no Diário de Notícias
1. Foi há dez anos que Raimon Panikkar nos deixou, no dia 26 de Agosto de 2010, com 91 anos, em Tavertet, perto de Barcelona. Foi um dos espíritos mais clarividentes do século XX, com um pensamento original, que a presente situação pandémica e a urgência de um novo paradigma de desenvolvimento e uma nova política no contexto de uma terrível crise global, económica e social, que inclui a necessidade de um pacto ecológico para preservar a casa comum, tornam ainda mais actual. É por isso que não podia deixar de voltar a ele, "um mestre do nosso tempo".
2. Estive com Panikkar só numa ocasião, em Barcelona, em 2004. Tinha uma presença cálida, com um sorriso luminoso, e era simples. Uma vez, uma aluna minha, de Barcelona, disse-me que queria muito fazer um trabalho académico sobre o pensamento dele. Achei bem e disse-lhe: "Agora, nas férias, vá falar com ele..." Panikkar deu-lhe 40 minutos e ela, uma jovem, veio fascinada e fascinou os colegas com a descrição do encontro e a exposição do trabalho.