O verniz e o cinto…
Por alexandre Cruz
1. Chegámos a um momento muito difícil. Sente-se o verniz a estalar e continua certa a garantia do apertar do cinto. Quem viveu períodos como este (e mesmo quem não viveu) sente que o futuro tem um reforço de incertezas como já não se sentia há muito tempo… O caso da lei das finanças regionais e todo o xadrez de pressões, intenções primeiras, segundas e terceiras; a crise social instalada, o aumento transversal da precariedade, as pessoas do desemprego histórico, a criminalidade e insegurança que se confirma cada vez mais diária; a nossa comparação com a Grécia e a galopante não credibilidade externa; a escassez de horizontes políticos que enfermam um diálogo que todos reclamam mas que “todos” falham; a sensação de que a liberdade de opinião se sente ameaçada com sucessivos casos de “alegadas” pressões e de “problemas” a serem resolvidos…
3. Um criticismo sistemático dos males que nos atormentam que impedem de ver uma luz em céu aberto; a ideia de que se formos mesmo perguntar o que os portugueses pensam sobre «saúde, cultura, educação, justiça, história, rigor, método, empreendedorismo, política», diante destas e de outras tantas outras ideias estimulantes ou áreas sociais essenciais a sensação de que entre a indiferença ou o dizer mal é o pântano generalizado preferencial; a verdade de que apatia e descompromisso atraem a desmotivação, ambiente este que conduz a novas multidões de emigração diante de um país truncado (porque o truncámos!?); a noção de que carecemos: 1º, da autocrítica de revisão em ordem ao progresso diário e 2º, da nobre responsabilidade de cada um para se assumir todas as consequências, preferindo-se a vitimização preguiçosa ou a desculpabilização.
3. Claro que tudo o que apresentamos acima não é nada de novo, nem nada de verdade; ou outras vezes é tudo de verdade e ainda será pior; de extremos e de verniz estalado e de cinto apertado. Tudo simbólico o que escrevemos; só uma verdade: os habitantes de um país são os que o constroem; o mal que se publicita volta ao ponto de partida, sendo perca de tempo. Mas, efectivamente, diante de tantas crises, o que o país menos precisava era do que se vê; excepto aquela sugestão de baixar até ao “valor X” as grandes reformas e os irrazoáveis salários “pagos” pelos cintos apertados. E esta!?