Mostrar mensagens com a etiqueta José Rodrigues. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta José Rodrigues. Mostrar todas as mensagens

sábado, 17 de setembro de 2016

Para onde vão os mortos?

Crónica de Anselmo Borges 


1. A gente nunca tem tempo. E vamos adiando, adiando... De repente, a notícia cai, brutal. E aí temos de ter tempo, porque é para a última despedida, pois chegou o nunca mais para sempre neste mundo. E vamos. E não há palavras para dizer qualquer coisa que seja minimamente eco daquilo que está cá dentro e que quereríamos dizer aos próximos, à mulher, ao marido, aos filhos... Fica tudo muito sombrio e desengonçado. Por fora, mantém-se uma compostura, mas por dentro é um abalo sísmico numa distância incomensurável, porque é entre o tempo e a eternidade, entre o finito e o infinito. Por mais natural que aquilo tudo pareça. Nesta nossa sociedade da banalidade rasa e carcomida, criámos essa ilusão da naturalidade do que é tudo menos natural: a naturalidade da morte. Sim, ela é o mais natural que há, mas... sobre ela as perguntas atropelam-se. Porquê?