Texto de Francisco Sena Santos
«Quatro décadas depois, Daniel Ortega, um dos líderes do movimento revolucionário sandinista que derrubou a ditadura de Somoza, é agora o ditador. Ele tinha sido eleito presidente em 1985, com mandato por cinco anos. Sofreu derrotas eleitorais em 1990, 1995 e 2001. Voltou a candidatar-se em 2005 e nunca mais deixou a presidência que exerce em regime de poder absoluto. Começou por espalhar promessas com o apoio do aliado venezuelano Hugo Chavez, no tempo do petróleo rico. A crise venezuelana fez acabar a ajuda e rebentar as costuras do regime que, em penúria, passou a cortar direitos e a reprimir os críticos. Daniel Ortega, em despótica metamorfose para tentar fortalecer a sua autoridade, fez eleger a mulher, Rosario Murillo, como vice-presidente. Usam o exército e a polícia de choque para conservar o poder, perante a contestação geral na rua. Só em maio e junho, mais de 170 mortos. Os estudantes encabeçam a revolta contra o regime, mas a repressão é brutal.»
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