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Frei Bento Domingues |
1. Décadas de frustrações tornaram muitos católicos, jovens e adultos, cépticos acerca das iniciativas inconsequentes da chamada pastoral da juventude. Desde há mais de três mil anos que os velhos se queixam das novas gerações. Mas, como terá dito Confúcio, é melhor acender uma vela do que amaldiçoar as trevas.
Alegrei-me muito com o testemunho eufórico do cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, acerca do que tinha vivido em Roma: nós, os bispos, perguntamos muitas vezes o que podemos fazer pelos jovens; agora vi o que eles fizeram por nós; tornaram-se a escola dos bispos. Este percebeu o que deve ser um sínodo: um tempo de escuta, de aprendizagem, de conversão, de mudança. Não pode ser um faz de conta: os jovens que falem à vontade, mas a boa doutrina é a nossa; é nosso e só nosso o verdadeiro magistério da Igreja que ensina e não recebe lições desses irresponsáveis verdes anos.
Senti-me muito longe do espírito do Grande Encontro da Juventude – Os novos escolhem Deus – (20-21 de Abril de 1963), realizado em Lisboa, congregando à volta de 60 mil jovens de todo o país. Julgava-se que se podia responder a uma grave crise social, cultural, religiosa e política com uma solene e cega afirmação de rua [1].
Espero que o próprio Instrumentum Laboris [2] não seja abolido, mas refeito, periodicamente, com os contributos do Sínodo e com o intercâmbio de novas práticas a nível internacional. Uma das críticas mais pertinentes ao próprio funcionamento do Sínodo foi o da descriminação das mulheres. Nenhuma das convidadas – ao contrário dos homens – pode votar o texto final. O cardeal alemão Reinhard Marx observou: quando se trata de poder, fica-se com a impressão de que a Igreja é, em última análise, uma igreja masculina. É uma situação que tem de ser superada em todo o mundo.