terça-feira, 17 de julho de 2018

Viajando pela História do Porto de Aveiro - 1934

CARREIRA ENTRE O PORTO DE AVEIRO E AS ILHAS




«Carta de Daniel da Silva, proprietário do Lugre Ilda, que efetua a carreira entre o Porto de Aveiro e as ilhas, enviada à Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro, dando conta dos elevados custos das taxas de reboque praticados pelas empresas de rebocadores do Porto de Aveiro, em comparação com os valores praticados nos outros portos nacionais, e participando a falta de cumprimento dos serviços contratados com o Rebocador Furão - Angra do Heroísmo, em 30 de Junho de 1934 – [4] f. , 27,6 cm.

O proprietário da embarcação cuja inauguração da carreira regular foi recebida "com grande satisfação do comércio do Funchal e Açores" e das empresas de Aveiro Jerónimo Pereira Campos, Mercantil Lda e Fábrica de Fundição de Albergaria, coloca em causa a continuidade da carreira tendo em conta as elevadas taxas dos rebocadores do Porto de Aveiro comparativamente aos portos de Lisboa, Funchal, Ponta Delgada e Faial. Além disso, dá conta do incumprimento do serviço contratualizado com a Empresa do Sr. Manuel dos Santos Furão e C.ª Lda, o qual tinha sido acertado pelo valor de 600$00 e foi cobrado por 2.000$00.»

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Golfinhos na Ria de Aveiro

Um vídeo de Humberto Rocha

As utopias geraram um déspota: Daniel Ortega

Texto de Francisco Sena Santos 

«Quatro décadas depois, Daniel Ortega, um dos líderes do movimento revolucionário sandinista que derrubou a ditadura de Somoza, é agora o ditador. Ele tinha sido eleito presidente em 1985, com mandato por cinco anos. Sofreu derrotas eleitorais em 1990, 1995 e 2001. Voltou a candidatar-se em 2005 e nunca mais deixou a presidência que exerce em regime de poder absoluto. Começou por espalhar promessas com o apoio do aliado venezuelano Hugo Chavez, no tempo do petróleo rico. A crise venezuelana fez acabar a ajuda e rebentar as costuras do regime que, em penúria, passou a cortar direitos e a reprimir os críticos. Daniel Ortega, em despótica metamorfose para tentar fortalecer a sua autoridade, fez eleger a mulher, Rosario Murillo, como vice-presidente. Usam o exército e a polícia de choque para conservar o poder, perante a contestação geral na rua. Só em maio e junho, mais de 170 mortos. Os estudantes encabeçam a revolta contra o regime, mas a repressão é brutal

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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Eu torci pela Croácia


Eu torci pela Croácia. Perdoem-me os franceses. É que no mundo do futebol eu coloco-me sempre ao lado dos considerados mais fracos, na esperança de que quebrem a vaidade e a arrogância dos mais poderosos. Exceção feita, está visto, quando joga Portugal.
Posicionei-me à partida na bancada da Croácia e por ali andei a sentir o palpitar dos adeptos que sabiam, à partida, ser a equipa da França mais poderosa do que a sua. Diga-se que um jogador francês lembrou que perderam o Europeu por menosprezarem a equipa lusa. E gostaria que a Croácia batesse o pé aos gauleses para ouvir a desculpa, que seria, daqui a uns anos, igual à do Europeu. 
Apesar de tudo, ganhar e perder é tudo desporto, como aprendi em pequeno e sempre assim ensinei. De qualquer modo, os meus parabéns aos Franceses e votos de que, da próxima vez, os croatas sejam mais felizes.

Rotunda da Barra: para já, não há problemas


domingo, 15 de julho de 2018

Sem mitra nem solidéu

Bento Domingues

«O verdadeiro profeta é sobretudo uma pessoa que vive a graça da lucidez humana e divina na defesa do bem comum»

1. Por vezes, confunde-se um profeta com um adivinho. O verdadeiro profeta é sobretudo uma pessoa que vive a graça da lucidez humana e divina na defesa do bem comum. Vê o que a cegueira dos interesses instalados não quer ver nem deixa ver. A denúncia da traição da aliança mística e da aliança social – duas caras da mesma moeda - é o seu tema. Como diz Miqueias, a proposta de conversão exige a instauração do direito e da justiça[1. As pessoas aduladoras dos poderosos gostam de ser chamadas profetas, mas são, apenas, os seus lacaios.Na missa de hoje, é dada a palavra ao incómodo Amós que exerceu essa missão, aproximadamente, entre 760 e 745 a.C.. Ele reconhecia a convicção comum aos seus concidadãos, a relação especial entre Iavé e o seu povo, mas tirava daí consequências diametralmente opostas: Deus não é propriedade privada de Israel. Perante Deus, todos os povos estão em pé de igualdade. O antigo Israel tinha, apenas, maiores responsabilidades morais e uma maior exposição aos castigos pelas injustiças que provocava ou consentia[2].
No tempo da actuação profética de Amós, o reino de Israel tinha atingido o máximo da sua prosperidade, mas o luxo dos ricos insultava a miséria dos oprimidos e o esplendor do culto disfarçava a ausência de uma religião verdadeira. O seu estilo era rude e simples, imagem típica de um homem do campo. Para ele, a prática do povo eleito era pior do que a dos gentios e não se calava perante essa situação.
Então, Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós: «Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: Vai profetizar ao meu povo de Israel»[3].

sábado, 14 de julho de 2018

Viaduto da rotunda da Barra já aberto





«A Câmara Municipal de Ílhavo, tal como tinha sido previsto e anunciado para o dia de hoje, 13 de julho, informa que já se encontra aberta a circulação automóvel definitiva no viaduto da antiga Rotunda da Barra.
Alerta-se, no entanto, que a sinalização tem ainda caráter provisório.»

Informação da CMI

Nota: Tem gerado alguma polémica a construção de um viaduto na rotunda de acesso às praias da Barra e Costa Nova. Alega-se que a ponte não terá capacidade para suportar  o fluxo de automóveis em  tempos de verão. Eu não quero ser cético porque, à partida, costumo confiar nos técnicos que têm obrigação de estudar as situações, quando elaboram os projetos que lhes encomendam. Vamos aguardar. 

Aquele rádio é antigo?


Há tempos, perguntaram-me se o rádio que está a ocupar o espaço de alguns livros é antigo. Respondi que sim, mas a razão da sua existência em lugar de destaque só tem a ver com as recordações a que me transporta. Não sou colecionador de nada, nem jeito tenho para isso. Muito menos poderei dispor de fundos económicos que me permitam comprar peças decorativas, mobílias ou livros antigos que gostaria de ter nas minhas estantes. O que temos foi herdado de familiares. Uma ou outra coisa foi adquirida a quem tinha muito e muito atirou para o lixo para se livrar de "inutilidades", na sua perspetiva. 
Vamos ao rádio que na imagem se vê. 
Como já disse, foi comprado pelo meu pai para me fazer companhia na doença da minha juventude, na década de 50 do século passado. Nele ouvi música, notícias e entrevistas, em Onda Média. Na Onda Curta, ouvia a comunicação entre navios em pleno mar alto, mas não tão alto quanto seria de desejar. 
Ao largo, os mestres das traineiras e de outros barcos de pesca conversavam entre si, via rádio, para indicarem os pesqueiros mais abundantes. Outros lamentavam-se com a pobreza das pescarias. Dizia-se que usavam códigos e tiques para enganar os concorrentes, dando indicações preciosas, contudo, aos colegas de empresa. Também ouvia comandantes bacalhoeiros que vinham de regresso ou partiam para os mares da Terra Nova e da Gronelândia. 
Depois, o meu rádio passou à história. A Frequência Modulada destroçou a sua utilidade. E foi para o sótão das coisas inúteis. Quando o via, lá se desprendiam as recordação. 
Há anos, entrevistei o prof. António Rodrigues, ele, sim, colecionador de rádios antigos, cada um com a sua história. O colecionador autêntico é assim. Tudo catalogado e estudado, tudo procurado e adquirido com critério. E no decorrer da conversa, veio à baila o meu rádio, que ele fez questão de ver e de o preparar para funcionar. E ali está. Devo-lhe essa atenção estimulante. E o rádio deixou o sótão e regressou ao meu convívio diário. No sótão também estaria bem, agora que o elevei à categoria, embora humilde, de meu refúgio caseiro. 

Fernando Martins

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Ílhavo celebrou o 28.º aniversário da elevação a cidade




Ílhavo celebrou o 28.º aniversário da sua elevação a cidade, que ocorreu a 13 de julho de 1990. O Hastear das Bandeiras, uma reunião de trabalho entre a Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia de S. Salvador e a visita técnica à obra da construção do Centro Escolar da Gafanha de Aquém foram momentos que assinalaram as comemorações. 
Na reunião, os executivos consolidaram as ações inscritas no Contrato Interadministrativo assinado em maio, enquanto foram apontadas «algumas necessidades da Junta de Freguesia para o desempenho das suas competências». 
No encontro, foram analisadas questões relacionadas com a reabilitação do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários, que contemplará um espaço para a preservação do património ligado à Ria e ao Mar, mas também a sede da Confraria do Bacalhau e uma loja social. Ainda se falou da requalificação do Bairro dos Pescadores e da zona envolvente ao CIEMar, entre outros projetos.
Saúdo os ílhavos  que preservaram uma identidade singular que lhes foi legada pelos seus ancestrais ao longo dos séculos.

A questão de haver ou não Deus

Anselmo Borges

1.Num tempo de a-teísmo, no sentido radical da palavra: "sem Deus", pior ainda, indiferente perante a questão de Deus, gostei muito da entrevista de Lídia Jorge ao Expresso, que a jornalista Carolina Reis titulou com uma citação: "A ideia de haver ou não Deus persegue a minha vida".

Na bela entrevista, a questão de Deus ocupa lugar absolutamente central. Ao desafio da jornalista: "A fé tem sido um tema transversal na sua vida", responde: "Há dois tipos de fé. Tenho fé no instinto de sobrevivência dos homens, no instinto de fraternidade. É a minha fé maior. E depois há outra fé, numa espécie de amparo que poderá haver para os homens. E a minha dúvida é sempre entre estes dois movimentos. Quero acreditar que não estamos sozinhos, que atrás daquelas estrelas que eu via quando era criança há uma força maior, que as criou e nos há-de receber. É a minha fé emocional. Mas se ponho o raciocínio a funcionar não chego lá. Gosto das pessoas que acreditam em Deus. Acho que estão mais amparadas na vida. Estão mais felizes porque têm um sentido." "Ainda tem esperança em acreditar?" Responde: "Tenho. E vivo isso com muita intensidade. A ideia de haver ou não haver Deus persegue a minha vida. Chego a sonhar com isso. E depois acordo e fico cheia de pena porque queria muito que existisse. Não para que a justiça seja feita no além, ou só no aquém, mas como face de beleza absoluta. A bondade é uma parte da beleza."

Lídia Jorge foi educada no catolicismo. Mas aos 16 anos afastou-se da Igreja, pois "vivia com revolta com o pensamento dogmático" e por causa da ideia de inferno, "dizia que não era possível que existisse uma instância tão injusta que condene para a eternidade pessoas que apenas vivem 50, 60, 70 anos". Aqui, lembrei-me de Óscar Lopes que também me disse que abandonou a Igreja por causa do inferno. E a argumentação de Lídia Jorge é forte. Lembro que já o filósofo David Hume argumentou contra a existência do inferno: "É inaceitável um castigo eterno para ofensas limitadas de uma criatura frágil, e, ainda por cima, esse castigo não serve para nada, uma vez que se dá quando a peça está acabada, concluída." Sim, Lídia: e como se pode conviver com o dogmatismo, que impede a liberdade de pensar? É o filósofo M. Heidegger que tem razão: "A pergunta é a piedade do pensamento."

Tudo quanto existe está unido a Deus, numa união tão estreita que, se Deus se retirasse, tudo voltava ao nada. Mas a criatura é criatura e Deus é Deus.

Jesus começa a enviar os discípulos

Georgino Rocha


Após o “fracasso” da visita a Nazaré, terra onde cresceu e aprendeu a arte de ganhar a vida e de se relacionar, Jesus empreende nova iniciativa apostólica. Quer partilhar a missão. Parece que a experiência o aconselha. Chama os discípulos e confia-lhes a sua autoridade. Define, com precisão, as regras a observar e envia-os dois a dois. Primeiro ao povo de Israel, depois a todos os povos. E a história converte-se em livro aberto da missão universal realizada localmente por homens e mulheres, conforme as tradições culturais.
Jesus com este proceder prolonga o modo de agir de Deus que sempre associa o ser humano à realização da sua obra salvadora. Ao primeiro casal, confia o dom da vida, o cuidado da criação e o desenvolvimento integral; a Noé, a Abraão, a José, a Moisés e a tantos outros que escolhe para interlocutores, dá-lhes o encargo de alimentar a esperança e de serem rosto da sua paciência e do seu acompanhamento à humanidade com quem partilha esta aventura histórica. A José e a Maria, de Nazaré, entrega-lhes o delicado serviço de acolher Jesus e de o educar, de modo que prepare a vida pública e mostre muito do que viveu em família, no silêncio, na oração e na convivência de vizinhança. À Igreja em comunidade e a cada um de nós pessoalmente, deixa a missão de celebrar a sua memória e ser missionários em todos os ambientes. É esta a fase que vivemos. Com alegria e esperança.
Jesus traça um quadro preciso da missão a realizar: ir em equipa; levar o imprescindível; anunciar o Evangelho que suscita o arrependimento; expulsar os espíritos impuros, os demónios; ungir com óleo e curar com oração e desvelo os doentes; confiar sem limites porque são enviados, a missão é de Deus Pai, é Minha, diz Jesus. E eles lá foram “por trancos e barrancos”, agiram de acordo com as regras definidas e com indícios de resultados promissores. Diz o texto: “Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos”. O medo esterilizante de deixar comodidades é vencido e cede a vez à fecundidade sanante. Que alegria devem ter vivido com a experiência feita. A confiança “virou” a êxito reconhecido.

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