Piscina D. Afonso Henriques |
As Termas de S. Pedro do Sul ostentam, com natural orgulho, a bandeira da ancestralidade romana das suas origens, sendo as mais importantes e bem conservadas do país, «com uma utilização contínua ao longo de dois mil anos”, garantindo um notório "desenvolvimento regional”, como se lê nas notas promocionais.
Nelas se sublinha que “aos romanos se deve a construção inicial do balneum” em dois momentos no 1.º século d.C., sendo visível pelas descobertas arqueológicas as piscinas, canais de escoamento, colunas, fustes e capitéis, lápides epigrafadas, revestimentos e construções.
A chamada piscina de D. Afonso Henriques, inserida em “estruturas romanas preexistentes promovidas pelo rei conquistador”, é motivo de justo realce.
Dom Afonso, o primeiro deste nome, frequentou as termas, na ânsia de procurar cura para uma fratura sofrida numa perna durante a batalha de Badajoz (1169), contra o seu próprio genro, na qual saiu derrotado.
Aqui estabeleceu o paço real, com seu filho Sancho, que lhe haveria de suceder, e filhas Teresa e Urraca, bem como a cúria régia. Daí, naturalmente, as marcas indeléveis alusivas ao rei Conquistador, um pouco por cada esquina desta zona termal.
No século XVI, o rei D. Manuel I avançou com os apoios indispensáveis para converter o velho edifício medicinal em Real Hospital das Caldas de Lafões, tendo frequentado os banhos para tratar de um mal de pele, sublinha o folheto que foi distribuído aos visitantes.
Mais tarde, no século XIX, durante quatro temporadas, as termas foram procuradas pela última Rainha de Portugal, D. Amélia de Orleães, que ali fez tratamentos, deixando marcas no novo edifício balnear, que ostenta o seu nome, “descontinuando assim o uso do antigo balneário romano”. Na altura da visita, estava patente no edifício, denominado Balneário Rainha Dona Amélia, uma exposição de fotografias alusivas à última rainha de Portugal, muito bem conservadas.
Diz a informação distribuída no momento da visita às ruínas do Balneário Romana, durante a qual ouvimos com muito agrado uma bela lição de história de um guia cego, Eduardo Oliveira, licenciado em Educação e autor do livro “Implantação da República e Monarquia do Norte (Ocorrências e Vivências em S. Pedro do Sul)”, que é oportuno frisar o conjunto patrimonial que possui “o seu carácter único no país”, com “aproveitamento contínuo ao longo de dois mil anos”. Lê-se ainda que as várias intervenções arquitetónicas realizadas no decurso dos tempos constituem “uma peça patrimonial e histórica de inegável valor nacional”, não existindo outro com “as mesmas características em Portugal”. Aliás, as Termas de S. Pedro do Sul são as mais frequentadas do país, merecendo a preferência de 35 por cento dos aquistas portugueses.
Fernando Martins