtude; violava, sistematicamente, o Sábado — o dia mais sagrado da sua religião — com curas que bem podia fazer noutros dias [7].
Não deixou fórmulas ou receitas que pudessem ser transformadas em rituais. A sua prática é um desafio à imaginação de todos os homens e mulheres, de todos os tempos, a usarem os seus talentos, as suas capacidades, não para cavar distância entre ricos e pobres, mas para as eliminar, pois não suporta ver uns à porta e outros à mesa, uns em banquetes requintados e outros na miséria [8].

Frei Bento Domingues no PÚBLICO


[1] Frederico Lourenço, Entrevista, in Ler, Outubro 2017, n.º 147
[2] Eduardo Lourenço, in Opção, n.º 97, pp. 2-8, Março 1978
[3] Cf. VV. AA., Os marxistas e Jesus, Iniciativas Editoriais, Lisboa 1976, pp. 88 e 98
[4] Edward Schillebeeckx, L’histoire des hommes, récit de Dieu, Cerf, Paris 1992
[5] Mt 15, 29-37
[6] Lc 4, 16-30
[7] Lc 7; 8; 13, 10-17
[8] Lc 16, 19-31

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