sábado, 23 de maio de 2020

D. JOÃO EVANGELISTA NOMEADO BISPO DE VILA REAL

1923-23-Maio

D. João chega a Vila Real - Foto da Ilustração Moderna
“O insigne aveirense D. João Evangelista de Lima Vidal foi nomeado pelo Papa Pio XI como primeiro bispo da nova Diocese de Vila Real de Trás-os-Montes, cuja bula foi assinada nesta data” 
(João Gonçalves Gaspar, Lima Vidal no seu Tempo, II, pg. 135) — J. 

In Calendário Histórico de Aveiro 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

À ESPERA DA MARÉ


Para quebrar a monotonia do dia, nada melhor do uma foto que me conduza à nossa ria. O marinheiro espera a maré para seguir viagem rumo a novos pesqueiros. Ali, as três canas de pesca não dão sinal de peixe, mas o marinheiro não desespera. A sua hora há de chegar.

sexta-feira, 22 de maio de 2020

ACOLHE A MISSÃO QUE JESUS TE CONFIA

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa da Ascensão do Senhor

“Ide e ensinai”, ordena Jesus, com toda a sua autoridade, na declaração final que precede a sua Ascensão. Os discípulos vivem um “feixe” de sentimentos que vão da dúvida ao reconhecimento e à adoração. Acolhem a ordem/envio com docilidade e “temor” pois os horizontes da missão são desproporcionados às suas forças e capacidades. Ir por todo o mundo, ensinar todas as nações, fazer discípulos de todos os povos, baptizar os que acreditam, constituem expressões que configuram a amplitude da sua nova responsabilidade. E eles, seres humanos frágeis e hesitantes, limitados nas capacidades e nos conhecimentos, marcados e formatados pelos hábitos de trabalho duro e da cultura judaica, eles a sentirem a desproporção do que lhes é incumbido e a realidade das suas forças, sem contar com a adversidade de certas e surpreendentes circunstâncias. Mt 28, 16-20.
Quem se atreveria a aceitar tal mandato ou, pelo menos, não pediria algum esclarecimento? Quem não sentiria a tentação da debandada, deixando o lugar vago à espera que outros viessem fazer o que era da sua responsabilidade? Quem não hesitaria em fazer “ouvidos moucos” a tal imperativo, ainda que se retardasse o ritmo do que estava planeado? Estas e outras interrogações trespassariam qualquer coração humano que contasse apenas com os seus recursos. A probabilidade do fracasso era grande.
Mas os discípulos não dão sinais de reagir desfavoravelmente, não manifestam qualquer temor e dispõem-se a tudo. Reconforta-os, sem dúvida, a promessa/garantia de Jesus: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos” e ainda: Enviar-vos-ei o Espírito para que esteja em vós e habite convosco.

terça-feira, 19 de maio de 2020

PONTO DE VISTA: VERÃO SEM FESTAS


Está visto e revisto que o próximo verão vai ser muito monótono, sob o ponte de vista festivo: Os programas oficiais não contemplam festas. E sem elas, teremos de recorrer à imaginação de cada um e das famílias. Mesmo que as condições de saúde pública se alterem para melhor, o que será desejável mas difícil de prever, não haverá possibilidades de organizar as tradicionais festas, tanto de âmbito particular como de freguesia e concelhia como regional e nacional.
Nesse pressuposto, temos à nossa disposição e imaginação tempo para recrearmos os nossos lazeres de férias e de convívios, porque nem só de trabalho vivemos nós. Dentro do que será permitido, podemos enveredar por passeios, perto ou mais longe, viagens que nos permitam contemplar outros ambientes, pessoas e culturas, recorrendo aos nossos próprios meios para registar o que mais nos sensibilizou, porque não faltam plataformas digitais para tudo partilhar, numa troca frutuosa de gostos, os mais diversos e até acessíveis.
Por aqui darei conta do que fizer e daquilo que mais me há de marcar no próximo verão.

F. M.

CONFINAMENTO


Falhei no confinamento. No princípio, fiquei confuso sem saber que fazer. Pensei num diário, que não vingou. Tentei e atirei ensaios para a reciclagem. Para não cair na tentação, limpei o que lá estava. Olhando para trás, vislumbrei recordações carregadas em período de exceção: pessoas, gestos, visões de cidades, do mar, da ria, de jardins e caminhos... senti vontade de transgredir, notei olhares magoados, dramas, ameaças, medos. E nas conversas, sem hora marcada, planeei que haveria de fugir do nada. Viajei pelo meu interior, sozinho ou acompanhado. E na viagem lá estavam horizontes escondidos, e quis voltar onde já estive, e imaginei futuros sem horas da saída, e quis saber quando recomeçar, e percebi que estou a caminho. 

F. M.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

A VIDA VAI CONTINUAR


Ontem, domingo, parte significativa da minha família reuniu-se para um almoço-convívio, o primeiro da nova era das nossas vidas, sob a lupa atenta de todos, não fosse o danado coronavírus atacar-nos sem dó nem piedade. Estava patente na mente e nos gestos de todos o respeito rigoroso pelas regras ditadas pelas leis em vigor e pelo bom senso de quem, desde que a crise se instalou no mundo, sem olhar a políticas, etnias e horizontes, sentiu as ameaças e as angústias de milhões de pessoas. 
Ao ar livre, no relvado e no coberto anexo, duas mesas à distância necessária, comes e bebes bem acondicionados e divididos, nada de abraços e beijos, conversas e alegrias partilhadas, máscaras prontas para entrar em ação… E assim se passou o primeiro dia das nossas vidas de família alargada, ao ar livre, dia soalheiro, sem o vento incomodativo, sem pressas, com os receios postos de lado, que deles andávamos todos fartos e ansiosos de procurar a natureza. 
Nos meus silêncios habituais, que deles por temperamento não consigo fugir, lembrei os que não puderam vir, que tudo aconteceu por acaso, por parte dos que desejavam libertar-se por umas horas da grande cidade que é o Porto e porque as saudades eram muitas. 
Tenho para mim que a vida vai continuar. As autoridades já escancararam os portões com regras à mistura a partir de hoje, segunda-feira. Ontem, fizemos em família o primeiro ensaio. Correu bem porque  quisemos que assim fosse. Assim toda a gente queira fazer o mesmo.

Fernando Martins

domingo, 17 de maio de 2020

AINDA O VOCÁBULO GAFANHA



Tem-se falado e escrito muito sobre a origem do vocábulo Gafanha, com repetições sem conta. Publico hoje, para encerrar por minha conta a abordagem da questão, a digitalização do que foi escrito na Etnografia Portuguesa, III Volume, de José Leite de Vasconcelos, edição de 1942. Esta é a teoria mais erudita e mais consistente, na minha modesta opinião.

NOTA: Digitalizei a partir do livro para traduzir mais fielmente o que então foi elaborado. 

CONVERSÃO ECOLÓGICA E DO DESEJO DISTORCIDO

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

"Esta crise obrigou-nos a parar. Mas suspeito que este medonho susto ainda não conseguiu alterar, em profundidade, a mentalidade geral"

1. Chegam-me de vários lados, com propósitos diferentes, notícias e comentários sobre o comportamento lamentável de algumas correntes do alto e baixo clero unidas no afrontamento das medidas recomendadas pela OMS e que a DGS e os governos impõem para evitar o contágio da covid-19. Unidas também no declarado incitamento ao seu desrespeito, a nível nacional e internacional.
Essas movimentações ressurgem quando muita gente já se sente desesperada entre o apertado confinamento, o emprego perdido, a ronda da pobreza, a ameaça da morte e um futuro de pouca esperança. A agitação de algumas tendências do clero revela, no entanto, outra conhecida e renovada motivação: atacar a pastoral do Papa Francisco para que as linhas mais inovadoras do seu pontificado e do seu estilo morram e sejam enterradas com ele.
Procura-se fazer acreditar que Bergoglio é um instrumento das forças que desejam acabar com a prática religiosa, já muito enfraquecida, numa Europa laicizada. É preciso estar em sintonia com maçónicos, comunistas e ateus para proibir missas abertas ao público e impedir as grandes e tradicionais manifestações da fé católica. Este Papa, dizem os seus adversários, acaba sempre por fazer o jogo dos inimigos da Igreja, transformando-a numa banal associação filantrópica com igrejas de portas fechadas.
Para a grande maioria dos católicos, a relevância do exibicionismo desse clero, com mitra ou sem mitra, depende, em grande parte, do acolhimento que lhe é dado em certos meios de comunicação e não pela sua real representatividade.

JOÃO PAULO II: NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO

Crónica de Anselmo Borges no DN

"Foi um lutador incansável pelo que considerava a sua missão: precisamente a defesa da paz, que o levou a viajar pelo mundo todo como seu mensageiro"

1. Celebra-se amanhã, 18 de Maio, o centenário do nascimento de Karol Wojtyla, que havia de ser Papa, com o nome de João Paulo II. 
Fica aí um breve apontamento sobre essa figura marcante do século XX. Não é, de facto, possível escrever a história do século XX ignorando João Paulo II, que não foi apenas uma figura marcante, mas determinante, do século passado. Apresento alguns acontecimentos, um pouco à maneira de flashes, referentes concretamente ao seu pontificado, um dos mais longos da História: mais de 26 anos, de 18 de Outubro de 1978 a 2 de Abril de 2005.
João Paulo II foi um dos líderes mais influentes do seu tempo. Era um homem de convicções, corajoso, profundamente crente no Evangelho e no Deus de Jesus. Foi com ele e as suas viagens por mais de cem países que a Igreja católica tomou real consciência de ser uma Igreja mundial. Foi decisivo para o fim do comunismo no seu país natal, a Polónia, e para a queda do Muro de Berlim. Afirmou e reafirmou os Direitos Humanos. Escreveu notáveis encíclicas sobre ética social e concretamente sobre os direitos dos trabalhadores (Laborem exercens e Centesimus annus) e, se não me engano, foi o primeiro Papa a utilizar a palavra ecologia em todo o seu significado de defesa do meio ambiente. Perdoou àquele que o quis assassinar e visitou-o na cadeia. Reuniu em Assis os representantes das religiões mundiais para a oração, criando o que ficou conhecido como “o espírito de Assis”, no sentido da compreensão entre as várias religiões a favor da paz. Fez o possível para evitar a invasão do Iraque, um erro histórico brutal cujos efeitos ainda hoje o mundo está a pagar. Foi um lutador incansável pelo que considerava a sua missão: precisamente a defesa da paz, que o levou a viajar pelo mundo todo como seu mensageiro. Era humilde: ele que chegara a Papa, jovem e atleta, não teve vergonha em envelhecer sem ocultar ao mundo a sua decadência física.

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