A propósito do Acordo Ortográfico, li, no PÚBLICO, um artigo interessante cuja leitura aconselho. Na altura da aprovação do referido acordo, considerei que era obrigatório segui-lo, até porque foi implementado nas escolas... Contudo, aceitei-o, na convicção de que poderia haver alterações para o melhorar. Afinal, não aconteceu e o nosso primeiro-ministro, António Costa, até chegou a dizer que o Governo nada faria, esperando que fosse o povo a decidir. Agora, muita gente o contesta, mas tenho para mim que mais tarde ou mais cedo alguém terá de resolver o assunto. A Língua Portuguesa não pode continuar em banho-maria.
«Este brilhante raciocínio, que torna a regra ainda mais “simples”, aplica-o ela, por exemplo a um país que se viu amputado de uma consoante, passando de Egipto a Egito: “Em relação ao nome do país Egito [na fala, ela omite o P], o novo acordo ortográfico previa a queda da consoante P. Mas uma vez que há falantes que articulam essa consoante, em princípio o nome desse país será incluído na lista da dupla grafia. Egito sem P e Egipto com P.” Afinal, o problema está nas articulações. Fulano articula, escreve; sicrano não articula, não escreve. Pois. Se ouvirmos todos os dias o que se diz na televisão, em palestras, discursos, intervenções avulsas, ouviremos “runiões” por reuniões (assim falou por estes dias, na TV, um porta-voz do PS), “tamos” por estamos, “óvio” por óbvio, “pogresso” por progresso, “competividade” por competitividade (e o programa eleitoral – ou será “pograma”? – da Aliança de Santana Lopes lá tinha, bem claro, no seu ponto 5: “Crescimento e Competividade” [sic]). Segundo a brilhante explicação de Sandra, podemos concluir que é um problema de articulações. Se alguém não articula o primeiro “r” de programa dirá “pograma”; e se assim o diz, porque não há-de escrever? Não é verdade que, se “há falantes que não articulam as consoantes, então é possível escrever sem as consoantes”?»