sábado, 30 de abril de 2022

Contra a guerra. A coragem de construir a paz

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Pela enésima vez estamos perante a barbárie, porque perdemos a memória: esquecemos a História, esquecemos o que nos disseram os nossos avós, os nossos pais.

A quem é que, perante as imagens de horror desta guerra na Ucrânia ditada por um megalómano humilhado e insensato - mortes incontáveis, a tragédia de valas comuns, milhões de deslocados e refugiados, mulheres, crianças, idosos em total desamparo, na falta de tudo, quando nada é poupado à destruição: maternidades, escolas, hospitais -, não vieram já as lágrimas aos olhos?
O Papa Francisco não se cansa de clamar contra a guerra e apelar à paz: "Em nome de Deus peço-vos : parem este massacre!" "Um massacre sem sentido" e de "uma crueldade inumana e blasfema". Por ocasião da celebração da Páscoa ortodoxa, no fim de semana passado, ele, a ONU, o Conselho Mundial das Igrejas apelaram a um cessar-fogo, também para abrir a possibilidade de corredores humanitários, mas não foram ouvidos. Quero sublinhar que, atendendo às celebrações pascais, o arcebispo de Munique, cardeal Reinhard Marx, foi particularmente duro na saudação pascal. Chamou "perversos" aos líderes religiosos que, como o Patriarca de Moscovo, Kirill, apoiam a guerra na Ucrânia, lamentou que ao longo da História "os cristãos tenham usado a violência sob o sinal da cruz", algo que se repete hoje "na guerra actual, com cristãos baptizados a matar outros cristãos e recebendo o apoio de líderes das suas Igrejas".

Só vejo casas semeadas

Gostaria de ter paciência, força física e gosto pelos serviços do quintal. Para uns, como a Lita, o quintal é um refúgio, um prazer, direi mesmo, uma paixão. Por ali anda, serena, sem pressas, dando sementes às galinhas e ao galo,  repartindo uns petiscos pelos  gatos. Enche uma taça de barro de água fresca, onde a passarada dá uns mergulhos e bebe uma boas pingas. 
No regresso, há sempre couves frescas, laranjas, ovos, limões e um ar de felicidade que só eu sei quanto é autêntico. Mas eu, não. Olho o ambiente, aprecio os pinheiros, contemplo as nuvens sem as habitar, dou uma volta e se não tenho um cadeirão à mão regresso às minhas comodidades caseiras.
Dirão os meus amigos que não sei apreciar a importância do contacto real com a natureza, rejuvenescendo-a com alguns cuidados. Estão enganados. Faço o que posso sem exceder as minhas resistências e competência, mais débeis as primeiras.
Gafanhão que se preza, sabe muito de quintais e lavouras e eu não fujo à regra. Porém, olho à volta pelas ruas por onde passo e quase só vejo casas semeadas. Há poucas décadas, os aidos e demais terrenos brilhavam de viçosos, mas hoje estão cheios de ervas daninhas. Se a fome atacar, voltarão a brilhar.

F. M.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

FOLHAS, LETRAS & OUTROS OFÍCIOS 19

 FOLHAS, LETRAS & OUTROS OFÍCIOS 19 é mais uma edição do Grupo Poético de Aveiro com capa de Jeremias Bandarra, recentemente falecido. Trata-se de um trabalho coordenado por Anabela Oliveira, Carla Ribeiro, João Rasteiro e Rita Capucho. 
O Grupo Coordenador diz, a abrir, com o título "Eu vim do chão", que "Hoje, mais do que nunca, é o tempo da memória, e dessa memória a utopia de criar futuro, de criar um chão vivo, pois tal como refere a recente premiada com o Prémio Camões, Paulina Chiziane, ela, e nós, vimos do chão".
Este livro, o 19.º, insere nas suas páginas poetas e escritores multifacetados de Aveiro, base essencial do Grupo Poético desta cidade dos canais, mas vai mais além com "outros nomes maiores da Poesia Portuguesa e Espanhola, da poesia em língua portuguesa e espanhola". São 300 páginas de escritos variados, desde a poesia que eu considero mais normal até à poesia experimental portuguesa, passando por prosa poética, prosa, ensaio e recensão crítica. A ilustração é de Lúcia Seabra, Milú Sardinha, Rosa Galvão e Tânia Sardinha.
Para além da poesia e prosa comuns, importa chamar a atenção dos leitores para a prosa poética, não muito falada mas bastante expressiva, e para a poesia experimental portuguesa, menos conhecida, mas muito desafiante, onde houve a preocupação de homenagear poetas que já não estão entre nós, "alguns dos quais pioneiros, impulsionadores e teorizadores da poesia experimental em Portugal".
Foi com gosto que voltei à leitura de poetas e escritores que já conhecia e de outros a que nunca tive acesso. E reconheço que a prosa poética e a poesia experimental são excelentes desafios à nossa imaginação e sensibilidade. Todo o livro, no fundo, proporciona, garantidamente, bons momentos de prazer a quem se der ao cuidado de o ler e reler.
Os meus parabéns para o Grupo Poético de Aveiro, que nos tem brindado com edições de qualidade, que merecem, por isso, ser divulgadas e apreciadas. 
No meu blogue terei oportunidade de apresentar alguns trabalhos desta seleção do Grupo Poético de Aveiro.

F. M.

Dia Mundial da Dança — É importante que dance



O Dia Mundial da Dança celebra-se todos os anos a 29 de abril. A data foi criada em 1982 pelo Comité Internacional da Dança da UNESCO. Neste dia nasceu Jean-Georges Noverre, que foi um dos grandes nomes mundiais da dança. Tenho para mim que todos, velhos e novos, podemos celebrá-lo com toda a facilidade. Se não tiver companhia, dance sozinho. O importante é que dance.

Refazer a esperança. Jesus orienta os discípulos na missão

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo III da Páscoa



Jesus, o Senhor ressuscitado, aparece aos discípulos na margem do mar de Tiberíades. Era o romper da manhã de um novo dia. E diz-lhes: “Rapazes, tendes alguma coisa de comer?” É neste cenário que surge a novidade que quer transmitir-lhes, a eles e a nós. Jo 21, 1-19.
O «Homem de Nazaré» não se deixa confinar: nem pelos laços familiares, nem pelo seu grupo de discípulos, nem pela Lei, nem pelas representações feitas dele, nem pela morte, afirma Jacques Gaillot. Ele não ficou prisioneiro do túmulo. Ressuscitado dos mortos, Jesus está vivo para sempre. A vida de Deus resplendece nele. Unissinos. Ele o Vivente é definitivamente livre.
O mar de Tiberíades é cenário aberto e expressivo da acção de Jesus ressuscitado. Acção que nos chega em forma de narrativa com fundo histórico e carácter simbólico. Comporta uma mensagem qualificada fazendo o relato da aparição/manifestação de Jesus aos discípulos pescadores.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

A verdade liberta


Querubim Silva 
"Com a guerra perdem todos: os vencidos e os vencedores". E toda a humanidade. Com a Paz, todos ganhamos

A verdade liberta - é um princípio evangélico, válido para todos os tempos e lugares, para todas as situações e manifestações de vida, mesmo as expressões religiosas.
A vida dupla pode mascarar rostos de cera, sorrisos venenosos, comportamentos de aparente transparência... Mas a paz e serenidade dos corações só respira na limpidez do céu azul que a verdade gera e alimenta.
É neste contexto que se compreende a palavra dura do Papa Francisco: "Antes ser ateu do que católico hipócrita". Se há muito ateísmo de conveniência, para justificar um feroz individualismo de consciência que não admite qualquer referência objetiva crítica, também é certo que há muita "crença", católica ou outra, para camuflar túneis perversos de intenções, planos e procedimentos arbitrários.

Bom dia!

 

Bom dia com flores apaixonadas pelo mar.

Conferências de Santa Joana

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Farol tristemente só



Um dia destes encontrei o nosso farol tristemente só. A seus pés, nem vivalma. Areal sem gente é um deserto. Mas esta tristeza acabará brevemente.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Nunca me canso de admirar o mar

 

O fogo, o ar, a terra e o mar são elementos que nunca me canso de admirar. Dos quatro, não sei qual mais me seduz. Talvez me incline para o mar, porventura pela sensação que  me provoca  quando dele me aproximo. Entra-me pelos olhos e pelos ouvidos, chega ao cérebro e embala-me completamente. Dá-me a sensação de um infinito em permanente mutação e em cada minuto, quando batido pelo sol e pelo vento, ora violento, ora bonançoso, mostra uma personalidade forte e desafiante. Tão desafiante que não dispenso as visitas frequentes que lhe faço, sem nunca ousar enfrentá-lo.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

A Páscoa das mulheres

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

O que nos falta ver, escutar e anunciar, para que os desejos e atitudes do Papa Francisco se tornem desejos e atitudes de toda a Igreja?

1. Já publiquei, nesta coluna, várias crónicas sobre a controvérsia do papel das mulheres na Igreja [1]. Sentem-se discriminadas, pois há ministérios que lhes estão vedados, apesar da posição categórica de S. Paulo: Todos vós sois filhos de Deus em Cristo Jesus, mediante a fé; pois todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo mediante a fé. Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus [2]​. Esta afirmação diz que não há dois baptismos diferentes: um para homens e outro para mulheres.

Seremos dignos do 25 de Abril ? (2)

Diz o PÚBLICO 
na sua edição de hoje


"Famílias em carência habitacional podem chegar às 100 mil. Nem metade poderá ter solução até ao 50.º aniversário do 25 de Abril"

"IHRU tinha identificado cerca de 26 mil famílias em situação de carência habitacional, em 2018, mas contas dos especialistas, com dados mais recentes, já apontam para mais de 60 mil e há quem defenda que possam chegar aos 100 mil."

O regresso a terra


Veio hoje do mar por onde andou. O meu registo indica o seu regresso às nossas terras com ares da ria.

Seremos dignos de Abril?

Escrevi este texto há 15 anos.
Terá razão a interrogação no título?

Salgueiro Maia no 25 de Abril de 1974
O 25 de Abril, que hoje é celebrado por muitos, enquanto outros tantos, ou mais, dele se alhearão, deve ser um momento de reflexão para todos,
para que saibamos descobrir razões e caminhos que coloquem os portugueses, todos os portugueses, na senda do progresso, sempre no respeito pela democracia, pela liberdade e pela dignidade humana.

Somos uns eternos insatisfeitos. Está-nos na massa do sangue. E até será bom, se isso for um ponto de partida para ir mais longe, no campo da valorização pessoal e colectiva, seguindo caminhos de respeito pelos outros, pela democracia, pela liberdade, pelo progresso sustentável e pelos valores que enformam a nossa cultura.
Nesse pressuposto, o 25 de Abril, que veio abrir caminhos à democracia, à descolonização e ao desenvolvimento, foi uma ocasião única para acertarmos o passo com a Europa e com o mundo, connosco próprios e com as diversas culturas, a quem tínhamos fechado as portas, ao abrigo da máxima de Salazar que defendia o “orgulhosamente sós”.

domingo, 24 de abril de 2022

Deus faz o nosso vizinho


"Nós fazemos os nossos amigos, fazemos os nossos inimigos, 
mas Deus faz o nosso vizinho"

Gilbert Keith Cherterton 
(1874-1936), 
escritos


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