Falhei no confinamento. No princípio, fiquei confuso sem saber que fazer. Pensei num diário, que não vingou. Tentei e atirei ensaios para a reciclagem. Para não cair na tentação, limpei o que lá estava. Olhando para trás, vislumbrei recordações carregadas em período de exceção: pessoas, gestos, visões de cidades, do mar, da ria, de jardins e caminhos... senti vontade de transgredir, notei olhares magoados, dramas, ameaças, medos. E nas conversas, sem hora marcada, planeei que haveria de fugir do nada. Viajei pelo meu interior, sozinho ou acompanhado. E na viagem lá estavam horizontes escondidos, e quis voltar onde já estive, e imaginei futuros sem horas da saída, e quis saber quando recomeçar, e percebi que estou a caminho.
F. M.