no seu regaço maternal
A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. Faz hoje seis anos. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons.
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária.
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram.
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal. Assim escrevi na hora da triste notícia. E hoje, passados seis anos, lembro-o com saudade.
Fernando Martins