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quinta-feira, 15 de março de 2018

A BELINHA PARTIU PARA O PAI


O funeral será amanhã 
na igreja matriz
às 11 horas 

Belinha e Maria da Luz na festa dos 50 anos da Obra da Providência
Belinha - 1955

Ontem à noite, soube da partida da Belinha para o seio de Deus. Estava há muito acamada e o seu falecimento, embora esperado, deixa um vazio em muita gente que a conheceu, que privou de perto com ela, que dela recebeu apoio em horas difíceis, e, naturalmente, na sua família e nos amigos mais próximos. A Belinha foi sempre uma pessoa extraordinariamente atenta aos mais pobres, aos mais frágeis e mais desprotegidos, mas também aos marginalizados e esquecidos, aos doentes e carentes de afeto. 
Belinha era o diminutivo que a tornou mais conhecida na Gafanha da Nazaré e arredores, de seu nome Rosa Bela Vieira, registada como Rosa Vechina Vieira. Nasceu em 2 de março de 1928 e desde cedo mostrou uma sensibilidade especial para apoiar os mais sofredores a vários níveis. Ligada a Maria da Luz Rocha, por afinidades estimuladas pela ação vicentina junto dos mais pobres, avançaram ambas para a criação de serviços de ajuda a raparigas e mulheres mal-amadas e rejeitadas pelas suas famílias de raiz, namorados ou maridos, pelo simples facto de terem ficado grávidas. E algumas, por motivos compreensíveis, acabaram por cair na prostituição. A Obra da Providência nasceu precisamente por isso. 
A Belinha, contudo, continuou durante toda a sua vida ativa com ações benemerentes em favor de quem precisasse. Deu injeções a doentes acamados, gratuitamente,  andando de porta em porta, de bicicleta, promoveu o internamento de alguns em hospitais, alimentou em sua casa quem não tinha que comer nem onde comer, vestiu pobres e conseguiu emprego para muitos. 
Nas suas andanças de casa em casa dos doentes foi registando múltiplas dificuldades que as famílias enfrentavam, partindo daí para a resolução de diversos problemas, sabendo as portas onde devia bater, nomeadamente nos departamentos estatais e junto de amigos. 
A Belinha e Maria da Luz, amigas muito próximas, tinham por hábito reunir-se à porta da igreja matriz, depois da missa da manhã, todos os dias, para fazem o ponto da situação, em ordem a levar a ajuda a quem precisasse, repartindo o trabalho entre si. Entendiam-se perfeitamente, talvez por terem maneiras de ser complementares. Belinha e Maria da Luz representavam, na prática, o coração e a razão de mãos dadas na paixão de levar à vida a mensagem evangélica de que se alimentavam diariamente pela comunhão e pela oração na eucaristia. 
Pelo bem que fez bem feito e pelas marcas de caridade que nos legou, sei que a Belinha já está no regaço maternal de Deus. 
Apresento condolências a toda a família.

Fernando Martins