Por Anselmo Borges, no DN
Aí está uma pergunta recorrente: Jesus foi casado? Agora, de repente, pensou-se que se tinha encontrado a resposta definitiva, na sequência da investigação de Karen King, professora da Harvard Divinity School, Massachusetts, do fragmento de um papiro em copta, do século IV. Aí, lê-se: "Jesus disse-lhes: a minha mulher... poderá ser minha discípula."
Mas nem sequer para a investigadora, que acaba de apresentar as conclusões do seu estudo no Congresso Internacional de Estudos Coptas em Roma, a que se deu imensa publicidade, o fragmento do papiro prova que Jesus foi casado. Do que se trata é que "desde o começo, os cristãos estavam em desacordo sobre se era melhor não contrair matrimónio, mas só um século depois da morte de Jesus começaram a dissentir sobre o estado marital do Messias para defender as suas posições".
Embora seja necessário aprofundar ainda a questão, pois desconhece-se a origem exacta do fragmento, propriedade de um coleccionador anónimo - é sabido como pululam no mercado textos antigos falsos -, vários especialistas de renome, como Antonio Piñero e Xabier Pikaza, pensam que o papiro é autêntico e poderá ser uma tradução de um texto gnóstico grego do século II (à volta do ano 160).