Tenho 17 anos e, logo após ter terminado o 11.º ano, na Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, Ílhavo, entrei num avião, a 17 de agosto, com as memórias de uma infância e adolescência feliz numa cidade “à beira mar plantada” guardadas na mala, e voei até à Índia.
Hoje, estudo num lugar a que já chamo casa, o Mahindra United World College of India, onde vou passar os próximos dois anos, a crescer. É uma grande e importante viagem que começou há muito tempo…
Chamo-me Catarina Semedo Madaíl de Oliveira e nasci a 25 de fevereiro de 2002. Nasci, cresci, estudei e convivi em Ílhavo, cidade que, com orgulho, faço questão de exibir em todos os cantos do mundo por onde vou passando. Apaixonada pelo verde da natureza, o cheiro a maresia, o som das ondas a bater nas rochas, sou feliz a trabalhar para proteger o planeta!
Em pequena, tinha o sonho de aparecer, um dia, n’O Ambúzio, a revista do Município que todas as crianças faziam questão de ler e aprender como ser “amigo do ambiente”. Nunca chegou a acontecer, mas nada que tenha impedido a pequena Catarina, introvertida e sorridente, de continuar a trabalhar nesse objetivo.
Apaixonada pelas visitas ao Ecocentro, passei a intitular-me de Eco-Mosqueteira. Desde o 1.º ano, participei em iniciativas como o Coastwatch, o Eco-Escolas, em que a Bandeira Verde era um propósito. Foi também com seis anos que os escuteiros começaram a fazer parte da minha vida: primeiro como lobita, depois exploradora e agora pioneira. E é com grande satisfação que me apercebo o quão importante foi este movimento para a minha formação, o quanto contribuiu para que seja, hoje, a Catarina que as pessoas conhecem.
Foi graças ao Concurso Literário Jovem que percebi o quanto gostava de escrever e ao Ílhavo a Ler+ o quanto gostava de comunicar… o que, entretanto, me levou a participar em projetos como o “Líderes Digitais” que contribuiu para que eu seja, hoje, Embaixadora Europeia Jovem para a Segurança na Internet.
Por Ílhavo existiram também umas Assembleias Municipais Jovens, umas Jornadas da Juventude, uns OlimpÍlhavos e tantas outras atividades que me despertaram a paixão por desafios e que me deixaram o desejo de começar a voar, de saber mais…
E apareceram outros projetos, nacionais e internacionais, e um muito especial: Jovens Repórteres para o Ambiente. Comecei na missão Rock-inRio, participei no Seminário em Viseu, na Missão Internacional em Coruche e fui uma das repórteres a fazer a cobertura do Seminário Eco-Escolas, em Lagoa. Este ano estava entusiasmadíssima para receber o Seminário JRA em casa, mas a vida trocou-me, mais uma vez, as voltas e estou na Ásia… De qualquer das formas, não estou muito preocupada com isso: sei que posso contar com a alegria dos ilhavenses para mostrar o quão grandes somos e o quão bem sabemos receber.
Quanto ao futuro, gostava de ser médica, de trabalhar com organizações internacionais sobre direitos humanos e questões similares. Mas a verdade, é que não sei o que me espera e prefiro que seja assim, cada dia uma surpresa, uma oportunidade para ser feliz! Mas uma certeza existe: Ílhavo será sempre uma casa, um lugar especial onde sei que posso sempre voltar, para recarregar energias e continuar a voar…
Catarina Oliveira
1 de novembro de 2019
Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI
Nota: Não podia ficar indiferente ao exemplo e testemunho da Catarina. Não podia nem devia porque, no mundo em que vivemos e sonhamos, precisamos de exemplos positivos e desafiantes como este. Daqui lhe desejo os maiores sucessos nesta sua experiência, na certeza de que ela há de ser médica, onde terá possibilidades de defender os direitos humanos. Felicidades, Catarina.