segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Bento Domingues - Em mudança acelerada



“Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo ‘sempre se fez assim’, então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo.”

Papa Francisco


1. Poderá a hierarquia da Igreja Católica mudar não apenas de orientação, mas sobretudo a velha prática de adiar soluções urgentes para um futuro indefinido?
A pergunta é antiga e percorre toda a história de reformas dentro da Igreja. Eu próprio conheço esse lamento desde a minha juventude. Quando agora se diz que o Papa Francisco está a alterar perigosamente o rumo da Igreja, provocando muitas resistências e ameaças de cisma, há sempre quem acrescente, com algum cepticismo: são maiores as mudanças no discurso do que na realidade dos factos. Mais uma vez, está a perder-se um momento de graça divina e de inadiável necessidade eclesial.
Isto sabe a conversa de velhos: velhos conservadores e velhos progressistas. Não esqueço, no entanto, que foi de um velho, minado por doença incurável, que saíram as palavras e os gestos mais audaciosos no século XX. Foram os do papa João XXIII. Os seus sucessores não perceberam que a autêntica virtude da prudência abre luz verde à audácia das decisões ponderadas, superando a linguagem do oportuno e inoportuno. Para trás não há paz e não é do império da mesmice que se podem esperar soluções inéditas.
Se olharmos para a fotografia do Sínodo dos Bispos dedicado ao tema os jovens, a fé e o discernimento vocacional, 2018, temos a evidência de que não foi um sínodo de jovens. Foram bispos com idade de pais e avós a tentar entender os jovens sem, talvez, se darem conta que já não se trata dos jovens que eles tinham conhecido quando trabalharam – os que trabalharam – com essas idades. A cultura, que só pretende garantir o futuro repetindo o passado, não entende o espírito cristão: Eis que eu faço novas todas as coisas [1].​

domingo, 13 de outubro de 2019

As leis serão iguais para todos?




"Para os pobres, é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é a lei. Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica"



Fernando Sabino (1923-2004), 
escritor brasileiro

Li no PÚBLICO

NOTA: Transcrevo, com a devida vénia, porque é verdade. Vê-se a olho nu e não vislumbro forma de as nossas leis serem MESMO iguais para todos. A um pobre a lei aplica-se e o condenado, porque não tem dinheiro para enveredar pela justiça, pagando a bons advogados, está sujeito a ficar na cadeia. Um rico, com dinheiro a rodos e influências por todos os cantos, faz protelar as decisões dos tribunais  até o comum dos mortais se esquecer. E a vida continua. Ultimamente, não será tanto assim? Talvez, mas o avanços, no sentido de as leis serem iguais para todos,  são muito lentos...  Ou andarei enganado? 

Anselmo Borges - Sínodo para a Amazónia: um mini-Concílio Vaticano II


1. Começou em Roma no passado dia 6 e estará activo até ao próximo dia 27 o Sínodo para a Amazónia. Estão presentes 185 Padres sinodais, mas participam também membros da Cúria, religiosos e religiosas, auditores e auditoras, peritos, membros de outras confissões religiosas, convidados..., o que perfaz, em números redondos, 300 pessoas. 
Embora de modo expresso se dirija directamente só a uma zona determinada do planeta, ainda que extensíssima e tocando nove países (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa), a sua temática -"Amazónia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral" - é universal e vai marcar este pontificado com um antes do Sínodo e um depois. Penso que estaremos num processo de recuperação da dinâmica do Concílio Vaticano II, um dos acontecimentos mais importantes, se não o mais importante, do século XX, para a Igreja e para o mundo. O Papa Francisco acentua que a sua missão fundamental é criar "processos" no tempo, irreversíveis, sem possibilidade de voltar atrás, a caminho de objectivos essenciais, que já vêm do Vaticano II. 

2. Destaco quatro desses pontos fundamentais, a debater no Sínodo e que influenciarão a Igreja universal. 

2. 1. Logo na terminologia. O Papa quer uma Igreja sinodal, isto é, na qual, como diz o étimo da palavra sínodo, se faça o caminho juntos. Repete constantemente: "a Igreja somos nós todos". Se é assim, o que é de todos deve ser partilhado por todos. Na véspera da abertura do Sínodo, aquando da imposição do barrete cardinalício aos novos cardeais, lembrou-lhes que não são príncipes, e pediu-lhes "lealdade" e "compaixão", também no sentido etimológico da palavra: partilhar as alegrias, as tristezas e as angústias de todos, a começar pelos "descartados", com os quais devem ser samaritanos, e que evitem ser "funcionários". Um desses novos cardeais, Cristóbal López, arcebispo de Rabat, sabe que assim deve ser, ao afirmar: "Os cristãos são todos iguais, o ser bispo ou cardeal não nos torna superiores a ninguém". Na Igreja, não pode haver duas classes: os clérigos e os leigos, pois toda a Igreja é uma Igreja de iguais, ministerial. 

É sempre bom sair de casa... mas às vezes


É sempre bom sair de casa, mas às vezes encontramos amigos que andam tristes. Antigamente, não era tanto assim. Mais novos, respirávamos ainda o ar de muita felicidade. Hoje, porém, encontrei um amigo de longa data numa situação dolorosa. Sua esposa faleceu há pouco tempo com 75 anos. Ainda há meses os vi numa celebração religiosa sem aparências de fragilidades. 
Os filhos, com as suas vidas, vivem longe, mas quando pode, aos fins de semana, vai visitá-los, alternadamente. Durante a semana vive sozinho com as memórias da esposa e os afazeres do dia a dia. Conheço outros casos e sinto que há bastante gente, homens e mulheres, na mesma situação. Eu sei que a roda da vida continua, mas é bom que nos habituemos a mudanças bruscas que podem  surgir, nas camadas mais idosas. 
Para o animar, lá fui adiantando que se envolvesse em tarefas que o ocupassem física e emocionalmente. O espírito precisa de ser dinamizado para alimentar a alma e animar o corpo. Felizmente, já  aconteceu, disse o meu amigo: uma instituição já o conquistou para trabalho voluntário. Ainda bem. 

F. M. 

sábado, 12 de outubro de 2019

TURISMO – Se a moda pega...

Turistas em Aveiro 
Veneza já agendou a cobrança de uma taxa para entrar na cidade. Pretende-se estancar o afluxo  de turistas, segundo se diz e lê. Em 2020, quem gostar de visitar a cidade dos canais, em Itália,  tem de pagar...  Na cidade dos canais, em Aveiro, estaremos longe disso, penso eu
Habituei-me a olhar para os turistas como gente que gosta de apreciar terras e culturas, pessoas e monumentos, mas também de saborear gastronomias próprias de cada região. Pelos vistos, o que é demasiado cansa e...  será que prejudica? Não é o turismo uma indústria que movimenta muitos milhões? E não dá emprego a muita gente? E não saem do turismo benefícios sociais, económicos e culturais para tantos? 
Se a moda pega, não será um certo descalabro a tantos níveis para os países? 

Ler no PÚBLICO 

Fernando Martins 

Piódão - Uma aldeia com história


Em maré de evocações, venho com uma rua ou ruela de Piódão, uma aldeia com história. Por mais que pense, jamais chegarei a imaginar vidas isoladas e perdidas por aqui há séculos. Só a pé seria possível andar por estes recantos à cata de gente para conversar sobre o estado do tempo ou ensaiar uma saída em passeio até Arganil. Mas a aldeia teima em continuar para contar vivências de outras eras  com gente que por estas bandas se tornou foragida.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Eugénio de Andrade para este fim de semana


O SAL DA LÍNGUA

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém — mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

Eugénio de Andrade

Do livro "O Sal da Língua"
1.ª Edição -1995


NOTA: A Nina, gata cá de casa, tem a mania de cirandar por entre livros. E de vez em quando alguns caem sem que ela se incomode com isso. O dono que os apanhe. Hoje foi dia de cair Eugénio de Andrade. Tive sorte e reli "O Sal da Língua".

Gastronomia - Pataniscas da Eva


Preparação: 

Coza o bacalhau em água, escorra e desfie em lascas, retirando a pele e as espinhas. Misture com a cebola e a salsa picadas. Misture a farinha e os ovos, junte o leite aos poucos, mexendo sempre e adicione o preparado de bacalhau. Tempere a gosto. Aqueça bem o óleo e frite aos poucos, às colheradas, até dourar dos dois lados. Deixe escorrer bem em papel absorvente e sirva ainda quente e estaladiço. 

Bom apetite! 

Ingredientes: 

250g de bacalhau 
4 ovos
1 chávena de leite 
1 chávena de farinha 
1/2 cebola 
3 dentes de alho 
Sal qb 
Pimenta branca qb 
Salsa qb 

Receita apresentada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré no “Concurso Prato Tradição & Prato Inovação” 
(2.º lugar da Categoria “Tradição”), no âmbito do Festival do Bacalhau 2019.

Fonte - Agenda "Viver em..." de outubro da CMI 

Georgino Rocha - Elogio a quem agradece

DOMINGO XXVIII


"Educar para o agradecimento merecido e viver em atitude de gratidão justa 
fazem parte da nossa comum humanidade, da cidadania cívica, 
do conviver respeitoso em sociedade"

A liturgia deste domingo tem um fio condutor que une as leituras e dá sentido à vida humana em todas as situações. Também nas de maior fragilidade como as que estão apanhadas pela lepra ou outras doenças. Hoje, surge Naamã, o general sírio, que vai em busca de cura junto de Eliseu, o profeta de Deus, e Jesus que é invocado como Senhor, por dez leprosos, numa aldeia por onde passava a caminho de Jerusalém. De igual modo, Paulo que está na prisão como um malfeitor por causa do Evangelho, ele que tinha vivido dominado pela lepra do ódio aos que se convertiam a Jesus e seguiam a sua mensagem. Em todos, a lepra é curada e a saúde recuperada. Apenas dois reconhecem o benefício recebido como dom de Deus e Lhe agradecem.
Vamos seguir a narrativa de Lucas, meditar algumas passagens, tentando saborear a sua riqueza e oportunidade para nós em Igreja e na sociedade. Fazê-lo a partir do elogia dado por Jesus ao leproso que vem agradecer-lhe. Lc 17, 11-19.
O elogio surge da boca de Jesus, numa povoação onde passava a caminho de Jerusalém. Com ele, iam os discípulos desejosos de colher os seus ensinamentos. Sai-lhe ao encontro um grupo de dez leprosos que, em voz alta, imploram a sua compaixão. Jesus põe-nos à prova, encaminhando-os, de acordo com a Lei judaica, para os sacerdotes. E não diz, nem faz mais nada. No percurso, acontece a maravilha da cura. O grupo continua a viagem; mas um, não, e regressa junto de Jesus, para lhe expressar a gratidão pelo benefício alcançado. E este era estrangeiro, samaritano, de outra etnia cultural e religiosa, excluído das bênçãos prometidas aos Judeus.
Ao ver o sucedido, Jesus toma a palavra, censura o grupo pela falta de reconhecimento e pela ingratidão, fazendo, ao mesmo tempo, o elogio de quem, espontaneamente, vem à sua presença, dando glória a Deus, em voz alta, e assumindo atitudes de profunda humildade e agradecimento. Depois diz a este homem: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”.
Os discípulos não participam no diálogo, apenas testemunham o facto tão contrastante com o preceituado na Lei. E, certamente, como ocorre em outras ocasiões, ficam perplexos e pedem explicações. E não era para menos! Com eles, também nós precisamos de compreender o que está contido na cura dos 10 leprosos e colher a mensagem que Jesus quer transmitir.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Serrazes - Desolação


Para me não esquecer, que as boas memórias dão-nos alento para sonhar, revivendo, fica aqui esta imagem do antigo parque de campismo de Serrazes, S. Pedro do Sul. O fogo destruiu quase tudo, mas não apagou a riqueza de momentos muito felizes.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

D. António Marcelino regressou à casa do Pai faz hoje seis anos


Que Deus o aconchegue 
no seu regaço maternal 

A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. Faz hoje seis anos. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons. 
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária. 
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram. 
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal. Assim escrevi na hora da triste notícia. E hoje, passados seis anos, lembro-o com saudade. 

Fernando Martins

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Bento Domingues - Teologia e literatura


"Em Portugal e no Mundo, há muitas referências 
à dimensão religiosa e cristã na literatura dos últimos séculos"


1. A fonte de toda a teologia cristã é o chamado Novo Testamento (NT) que, por sua vez, é uma inovadora interpretação da Bíblia Hebraica ou, como é usual dizer-se, do Antigo Testamento (AT). Hoje, encontramos todos os livros da Bíblia de épocas, autores, géneros literários e línguas diferentes, encadernados num só volume. Podem dar a ilusão de constituírem apenas um livro, quando a própria palavra Bíblia significa livros. É preferível, por isso, falar de teologias e não de teologia do AT ou do NT. A expressão muito usada, como diz a Bíblia, não pode indicar nada de muito preciso.
Nessa biblioteca, coexistem, na teia contraditória das experiências humanas narradas, apresentações de Deus cheias de contrastes irredutíveis. O próprio Jesus diz, aos seus interlocutores rabínicos: disseram-vos, mas eu digo-vos. Sustentava muitas vezes o contrário do que vinha nas Sagradas Escrituras.
Para quem tem uma noção de livros divinamente inspirados, como ditados de Deus, pode ser levado a pensar que Deus não se levanta todos os dias com a mesma disposição, pois são-lhe atribuídas afirmações que não batem certo umas com as outras. A inspiração divina acontece através de múltiplas e complexas mediações humanas. Quando se afirma que a Bíblia é palavra de Deus importa não esquecer que se trata de uma metáfora para dizer que aquela literatura, sem a referência ao Deus sem nome, seria impossível.
Pelo caminho da sua escrita poética, narrativa, romanesca, sapiencial, a Bíblia revela a profundidade e a complexidade que nenhum dilúvio poderá vencer. Como nota o Prof. José Augusto Ramos, “poderíamos por isso, dizer, sem qualquer intenção de sectarismo, que, em termos históricos e culturais, a Bíblia hebraica completa é a Bíblia cristã. Uma antologia literária que começa no Génesis e termina muito bem no Apocalipse” [1].

domingo, 6 de outubro de 2019

Anselmo Borges - O B. I. dos cristãos

“Eu estou encantado com este Papa. Penso que ele é o Papa preciso para este momento da história do mundo” 

Walter Kasper


1. No início do século XX, A. Loisy fez uma afirmação que é decisiva para a compreensão dos problemas dramáticos por que passa a Igreja: “Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio foi a Igreja”. Realmente, não se pode dizer que Jesus fundou a Igreja. Jesus é o fundamento da Igreja, mas não o seu fundador. 
Jesus anunciou o Reino de Deus. E o que é o Reino de Deus? O próprio Jesus, na sua pessoa, na sua palavra, na sua vida, na sua morte e ressurreição. Ele é o Vivente em Deus para sempre. O que é que anunciou? Que Deus é Abbá, querido Pai, e também podemos e devemos dizer que é Mãe, Mãe querida. Como Pai e Mãe, Deus quer o bem, a alegria, a felicidade, a realização plena de todos os seus filhos e filhas e nem na morte os abandona: na morte, não se cai no nada, entra-se na plenitude da Vida. Foi essa fé que moveu Jesus, realizando, por palavras e obras, o Reino de Deus, o Reino da fraternidade, da paz, da solidariedade e da verdadeira liberdade, para todos, a começar pelos mais frágeis, abandonados, pobres, aflitos, marginalizados, desprezados, desvalorizados... Para Deus, todos valem infinitamente. 
Muitos acreditaram em Jesus, cada vez mais homens e mulheres, através dos primeiros discípulos, foram acreditando nEle e, através dEle, em Deus, no Deus de Jesus. E foram surgindo comunidades cristãs fraternas no mundo inteiro, realizando o Reino de Deus. Nelas, o amor era a lei suprema: “vede como se amam”, diziam os pagãos. 

Ainda as férias – Ruínas do Balneário Romano de S. Pedro do Sul

Piscina D. Afonso Henriques
As Termas de S. Pedro do Sul ostentam, com natural orgulho, a bandeira da ancestralidade romana das suas origens, sendo as mais importantes e bem conservadas do país, «com uma utilização contínua ao longo de dois mil anos”, garantindo um notório "desenvolvimento regional”, como se lê nas notas promocionais. 
Nelas se sublinha que “aos romanos se deve a construção inicial do balneum” em dois momentos no 1.º século d.C., sendo visível pelas descobertas arqueológicas as piscinas, canais de escoamento, colunas, fustes e capitéis, lápides epigrafadas, revestimentos e construções. 
A chamada piscina de D. Afonso Henriques, inserida em “estruturas romanas preexistentes promovidas pelo rei conquistador”, é motivo de justo realce. 
Dom Afonso, o primeiro deste nome, frequentou as termas, na ânsia de procurar cura para uma fratura sofrida numa perna durante a batalha de Badajoz (1169), contra o seu próprio genro, na  qual saiu derrotado. 
Aqui  estabeleceu o paço real, com seu filho Sancho, que lhe haveria de suceder, e filhas Teresa e Urraca, bem como a cúria régia. Daí, naturalmente, as marcas indeléveis alusivas ao rei Conquistador, um pouco por cada esquina desta zona termal.
No século XVI, o rei D. Manuel I avançou com os apoios indispensáveis para converter o velho edifício medicinal em Real Hospital das Caldas de Lafões, tendo frequentado os banhos para tratar  de um mal de pele, sublinha o folheto que foi distribuído aos visitantes.







Mais tarde, no século XIX, durante quatro temporadas, as termas foram procuradas pela última Rainha de Portugal, D. Amélia de Orleães, que ali fez tratamentos, deixando marcas no novo edifício balnear, que ostenta o seu nome, “descontinuando assim o uso do antigo balneário romano”. Na altura da visita, estava patente no edifício, denominado Balneário Rainha Dona Amélia, uma exposição de fotografias alusivas à última rainha de Portugal, muito bem conservadas. 
Diz a informação distribuída no momento da visita às ruínas do Balneário Romana, durante a qual ouvimos com muito agrado uma bela lição de história de um guia cego, Eduardo Oliveira, licenciado em Educação e autor do livro “Implantação da República e Monarquia do Norte (Ocorrências e Vivências em S. Pedro do Sul)”, que é oportuno  frisar o conjunto patrimonial que possui “o seu carácter único no país”, com “aproveitamento contínuo ao longo de dois mil anos”. Lê-se ainda que as várias intervenções arquitetónicas realizadas no decurso dos tempos constituem “uma peça patrimonial e histórica de inegável valor nacional”, não existindo outro com “as mesmas características em Portugal”. Aliás, as Termas de S. Pedro do Sul são as mais frequentadas do país, merecendo a preferência de 35 por cento dos aquistas portugueses. 

Fernando Martins

sábado, 5 de outubro de 2019

José Tolentino Mendonça - O poeta também é Cardeal

O poema 

O poema é um exercício de dissidência, uma profissão de incredulidade na omnipotência do visível, do estável, do apreendido. O poema é uma forma de apostasia. Não há verdadeiro poema que não torne o sujeito um foragido. O poema obriga a pernoitar na solidão dos bosques, em campos nevados, por orlas intactas. Que outra verdade existe no mundo para além daquela que não pertence a este mundo? O poema não busca o inexprimível: não há piedoso que, na agitação da sua piedade, não o procure. O poema devolve o inexprimível. O poema não alcança aquela pureza que fascina o mundo. O poema abraça precisamente aquela impureza que o mundo repudia. 


Em "A noite abre meus olhos" 
de José Tolentino Mendonça 

Ler mais aqui 

Nota - Foto da minha autoria


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

E vamos então votar!



No domingo, vamos viver um dia especial no âmbito da democracia pluripartidária. Os portugueses vão escolher, livremente, os partidos políticos que hão de exercer funções parlamentares e governativas, na convicção de que a justiça social, a liberdade, o progresso a vários níveis e o respeito de cada um pelas opiniões dos outros sejam norma de vida de uma sociedade que tem de apostar na erradicação da exclusão e da pobreza. 
Neste meu espaço, onde, à minha maneira, partilho sentimentos, emoções, gostos, paixões, alegrias e tristezas, saberes, buscas e opiniões, não abordo políticas partidárias, mas respeito sempre os vencedores e os vencidos. 
Nesta linha, pretendo, tão-só, lembrar aos meus amigos que é imperioso votar para adquirirmos o direito à crítica, na perspetiva de apoiar o que consideramos certo e de denunciar o que nos parece errado. E vamos então votar! 

Fernando Martins 

Georgino Rocha - Crescer na fé, viver na confiança

DOMINGO XXVII



“Senhor aumenta a nossa fé” disseram-Lhe os Apóstolos após a advertência de Jesus sobre a necessidade do perdoar a quem os ofende, perdoar tantas vezes quantas forem ofendidos. Lc 17, 5-10. Esta advertência mostra a relação que há entre fé e perdão, entre a necessidade humana e a oferta divina; mostra o perdão na sua dimensão de gesto ético e de dom do Espírito Santo. 
Por isso afirma Manicardi: “A fé é sempre «pouca», e os discípulos são sempre «homens de pouca fé», ou seja, incapazes daquela relação de entrega plena e confiante, gratuita e convicta, humilde e perseverante, doce e robusta, numa palavra, daquele amor que está na base do poder da fé”. Como se mantém actual o pedido dos Apóstolos!
“Não nos tornamos cristãos com as nossas forças” – afirma o Papa Francisco, no Twitter. “A fé é, primeiramente, um dom de Deus que nos é dado na Igreja e através da Igreja”.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Um poema para este tempo


Outono

Os tons dourados
Do teu manto
E os avermelhados
Em espanto
Ou nostalgia,
Descem em nós
A melancolia.
Cobre-se a natureza
Que rescende a mosto
Dum véu de tristeza.
Sentido ao sol-posto.
E neste sabor
Há pranto
Ou louvor?

Madona

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Convívio com alunos








No sábado, 28 de setembro, tive o privilégio, mais uma vez, de confraternizar com alunos meus da década de 60 do século passado, das escolas da Chave e da Marinha Velha da Gafanha da Nazaré. Por mais palavras que escolha e venha a empregar neste simples texto, jamais traduzirei, com verdade absoluta, os sentimentos que me invadiram durante todo dia e até hoje. E sempre, afinal. Simplesmente porque foram emoções intensas as que revivi com as histórias que ouvi e que não me canso de ouvir. 
Estes gestos tocam-me profundamente e por mais que agradeça aos presentes, e por eles aos que não puderam participar no almoço, ficarei sempre em dívida perante tanto carinho e amizade. 
Em convívios como este, a saudade dos tempos idos tem muito peso. Eu sei que há quem defenda que não importa o que lá vai, porque o importante está, no presente, a construção do futuro. Mas futuro sem raízes não terá grande sentido, porque nós somos já, indubitavelmente, o futuro do passado. E é neste ciclo do tempo sem fronteiras que nos movemos e convivemos. 
Nas trocas de impressões com os meus antigos alunos, fui compreendendo as suas vidas e lutas pela busca da felicidade, para si e para os seus. E com que enlevo me falaram dos filhos e netos, dos seus trabalhos e sucessos, dos seus percursos de vida e dos seus sonhos, das suas alegrias e algumas mágoas. Mas o que mais sobressaiu foi a sua alegria pelo convívio, pela partilha de sentimentos e emoções, pelas recordações das escolas que os marcaram, pelos companheiros da meninice, pela evocação dos que já não estão fisicamente entre nós e pelos que não puderam estar presentes, por doença,  situações difíceis ou migração.  
Felizmente, pudemos contactar com o Celso Alves Pinto e com o Manuel Ferreira, graças ao Messenger. 
A todos os presentes e ausentes quero agradecer as provas de estima com que me envolvem quando com eles me cruzo. Todos sabem que os alunos, como os filhos e netos, têm lugar especial no meu coração. Aqui ficam os meus votos das maiores venturas para todos. 

Fernando Martins 

Registo que me foi entregue no final do encontro: 

«Almoço de ex-alunos dos anos 60
com o estimado Prof. Fernando Martins

“E no meio deles, com o seu carinho indesmentível e amizade franca, revivi a minha e nossa sala de aulas, os métodos de ensino, os programas escolares, as brincadeiras com espaços de recreio marcadamente separados, para meninos e para meninas. Afinal, a rigidez já naquela época era considerada, por muitos, e por mim, anacrónica e sem sentido”.

Prof. Fernando Martins, 2018/10/20

(Blogue “Pela Positiva Etiquetas: Antigos Alunos, Escola, Marinha Velha)

Carlos Manuel Teixeira
Eduardo Almeida
Fernando Almeida
Fernando Batista
Hélder Mateiro
Manuel Cândido Rocha

Albino Ribau
António Barroqueiro
João Manuel Cardoso
Carlos Silva
Emídio Gandarinho
Fernando Calisto
Francisco Jesus
João Gonçalves
Júlio Caçoilo
Serafim Pinto

Com estima e amizade, muito obrigado Prof. Fernando Martins!

Gafanha da Nazaré, 2019/09/28


O Serafim, incansável obreiro destes encontros, teve a gentileza de me enviar as suas impressões de mais este convívio, que reproduzo com muito gosto e gratidão. 

A educação tem regras 
O trabalho tem regras 
A amizade não tem regras 
A amizade não tem condições 
A liberdade coabita com a amizade 
Quando a essa liberdade 
Trazemos as pessoas de quem gostamos 
Quando juntamos ex-alunos e amigos 
Com o nosso amigo Prof. Fernando 
A amizade sai reforçada e engrandecida. 

Pelo vídeo do “Messenger”, tivemos connosco, o Celso Pinto - nos USA e o Manuel Ferreira - em Lisboa. 

Parabéns ao professor Fernando Martins e a todos os ex-alunos da Escola Primária dos anos 60 presentes no encontro de hoje, 28 de Setembro de 2019! 

P.S.: O próximo encontro fica agendado para o dia 18 de Setembro de 2020.» 

Serafim Pinto 

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

REFLEXOS & REFLEXÕES de Aida Viegas


Com os meus parabéns à autora, uma escritora multifacetada. 

Estudar antes de pregar


"Os tagarelas falam antes de pensar, 
umas vezes arrependem-se disso, outras não"

1. Em Serralves, no passado dia 19, fui convidado a participar numa conferência com Lídia Jorge, sobre O pensamento como pré-escrita. A moderadora, Luísa Meireles, lembrou que o assunto envolve múltiplas vertentes – literárias, filosóficas, religiosas, semânticas, etc. – com a liberdade de tudo o que cada um quisesse abordar. A conferência foi aberta por Paulo Mendes Pinto e pela música de Pedro Abrunhosa. Não me pertence, a mim, fazer qualquer juízo sobre o que ali aconteceu.
Escrever, escrevo, mas não sou escritor nem ficaria infeliz se nada tivesse escrito. Tive de escrever, no âmbito da teologia, muitos textos que me pediram para várias revistas ou de colaboração em obras colectivas, assim como introduções e prefácios sem conta. Fui solicitado por muitas instituições culturais do país, para conferências e debates sobre A Religião dos Portugueses, publicada em 1988, corrigida e aumentada na reedição de 2018, organizada por António Marujo e Maria Julieta Mendes Dias. Desde os inícios do PÚBLICO, fui convidado para escrever, ao Domingo, uma crónica que se tem mantido até hoje. Deu origem a vários livros, editados pela Figueirinhas e, depois, pela Temas e Debates.
Como disse, não sou escritor nem pertenço à Ordem dos Escritores, mas à Ordem dos Pregadores. É esse o sentido de acrescentar, à assinatura de tudo o que escrevo, O.P., o que ainda intriga alguns leitores.
Até ao século XIII, a Ordem dos Pregadores era identificada com a Ordem dos Bispos. Houve, por isso, resistências a dar este nome a uma Ordem Religiosa. A própria Bula pontifícia, que recomendava a Fundação de S. Domingos (1170-1221), foi corrigida de “Ordem dos que pregam” para Ordem dos Pregadores, aqueles que são “totalmente dedicados ao anúncio da palavra de Deus”.
Este acontecimento revelou-se extremamente fecundo. Fez com que muitos párocos e várias Congregações religiosas se convertessem a esta missão que é responsabilidade de toda a Igreja.
Porque será que a chamada Ordem dos Pregadores produziu, muito cedo, grandes teólogos escritores – basta pensar em Alberto Magno e Tomás de Aquino – e a escrita de místicos famosos, como Mestre Eckhart e Catarina de Sena?

domingo, 29 de setembro de 2019

Schoenstatt na Mata da Gafanha


Conforme disse, há tempos, ontem foi dia de passar pela Mata da Gafanha, que tem inúmeros motivos para nos sentirmos livres do stresse dos nossos quotidianos. À volta do Santuário reina um silêncio acolhedor e pouca gente por ali andava. No Santuário recolhemo-nos um pouco e nesse curto espaço de tempo passaram diversas pessoas. Sempre em silêncio. Um casal jovem e outros jovens aparentemente solitários. Uns senhores que não conheci e umas senhoras que conhecia de vista. Mas do Santuário direi algo daqui a uns dias. 
Cá fora uma paz impressionante. E a Lita achou graça a um banco isolado como mostra o retrato. Sentou-se e quis ser fotografada. E perguntou o porquê daquele banco ali esquecido. Deduzi que se trata de um banco para quem passa poder descansar, respirar e acolher os odores da floresta e jardins circundantes. E a Lita até descobriu que o chão de pedra tinha a forma de uma coroa. Seria a coroa de Nossa Senhora ali aplicada pela JFS (Juventude Feminina de Schoenstatt). Passem por lá para confirmar. 
Bom domingo.

F. M.

Anselmo Borges - Sobre pessoas e animais quem decide?



1. Eu sei que o tema é hoje muito sensível e complexo. Já aqui escrevi várias vezes sobre ele, mas volto a ele, sobretudo porque penso que é fundamental ter conceitos claros, contra a confusão que quer impor-se neste e noutros domínios. Dentro da confusão, é fácil perder-se quanto ao essencial. 
Dou exemplos de confusionismo. Contou-me uma pessoa amiga que, durante uma volta a pé, ouviu uma senhora aflita a chamar: “Anda à mãe, anda à mãe.” Até se afligiu, pensando que uma criança se tinha perdido. Afinal, era um cãozinho. Outra pessoa contou-me que viu na televisão uma senhora grávida num supermercado com o cãozito num carrinho e, à pergunta para quando o nascimento do bebé, disse a data prevista na qual o cão iria ter um irmão. Segundo o Expresso, André Silva declarou: “Há mais características humanas num chimpanzé ou num cão do que numa pessoa em coma”. E já se pede um SNS para cães e gatos. E há jardins públicos infrequentáveis por crianças, tanta é a porcaria largada por cães, com os donos regalados a observar o alívio dos bichos. E tem havido ataques graves de cães e perturbações sem conta por outros animais que destroem colheitas inteiras, mas nada acontece... 
A afirmação acima está na continuidade da de Peter Singer, professor da Universidade de Princeton, que escreveu em Ética Prática: “Devemos rejeitar a doutrina que coloca a vida dos membros da nossa espécie acima da vida dos membros de outras espécies. Alguns membros de outras espécies são pessoas; alguns membros da nossa não o são. De modo que matar um chimpanzé, por exemplo, é pior do que matar um ser humano que, devido a uma deficiência mental congénita, não é capaz nem pode vir a ser pessoa.” Quem faz estas afirmações fá-lo baseado em que a desigualdade de tratamento que damos às pessoas humanas e aos outros animais deriva do chamado especismo, que consiste na preferência que damos aos seres humanos sem qualquer outra razão que não a pertença a uma espécie, no caso, a espécie humana. 

Romagem à Senhora de Vagos


sexta-feira, 27 de setembro de 2019

“A Porcelana Vista Alegre na Diocese de Aveiro: Arte e Devoção”.


O Museu Vista Alegre inaugura a 4 de Outubro, pelas 21h00, a sua nova exposição temporária: “A Porcelana Vista Alegre na Diocese de Aveiro: Arte e Devoção”. 
Esta exposição, organizada pela Vista Alegre e a Comissão Diocesana para os Bens Culturais da Igreja da Diocese de Aveiro, pode ser visitada todos os dias, incluindo fins-de-semana, até 31 de Dezembro, das 10h às 19h. A entrada é livre. 
A exposição “A Porcelana Vista Alegre na Diocese de Aveiro: Arte e Devoção” revela ao público a ligação entre a arte da porcelana e a devoção, reunindo peças de Paróquias da Diocese de Aveiro, de coleccionadores privados e do espólio do Museu Vista Alegre. A porcelana Vista Alegre apresenta-se, nesta exposição, como um reflexo das relações entre as práticas devocionais e as representações artísticas e património vivo e vivido, em partilha permanente com as
comunidades. 
Sobre esta exposição, D. António Manuel Moiteira Ramos, Bispo de Aveiro, afirma: “A Vista Alegre mostrou-se, desde cedo, audaz no campo da arte da porcelana, sobretudo por ter investido em ultrapassar as várias dificuldades deste caminho. Procurou conhecer para iniciar. Procurou aperfeiçoar para melhor servir. Somos todos testemunhas disto mesmo, e a Comunidade Cristã não é excepção. As peças de porcelana fabricadas pela Vista Alegre para o serviço do culto e devoção dos cristãos são marcadas por uma beleza ímpar, sempre destacando a sua delicadeza que nos atrai e nos eleva à Fonte da Beleza, Deus.”

Fonte: Página da Diocese de Aveiro

Dia Mundial do Turismo — "Turismo e emprego: um futuro melhor para todos".

Santuário de Schoenstatt - Gafanha da Nazaré

Restauro das termas - S. Pedro do Sul 
O Dia Mundial do Turismo celebra-se anualmente a 27 de setembro, fundamentalmente para lembrar  a  importância das viagens e o seu valor cultural, económico, político e social, através de iniciativas que possam ser realizadas em vários países do mundo. Confesso que não sei se hoje, em Portugal, por exemplo, haverá qualquer ação nesse sentido. Pelo sim pelo não aqui me pronuncio porque acho que muitos de nós, com mais ou menos posses, ainda podemos fazer turismo, nem que seja à volta de casa, sem riscos de gastar mundos e fundos, para além de algumas reservas (se as houver, naturalmente) guardadas expressamente para conhecer outras terras e gentes. 
Eu gosto imenso de viajar, mas a saúde nem sempre me dá autorização para isso. Fico por perto que é mais seguro. E não corro riscos de dar trabalhos aos meus familiares. 
Há muitos anos acalentei sonhos de viajar até Roma não apenas para ver o Papa, de contemplar a Terra Santa, seguindo os passos de Jesus Cristo, de visitar o Brasil e outros recantos da América Latina e tantas outras paragens que viajantes por profissão ou por prazer relatam na comunicação social e que eu sofregamente leio.
Ficando por aqui, de vez em quando dou um saltinho com a Lita, mantendo no horizonte o rasto luminoso e cadenciado do Farol ou o cheiro a maresia. E nem Portugal conheço como gostaria de conhecer. E como nota final, aqui fica exarado que já não vou a Lisboa há nove anos. Fui lá expressamente para participar num encontro com o Papa Bento XVI. 
Hoje, para desanuviar, vou passar pela Mata da Gafanha. O ar é puro e o silêncio é de ouro. 

Fernando Martins 

Georgino Rocha - Deixa-te convencer

DOMINGO XXVI


“Deixa-te convencer” é exortação velada e insinuante, que encerra a parábola do rico Epulão e do pobre Lázaro. “Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos”. Lc 16, 19-31. Esta resposta está posta na boca de Abraão como ponto final a um diálogo persuasivo sobre o valor das coisas, vistas da “outra margem do rio”, sobre a importância de saber aproveitar as oportunidades que o tempo nos proporciona, sobre a articulação consequente que existe entre a fase presente da vida e o futuro definitivo, a inevitabilidade da morte, a gravidade das omissões.

Deixa-te convencer, pois a vida é só uma, no tempo e na eternidade, embora com ritmos diferentes, tem uma dignidade própria que se manifesta, progressivamente, nas opções que fazemos e nas atitudes que assumimos, nas relações que criamos e alimentamos e nas associações que organizamos, na sociedade que constituímos, infelizmente, cada vez mais desigual.

Deixa-te convencer, pois os bens são pertença de todos e a todos se destinam, de forma equitativa e solidária, estando nas nossas mãos para serem bem geridos, segundo o propósito do Criador que se revela, de modo original, em Jesus de Nazaré, o Filho único de Deus, e as leis justas estabelecidas pela autoridade humana. O Papa Francisco não se cansa de exortar a que se promova uma economia para todos e cuide da criação.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Eleições à porta - 6 de Outubro


Por alturas das eleições, costumo sublinhar a importância das escolhas do povo, habituado à ideia e à certeza, de que “o povo é quem mais ordena”. Realmente, numa democracia, os eleitores têm a obrigação de participar nas assembleias de voto, onde se encontram as urnas para nelas enfiarem o papelinho dobrado em quatro, onde fica exarada a opção de cada um. Da esquerda à direita, passando pelo centro, há espaço para todos. E como muitos já se consideram esclarecidos, os velhos partidos vão açambarcando os votos, sendo muito poucos os que ousam aventurar-se por outras ideias, algumas tão irrisórias que nem vale a pena perder tempo com elas. 
A campanha, com diversas cores, anda no ar e os debates televisivos ou radiofónicos já cansam. Para mim, claro. E já cansam porque nada de novo surge de modo a convencer seja quem for, penso eu.  A maioria dos portugueses, pelo que ouço e vejo, tomam alguns debates como um espetáculo para rir ou para adormecer. 
Promessas e mais promessas, quando toda a gente sabe que, uns dias depois da tomada de posse do Governo, tudo continua adiado para as calendas gregas. 
Eu vou votar… no dia 6 de Outubro. Já sei em quem… Mas haverá outras hipóteses. Na hora própria decidirei. Voto porque quero ter a legitimidade de protestar, de criticar ou de aplaudir, conforme o caso. Quem não votar fica à margem de democracia. 

Fernando Martins

Dia Internacional do Farmacêutico


Celebra-se hoje o Dia Internacional do Farmacêutico, razão mais do que suficiente para lembrar e homenagear quantos nos atendem quando vamos às farmácias à procura dos medicamentos que nos foram receitados pelos médicos que consultamos. Na farmácia que mais frequento, a Farmácia Morais, que conheço desde que me conheço, já que foi fundada em 1940, há um poema que gosto de ler e reler. Aqui o partilho com os meus amigos.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Ares do Outono - A beleza das árvores, arbustos e flores

Dia a dia vou espreitar se há novo rebento 
Com a chuva que aí está, mais o vento, ora brando ora bravo, teremos de nos habituar a uma vida mais triste? Penso que não. 
Há flores que murcham e caem, mas outras, mais dadas ao frio, hão de resistir. Que a vida, como é habitual, precisa da alegria e da beleza que arbustos, árvores e flores nos dão. 
Mas se elas se forem com o vento, que ao menos saibamos alimentar o prazer da espera pelo seu regresso. E até lá, aprendamos a cultivar outras flores, daquelas que nos enchem a alma com as suas cores e aromas: a amizade, a partilha da nossa alegria, o bem que podemos fazer a quem nos cerca, a aposta na construção de um mundo mais solidário.
Bom Outono para todos.

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Pe. César Fernandes celebra 40 anos da sua ordenação presbiteral

O Padre César Fernandes foi ordenado presbítero há 40 anos, mais precisamente em 23 de Setembro de 1979. Depois da ordenação, ingressou nas tropas paraquedistas como capelão, tendo participado na guerra, não para lutar como qualquer militar, mas sobretudo para apoiar quantos tinham de pegar em armas. Moveu-o, como seria compreensível, a luta pela paz e pelo entendimento entre os homens de boa vontade, deslocados para combater por decisões políticas. 
Depois de exercer as tarefas de membro da equipa sacerdotal responsável pela nossa paróquia, passou naturalmente a ocupar a missão de pároco da Gafanha da Nazaré, imprimindo à sua ação um dinamismo adequado ao nosso povo com as suas diversas instituições, sendo notória a sua dedicação e sensibilidade. 
Neste dia de aniversário da sua ordenação presbiteral, cumpre-me felicitá-lo, comprometendo-me a colaborar dentro das minhas modestas possibilidades no dia a dia da nossa paróquia.

Um livro de Humberto Rocha – “A Bruxinha Aprendiz”



O meu amigo e familiar Humberto Rocha teve a gentileza de me oferecer um livro para crianças, denominado “a Bruxinha Aprendiz”. Trata-se de uma peça de teatro escrita para as suas netas e por elas representada em 6 de Julho de 2005. As artistas são a  Clara Vidalinc (Princesa), a Sara Rocha (Bruxa), a Inês Vidalinc (Bruxinha), a Matilde Vidalinc (Bailarina) e a Carolina Rocha (Bailarina). Na altura, tinham, respetivamente, oito, sete, quatro, seis e cinco anos. E pelo que sei, saíram-se muito bem, ou não fosse o avô um mestre na arte Talma, entre outras artes. 
A edição saiu muito enriquecida pelas ilustrações do artista aveirense Jeremias Bandarra que, como já nos habituou há muito, põe no que faz uma sensibilidade notável. O trabalho do Humberto Rocha vale portanto pela ideia, pelo texto, pelo enquadramento familiar, pela magia que sempre encanta crianças e adultos, mas também por nos colocar em contacto com um artista que goza de merecida estima e admiração no mundo das artes plásticas, de onde sobressai um humanismo que muito prezo. 
A história começa, como é típico e em jeito de convite à leitura, com “uma princesa muito bonita, mas muito triste, porque não podia sair do castelo, pois havia uma bruxa má que a transformaria em estátua, caso a apanhasse a passear”.  Boa maneira de começar uma história para cultivar nas crianças o gosto pela fantasia, pelo sonho, pela harmonia, pelo mágico que a vida inúmeras vezes comporta. E como termina? Um segredo para descobrir no livro.  
Os meus parabéns ao Humberto, extensivos à sua família, em especial às artistas a quem ele dedicou este seu trabalho. 

Fernando Martins

Bento Domingues - Acabar com a chantagem

Papa não teme o cisma 
"Escusam de continuar com as ameaças de cisma.
Não o desejo, mas não me assusta e rezo para que não aconteça."


1. O acontecimento mais importante, na liderança da Igreja católica, nos últimos tempos, não pode passar despercebido ou dissolvido no ruído dos noticiários acerca do Vaticano.
O papa Francisco, ao regressar da última viagem apostólica a vários países africanos (Moçambique, Madagáscar e Ilhas Maurícias), não se limitou a responder às perguntas e curiosidades dos jornalistas, de forma aberta e desinibida, como sempre faz. Desta vez, foi muito mais longe. Decidiu colocar um ponto final na chantagem que se arrastava, dentro e fora do mundo católico, desde o começo do seu pontificado: a ameaça de um cisma.
Para quem conhece alguma coisa da história do cristianismo, não pode ignorar os efeitos terríveis que essa palavra evoca, efeitos que ainda hoje persistem, apesar de todas as iniciativas ecuménicas.
Dada a desenvoltura com que se pronunciou, terá Bergoglio esquecido as catástrofes dessa “bomba atómica” no tecido da Igreja? Essa ameaça não deveria aconselhar o Papa a ter mais cuidado com o que diz e faz e, sobretudo, com o modo provocador como fala e actua? Não saberá que está sempre a pisar terreno armadilhado?
Neste caso, essas perguntas não conseguem esconder uma solene hipocrisia. Dito de outro modo: o papa Francisco para não causar um cisma na Igreja deve renunciar a cumprir o programa do seu pontificado, tornar-se prisioneiro do medo, asfixiar a liberdade de expressão e concordar que o Vaticano continue num regime de monarquia absoluta!

domingo, 22 de setembro de 2019

Outono é já amanhã


Regresso a casa nas vésperas do Outono. Dei pela chegada da estação das folhas que caem pela sensação de um friozinho a que não consigo ficar indiferente. Venha o Outono com as suas marcas que já conheço há décadas. E enquanto a roda do tempo girar para eu reviver é sinal de que estou em pleno uso da razão. 
Já tinha saudades da minha "palhota" e do que nela tenho vivido que a chegada, mesmo de curta ausência, me dá uma sensação de prazer interior muito grande. Que assim seja por muitos anos, são os meus desejos de amante da existência. 
E a vida, como antes, prossegue com espírito aberto ao mundo em contínua renovação,  cada minuto com a sua descoberta, com os seus sinais de aventura de uma humanidade que não parará na busca do progresso, que gostaríamos de felicidade plena para todos. 
Boas entradas no Outono. É já amanhã. 

Fernando Martins

Anselmo Borges - Demissão do Papa Francisco

Papa Francisco chega a Maputo

1. No passado dia 10, após uma viagem apostólica a África, visitando Moçambique, Madagáscar e Maurício, o Papa Francisco, já no avião, de regresso a Roma, deu, como é hábito, uma longa conferência de imprensa. E foi respondendo a muitas perguntas. 


1. 1. Congratulou-se com o abraço histórico da paz em Moçambique: “Tudo se perde com a guerra, tudo se ganha com a paz. O esforço dos líderes das partes contrárias, para não dizer inimigos, é o de ir ao encontro um do outro. É o triunfo do país: a paz é a vitória do país, é preciso entender isso... E isso vale para todos os países, que se destroem com a guerra. As guerras destroem, fazem perder tudo.” 

1. 2. África é um continente jovem, tem uma vida jovem, “se a compararmos com a Europa, e vou repetir o que disse em Estrasburgo: a mãe Europa quase se tornou “avó Europa”. Envelheceu, estamos a viver um inverno demográfico muito grave na Europa.” E acrescentou que leu algures que há um país europeu que em 2050 terá mais reformados do que pessoas a trabalhar, “e isso é trágico”. 
Os jovens em África precisam de educação, “a educação é uma prioridade”. E louvou Maurício, cujo primeiro-ministro tem em mente a gratuidade do sistema educativo. 

1. 3. A xenofobia é “uma doença humana” e, lembrando “discursos que se assemelham aos de Hitler em 1934”, acrescentou: “muitas vezes as xenofobias cavalgam a onda dos populismos políticos”. Mas África transporta consigo também “um problema cultural que tem de ser resolvido: o tribalismo”. Temos de “lutar contra isso: seja a xenofobia de um país em relação a outro, seja a xenofobia interna, que, no caso de alguns lugares de África e com o tribalismo, leva a uma tragédia como a de Ruanda.” 

1. 4. “São fundamentais as leis que protegem o trabalho e a família. E também os valores familiares.” E chamou a atenção para os dramas das crianças e jovens que perdem os seus laços familiares. 

1. 5. “Hoje não existem colonizações geográficas — pelo menos, não tantas como antes.... , mas existem colonizações ideológicas, que querem entrar na cultura dos povos e transformar aquela cultura e homogeneizar a Humanidade. É a imagem da globalização como uma esfera, todos os pontos equidistantes do centro. Ao contrário, a verdadeira globalização não é uma esfera, é um poliedro, no qual cada povo se une a toda a Humanidade, mas preserva a própria identidade.” Contra a colonização ideológica, é preciso respeitar a identidade de cada povo e dos povos. 

1. 6. Opôs-se de novo ao proselitismo em religião, lembrando uma palavra de São Francisco de Assis: “Levem o Evangelho, se for necessário, também com as palavras”. A evangelização faz-se sobretudo pelo exemplo, pelo testemunho. O testemunho provoca a pergunta: “Porque é que vive assim, porque age assim?” Aí explico: “É pelo Evangelho”. “E qual é o sinal de que um grupo de pessoas é um povo? A alegria.” 

1. 7. Não podia deixar sublinhar a urgência da defesa do meio ambiente. No contexto da destruição da biodiversidade, da exploração ambiental e concretamente da desflorestação, não deixou de apontar e condenar de modo veemente a corrupção descarada: “Quanto para mim?”. “A corrupção é feia, muito feia.” 
Revelou que “no Vaticano, proibimos o plástico.” É preciso defender “a ecologia, a biodiversidade, que é a nossa vida, defender o oxigénio, que é a nossa vida. O que me conforta é que são os jovens que levam adiante esta luta”, porque o futuro é deles. “Creio que ter-se chegado ao acordo de Paris foi um bom passo adiante, e depois também outros... São encontros que ajudam a tomar consciência.” E, a menos de um mês do Sínodo para a Amazónia, sublinhou: “Há os grandes pulmões, na República Centro-Africana, em toda a região Pan-amazónica, e outros menores.” 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Notas do meu diário - Fonte de S. Martinho


I
Tive sêde, e vim beber
À fonte de S. Martinho;
Desde então para te ver,
Não procuro outro caminho.

II
Mas, ao ver-te, a sêde passa,
já não tenho de beber,
Pois a sêde que eu sentia,
Era apenas de te ver...

A Fonte de S. Martinho, em S. Pedro do Sul, tem uma réplica, segundo creio, no espaço hoteleiro onde estou hospedado. Consulta feita, ela existe, realmente, em zona de certo modo escondida, e terá sido construída em 1943. Seja como for, é facto que S. Martinho também tem capela junto às ruínas romanos, em maré de restauro e preservação.

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