quarta-feira, 19 de abril de 2023

Milagre das Gafanhas


«Algas e peixe podre para enterrar, Iodo para impermeabilizar o fundo da regadeira, e aí está a comedoria que serviu de mantença ao milagre das Gafanhas – tapetes infinitos de verdura, alfobres de pão para a fome dos homens e de bandeiras floridas para voracidade dos bois ruminar nos invernos desolados...
Com enxadões desmedidos fazem surribas que vão ao centro da Terra! Nasce-lhe água sob os pés descalços, água salobra que pode meter medo à puerícia da novidade mas que, no final de contas, a acaricia com desvelos de ama de leite. E, só depois, é que vem a tarefa de incorporar, na terra remexida até ao tutano, o moliço que, com o suor adstringente do rosto, arrancam do fundo gordo dos canais e deixam ficar no areal da borda, durante o tempo necessário para lhe corrigir o tempero excessivo.
Vejo-os, como brinquedos, os moliceiros, a flutuar à flor das marolas, ou, preguiçosos, sobre o espelho das águas, e sinto o drama da terra faminta de matéria orgânica a escancarar a bocarra num esgar hiante para o trabalho duro destes homens obstinados que nunca desanimaram ante a negativa hostil da duna que, na sua nudez desoladora, nada prometia em troca.
A humanização da paisagem de Aveiro sugere qualquer coisa de actividade lúdica, de esforço manobrado pela mão da inocência criadora da infância que se compraz em regalar os olhos com o produto da sua energia. O pragmatismo, aqui, surge corroborado por uma moldura doirada de beleza e aconchegado pelo calor de uma visão que amacia o sensório.»

Frederico de Moura

Texto e foto da Revista Aveiro e o seu Distrito, N.º 5

terça-feira, 18 de abril de 2023

Antero de Quental nasceu neste dia

Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento -
Que voga e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando. entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!


Antero Quental nasceu em 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Banco para contemplar o mar


O banco não está ali para decorar o espaço. Ele serve bem para que os transeuntes possam sentar-se. Dali, tranquilamente, pode contemplar-se o nosso mar.

A grande mentira

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Os temas litúrgicos não podem esquecer as condições pessoais e sociais da sua verdade ou da sua grande mentira.

1. Não sou historiador do processo da reforma litúrgica desencadeada por Pio XII, em 1946, de forma mais ou menos clandestina para não ter de enfrentar aqueles que, perante qualquer reforma, levantam o muro da repetição do passado: sempre assim foi, sempre assim será. Essa tendência ainda não foi completamente vencida, mas é legítimo dizer que, a partir de 1955, tornou-se irreversível a chamada Reforma da Semana Santa de Pio XII e continuada por João XXIII (1962). Não foi por acaso que o primeiro documento aprovado, no Vaticano II, foi o Sacrosanctum concilium, sobre a Liturgia (4/12/1963). Não sou historiador, mas fui testemunha entusiasta desta reforma.

domingo, 16 de abril de 2023

Paz saborosa

Flor de arbusto quer chegar ao céu

Cadeira que me espera

O verde que me envolve

Estou bem sentado numa cadeira cómoda, que arrastei para a relva na parte traseira do meu quintal. A sombra de um pinheiro manso protege-me do sol, e do sítio em que me encontro ouço, permanentemente, o barulho sempre igual que o Porto de Aveiro nos dá. Fico com a impressão de que ali se trabalha dia e noite, que há permanentemente barcos que chegam e outros que estão de saída.
No sítio em que estou sentado também ouço o chilrear da passarada que habita por aqui. É uma paz, apesar de tudo, usufruir de um ambiente como este. Agora ouço o chilrear de um pássaro que não pára um segundo. Que pedirá ele? Chilreia por chilrear? Ou estará a chamar alguém? Ou o seu chilreio será algum aviso para a filharada que deve andar a brincar neste dia de sol maravilhoso?
O nosso quintal, com árvores de fruto, arbustos, cada um com sua cor e flores, cria na alma uma paz inexplicável.
Bom domingo para toda a gente.

Um dia lindo!

Aí está, para nosso regalo, um dia lindo. O sol brilha e, para já, garante um domingo que permite boa disposição a quem passou por um inverno agreste. As crianças e os idosos são os que mais sofrem. Os outros, talvez porque andam sempre a ligar, vão suportando os dias invernais.
Hoje é domingo e já ouvi cá em casa que temos de aproveitar este sol para espairecer. Isto quer dizer que é preciso sair de casa para apanhar sol, sentindo o ar puro e benfazejo da natureza. Estou pronto, neste domingo, 16 de Abril. E o 25 de Abril está a chegar!

ESCUTISMO - Promessas na Eucaristia das 19 horas


Ontem, sábado, na Eucaristia das 19 horas, encontrei a Igreja matriz da nossa paróquia, Gafanha da Nazaré, completamente cheia, com o Grupo Coral instalado no coro. Sinal evidente de festa. O agrupamento n.º 588 do CNE (Corpo Nacional de Escutas) apresentava jovens, meninos e meninas para a cerimónia das Promessas, seguindo o ritual habitual e repleto  de significado.


O chefe do Agrupamento, João Vilarinho, antes de desejar “boa caça” a todos os escuteiros e aos que iam assumir compromissos, lembrou que a cada um de nós foi dado o poder de “transformar o mundo”, utilizando todas as ferramentas que “estão ao nosso alcance”, para, como BP (Baden-Powell) ensina, podermos “deixar um mundo melhor”.
Em vários momentos, o nosso prior, P.e César, disse que cabe a todos “fazer do escutismo um espaço seguro e harmonioso, um espaço onde se faça a experiência da fé e do amor aos outros e à natureza”. E frisou: “Sem a referência a Deus, a humanidade perde o sentido da eternidade".


Como Assistente Religioso que fui, por convite do nosso prior de há anos, P.e Miguel Lencastre, evoquei nesta cerimónia a alegria e o sentido de comunidade dos escuteiros de então, repetido hoje.
Além dos nossos escuteiro, pais e familiares, participaram também amigos e entidades oficiais, nomeadamente, o presidente da CMI, João Campolargo, e o presidente da Junta de Freguesia, Carlos Rocha.
Desejo  que o Agrupamento 588 prossiga com entusiasmo a sua missão entre nós.

sábado, 15 de abril de 2023

Voltar ao essencial

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

1. Nestes tempos do imediatismo, do ruído ensurdecedor causado pelas centrais da estupidificação, é urgente voltar ao essencial. E o que há de mais fundamental, essencial, do que a questão de Deus? Há Filosofia sem a pergunta por Deus? Se não quisermos permanecer na superfície ou nas simples convenções, se quisermos apresentar seriamente o fundamento da dignidade humana, dos direitos humanos, não é aí que vamos desembocar? Como diz Kant, o ser humano é fim e não simples meio. Ora, o que é que é fim em si mesmo senão o Infinito? E o que tem o ser humano de infinito senão a pergunta ao infinito pelo Infinito? O ser humano tem dignidade porque de pergunta em pergunta acabará por desembocar na pergunta pelo Fundamento último e o Sentido último, por outras palavras, na pergunta por Deus, independentemente da resposta que lhe dê: uns decidir-se-ão pela fé, outros pelo agnosticismo, outros pelo ateísmo.
Aprofundando, voltamos sempre à questão de Deus. Na sua obra Der Gott der Philosophen (O Deus dos filósofos), Wilhelm Weishedel mostrou que a questão de Deus constitui precisamente "a problemática central da Filosofia", de Tales e Anaximandro a Nietzsche e Heidegger. "Mesmo onde a teologia filosófica está em decadência, continua a ter uma importância decisiva, pelo menos como algo que há que superar antes de qualquer outra coisa. Por isso, com razão o discurso sobre Deus é considerado como o problema essencial da Filosofia."

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Mostrar o que de muito bom temos para oferecer


Ando há anos a fotografar para a comunicação social e para os meus arquivos na qualidade de amador. Não frequentei nenhum curso nem recebi lições de ninguém. Fotografo ao sabor da maré e às vezes com a pressa que as edições exigem. Cheguei a pensar nisso, mas nunca dei um passo na direção certa. E assim vou andando.
Não tem conta o número de vezes que me coloquei na posição da fotógrafa da imagem extraída, legalmente, do Pixabay. Mas a posição não basta. O importante são os objetos ou as paisagens que a toda a hora nos desafiam e esperam pelo momento de serem mostradas ao mundo.

                           

Este céu do Vietname, com todo o seu esplendor, convida-nos a uma visita, para in loco saborearmos a beleza da paisagem. Nós, os da beira mar e da ria, também temos para oferecer a quem nos visita imagens belíssimas, como as que por aqui tenho mostrado. Se não posso ir ao Vietname também os vietnamitas não terão possibilidades de passar pelas nossas paisagens. Contudo, haverá possibilidades de trocar informações e imagens pelos meios que as ciências e as tecnologias nos proporcionam. Vamos então fazer isso.


Da Noruega, selecionei esta paisagem lindíssima e asseada. Talvez longe do povoado ou simples casa de férias de algum amante da natureza ou eremita com necessidade de paz e harmonia. E não teremos no nosso lindo Portugal, em geral, e na região da Ria de Aveiro, em especial, recantos capazes de nos desafiarem a viver momentos de paz interior e de contemplação enriquecedora?

JMJ - Diocese de Aveiro convida coreógrafa

São Castro foi convidada para dirigir 
"projeto artístico original»

O Comité Organizador da Diocese de Aveiro ((COD) convidou a coreógrafa São Castro para a criação e direção de um «projeto artístico original» que irá decorrer ao longo do mês de maio. 
O COD convida jovens entre os 14 e os 30 anos, com ou sem experiência, mas principalmente com interesse nas áreas da dança, música,  teatro ou outras expressões artísticas, para participarem neste projeto multidisciplinar. 
O projeto será apresentado no âmbito da programação da Jornada Mundial da Juventude, numa sala de espetáculos da região, durante o mês de junho, e, «possivelmente, no Festival da Juventude da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa».
A primeira chamada decorre no próximo dia 15 (10 horas) nas instalações da Junta de Freguesia de Santa Joana em Aveiro. 

Nota: Li no Diário de Aveiro

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Dia do Beijo


O Beijo de Auguste Rodin

Celebra-se hoje, 13 de Abril, o Dia do Beijo. Beijar tem muito que se lhe diga. E até há quem garanta que faz bem à saúde. Já se sabe que o beijo é prática de saudação comum nas sociedades atuais, de norte a sul e de leste a oeste do planeta. Mas também é um grande sinal de amor!

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