sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Deixem-me respirar, ser livre, ser pessoa, ser padre


Estamos em pleno
Ano Sacerdotal

Por Francisco Melo*


Desde o início temi por esta proposta do Papa e agora confirmo algumas das minhas suspeitas… Pelo que tenho visto e ouvido, suspeito que os resultados deste Ano Sacerdotal não passem de boas intenções, discursos inflamados, preceitos, orientações e propostas subjectivas, sem sujeitos que metam as mãos na massa.
Sem ter pedido, sem contar e sem sentir necessidade parece que me querem impor um “capacete”. Sinto-me simplesmente um objecto, uma espécie de animal em vias de extinção, a quem se responsabiliza por isto e por aquilo que de mal vai acontecendo nas várias comunidades. O padre tem de… o padre deve… o padre precisa de… Toda a gente agora fala do ser padre, do novo rosto do ser padre, da sua formação, da missão do padre, dos padres para este tempo…
Não, obrigado. Agradeço a preocupação, mas NÃO QUERO. Este é o grito que sinto inundar o meu ser no meio de tantas tarefas, amarras, preceitos, formas de estar e projectos a realizar que me querem impor.
Fui padre livremente, sou padre livremente, com um único e simples objectivo: SERVIR. Assumo para isso um caminho: existir como Jesus Cristo.

Um livro de Dinis Alves: "A informação ao serviço da estação"


No próximo dia 24 de Fevereiro, quarta-feira, pelas 18 horas, na Casa da Cultura, à Rua Pedro Monteiro, em Coimbra, vai ser lançado um livro de Dinis Alves, "A informação ao serviço da estação". Na contracapa vem um esclarecimento que aqui transcrevo, porque convencido estou de que se trata de um alerta para que os agentes da comunicação social, neste mundo e neste tempo, possam debruçar-se sobre a questão da honestidade profissional, de um serviço que deve apostar sempre numa sociedade melhor, onde não  caibam compadrios e interesses ocultos, em desfavor da verdade. Este é o primeiro dos quatro livros da tese de doutoramento de Dinis Alves.
Sendo o autor, que bem conheço, um homem da comunicação e profundamente metido no meio, o seu trabalho, que ainda não li, revelará, à partida, uma coragem  desusada. Precisamos, de facto, de livros e de gente como Dinis Alves.
FM


“Como eles nos enganam"

«Nas televisões portuguesas pratica-se um jornalismo de guerra sem que seja preciso arriscar repórteres no campo de batalha. A guerra é suja e trava-se entre as estações de televisão.
Promovem-se os produtos da casa, com os telejornais servindo de outdoors para alavancar audiências e desmoralizar o inimigo da frequência ao lado. É publicidade travestida de notícia, com a vantagem de não contar para as quotas.
O cidadão-telespectador perde, mas perde muito mais com outras práticas, muito mais condenáveis também. Há silêncios comprometedores, verdadeiros apagões noticiosos, e há desvirtuações graves merecendo lugar de destaque no pelourinho das falhas deontológicas.
Dinis Manuel Alves passou à lupa centenas de telejornais das TV’s portuguesas, dando conta, neste livro, de autênticas campanhas de manipulação informativa. “A informação ao serviço da estação” talvez se devesse chamar “Como eles nos enganam”.»

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Grandes reformas e irrazoáveis salários “pagos” pelos cintos apertados


O verniz e o cinto…
Por alexandre Cruz


1. Chegámos a um momento muito difícil. Sente-se o verniz a estalar e continua certa a garantia do apertar do cinto. Quem viveu períodos como este (e mesmo quem não viveu) sente que o futuro tem um reforço de incertezas como já não se sentia há muito tempo… O caso da lei das finanças regionais e todo o xadrez de pressões, intenções primeiras, segundas e terceiras; a crise social instalada, o aumento transversal da precariedade, as pessoas do desemprego histórico, a criminalidade e insegurança que se confirma cada vez mais diária; a nossa comparação com a Grécia e a galopante não credibilidade externa; a escassez de horizontes políticos que enfermam um diálogo que todos reclamam mas que “todos” falham; a sensação de que a liberdade de opinião se sente ameaçada com sucessivos casos de “alegadas” pressões e de “problemas” a serem resolvidos…

Dia Mundial contra a Doença


Portugal continua a dar novos mundos ao mundo

Por Maria Donzília Almeida



Numa altura em que os humores andam um pouco enegrecidos por este Inverno pardacento, surge como algo pertinente, reflectir um pouco acerca da doença. Já que nos interessa mais o seu contrário, a saúde, vou socorrer-me da definição desta, pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Para este organismo, saúde não é apenas a ausência de doença, mas sim um estado de bem-estar físico, mental e social, uma espécie de harmonia entre todas as componentes do ser humano.
Sem pretender meter a foice em seara alheia, recordo os tempos de adolescência em que li Júlio Dinis, médico/escritor, que afirmava no seu livro “As Pupilas do Sr. Reitor”, que não havia doenças! A assunção protagonizada pela sua personagem Daniel, um recém-formado médico, sucessor de João Semana, foi, na altura uma tirada bombástica que caiu em terreno explosivo. A afirmação convicta do médico estagiário, na botica do João da Esquina, já na altura era muito vanguardista. Havia, na verdade, doentes que tinham características particulares, ao serem contagiados por qualquer doença. Não há dois doentes iguais, ainda que com sintomas da mesma doença.

Jornalista Carlos Naia na Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo


Carlos Naia


Classe de Jornalismo

A convite do orientador da disciplina Fotografia/Comunicação, Carlos Duarte, da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo, esteve o jornalista Aveirense, Carlos Naia, durante uma hora, para evocar passagens da sua vida jornalística.
Com a Carteira Profissional n.º 180, Carlos Naia é uma referência do jornalismo aveirense, onde esteve cerca de 40 anos no Jornal de Notícias,  donde se aposentou. Hoje mantêm colaboração em alguns jornais regionais e em rádios, no acompanhamento do Beira Mar, já que, segundo o orador, nunca se deixa de ser jornalista.
Carlos Naia começou por historiar a sua vivência no JN com episódios curiosos para os dias de hoje, como as entregas de reportagens ao maquinista do Foguete para entregar no Porto, ou percorrer a região numa “acelera”, até às noitadas na entrada da Barra, na ânsia de ver os destroços dum avião ou do naufrágio dum barco. O “exame prévio” (censura) também não foi esquecido assim como as perseguições nos Congressos Republicanos em Aveiro. O PREC foi outro momento da vida nacional que foi descrito pelo antigo jornalista como uma época de intenso combate por um jornalismo livre e sem influência partidária ou religiosa, valores que eram “sagrados” no Jornal de Notícias.

Efeméride: Nascimento de Almeida Garrett

Evoco hoje e aqui o grande Almeida Garrett, que nasceu em 4 de Fevereiro de 1799. Simplesmente porque a minha rua foi baptizada com o seu nome. Foi de facto um grande escritor, dramaturgo, poeta e político liberal. É mais conhecido, porventura, como dramaturgo, havendo quem o coloque no pedestal de renovador do teatro português.
Em nada contribuí para a escolha do nome, mas confesso que gosto de morar nesta rua, com o seu nome, mas também devo reconhecer que se trata de um sítio calmo, com vizinhos amigos. A minha casa foi a terceira a ser construída nesta rua, no longínquo ano de 1965. Hoje está cheia. E na altura a minha casa tinha um certo ar airoso. Contudo, presentemente, foi ultrapassada por outras construções mais modernas e talvez mais funcionais. De qualquer modo, não trocava este meu recanto por qualquer outro.
Sobre Almeida Garrett, posso adiantar que de vez em quando visito os seus livros para me deliciar com uma prosa que encanta. Já agora, um pormenor sobre Garrett: Quando fui observado no Hospital Militar de Coimbra, apresentei-me de pijama atado com um cordel à cintura. Ao entrar no consultório, o médico-presidente da Junta Médica olha para mim e pergunta: «Quem és tu?» «Ninguém», respondi eu. Tinha lido tempos antes "Frei Luís de Sousa".

Efeméride: Início da Guerra Colonial Portuguesa

4 de Fevereiro de 1961

Em Angola, neste dia, em 1961, começou a guerra colonial portuguesa, ao abrigo das políticas defendidas por Salazar, que proclamavam que Portugal era um país multicultural, multi-racial e multicontinental, uno e indivisível. Nas escolas, desde tenra idade, todos eram doutrinados para estes princípos, de que Portugal se estendia do Minho ao Algarve, chegando a Timor e Macau, depois de  passar por  Angola e Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e  Príncipe,  Açores e Madeira. A guerra está na memória da minha geração, pelas mortes que custou, pelos traumas que provocou, pelos mutilados que deixou. Tudo tende a esquecer, mas tal  não é fácil para os que por lá passaram e para milhares de famílias que viram partir para a luta tantos dos seus filhos. Muitos por lá ficaram.

Figueira da Foz: História na rua

Quando passeio, pelas cidades e aldeias, encontro com regularidade registos históricos, que me apresso a ler. É uma forma de ficar a conhecer um pouco mais os sítios por onde passo. Da Figueira da Foz mostro hoje este apontamento de viagens. Clique nas imagens para ampliar. Ver aqui sobre Luís da Silva Mousinho de Albuquerque

Nem sempre é fácil viver num mundo complexo como o nosso


Sem muros
nem fronteiras

Por António Marcelino


Nem sempre é fácil viver num mundo complexo como o nosso, que é, ao mesmo tempo, pequeno e grande, fechado e aberto, indiferente e cordial. Onde tudo se conhece e poucos se conhecem, todos opinam e poucos escutam, todos falam de amor e poucos se amam. Cheio de riquezas e de misérias, de capacidades e de restrições, de esperanças e de desesperos… O Vaticano II definiu-o de modo ainda mais eloquente (GS 5-9).
Mas é este o nosso mundo. Aquele em que vivemos, e só pode melhorar se dele fizermos um projecto e pusermos em acção, de modo activo e concertado, nossa vontade e nossas potencialidades, alargando o circulo e o número dos interessados em igual projecto.
Ninguém deve esperar para começar. Quanto mais ingente a tarefa, mais urge o tempo para a realizar. Os cristãos acordados e todas as pessoas de boa vontade que sofrem com o que falta e se alegram com o que se vai conseguindo de bom e de auspicioso, têm de estar conscientes desta tarefa e desta urgência.
A Igreja, com todas as mazelas que sofreu ao longo do tempo, tem como missão ajudar a redimir o tempo perdido e necessário. Ela há-de levar ao despertar da fé, consciente e activa, na medida em que, lendo e discernindo os “sinais dos tempos”, se empenhar no serviço às pessoas, se unir e estimular aos que lutam por projectos sociais de justiça e de verdade.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ninguém duvida da força do mundo da imagem e dos impérios dos cinemas



O fenómeno Avatar

Por Alexandre Cruz

1. Ninguém duvida da força do mundo da imagem, dos impérios dos cinemas, do quanto eles reflectem, de um modo ou de outro, a realidade do mundo que vivemos; os seus bens ou os seus males, as suas angústias e aspirações. É uma multidão de actores imortalizados, e é um mundo que acompanha continuamente os desenvolvimentos da sétima arte, o cinema. As mais famosas películas cinematográficas são espelho de culturas e crenças, retratam momentos históricos decisivos, partilham mundialmente as mais belas paisagens; abrem-nos ao mundo do imaginário, digital, ficção, fazendo-nos ver o invisível. Mas também o cinema reflecte a violência que vai nos corações, a inveja e a corrupção que persiste, podendo quase ser uma sedutora escola de crime.

A República, um facto, muitas leituras




Rua da República

Por António Rego

A República desceu à rua. Ou todas as crónicas do reino vão dar à Rua da República. Já compreendemos que não falta quem dela se apodere para dizer tudo o que já pensava. Já não me lembro bem dos que mal se lembravam daquele 5 de Outubro de 1910 - como muitos, hoje, do 25 de Abril têm uma imagem ténue. Lembro-me dum velhote que dizia não se tratar de nenhum regime mas apenas de uma forma de estarem contra a monarquia, a Igreja e a tradição. Havia manifestos, pasquins, comícios. Factos houve, como as comemorações da morte de Camões e o ultimato inglês, que foram aquecendo os ânimos para a estocada final na monarquia. Que, também se acrescenta, andava de péssima saúde e deixou saudades a muito poucos. São as turbulências da história.
A República, um facto, muitas leituras. Mas um acontecimento que marcou a nossa história do século XX e não nos é indiferente cem anos depois. Dá-se agora uma espécie de correria para cada corrente de leitura chegar primeiro à interpretação ortodoxa que defenderá como única e definitiva. Muitas vezes trabalhando a história à sua maneira e encaixando-a na ideologia já instalada. Assim, não haverá interpretação dos factos, mas o seu tratamento voltado para uma direcção pré-definida. Distorcida e estreita.

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue

ETIQUETAS