sábado, 4 de abril de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 125

BACALHAU EM DATAS - 15

A PESCA LORMENTE
Caríssimo/a: Pois bem, mais uma vez vamos pedir um “postal ilustrado” ao bom amigo Capitão Valdemar, abrindo, na página 40, o seu livro «Histórias Desconhecidas dos Grandes Trabalhadores do Mar» e lemos: «Foi só em finais do século XVIII, mais concretamente em 1789 - ano da Revolução Francesa-, que um capitão francês, de Dieppe, teve a ideia de pôr em prática, mas de forma ampliada, um processo de pesca há muito utilizado pelos pescadores da Mancha (eu diria mesmo utilizado em muitas outras partes do mundo) conhecido pelo nome "linhas lormentes". Resolveu este capitão ligar várias linhas umas às outras, tendo assim uma linha mestra de tamanho considerável; desta linha saíam como raízes subsidiárias, uma série de linhas mais finas, com o comprimento aproximado de uma braça, a terminar numa "mãozinha" onde empatava o anzol. Eram os chamados "estralhos", separados entre si cerca de dois metros, para evitar que se ensarilhassem uns nos outros. Estas linhas de grande comprimento – em número de duas, uma em cada bordo – eram depois estendidas com a ajuda das chalupas, embarcações pesadas e de grande porte. Eram lançadas ao fim da tarde e levantadas ao amanhecer, ficando uma ponta presa a bordo e a outra no fundo, ligada a uma poita de pedra, de onde partia uma outra linha rumo à superfície, a terminar numa bóia de sinalização. O sucesso conseguido com esta experiência foi tal, que esse navio fez nesse ano duas viagens em tempo recorde, completamente carregado. Escusado será dizer que no ano seguinte muitos outros navios vieram já preparados de França para a nova modalidade, com o assentimento entusiasta dos pescadores, que viam no novo método a possibilidade de aumentar consideravelmente os seus ganhos. Claro que o sistema tinha os seus riscos. A manobra diária com embarcações pesadas e de difícil manuseamento, o pouco cuidado que punham no seu trabalho, o facilitar até à imprudência o lançamento das linhas já com mar demasiado agreste, levou a que muitos incidentes começassem a surgir, sendo considerável o número de perdas de vida. E, perante esta situação que todos os anos se repetia, as autoridades viram-se obrigadas a proibir este novo género de pesca. Mas ninguém acatou a ordem. A miragem do lucro, como sempre acontece, sobrepôs-se a tudo, e em pouco tempo, esta nova modalidade com linhas de fundo tinha-se generalizado, sendo praticada por toda a gente. Durante quase noventa anos, a pesca com linhas de fundo manteve-se com poucas alterações de base, verificando-se no entanto um grande progresso na qualidade dos materiais empregados, que ano após ano nunca deixaram de melhorar. A grande revolução nos métodos de pesca empregados ocorreu em 1875, ano em que se fez o primeiro ensaio com "dories", embarcações ligeiras de fundo chato, utilizadas há muito pelos pescadores americanos. As pesadas chalupas de difícil e perigosa manobra, quer no arrear, quer no içar para bordo, viram assim terminado o seu ciclo de utilização diário. Entre os franceses, cada dory era tripulado por dois homens, visto serem ligeiramente maiores que os dories usados pelos portugueses, estes ocupados por um só homem. A pesca era agora feita pelos pescadores isolados nas suas pequenas embarcações, senhores e donos do seu trabalho e do seu destino, ficando o navio fundeado no mesmo sítio durante vários dias, enquanto a abundância de pesca o justificasse. Logo que começasse a fraquejar, a decair, o capitão suspendia a âncora e iam de emposta, termo este que em gíria piscatória significa mudar de poiso, em busca de melhor. A "pesca errante" tinha desaparecido. Esta nova modalidade, conhecida sob vários nomes - linhas dormentes, linhas de fundo ou pesca de trol-, a pouco e pouco posta de parte pelos pescadores franceses, até desaparecer totalmente, viria a desenvolver-se entre nós de uma forma notável. O seu apogeu verificou-se ao longo da década dos anos 50, com a construção de muitas unidades modernas em aço, de grande capacidade de carga e maquinaria propulsora a condizer. E já no dobrar da curva para a segunda metade do século XX, mantinha ainda uma pujança tal, que lhe permitia rivalizar em qualidade e número de navios com a nova frota dos arrastões em expansão, com a qual viria a coexistir até ao último quartel do século. Verificamos assim que enquanto a pesca na costa, praticada pelos franceses, pouco variou ao longo de quatro séculos, a pesca nos bancos teve alguma evolução: foi primeiro "errante", com o navio à deriva, ao sabor das vagas ou do vento; depois, com as "linhas dormentes", largadas com o auxílio das chalupas; e mais tarde com os dories, o navio fundeado, preso a um grosso cabo de sisal ou cânhamo a servir de amarra. Esta visão da frota portuguesa da pesca à linha – a saudosa "White Fleet" - pôde ser contemplada até ao último quartel do século XX, quer na Terra Nova, quer na Gronelândia, altura em que desapareceu.» Imagens que durante séculos encheram o nosso imaginário e foram realidade na vida dos nossos lobos do mar! Manuel

Ana Paula Vitorino: Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro ainda este ano

Presidentes da APA e da REFER ladeiam a secretária de Estado dos Transportes

Porto de Aveiro venceu barreiras simbólicas e importantes para a economia nacional

A ligação ferroviária ao Porto de Aveiro ficará concluída até ao final do ano, garantiram Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, e Luís Pardal, presidente da REFER. Esta certeza foi anunciada ontem, 3 de Abril, Dia do Porto de Aveiro, na cerimónia da assinatura do contrato de concessão da Plataforma Logística Portuária de Aveiro – Pólo de Cacia, entre a APA (Administração do Porto de Aveiro) e a REFER. A secretária de Estado dos Transportes sublinhou que “é notável ver a obra no terreno, de cuja necessidade todos falavam, mas que ninguém fazia”, acrescentando que o Porto de Aveiro entrou no mapa dos centros económicos, “vencendo barreiras simbólicas e importantes para a economia nacional”. Considerou “como sinal de modernidade” a disponibilização do Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro na Internet, o “primeiro porto nacional a fazê-lo”, tendo salientado a mais-valia que representa a componente promocional “numa economia globalizada”. Enalteceu o esforço feito nesse sentido, dizendo que a APA não se “resignou aos mínimos olímpicos”, enquanto lançou à REFER o desafio para que faço o mesmo, preservando e divulgando o seu espólio histórico e documental bastante rico. A ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, “uma aposta do Governo”, no dizer de Ana Paula Vitorino, importou em 73 milhões de euros e a exploração da plataforma de Cacia, concessionada à APA, custará 200 mil euros por ano, durante três décadas. Para José Luís Cacho, presidente do conselho de administração da APA, a ligação ferroviária ao Porto de Aveiro contribui grandemente para o seu “desenvolvimento estratégico”, ao assegurar uma “porta de saída para o hinterland portuário”. Entretanto, Luís Pardal, presidente da REFER, mostrou-se satisfeito com o trabalho que ainda está a decorrer, trabalho esse que prova a capacidade técnica da empresa que dirige. “A nossa gente é responsável pelo nosso sucesso”, adiantou.
FM

PORTO DE AVEIRO NA WEB

Dinis Alves na apresentação do Portal
Riqueza guardada durante dois séculos
Dinis Alves, responsável pela webização do Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro (AHDPA), guiou ontem, 3 de Abril, um grupo de entidades e convidados, numa visita às gavetas e arquivos, antigos e mais recentes, do Porto de Aveiro. Fundamentalmente para mostrar uma riqueza guardada durante dois séculos, onde se retrata o esforço de quantos sonharam e levaram a cabo a abertura da Barra, prosseguindo na senda do progresso portuário que todos podemos admirar nos nossos dias, agora com a ligação ferroviária que abre ainda mais a nossa região à Europa. Depois de uma apresentação cuidada, em que Dinis Alves sublinha os pessimismos dos Velhos do Restelo, que em cada época se insurgiram contra o progresso e os desafios da história e dos avanços tecnológicos, as gavetas do Porto de Aveiro abriram-se, para gáudio de quantos apreciam o caminhar dos que nos antecederam, nesta safra humana. A disponibilização ao público do portal do AHDAPA resulta de processo levado pela Administração do Porto de Aveiro (APA), a partir de 2006, para inventariação, catalogação e conservação do espólio existente. É o primeiro trabalho do género, no âmbito dos portos nacionais. O processo foi moroso, quer pelo elevado número de documentos disponíveis, quer pelo rigor exigido. Não se encontra concluído, mas já foram dados passos significativos. “Cartografia”, “Manuscritos”, “Bibliografia”, “Periódicos”, “Não-periódicos”, “Artigos” e “Peças com História” são algumas das secções do Portal. Outras hão-de surgir, a par do enriquecimento de cada rubrica em curso, porque material não falta. Dinis Alves, que se fez acompanhar neste trabalho por uma equipa credenciada, insiste na ideia de que o Portal estará aberto à colaboração de todos, pois há muita gente com arquivos ligados aos temas em causa, que merecem ser partilhados com o mundo. Diz um texto da responsabilidade do Porto de Aveiro que as comunidades portuárias, portuguesas e estrangeiras, os cientistas e os cidadãos em geral podem, a partir de agora, dispor de um instrumento de grande utilidade para consulta e apoio à investigação. O Portal assume, também, um papel de relevo na divulgação da história de uma actividade nobre, como é a actividade portuária. Funcionará, por isso, como instrumento fomentador de novas pesquisas e de novos estudos, em torno do espólio publicado ou a publicar. FM

Acção Social do Município de Ílhavo

Atendimento Social Integrado na Câmara Municipal
O CLAS (Conselho Local de Acção Social do Município de Ílhavo), tendo reunido, recentemente, para análise da situação socioeconómica do concelho, resolveu, em síntese, promover a optimização dos programas e instrumentos de apoio social disponíveis; apoiar de forma integrada os cidadãos que verdadeiramente precisam de ajuda; aprofundar o trabalho do "Atendimento Social Integrado", implementando a relação entre as Entidades Parceiras e agindo pelo estabelecimento de compromissos com os cidadãos apoiados; evitar as acções desgarradas e pontuais, e combater os desperdícios e os apoios a quem não precisa. Mais deseja prestar informação aos cidadãos, de forma a que todos saibam da existência no Município de um serviço com a devida competência e capacidade técnica, denominado “Atendimento Social Integrado”, que tem sede na Câmara Municipal e que funciona também nas instalações das Entidades Parceiras. No comunicado entretanto emitido sublinha-se, ainda, que a intervenção social racional e eficiente, justa e preferencialmente geradora de estruturação da vida dos cidadãos necessitados, exige a atenção de toda a Comunidade, pelo que importa conhecer as características principais do “Atendimento Social Integrado”, para o qual devemos encaminhar as situações de carência social de que possamos ser conhecedores. Em fase de crise económico-social, será importante, pois, valorizar e aproveitar o que há nas quatro freguesias do Município, não significando isso que cada um de nós se possa divorciar da pobreza que afecta muitas famílias, por causa do desemprego e dos baixos rendimentos que auferem.

Negacionismo, excomunhão e preservativo

Há quem pergunte porque é que, nestes casos - levantamento da excomunhão ao bispo negacionista Williamson, excomunhão dos médicos e da mãe da menina brasileira, grávida aos nove anos do padrasto, que dela abusava desde os seis, declarações de Bento XVI sobre o preservativo -, criticam tanto a Igreja, se se trata de questões que só aos católicos dizem respeito. Respondo, dizendo que se trata de questões de humanidade e da Humanidade. Ora, em questões de humanidade e da Humanidade, todos podem e devem pronunciar-se criticamente. 1. Perante os protestos não só de bispos mas também de leigos e políticos, por causa do levantamento da excomunhão de Williamson, o Papa escreveu uma carta aos bispos do mundo inteiro, manifestando a sua profunda mágoa. Aliás desconhecia as declarações do bispo negacionista. Pergunta também se devia deixar ao abandono 491 sacerdotes, seis seminários, 88 escolas, dois institutos universitários, milhares de fiéis. Face à abertura de Bento XVI em relação à Fraternidade de São Pio X, há quem pergunte, com razão, por que é que não usa da mesma compreensão para com teólogos, bispos, leigos, comunidades de base, que procuram um diálogo vivo com o mundo actual e as diferentes culturas. E, se a Cúria lhe causa dificuldades, porque não a reforma? 2. Felizmente, o arcebispo R. Fisichella, Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, veio em defesa da menina brasileira. Escreveu no L'Osservatore Romano, diário do Vaticano: a menina "deveria ser em primeiro lugar defendida, abraçada, acarinhada com ternura para lhe fazer sentir que todos estávamos com ela; todos, sem distinção alguma. Antes de pensar na excomunhão, era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e reconduzi-la a um nível de humanidade da qual nós, homens de Igreja, deveríamos ser peritos anunciadores e mestres. Infelizmente, não foi isto que aconteceu, foi danificada a credibilidade do nosso ensinamento, que aos olhos de muitos parece insensível, incompreensível e privado de misericórdia". Também o bispo de Nanterre, G. Daucourt, escreveu uma Carta Aberta ao bispo de Olinda-Recife: "nesta tragédia, você juntou dor à dor e provocou o sofrimento e o escândalo de muitos pelo mundo fora. Numa situação tão dramática, creio firmemente que nós, bispos, pastores na Igreja, temos, primeiro que tudo, de manifestar a bondade de Cristo Jesus, o único autêntico Bom Pastor. Não lhe oculto que me pergunto também como se pode dizer que a violação é menos grave do que o aborto. A vida não é apenas física, sabe-o bem". 3. As declarações de Bento XVI sobre o preservativo causaram uma tempestade. Nem sempre os média transcreveram na íntegra a sua declaração, pois disse que "este problema da sida não se pode superar só com dinheiro..., com a distribuição de preservativos": omitiu-se aquele "só", e quem põe em causa a necessidade de "uma humanização da sexualidade"? De qualquer modo, o L'Osservatore Romano veio depois admitir os preservativos e a sua eficácia, desde que associados a outros dois factores: a abstinência e a fidelidade. Jesus, o excluído, é aquele que não exclui, pelo contrário, inclui a todos no amor sem condições. A cruz de Cristo é a expressão máxima do amor incondicional do amor de Deus para com todos. Agora, ao entrar na chamada Semana Santa, na qual celebram o núcleo da mensagem cristã - paixão, morte e ressurreição de Jesus -, os cristãos e sobretudo a Igreja oficial deveriam meditar numa nota do filósofo agnóstico Max Horkheimer, um dos fundadores da Escola Crítica de Frankfurt, que dá que pensar: "Jesus morreu pelos homens, não podia guardar-se para si próprio avaramente e pertencia a tudo o que sofre. Os Padres da Igreja fizeram disso uma religião, isto é, fizeram uma religião que também para o mal era uma consolação. Desde então isso teve um êxito tal no mundo que pensar em Jesus nada tem a ver com a acção e ainda menos com os que sofrem. Quem lê o Evangelho e não vê que Jesus morreu contra os seus actuais representantes não sabe ler". Anselmo Borges

Um poema de M.ª Donzília Almeida

DIA DE VENTO
Dia de vento A rua varrida, A alma banida De qualquer alento. No jardim, um rebento, Uma rosa a abrir, Os espinhos ao ferir Um novo tormento. O trigo abanando As papoilas ondulando... As ruas desertas. Os caminhos de pedras Calvas, informes, incertas. As pombas arrulhando No pombal em frente. No coração, esta dor Pesar amargo, permanente Tão faminto de calor! Solitário viver Deste inquieto ser! A esperança? Me alimenta O sonho Me acalenta! Mª Donzília Almeida 1970.20 anos

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Semear a Não-violência

1. O mundo dos cinemas e dos noticiários são muitas vezes uma escola violenta. Vão proliferando algumas instâncias que procuram ser reguladoras dos níveis de violências mas que, efectivamente, poucos frutos parecem conseguir implementar. Há dias um pai de família com crianças de tenras idades manifestava uma profunda apreensão no facto de que a geração dos 10 anos, da geração de seu filho, comunicava entre si exuberantemente sobre os novos jogos informáticos cujos conteúdos são autêntica escola de crime, assalto, desregramento de vida. À insegurança social que se verifica cada dia junta-se uma lei do mais forte que parece imperar em tudo aquilo que são as formas mais fortes de comunicação actual.

Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro vai ser hoje apresentado

O Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro vai ser hoje apresentado. Hoje, 3 de Abril, Dia do Porto de Aveiro, data que assinala a abertura da Barra, no ano 1808. Dia de festa, portanto, bem digno das nossas homenagens, ou não fosse a Gafanha, e não só, fruto do Porto de Aveiro e de outras condições privilegiadas que podemos desfrutar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Exposição Aveiro – Terra Milenária

Mastro do Milénio, na Ponte da Dobadoura, em Aveiro
No dia 11 de Abril, e inserida no contexto das comemorações dos 250 anos de elevação de Aveiro a cidade, o Arquivo Histórico Municipal inaugurará a Exposição Aveiro – Terra Milenária. Esta mostra, que se encontrará patente ao público na galeria do Edifício dos Paços do Concelho de Aveiro até 10 de Maio, reunirá documentação de arquivo alusiva à comemoração das festas do Milenário, realizadas em Aveiro, no ano 1959.
Nota: Eu assisti, naquela data, aos trabalhos da colocação do mastro de um navio na referida ponte. Dirigiu as operações o mestre Manuel Maria Bolais Mónica, célebre construtor naval.
FM

Voos rasteiros, pragmatismo com baias

O Papa não precisa de quem o defenda. Quem o conhece e está atento, sem preconceitos, ao seu modo de agir e de intervir, antes e depois de ser Papa, sabe que nunca deixou, nem deixará, de afirmar, na fidelidade ao seu magistério, o que considera essencial e, evangelicamente, mais certo. Não fala para plateia com intenção de agradar, nem foge às críticas, mesmo que injustas. É um homem de princípios, coerente com a sua fé, corajoso no enfrentar dos problemas, detentor de uma consciência que lhe mantém bem vivo o sentido do dever e da missão, frente à Igreja, a que preside, e à sociedade, para a qual ela deve ser uma consciência crítica, que denuncie, abra caminhos e colabore. Não tem a força mediática do seu antecessor, diz-se, mas faz da sua coragem e testemunho a mais válida mediação.
António Marcelino
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Risco de tensões sociais

O ministro das Finanças afirmou que o problema mais sério que temos pela frente pode ser o “risco de tensões sociais que podem ser geradas pela crise”. Mário Soares, há tempos, em crónica publicada no DN, disse o mesmo ou semelhante. As revoluções são sempre produzidas ou alimentadas pelas crises, pelas injustiças sociais, pela fome. Os políticos têm de estar atentos a isto, se é que aspiram a um ambiente de paz e de progresso. Se não aspiram, esperem, que a revolta das pessoas pode estar a caminho.

Será possível conciliar a a fé cristã e a Teoria da Evolução?

Em entrevista à «Folha de Domingo», o padre António Martins, docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, explica porque participou no congresso que, de 3 a 7 de Março, reuniu em Roma cientistas, filósofos e teólogos para reflectir sobre a relação entre evolução e criação, no âmbito dos 200 anos depois do nascimento de Darwin e dos 150 anos após a sua mais famosa obra, a “Origem das espécies”. O teólogo algarvio clarifica o seu entendimento sobre o que significou o evento e as suas consequências futuras.

"Uma conclusão a salientar, e talvez a mais significativa, foi o consenso geral sobre a evolução. Podem-se discutir interpretações e teorias diversas e até contraditórias, mas o facto da evolução apresenta-se hoje como uma realidade aceite por todos (ao menos por aqueles que intervieram no Congresso). Ninguém pôs em causa o evento da evolução e, em concreto, da hominização. O que não significa que tudo esteja explicado do ponto de vista científico. De facto, há hiatos obscuros, sem provas científicas seguras, na construção da teoria da evolução, onde a verificação dá lugar à probabilidade. O processo da evolução não é uma absoluta evidência científica. Por exemplo, a especiação (ou seja, o aparecimento biológico e morfológico de uma espécie) permanece mistério por explicar para as ciências."

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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Genéricos: expliquem-me, por favor

Há problemas simples que algumas pessoas gostam de complicar. Quando os genéricos surgiram no mercado, foi dito e redito que os referidos medicamentos eram absolutamente iguais aos de marca. Eram fabricados, foi sublinhado, com a mesma substância activa, não diferindo, em nada, dos outros medicamentos, sendo, no entanto, mais baratos. Dizia-se, então, que a diferença de preços era resultante das publicidades feitas pelos fabricantes e dos processos de produção levados a cabo pelas grandes indústrias. Outras razões estariam na base da produção e na ausência de concorrência. Ora, tanto quanto sei, os genéricos continuam a ser ignorados por muitos médicos, que também manifestam uma certa relutância em autorizar a substituição. Um dia destes aventou-se a hipótese de os farmacêuticos poderem trocar os medicamentos receitados pelos genéricos. Logo vieram alguns clínicos com os habituais alertas de que não se responsabilizam por eventuais danos para os doentes daí resultantes. Pergunto: - Os genéricos são ou não são fabricados com os mesmos elementos activos? - Os processos de fabrico são ou não são fiscalizados pelas entidades competentes? - Os farmacêuticos têm ou não têm competência técnico-científica para procederem à substituição do medicamento pelo respectivo genérico? - Os genéricos são ou não são mais baratos, tanto para o Estado como para o doente? - Por que razão não receitam os médicos, com toda a normalidade, os tais genéricos?
Fernando Martins

A cimeira da «Mudança»?

1. Uma carta aberta aos líderes europeus de um grupo de intelectuais e políticos do velho continente é mais uma forte achega para os compromissos e as responsabilidades indispensáveis a serem assumidos pelos primeiros responsáveis do G20, os vinte países mais industrializados e ricos do mundo, estes que se encontram reunidos em Londres. Decorrendo a cimeira na Europa, o conceituado analista «Timothy Garton Ash escreve na sua mais recente coluna do The Guardian que “a Europa será o grande ausente” da cimeira do G20.» (citado de Teresa de Sousa, Público 01-04-2009). A inquietude num mundo de crise em tempo mudança desafia todos a darem o melhor de si, os estados e os continentes regionais, como os trabalhadores, empresas, cidadãos.

Papa envia mensagem ao G20

Bento XVI enviou uma mensagem ao primeiro-ministro britânico Gordon Brown, em vésperas da Cimeira do G20, que decorre Quinta-feira, em Londres. O Papa defende a necessidade de “coordenar os esforços entre governos e organizações internacionais para sair da crise global, sem recorrer a nacionalismos ou proteccionismos”.
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Arquivo Histórico do Porto de Aveiro vai ficar na Internet

O Arquivo Histórico-Documental do Porto de Aveiro vai ficar disponível na Internet e aberto, por isso, a todos os interessados, investigadores ou simples curiosos. Trata-se de uma iniciativa pioneira, a apresentar no dia 3 de Abril, data da histórica abertura da Barra de Aveiro, no ano 1808. «As Comunidades Portuárias, portuguesas e estrangeiras, os cientistas e os cidadãos em geral passam, a partir de agora, a dispor de um instrumento de grande utilidade para consulta e apoio à investigação», refere a Administração do Porto de Aveiro(APA). Com a apresentação, a cargo de Dinis Alves, que decorrerá dia 3, na sede da APA, é disponibilizado online um primeiro lote dos milhares de documentos existentes, composto por oito núcleos, que se subdividem em 20 secções.

País Solidário

Como resposta, necessária e urgente, à crise que afeta as pessoas e famílias, grandes empresas acordaram agora, e bem, para dar uma ajuda. Fundação Gulbenkian, EDP, Millennium BCP, BPI e Caixa Geral de Depósitos, entre outras, apostam em dinamizar a sociedade para o apoio a quem mais precisa. Mas a verdade é que as instituições de caridade e de solidariedade social, a par do povo anónimo, há muito que lutam, diariamente, para matar a fome, de pão e de tudo, a quem foi apanhado pela crise, neste mundo de abundância para alguns. Há novos pobres, já se sabe. De qualquer forma, acho bem que aquelas empresas deem algo dos muitos lucros que costumam ter ao fim do ano.
Nota: Texto respeitador do Acordo Ortográfico

A moral ou o moral?

No PÚBLICO de hoje, na última página, lê-se: "Selecção nacional - Uma vitória frente à África do Sul para levantar a moral". Não concordo com esta afirmação. E não concordo porque, tanto quanto sei, os nossos jogadores são pessoas decentes. São homens cumpridores das regras morais que a sociedade estabeleceu. Já se sabe que um ou outro craque de quando em vez descarrila, mas isso é outra conversa. O que o jornalista queria dizer, julgo eu, é que esta vitória levantou o moral dos nossos jogadores. Na dúvida, esqueceu-se de consultar o dicionário. Fica para a próxima.

Dia Internacional do Homem

OS HOMENS TAMBÉM MERECEM UM DIA
Foi, há pouco tempo, festejada a efeméride do dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Nunca me arroguei o direito de lutar pela igualdade, e cheguei a afirmar, a plenos pulmões que não a desejava! Mas...acho que menti...ou melhor, omiti, sendo a omissão uma forma velada de mentira. Passo a explanar! Se as mulheres que viveram e vivem, as mais das vezes, na sombra, muitas vezes à sombra de homens altos (!?), têm um dia dedicado a elas, por que cargas d’ água, o homem que é o motor da humanidade, não merece também um dia só para ele? A cada passo ouvimos dizer que o progresso, nos mais variados sectores, é atribuído ao Homem! O Homem está na origem de todos os feitos heróicos, o Homem chegou à lua! O Homem destacou-se na política, na religião, nas artes! Há muitos santos e raras santas (?)! Os topónimos são, maioritariamente, masculinos! As escolas têm patronos masculinos! Assisti a uma excepção, na Cidade Invicta, onde uma mulher, distinta nas Letras, deu nome a uma Escola Preparatória! Maria Lamas! Estava já na fase final da sua longeva existência, mas ainda manteve correspondência com alunos nossos, no ano da Graça de 1982/83. A excepção para confirmar a regra de que só os homens têm visibilidade, na cena pública? Talvez! Esporadicamente, vem-me à memória algum nome sonante como Marie Curie, cujo marido, também um físico de craveira, se celebrizou, por arrastamento! Mas, meus caros senhores, sois vós que arrostais com a glória do progresso, do... ”Sempre que o Homem sonha... o mundo pula e avança!” Diz o grande Gedeão! Por tudo o que acabei de referir, acho, na minha modesta opinião de mulher que nunca pugnou pela igualdade das mulheres, mas que se bate, agora pela igualdade dos homens, que eles também merecem um dia, c’os diabos! Não podem ficar atrás de nós! Por tudo isto, resolvi congregar os esforços de um grupo de mulheres activistas, que como eu lutam pela igualdade dos cavalheiros! São criaturas tão valiosas para o equilíbrio da sociedade, tão empenhadas na ecologia, na defesa dos dotes femininos, etc, etc, que por uma questão de equidade, merecem aquilo que lhes é devido por direito. Assim, resolvemos fazer um abaixo-assinado, que conta já com inúmeras assinaturas, para circular na net, no sentido de angariar elementos necessários e suficientes, para ter força de petição, na Assembleia da República. Contamos com a adesão de um nº significativo do elemento feminino, pois nos desgosta sobremaneira que os homens sejam discriminados de forma tão gritante! Eles que vão à frente das mulheres, em tudo (!?), ficarem atrás, em termos de comemoração? É injusto, incorrecto e imprudente! E... se eles resolvem juntar-se numa insurreição masculina e destronam as mulheres, das suas tarefas domésticas, que elas tão “ciosamente” açambarcam? Ah... mulheres de todos os quadrantes! Lutemos pelo direito dos homens à igualdade! Não os subestimemos, pois... é tão bom ver uns braços musculosos... a mudar o pneu ao nosso automóvel!!!!!! Mª Donzília Almeida 19 de Março de 2009

terça-feira, 31 de março de 2009

A Questão de Deus (II)


1. Não se pense que a «questão de Deus» é indiferente como se de um “tanto faz” se tratasse. Talvez este seja o primeiro obstáculo a superar, na busca de fazer sentir que o indiferentismo alastrante (nestes assuntos do sentido da vida e de Deus) não será uma moda bem-vinda… esse futuro ilusório de autonomia humana, mas um pobre retrocesso na “resposta mais profunda ao sentido de viver” que as religiões representam, como sublinha o reconhecido ensaísta Eduardo Lourenço. Reparemos na fonte das sabedorias da Ásia…Compreende-se a necessária e saudável laicidade dos Estados (que volta e meia na Europa absolutizadora da razão de Estado resulta numa liberdade religiosa de fronteiras dúbias…), a apreensão de um conjunto de valores que alimentam as éticas e dão razões à existência, dados que não se poderão dissociar do espaço público…

António Barreto apresenta livro de D. Manuel Clemente

"D. Manuel Clemente não é o primeiro cujas homilias são editadas. Há antigas tradições de que António Vieira é seguramente um dos principais patronos. E aqui no Porto, também não é uma novidade absoluta: basta lembrar D. António Ferreira Gomes. Por que razão então sublinho este gesto? Porque não é comum, como já disse. Mas sobretudo porque revela uma maneira diferente de exercer as suas funções.
Quem publica, quer ser lido. Quem lê, reflete e pensa. Quem pensa, verifica o pensamento dos outros, dos autores. Quem comenta, acrescenta qualquer coisa. Por outras palavras, quem edita, submete-se ao julgamento dos leitores, quer dialogar com eles, dispõe-se à discussão e expõe-se ao escrutínio. Não se satisfaz com a palavra catedrática, não pretende que acreditem apenas na autoridade do magistério."

Ler todo o texto aqui

Antes da glória

"Contrariamente ao que acontece com outro tipo de festas religiosas, as que recordam os passos do Calvário estão dominadas pelo sofrimento. E são esses quadros os que se apresentam à sociedade de hoje, aparentemente divorciada de qualquer sombra de dor e empenhada em conquistar apenas momentos de júbilo. Paradoxalmente, acolhe a memória da Cruz do Redentor, incapaz de permanecer indiferente ao que se passa de único nessas procissões de passos irrepetíveis na História da Humanidade."
Paulo Rocha
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segunda-feira, 30 de março de 2009

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1) Identifique-se com o seu verdadeiro nome. 2) Seja respeitoso e cordial, ainda que crítico. Argumente e pense com profundidade e seriedade e não como quem manda bocas. 3) São bem-vindas objecções, correcções factuais, contra-exemplos e discordâncias. In Rerum Natura

Povoamento da Gafanha: História ou lenda?

O povoamento da Gafanha continua envolto em muitos mistérios. Já tenho ouvido várias versões, mas certeza, certezinha, ainda não encontrei. Vou tentar arranjar tempo para mais leituras. Vou à cata de mais verdades. Será que encontro? Quem dá uma ajuda?

A Questão de Deus (I)

Sartre
1. Especialmente desde os tempos do chamado positivismo, criado por Augusto Comte (1798-1857), daí para cá, os argumentos da razão humana se esforçaram mais em provar a ausência de Deus que a sua significativa existência como dadora de sentido à vida. Na filosofia anterior, mesmo com a dúvida simbolizada em Descartes (1596-1650), o pai da filosofia moderna, há lugar para ver além dos cálculos visíveis. O positivismo de meados do séc. XIX (o acreditar unicamente naquilo que se pode ver, experimentar, medir, calcular, dando a entender que tudo tem fórmulas…!) rapidamente cresceu, buscando o ser humano uma autonomia tal a ponto de julgar-se não precisar de ninguém. Neste encadeamento, após a designada filosófica «morte de Deus» pelo niilismo de Nietzshe (1844-1900), considerar-se-á que os outros são uma atrapalhação («o inferno são os outros», dirá o existencialista Sartre (1905-1980). Leia mais em Alexandre Cruz

GAFANHA DA NAZARÉ: Devoções pelas Almas do Purgatório

TRADIÇÃO REVIVIDA NO SALÃO DA IGREJA MATRIZ
A antiga tradição do Cantar das Almas, uma devoção pelas Almas do Purgatório, foi revivida no salão paroquial da Gafanha da Nazaré, no passado sábado, com o rigor possível e fruto de investigação. Participei fazendo a introdução, antes das actuações do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e do Grupo Folclórico de Portomar, Mira. Esta devoção caiu em desuso há anos. Os tempos de hoje já não permitem nem suscitam interesse por este culto, que outros tomaram o lugar dele. Não podemos levar a mal, porque a vida é assim mesmo. Contudo, podemos e devemos, de vez em quando, lembrar aos mais novos como era a vida dos nossos avós. Permitam-me que louve o nosso Grupo Etnográfico pelo seu trabalho em prol da cultura das nossas gentes.
Fotos: Grupo de Portomar sobe ao palco do salão; O Grupo Etnográfico mostra a entrega de esmolas para mandar celebrar missas pelas Almas do Purgatório.

AVEIRO com mais uma livraria

Praça Marquês de Pombal (Foto do meu arquivo)
A Buchholz inaugura a sua terceira livraria
A Buchholz inaugurou a sua terceira livraria. Aconteceu no passado sábado, para alegria dos amantes dos livros e da leitura. Situado na Praça Marquês de Pombal, em Aveiro, apresenta-se, para já, com 20 mil livros, espalhados por uma área de 120 metros quadrados. Espero, sinceramente, que tenha os maiores êxitos. E que saiba enfrentar as dificuldades, explorando a arte de atrair clientes. Hei-de passar por lá um dia destes, para ver como se apresenta.

ACORDO ORTOGRÁFICO ENTRA EM VIGOR EM 5 DE MAIO

Segundo o Ministério da Cultura, no próximo dia 5 de Maio entrará em vigor o Acordo Ortográfico em Portugal. Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação admitiu que não estão reunidas as condições para aplicar o Acordo no próximo ano letivo. Apesar desta contradição, espero que, desta vez, será de vez. Protestos? Há muitos, graças a Deus. Mas isso não impede que o Acordo avance. O mesmo aconteceu com o euro. Houve quem protestasse, e muito, mas dias depois, já toda a gente o usava, com a maior das facilidades.
NOTA: Já apliquei, neste texto, o Acordo Ortográfico.

domingo, 29 de março de 2009

Ria de Aveiro: Hora de Pesca

Na Ria de Aveiro, em dia e hora de pesca, há sempre espaço para usufruir as belezas da nossa laguna. De vez em quando aqui a mostrarei, sobretudo aos que vivem longe destes ares e destas paisagens.

FEIRA DE MARÇO

A Feira de Março, a maior e melhor montra da actividade económica da região centro, decorre no Parque de Exposições de Aveiro. A 575ª edição do tradicional certame prolonga-se até 26 de Abril, proporcionando negócios, lazer e muita diversão.

Uma Raiz do Problema

1.Thomas Jefferson (1743-1826), formado em direito, tendo nascido e morrido no estado da Virgínia, foi o 3º presidente dos Estados Unidos da América (entre 1801 e 1809), tendo uma actuação decisiva nos valores da consolidação da unidade e desenvolvimento nacionais. Além de actividade política, foi filósofo, arquitecto, arqueólogo, um revolucionário iluminista no melhor sentido ético do termo. De tempos a tempos, especialmente nos tempos mais difíceis das sociedades em que se procuram vislumbrar caminhos em ordem a um futuro mais humano e livre na responsabilidade, os sábios escritos alertadores de Jefferson são relembrados com actualidade. Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 124

BACALHAU EM DATAS - 14
AS GUERRAS DO BACALHAU
Caríssimo/a:
Início do século XVIII - «No início do século XVIII, a América do Norte estava colonizada por dois reinos, a França e a Inglaterra. Este último também desenvolveu dum modo acentuado as suas actividades de pesca na região, com especial destaque para os colonos que ocuparam o território da Nova Inglaterra.» [Oc45, 66] Século XVIII - «Parece reter a memória da presença de pescadores aveirenses, nos primórdios da captura do “fiel amigo”, nos bancos da Terra Nova e da sua referência em documentos oficiais. Numa altura em que a pesca do bacalhau já havia sido abandonada, o autor do referido roteiro afirma, de forma sumária e imprecisa: “Posto que os Portugueses já hoje não frequentam esta navegação, sendo que antigamente iam todos os anos, de Aveiro e Viana e outros portos de Portugal mais de 100 caravelas à pescaria do bacalhau, e maior parte dos nomes dos portos da Ilha da Terra Nova são Portugueses, que eles lhes puseram, quando frequentavam esta navegação, os quais nomes ainda se conservam nas Cartas Inglesas e francesas[...]”» [Oc45, 77 cit. Roteiro da Terra Nova dos Bacalhaus, de Manuel Pimentel.] 1750 - «Viana do Castelo ainda conta com uma flotilha de 80 embarcações.» [Oc45, 79] 1756-1776 - AS “GUERRAS DO BACALHAU” «A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) Não foram declaradas guerras devidas exclusivamente ao bacalhau, mas o domínio territorial das regiões próximas dos mares onde o mesmo era pescado foi um factor determinante no desenrolar de alguns conflitos, nomeadamente a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e o processo da Independência dos Estados Unidos da América (1776). Com a Guerra dos Sete anos os ingleses garantiram o domínio territorial de toda a América do Norte, conseguindo os franceses negociar o direito de pesca, em condições apesar de tudo vantajosas para a França, na região da Terra Nova. A Independência dos EUA (1776) A Revolução Americana contou com um grande aliado, a França. Contudo, mesmo esta se opôs às pretensões americanas na região do Grande Banco. Os interesses dos franceses que detinham as ilhas de Saint Pierre e Miquelon, poderiam ser lesados, pela pesca dos americanos nas costas que os franceses consideravam como suas. Não sendo obviamente a única causa da independência dos Estados Unidos, o bacalhau esteve no centro da polémica, quer no desenrolar do processo da independência quer na posterior fase das negociações de paz, envolvendo três estados: França, Inglaterra e os recém-nascidos Estados Unidos da América – e neste processo da independência dos EUA a questão da pesca do bacalhau foi a mais complicada de resolver.» [Oc45, 72/73] Século XVIII - O estado da barra [de Aveiro] constituiu um sério obstáculo ao desenvolvimento do porto de Aveiro e aos investimentos na pesca do bacalhau, entre outros, durante os séculos XVIII, XIX e mesmo nas primeiras décadas do século XX. Silvério R. da Rocha e Cunha, 1939, sintetizou a questão da «decadência da pesca do bacalhau» deste modo: «Portugueses e Espanhóis tinham sido expulsos dos mares da Terra Nova. De país produtor de bacalhau, Portugal passou a grande importador; os armadores ingleses traziam-no para os nossos portos, onde era vendido por comerciantes também ingleses. O último comerciante inglês residente em Aveiro, retirou nos fins daquele século [XIX], porque o estado da barra dificultava o tráfego e a população caía em extrema pobreza.» [Oc45, 78]
Certamente que, ao leres “Guerras do Bacalhau”, a tua reacção terá sido de incredulidade. Contudo, como é escrito, “não foram declaradas guerras devidas exclusivamente ao bacalhau ... mas foi um factor determinante no desenrolar de alguns conflitos”. Esqueçamos as “guerras” ... e olhemos para a Barra de Aveiro que começa a dar muito que pensar!
Manuel

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