domingo, 20 de maio de 2018

Quando o Pentecostes acabar é o fim

Bento Domingues

1. "O animal corre, e passa, e morre. E é o grande frio. / É o grande frio da noite, é a escuridão. / O pássaro voa, e passa, e morre. E é o grande frio. / É o grande frio da noite, é a escuridão. / O peixe nada, e passa, e morre. / E é o grande frio. / É o grande frio da noite, é a escuridão. / O homem come, e dorme, e morre. E é o grande frio. / É o grande frio da noite, é a escuridão. / Acende-se o céu, apagam-se os olhos, resplandece a estrela. / E aqui em baixo é o frio, e lá no alto é a luz. / Passou o homem, desfez-se a sombra, libertou-se o cativo. / Vem, espírito, vem, por ti chamamos." [1] 
O autor dos Actos dos Apóstolos diz que quando chegou o dia de Pentecostes – isto é, cinquenta dias depois da Páscoa – estavam todos os discípulos reunidos no mesmo lugar. Como disse na crónica do Domingo passado, se nada acontecesse de novo, continuava ali uma Igreja na sua prisão de medo, de gente pasmada, fiéis a um judaísmo tradicional, o judaísmo da fidelidade à letra que mata, e às interpretações infinitas do mesmo. Os Actos falam de algo insólito. Uma rajada de vento e línguas de fogo. O que teria sido aquilo? Estamos perante representações simbólicas. 
Segundo uma narrativa antiga, a diversidade de línguas era fruto de uma maldição divina [2]. Era deus que não queria que os povos se entendessem, não fossem eles unirem-se contra ele. Um deus assustado com a criatividade humana. 

Deambulando

MaDonA

O tempo é um bom tema de conversa, pois interessa a todos e qualquer um pode opinar sobre ele. Os britânicos até o usam, na falta de qualquer outro assunto.
Com a chegada da primavera, o sol voltou a convidar aos passeios pelo campo, às atividades de ar livre e às caminhadas pela nossa pitoresca vila. Com o ar lavado do pólen que a natureza explodiu em jorros, sabe bem deambular por entre ruas e ruelas que se cruzam. Os cheiros e sons misturam-se numa sinestesia dos sentidos.
À medida que me solto neste emaranhado de sensações vou-me envolvendo com este e com aquele que me interpela. Um conhecido que me saúda, a quem dou dois dedos de conversa, um antigo aluno que vem cumprimentar a teacher. Algum em quem a semente caiu em terra boa.
Há algum tempo, fui abordada pelo T. que me atirou dois beijos como o projétil de uma bala. Arremessado tinha sido ele de Herodes para Pilatos e a vida madrasta moldara-lhe um temperamento instável. Foi essa a ideia que me ficou dos tempos em que me passou pelas mãos, na sala de aula. Hoje, é um esbelto rapaz em que os traços masculinos são esteticamente harmoniosos.

sábado, 19 de maio de 2018

Um pinheiro do meu relvado


As sombras da noite que se aproximavam ainda deixaram ver a beleza de um pinheiro que habita o meu relvado. E a beleza que eu vi está na dinâmica de me apontar o céu estrelado que viria a seguir. 
Bom fim de semana. 

Feira do Livro - Aveiro de Eça


A Feira do Livro vai abrir portas já na próxima semana no Mercado Manuel Firmino.. Tem um subtítulo apelativo e oportuno. Eça, que respirou os nossos ares e apreciou a nossa ria e o nosso mar, será mote para um programa a condizer com a sua obra, bastante apreciada pelos amantes da literatura. Espero que assim seja para regalo dos queirosianos, e não só.

Praias da Barra e Costa Nova com Qualidade de Ouro



«À semelhança dos anos anteriores, a Associação Nacional de Conservação da Natureza identificou, num universo de 640 praias portuguesas, 390 com “Qualidade de Ouro”. Neste universo de 390 praias encontram-se as praias da Barra e da Costa Nova, no Município de Ílhavo.» Assim reza o comunicado da Câmara Municipal de Ílhavo que li hoje. Congratulo-me com o facto, convicto de que esta classificação muito contribuirá para o desenvolvimento turístico da nossa terra, nas mais variadas componentes. 
Certo é que esta Bandeira de Ouro é mais uma exigência para continuarmos a melhorar as nossas praias.  Os critérios da classificação prendem-se, naturalmente, com a qualidade da água, considerada excelente nas cinco últimas épocas balneares.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

O nosso Bispo fez anos

D. António Moiteiro 

O nosso Bispo, D. António Moiteiro, completou ontem 62 anos, pois nasceu em 17 de maio de 1956. Razão mais do que suficiente para o felicitar, com votos sinceros de que Deus continue a acompanhá-lo na sua missão episcopal entre nós e para nós. 
O Bispo é sempre, para mim, uma referência de vida, pela ação e pelo testemunho de fiel sucessor dos apóstolos. Dele recebemos, no dia a dia, propostas, sugestões e desafios para respondermos, enquanto cristãos, aos sinais dos tempos, lutando por uma sociedade mais humana, mais fraterna e mais solidária. 
Ouço e leio o nosso Bispo com gosto, procurando captar o essencial do que diz e escreve, sempre na perspetiva de que as suas palavras são sinais para levar à prática a Boa Nova de Jesus Cristo, alicerce da civilização do amor. 

Fernando Martins 

Festas de Vagos


Vagos faz parte integrante do nosso ADN. Os primeiros gafanhões vieram, no séc. XVII, de terras vaguenses com seus hábitos, tradições e, ainda, com muita garra para cultivar dunas, arrancando delas, regadas com muito suor, o pão de cada dia. Semeavam e plantavam, voltavam a semear e a plantar, e mais tarde, estas dunas, de que temos vestígios em cada canto, tornaram-se num celeiro da região, sendo as suas batatas as preferidas nos mercados de Aveiro e Ílhavo, como lembra Leite de Vasconcelos. 
Por tudo isto, Vagos permanece colado à nossa alma e, quer queiramos ou não, as alegrias dos vaguenses serão sempre as nossas alegrias, a nossa ternura e a nossa gratidão.

Sobre Santa Maria de Vagos, ler aqui. 

Marx e Marx

Anselmo Borges 


No passado dia 5, celebrou-se o segundo centenário do nascimento de Karl Marx, o filósofo, sociólogo e economista cuja obra, para o bem e para o mal, contribuiu de modo decisivo para a mudança da história do mundo. O outro Marx é o cardeal Reinhard Marx, actual arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal Alemã, especialista na Doutrina Social da Igreja, um dos conselheiros do Papa Francisco, que foi bispo de Trier, onde Karl Marx nasceu, e que escreveu uma obra bestseller, muito notada também pelo título, o mesmo da do seu homónimo, Das Kapital (O Capital). Ele mesmo confessa que João Paulo II se lhe dirigia com graça como il nostro marxista (o nosso marxista).
Tanto no livro, publicado em 2008, como nas entrevistas concedidas ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung e ao Rheinische Post online, por ocasião dos 200 anos do nascimento do seu homónimo, o cardeal, que não é marxista, manifesta profundo interesse por Karl Marx e os seus escritos, que chega a considerar "fascinantes" e com uma "grande energia", neles "há uma inspiração, um ímpeto revolucionário". "Sem Karl Marx, não haveria uma Doutrina Social da Igreja".

Festa de Pentecostes - Vinde, Espírito Santo

Georgino Rocha
VINDE, ESPÍRITO SANTO, 
ENCHER OS CORAÇÕES HUMANOS E RENOVAR A TERRA


«Em qual destas esferas está o Espírito Santo a chamar-nos para crescermos em sabedoria e bom senso, em relação de proximidade e dedicação, em santidade de vida e de atitudes, em respeito pela criação?»

Hoje, a Igreja celebra a festa de Pentecostes, a festa do Espírito Santo que Jesus nos envia de junto de Deus Pai. Festa que é memória e profecia, celebração e invocação, dom e doação, comunhão e missão. Os narradores do acontecimento, Lucas e João, situam-no em datas diferentes. João faz-nos uma apresentação sóbria na tarde do domingo da ressurreição; e Lucas, passados cinquenta dias, quando os judeus vinham a Jerusalém para a comemoração da entrega da Lei no Sinai e do selo da aliança de Deus com o seu povo.
Ambos convergem na novidade feliz de que o Espírito se manifesta aos discípulos e lhes concede a abundância dos seus dons, dons que hão-de dar frutos ao longo dos tempos nas diversas culturas. Com o esforço humano. Deus nunca nos dispensa. Dons que, sendo diferentes, se harmonizam e enriquecem na comunhão. De contrário, nega-se o dom maravilhoso que nos manifesta: Fonte da diversidade na comunhão da unidade. Dar rosto visível e atraente e esta realidade constitui um verdadeiro desafio à Igreja de todos/as que somos nós e aos seus mais directos responsáveis.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

O antigo e o moderno



O antigo e o moderno de braço dado à espera do verão ou de uma primavera, em fim de carreira, com um sol a garantir que está quase na hora de banhos reconfortantes. Água límpida, cristalina e apetecível  ou desafiante é o que todos esperamos.

António Rodrigues em entrevista à UA

“A universidade é uma escola de vida”



Antigo Aluno UA: António Rodrigues, 
professor na Gafanha da Nazaré 
e coordenador do Gafe Bike Lab

Licenciado em Ensino de Física e Química na Universidade de Aveiro (UA), António Rodrigues é docente da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré desde 1991. Nessa década, começou a usar a bicicleta como meio de transporte para a sua escola. Não por acaso, hoje é coordenador do Gafe Bike Lab que inclui uma oficina para os alunos repararem e alterarem as suas bicicletas, espaço de trabalho e partilha pelo interesse em torno da bicicleta. O projeto faz todo o sentido numa escola onde cerca de 70 por cento dos alunos usa a bicicleta no seu dia a dia, caso único a nível nacional.

Ler entrevista aqui 

Nota: Entrevistado pelo jornal online da UA, o professor de Física e Química da Escola Secundária da Gafanha da Nazaré deu as razões por que escolheu a universidade aveirense para se preparar para o ensino e falou de um projeto do qual é o coordenador. 
Conheço o professor Rodrigues há bons anos e sei de outra paixão que o entusiasma: colecionador de rádios antigos, que conhece como as suas mãos. Entrevistei-o um dia e percebi então como vive o prazer de procurar, estudar e reparar rádios com história. Cada rádio que me exibia era uma lição para mim. Felicito o professor Rodrigues pelo seu labor profissional e pelo gosto pelo colecionismo. 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

ECOMARE abre as portas ao público

Visitas podem ser realizadas a 21 de maio

Ecomare no dia da inauguração

«O ECOMARE – Laboratório para a Inovação e Sustentabilidade dos Recursos Biológicos Marinhos da Universidade de Aveiro vai estar aberto ao público no dia 21 de maio, no âmbito da campanha "A Europa na minha Região" promovida pela União Europeia. Às 15h00 tem início a visita guiada.»

Li aqui 

Praia da Barra vai ter Multibanco no verão


A Câmara de Ílhavo empenhou-se em assegurar «um serviço bancário reforçado para o verão, na Praia da Barra», concretamente, o conhecido Multibando. Fica assim «colmatada uma carência sentida ao nível da prestação de serviços bancários», tendo em conta que,  na época balnear, há «um fluxo de pessoas que, de forma crescente, têm procurado esta praia».
A autarquia informa que formalizou o acordo necessário com a Caixa Agrícola, ficando o Multibanco instalado, «em espaço temporário», na Av. João Corte Real, junto ao Mercado da Barra.

Ainda o Sporting


Nota: Acredito que há sócios honrados com capacidade para repor o Sporting no lugar que de direito lhe pertence. 

Rumo ao Congresso Eucarístico - A grande esperança



Após a consagração do pão e do vinho, a assembleia aclama Jesus eucaristia dizendo: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte. Proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. O futuro, de que a eucaristia é penhor, irrompe no presente e abre-lhe novos horizontes. 


A esperança cristã converte-se em grande esperança como nos lembra Bento XVI: 
“Precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Precisamente o ser gratificado com um dom faz parte da esperança. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. 
Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito. E, ao mesmo tempo, o seu amor é para nós a garantia de que existe aquilo que intuímos só vagamente e, contudo, no íntimo esperamos: a vida que é «verdadeiramente» vida. Procuremos concretizar ainda mais esta ideia na última parte, dirigindo a nossa atenção para alguns «lugares» de aprendizagem prática e de exercício da esperança”. (Salvos na Esperança, 31).

terça-feira, 15 de maio de 2018

O Sporting tem de erguer a bandeira da dignidade


O clima de violência que se verificou no Sporting Clube de Portugal é puro resultado dos ambientes agressivos que se vivem no futebol nacional. Violência verbal, psicológica e física. No futebol e noutros desportos, alimentadas por claques, muitas delas comandadas por arruaceiros e criminosos. Tudo com a complacência de dirigentes, que esquecem a importância dos valores que devem fazer parte integrante do desporto, a qualquer nível. 
Sei, todos sabemos, que há dirigentes, adeptos e membros de claques respeitadores dos adversários, que não são inimigos a abater. Mas que há muita falta de ética no mundo desportivo, lá isso há. 
Quando vejo e ouço, via órgãos da comunicação social, dirigentes a vomitarem ódios contra os adversários, ofensivos e acusadores, condenando os erros dos árbitros, normais porque ninguém é perfeito, e ignorando os lapsos e incompetências dos seus jogadores e treinadores, fico perplexo com tanta falta de vergonha. 
O Sporting foi sempre o meu clube desde a infância. Nessa altura, tinha jogadores que nos entusiasmavam e dirigentes que impunham respeito. Quem poderá esquecer jogadores como Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos, Albano e Azevedo? E como compreender agora o que se passa num clube que foi e ainda é, ao que julgo, o mais eclético de Portugal? Estou longe de entender esta violência estúpida e gratuita, de raiva e ódio, contra jogadores e treinador, precisamente no seu espaço de trabalho, por encapuzados que agiram por iniciativa própria (ou de alguém?). E com que fim? 
Espero que a justiça averigue e castigue os arruaceiros e, eventualmente, os que, pela suas atitudes, geraram esta brutalidade. O Sporting tem continuar a levantar a cabeça e a erguer a bandeira verde da esperança e da dignidade,

Recordando D. António Marcelino

Editado por Fernando Martins 
Quinta-feira, 
30 Julho,
2009, 
11:13 


O necessário rosto da verdade 

Diz-se que são demasiadamente clericais os meios de comunicação social da Igreja. Logo se diz, também, que é esse, ainda hoje, o seu rosto mais visível e, por isso, não é de estranhar que assim seja e assim apareça. Não falta quem teime, dentro e fora, em continuar a identificar Igreja com bispos e padres, por preconceito, por falta de formação e de informação, por restos históricos que tardam em se apagar.
Na Igreja, continua a ser difícil e lenta a passagem de uma classe restrita, mas dominante, o clero, a um povo diversificado, alargado e plural, a comunidade dos crentes. A Igreja de Cristo é Povo, é comunidade. Não é grupo, nem elite, nem classe.
Pode acontecer, e em diversos casos acontece mesmo, que o tom clerical dos jornais, e não só, seja, por vezes, ainda o tom que prevalece. A verdade, porém, é que o trabalho que se vem fazendo, por todo o lado, com os leigos e para lhes dar consciência da sua dignidade e missão, é significativo. O seu protagonismo, em muitas comunidades paroquiais, tem crescido sempre mais. Por caminhos não reivindicativos, mas de fé.
O Ano Paulino, iluminado pela Palavra de Deus e conduzido pela vida de Paulo e das suas comunidades, com suas fraquezas e méritos, foi uma lufada de ar fresco na Igreja. Muitos leigos acordaram para novos rumos, ao longo deste Ano. Pelo caminho da Palavra se vai à fonte que não deixa que a Igreja se clericalize. Um caminho que ajuda todos os membros da Igreja, leigos, clérigos e consagrados, a sentir a alegria e a graça de serem, acima de tudo, Povo de Deus, “nação santa e povo resgatado”, com uma missão comum no mundo.

Homenagem aos Mártires da Liberdade

Amanhã, 
quarta-feira, 
18h30


Amanhã, 16 de maio, quarta-feira, pelas 18h30, a Câmara Municipal de Aveiro vai homenagear os Mártires da Liberdade, com uma sessão de evocação e a deposição de flores no obelisco da Praça Joaquim Melo Freitas. Assim, serão assinalados os 190 anos sobre a revolução liberal de 1828, iniciada na cidade de Aveiro.
Ficaram na história, por isso, os aveirenses Francisco Manuel Gravito da Veiga e Lima, Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão, Clemente da Silva Melo Soares de Freitas, e Manuel Luís Nogueira.
Em 1909, o Clube dos Galitos eternizou em monumento público este ato heroico dos seus naturais, erguendo na Praça Joaquim Melo Freitas um Obelisco dedicado à Liberdade.

Gafanha Cup 2018 apresenta-se com ambição

JOSÉ RATOLA (TEXTO)/RICARDO CARVALHAL (FOTO)


«O Grupo Desportivo da Gafanha apresentou, na Fábrica das Ideias, na Gafanha da Nazaré, a quarta edição do Gafanha Cup, que vai decorrer de 22 a 24 de Junho. Trata-se de um torneio que vai envolver todas as modalidades - Futebol, Futsal e, pela primeira vez, Atletismo e Basquetebol. Será, por isso, um evento de afirmação do emblema gafanhense e que visa dar maior visibilidade às potencialidades do clube.
Foi numa cerimónia muito concorrida pelos atletas da formação - onde também estiveram presentes os representantes da Câmara de Ílhavo, da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, também parceiros nesta organização; um dos padrinhos deste evento, Francisco Amarante, ex-atleta de basquetebol que representa o FC Porto - que foi apresentada esta quarta edição do torneio, que prevê o envolvimento de 1.500 jovens atletas das diferentes modalidades em representação de mais de 40 clubes.»

Nota: Texto e foto publicados no Diário de Aveiro

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Museu Vista Alegre


Uma excelente oportunidade para visitar o museu de uma indústria das mais significativas do nosso município. A não perder. 

Cães de Ninguém



Diz-se que os cães terão sido os primeiros animais domesticados pelo homem. Com verdade ou com alguma fantasia, realmente os cães são os animais que mais se veem junto das famílias, morando imensas vezes nas casas dos seus donos. Ainda há quem os tenha presos a cadeado habitando uma casula mal amanhada. Mas há imensos cães vadios, porventura abandonados pelos que um dia quiseram ter um cãozinho, mas cedo se fartaram dele. A rua passou a ser morada de muitos, que, com fome, são capazes de causar transtornos a quem passa. 
Ferreira de Almeida avançou com uma exposição que é mais uma oportunidade para os amigos dos animais refletirem sobre problemas ligados aos cães domésticos e, também, aos cães abandonados. 

domingo, 13 de maio de 2018

Dia Mundial das Comunicações Sociais


Mensagem do Papa Francisco 


A verdade e as notícias falsas 

A mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que hoje se celebra, aborda duas questões atuais: “A verdade vos tornará livres” e “Fake news e jornalismo de paz”. 
Diz o Papa Francisco que «a comunicação humana é uma modalidade essencial para viver a comunhão», sabendo-se que «o ser humano é capaz de expressar e compartilhar o verdadeiro, o bom e o belo», mas ainda é capaz «de narrar a sua própria experiência e o mundo, construindo assim a memória e a compreensão dos acontecimentos». Contudo, se orgulhosamente seguir o seu egoísmo, o homem pode usar de modo distorcido a própria faculdade de comunicar». 
Debruçando-se sobre as notícias falsas, o Papa afirma que, no fundo, são desinformação, apoiadas em «informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros económicos». 
O Santo Padre frisa que «O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, chegando-se a uma demonização que pode fomentar conflitos. Deste modo, as notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.» 

A Igreja não é de gente pasmada

Frei Bento Domingues

1. A festa litúrgica da Ascensão não é a celebração da passagem de Jesus à reforma, nem a sua fuga para o céu, seu lugar de repouso junto de Deus, onde aguardaria, no eterno descanso, os discípulos que fossem aparecendo.
A este respeito, as narrativas dos Evangelhos e dos Actos dos Apóstolos, embora não sejam contraditórias, ajustam-se com alguma dificuldade. Frutos de várias estratégias, e em contextos diferentes, tentam interpretar a significação do itinerário terrestre de Jesus para comunidades que não O conheceram. Parecem um retorno ao passado - “naquele tempo” -, mas por causa do presente. As promessas paradisíacas não são evasões deste vale de lágrimas.
São textos que procuram, por um lado, mostrar que o tempo da visibilidade da figura histórica de Jesus está encerrado; já não há ninguém para dizer eu vi! Por outro, todas as narrativas, discursos e exortações insistem na sua invisível presença. Como disse o Ressuscitado ao empirista Tomé: felizes os que crêem sem ver.
Nada disto impediu que, muito cedo, tenham surgido na Igreja duas tendências que não deveriam ser dissociadas, mas complementares: uma insiste mais na dimensão contemplativa, na comunhão mística com Cristo, e outra que não aceita a espiritualidade de gente consolada e pasmada a olhar para o céu, quando há tanto que fazer pela alegria pascal, transformante da sociedade. 

Como nuvens pelo céu



Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.

São coisas no alto que são
Enquanto a vista as conhece,
Depois são sombras que vão
Pelo campo que arrefece.

Símbolos? Sonhos? Quem torna
Meu coração ao que foi?
Que dor de mim me transtorna?
Que coisa inútil me dói?

Fernando Pessoa

sábado, 12 de maio de 2018

Tesouros no Museu de Aveiro | Santa Joana

Museu de Aveiro | Santa Joana
Aveiro Tesouros
12 de maio a 2 de setembro


A mostra identifica os vários tesouros arquitetónicos do Município que se pretendem promovidos e valorizados perante o visitante e o turista, levando-o a querer visitar Aveiro a partir da exposição.
Em simultâneo foi criado o circuito do património edificado do guia turístico que, em simultâneo, é o catálogo da exposição, a par da colocação do primeiro conjunto de totens identificativos dos monumentos em texto bilingue, pela primeira vez colocados em espaço público na História em Aveiro.
Com entrada livre, a exposição pode ser visitada de terça a domingo das 10.00 às 12.30 horas e das 13.30 às 18.00 horas.

Nota: Ilustração e texto da CMA

ÍCONE DE SANTA JOANA



Partindo do desejo do nosso Bispo, 
veio à luz o Ícone de Santa Joana, 
Padroeira de Aveiro. 
De que se trata?

A palavra «ícone» – icona, ikona, ????? – do russo – vem do grego eikona (?????, Eikon) que significa simplesmente imagem. Trata-se de uma das expressões de arte sacra mais antiga e com menos alterações ao longo do tempo. Não se tratando de uma simples pintura, o ícone mostra uma relevante carga simbólica, em que nada surge por mero acaso. Só assim se entendem os pormenores, detalhes, posição dos corpos, estilo dos cabelos, de vestuário, de fundos, de ornamentos, luzes e de sombras, componentes do nosso Ícone. Tudo é feito para possibilitar a contemplação e o diálogo entre o crente e o mistério divino escrito no Ícone, pois como nos diz a autora da presente obra: “o Ícone da Santa Joana foi elaborado após profunda oração e estudo sobre a sua vida”.

Passemos, agora, à descrição deste Ícone, 
por meio das palavras da escritora deste Ícone, 
Tânia Pires:

Santa Joana é representada com o hábito da congregação Dominicana, com quem viveu na vida entregue a Deus, à comunidade e aos mais pobres. Na mão esquerda segura o Crucifixo e na mão direita o pão, que representa todo o alimento e toda a atenção que Santa Joana partilhou com os pobres ao longo da sua vida. Dos três mendigos representados (que simbolizam toda a pobreza da cidade), perto da muralha (que representam a cidade de Aveiro), podemos deduzir que era Santa Joana que ia ao encontro dos mais necessitados, dando a sua vida, transmitindo o amor, a fé, a esperança e a Palavra Viva.

Santa Joana seguiu sempre a sua intuição, voz e vontade mais profunda de Deus, sem hesitar. E, contra todas as vontades externas, recusou três casamentos representados no Ícone pelas três coroas. A água representa a sua cidade, a sua «pequena Lisboa», Aveiro, e o edifício por detrás de Santa Joana, a casa de Deus, o convento onde ela entregou a sua vida. A sua frase “Amar a Deus é servir”, verdadeiro lema da Santa Joana integra o Ícone, o qual tão bem caracteriza a sua vida, pelo serviço e entrega constantes ao mundo e a quem mais necessitava, modelo para os seus devotos. Santa Joana morreu muito nova, daí o seu rosto ser representado sob uma forma jovial e serena. É um Ícone bastante completo que caracteriza toda a riqueza da sua vida, podendo ser contemplado e rezado dessa forma.

É, sem dúvida, uma obra que nasceu do estudo e da oração, destinando-se a facilitar o nosso diálogo com Santa Joana Princesa, nossa Padroeira, uma vez que continua, ainda hoje, a ser modelo de vida para todos os cristãos.

Para que esta contemplação e diálogo seja possível, decidimos reproduzir este Ícone e colocá-lo ao dispor de todos, podendo-se encontrar à venda na Livraria de Santa Joana, a partir da primeira semana do mês de Maio.

Nota: Foto e texto da página da Diocese de Aveiro

sexta-feira, 11 de maio de 2018

A vida é fonte primeira do bem comum

Nota  Pastoral do Bispo de Aveiro
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A propósito da eutanásia, assunto que o Parlamento tem em mãos, com vista a aprovar um diploma de legalização da chamada morte assistida, o Bispo de Aveiro, António Moiteiro, acaba de publicar uma Nota Pastoral, no sentido de esclarecer os católicos, em especial, e os homens e mulheres de boa vontade, em geral, onde defende que“Legalizar a eutanásia é um retrocesso civilizacional”. 
O prelado aveirense lembra que o Parlamento deveria estar antes a discutir modos de atuar para “minorar o sofrimento e a dor de quem está perante o limite e a fragilidade” e refere que a  eutanásia “significa abandono, desistência e incapacidade de responder com o cuidado humanizado em favor de quem se encontra em situação de debilidade". 
Olhando para a história, António Moiteiro retrocede até às civilizações antigas, Roma e Grécia, onde a eutanásia era praticada, para dizer que, graças ao “novo humanismo nascido com o cristianismo”, tal prática foi abandonada. 
O Bispo de Aveiro frisa que, “para os cristãos, para quem a vida é dom,  perante o sofrimento,  só faz sentido a doação. Desistir, dando a morte, é a recusa de que dos outros poderemos esperar o amor. Uma sociedade que deixe de amar não pode continuar a crescer em humanidade e atenção aos outros, sobretudo aos que mais sofrem”. 
O nosso bispo considera que, “Depois de legalizada, a eutanásia torna-se um horizonte que atinge todos aqueles que, um dia, venham a necessitar dos cuidados de saúde. Não apenas como uma possibilidade, mas como uma tentação: a de eliminar quem passasse a sentir-se como um peso para si próprio e para os demais”. 
Aos que têm o Evangelho como fonte de inspiração para o seu agir em sociedade, “incluindo os nossos deputados e os que se preocupam com a causa pública”, António Moiteiro recomenda que não devem esquecer-se “de colocar a vida como a fonte primeira do bem comum".E conclui a sua Nota Pastoral dizendo: “A eutanásia é a escolha de uma ideia de sociedade em que cada um não se pensa como alguém em relação com os demais, mas fechado sobre si mesmo. A cultura do cuidado não pode desistir, perante tal visão”.

Fernando Martins

Ler Nota Pastoral aqui 

Artes no Canal – 3: SKETCHERS em Aveiro








Quando visitei, com certo interesse, o projeto da Câmara de Aveiro, “Artes no Canal”, notei que alguns jovens tiravam “retratos”, desenhando, ao ambiente que ali se vivia. Não foi a primeira vez que vi artistas em pleno trabalho nas ruas e praças de diversas zonas do país, procurando deixar para a posteridade marcas das suas sensibilidades. Aqui perto, foi assim na Costa Nova, na Barra e em vários locais de Aveiro, nomeadamente no Jardim Infante D. Pedro e junto ao Canal Central. Contudo, talvez por descuido meu, não tenho deparado com artistas plásticos na rua, mas sabe-se que músicos, por exemplo, usam muito essa tática de partilharem as suas artes com quem passa. E depois, naturalmente, acabam por dar nas vistas e seguem, profissionalmente, a via da música. 
Na Praça Melo Freitas, porém, vi um artista ali à mão, não resistindo eu à vontade de o interpelar. Amavelmente, o João Tiago dispôs-se a elucidar-me. Faz parte de um grupo — ASK – AVEIRO SKETCHERS — que se reúne para desenhar, partilhando, posteriormente, nas redes sociais, os seus desenhos. 
A lição que recebi, para além de um exemplo de paixão pela arte de desenhar, foi o nome adotado pelo grupo, referido acima. Desconhecia completamente, mas percebe-se que a sua origem não será portuguesa, nem isso agora importará. O que se torna relevante é o prazer do encontro de pessoas que cultivam e partilham expressões artísticas, neste caso o desenho, convivendo e, decerto, trocando experiências, que só enriquecem. 
João Tiago sublinhou o espírito de partilha que os une, em vez de ficarem por casa, sem nada fazerem de concreto, neste âmbito. 
Li que não circunscrevem a sua ação apenas à cidade de Aveiro, mas saem em busca de novas inspirações noutras regiões do país. E para quando uma exposição dos seus trabalhos em Aveiro? Aqui fica o desafio. 

Fernando Martins 

Nota: podem consultar aqui, aqui e aqui

A multinacional do sentido

Anselmo Borges


1 No discurso histórico no Collège des Bernardins, que já aqui tentei sintetizar nas suas linhas de força [20 de Abril], o presidente da França, Emmanuel Macron, quis mostrar a importância decisiva dos católicos na vida cultural, ética, caritativo-social, política, mas sublinhou o inesperado: a Igreja como guardiã e despertadora das perguntas últimas, das questões do homem enquanto pessoa, do sentido da vida. É claro que "uma Igreja que pretendesse desinteressar-se pelas questões temporais não iria até ao fim da sua vocação". Mas há a outra parte, a parte católica da França, aquela "que no horizonte secular instila seja como for a questão intranquila da salvação, que cada um, acredite ou não, interpretará à sua maneira, mas em relação à qual cada um pressente que põe em jogo a sua vida toda, o sentido desta vida, o alcance que se lhe dá e a pegada que deixará. É verdade que o horizonte da salvação desapareceu totalmente do quotidiano das sociedades, mas é um erro e vê-se através de muitos sinais que continua aí, enterrado. Cada um tem o seu modo de nomeá-lo, de transformá-lo, de levá-lo consigo, mas é sempre a questão do sentido e do absoluto nas nossas sociedades que a incerteza da salvação traz a todas as vidas, mesmo as mais resolutamente materiais". Há um dom que a Igreja deve dar à República: "O dom da liberdade espiritual." "Porque não somos feitos para um mundo que seria atravessado apenas por finalidades materialistas. Os nossos contemporâneos têm necessidade, tenham fé ou não, de ouvir falar de uma outra perspectiva sobre o homem que não a material. Têm necessidade de matar uma outra sede, que é uma sede de absoluto. Não se trata aqui de conversão mas de uma voz que, com outras, ousa ainda falar do homem como um ser vivo dotado de espírito. Que ousa falar de outra coisa que não o temporal, mas sem abdicar da razão nem do real."

Festa da Ascensão



JESUS INDICA OS SINAIS DOS QUE ACREDITAM

Georgino  Rocha

O encontro de Jesus com os discípulos, antes da Ascensão, é muito expressivo e encorajante: confia-lhes a sua missão, indica os sinais que acompanham os que acreditarem, garante-lhes companhia de cooperação e promete confirmar a verdade da sua acção missionária. (Mc 16, 15-20).
A Igreja reza nos prefácios da Festa da Ascensão: “Depois da sua ressurreição, apareceu a todos os discípulos e à vista deles subiu aos céus, para nos tornar participantes da sua divindade e nos dar a esperança de irmos um dia ao seu encontro”. Esta é a certeza que nos move. Esta é a seiva que nos revigora e reconforta. Esta é a alegria que nos enche, mesmo nas maiores provações.
Vamos saborear a maravilha do Evangelho de hoje, seguindo de perto o complemento do livro de Marcos que faz parte da narração feita por cristãos da primeira geração. Jesus aparece aos discípulos “enquanto estavam a comer”. A refeição torna comensais os participantes, alimenta as forças, fomenta a partilha de ocorrências, faz crescer a amizade, infunde ânimo para novas ousadias, constitui momento singular para todos experienciarem a presença de Jesus ressuscitado. Que grande alcance ter o comer juntos, estar sentado à mesma mesa, escutar e dizer, celebrar “o magistério do amor” como refere Enzo Bianchi, monge da comunidade de Bose. Em entrevista à Visão, o teólogo italiano afirma: “A mesa é o lugar onde se iniciou a humanização, é o lugar onde nasceu a linguagem, a palavra. Então a mesa deve ser levada a sério. O problema é que hoje a mesa se tornou o lugar da máxima estranheza, quando a mesa tem a vocação para a máxima comunhão.”

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Peregrinos de Fátima


Umas 35 mil pessoas, um pouco de todo o país, peregrinam a Fátima a pé. Partiram maioritariamente do Norte e muitos cumprem este ritual, com toda a naturalidade, anos e anos seguidos. Há, até, grupos organizados com apoio logístico. E a devoção com que o fazem, partilhando alegrias, dores, convívios, orações, cânticos, desabafos, confidências, descobertas interiores e muita fé em Nossa Senhora, decerto alheios às polémicas que as aparições ou visões têm provocado, está bem patente nos sacrifícios que as caminhadas impõem, sem deixarem rastos de desânimo. 
Embora nunca tenha feito a experiência de peregrinar a Fátima a pé, não deixo de apreciar e compreender quem o faz. Aliás, é norma minha respeitar, em absoluto, as ideias ou convicções religiosas ou outras de toda a gente, na perspetiva de que também respeitem as minhas. A Fátima já fui imensas vezes, de carro, e reconheço que, para além das dúvidas dos céticos, o santuário e Nossa Senhora, que lá se venera, atraem anualmente milhões de pessoas, E como li e já senti, realmente ali respira-se um ar diferente, com a harmonia e a serenidade a aproximarem peregrinos ou simples visitantes. Até parece que o céu envolve aquele recanto do nosso país. À sombra da Virgem Maria, comungamos a paz interior e ganhamos forças para enfrentar o quotidiano de tantas agruras, mas ainda de tantas alegrias.
Peregrinar faz parte da vida de cada um de nós, física ou espiritualmente. Emocionamo-nos quando atingimos a meta, sentimo-nos realizados quando chegamos ao destino e apostamos em mais desafios pelo prazer de nos superarmos. E tanto peregrinamos a pé como de carro, de avião ou de bicicleta, de moto ou de barco, porque o que importa, no fundo, é descobrir novas terras, novas gentes, novos caminhos, que poderão ser de âmbito espiritual, religioso, cultural, desportivo, artístico e social. 
Quando converso com peregrinos, percebo bem a força da fé que os anima, dos anseios que cultivam. Nunca encontrei desânimos e juras de jamais repetirem a experiência. Bom testemunho para muitos de nós. 

Fernando Martins

Nota: Sobre a alimentação dos peregrinos,  ler aqui

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Centro Comunitário da Gafanha do Carmo


«Se tivesse só uma oportunidade para ir ao ano de 2068, o senhor João Fernando visitaria Alcoitão. É que apesar de ser da Gafanha do Carmo, foi na freguesia do concelho de Cascais que ele, com esforço, conquistou o seu futuro. “Gostava de ir lá ver se eles continuam a ensinar as pessoas como me ensinaram a mim”, justifica, recuan­do à sua infância. “Aqui, como eu tinha uma deficiência [paralisia cerebral], não queriam deixar-me ir para a escola. Mas lá, eles perceberam que eu também era uma pessoa que tinha futuro e deram-me uma segun­da oportunidade. Ensinaram-me a dactilografar e, graças a is­so, voltei para cá e trabalhei mui­tos anos numa junta de freguesia. E sempre consegui su­pe­rar todas as barreiras que me apareceram na vida. Todas”, sublinha. Seja o que for que o futuro nos reserve, o exemplo do senhor João Fernando nunca vai deixar de ser inspirador.
Mas isso somos apenas nós a fazer o exercício de tentar adivinhar como será essa coisa do futuro. E foi isso que convidámos a fazer, também, a D. Ermelinda. Ela é que nos confidenciou que, em 2068, iria direitinha à América para visitar o neto Pedro Jorge, que criou e que não vê há 12 anos. Já a D. Maria Helena, regressaria a Angola. Ao país onde viveu 21 anos da sua vida, no qual viu os filhos nascer, e que é uma terra pela qual tem “uma admiração muito grande”. “Tenho e terei até morrer”, assegura. Mais perto, ficaria o senhor Lino. “Lino de Aveiro”, aliás. Homem que traz colado à identidade a terra que sempre foi sua e na qual é “muito famoso”. Por isso, em 2068, seria pelo Rossio e pela Praça do Peixe que voltaria a passear-se. 
O desafio para que os quatro utentes do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo (CCGC) dessem um salto a 2068 foi proposto pelo Diário de Aveiro, mas a ideia está longe de ser original. Afinal, é isso que os responsáveis por aquela casa vão fazer, no sábado, pelo terceiro ano consecutivo. O “Futuridade 2068 – Desperta o teu horizonte” vai decorrer na Casa da Cultura de Ílhavo (CCI), a partir das 9 horas, contando com a participação de 12 oradores (ver caixa) das mais variadas áreas, que vão, também eles, ser desafiados a perspectivar como será o mundo daqui a 50 anos.»


Notas:
1 - Todo o texto pode ser lido no Diário de Aveiro em papel;
2 - A foto é do mesmo diário. 

terça-feira, 8 de maio de 2018

“Tributo a Capitães de Ílhavo”

Um livro de Ana Maria Lopes 

Ana Maria Lopes, em agosto, na apresentação do seu livro



Li “Tributo a Capitães de Ílhavo”, com gosto e curiosidade, um livro de Ana Maria Lopes, editado quase há um ano, com prefácio de Álvaro Garrido, professor da universidade de Coimbra e Consultor do Museu Marítimo. Contou com o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, do Museu Marítimo e, naturalmente, da Associação dos Amigos do Museu, de que a autora é membro qualificado pela sua entrega às questões do mar e da ria, de que é profunda conhecedora. 
No Prefácio, Álvaro Garrido sintetiza o essencial do trabalho de Ana Maria Lopes, sublinhando: «Aqui se reúnem trinta breves biografias de Capitães ilhavenses já desaparecidos, conjugando palavras certas e belíssimas imagens, muitas delas inéditas porque residiam algures em silêncio. As biografias privilegiam o currículo marítimo dos oficiais e as principais peripécias dos navios que governaram. Homens houve que naufragaram três vezes. Muitos já eram filhos e netos de oficiais da Marinha Mercante. A esses detalhes narrativos, fios de água que levam ao mar, aditou-lhes a autora preciosas notas humanas, traços de vida e testemunhos de família que não deixarão de interpelar outras memórias quando estas páginas forem dissecadas emotivamente.» 
“Tributo a Capitães de Ílhavo” apresenta-se com 178 páginas, a maioria com fotos a preto e branco, que na altura dos registos ainda estaria longe a fotografia a cores, dos biografados e dos navios que comandaram, o que enriquece sobremaneira o seu trabalho, que contou com testemunhos de familiares e amigos. 
Ana Maria Lopes relata alegrias e tristezas, sucessos e naufrágios, festas e momentos de descanso, a dureza da vida no mar, usando o linguajar técnico e as expressões populares. Navios e seus apetrechos, o dia a dia a bordo, a ameaça dos medonhos icebergs, as empresas e os registos oficiais dos biografados dão-nos uma panorâmica histórica e humana dos capitães ilhavense já falecidos, muitos dos quais fizeram história na pesca do "fiel amigo".
Para ajudar o leitor, que nem todos estarão por dentro dos termos técnicos, a autora oferece um Glossário sucinto, que necessita mesmo de ser consultado, para se compreender cabalmente o que se lê. E na Bibliografia, estão indicados os livros, revistas, jornais, o Arquivo Marítimo do CieMar-Ílhavo e alguns blogs, com destaque para o seu "Marintimidades". 
Nos agradecimentos, Ana Maria Lopes sublinha, entre outros colaboradores, Etelvina Almeida e Paulo Miguel Godinho, seu filho, que procederam ao tratamento e limpeza de quase duas centenas de imagens. 

Fernando Martins

Pontes



Em terras de ria, com canais e mais canais, ora estreitos ora mais largos, uns de águas serenas e outros de águas mais agitadas, as pontes brotam como fundamentais à vida das comunidades. Esta não é para pessoas passarem a pé, de bicicleta, carros ou camiões, não aproxima povoações nem se destina a gente que vive o dia a dia com necessidade de estabelecer contactos, mas liga o Porto de Aveiro ao mundo ferroviário.

Base de amizades

«Em política, a comunhão de ódios 
é quase sempre a base de amizades»

Alexis Tocqueville (1805-1859), historiador e escritor 

Li no Público de sábado 

Sede alegres na esperança

Rumo ao Congresso Eucarístico


“A morada natural da esperança é um «corpo» solidário, no caso da esperança cristã este corpo é a Igreja, enquanto o sopro vital, a alma desta esperança é o Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não se pode ter esperança”

Papa  Francisco 

“Sede alegres na esperança”, recomenda S. Paulo aos cristãos de Roma perseguidos pelo poder político e necessitados de reforçar as relações dentro e fora da comunidade. E acrescenta outras de grande valor para dar testemunho da fé operativa.
Que alegria terão sentido os discípulos de Emaús ao encontrarem a comunidade de Jerusalém em assembleia! E que comoção ao verem confirmada a novidade surpreendente do fazer caminho e estar à mesa com Jesus ressuscitado! E ao poderem partilhar a experiência por eles vivida: “Contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando Ele partiu o pão”. Que conforto recíproco terão saboreado!
Agora, um novo laço os une. Além do sangue familiar, entre alguns, da memória agradecida de uma história comum nos caminhos da Galileia e noutras terras, da amizade alimentada em convívios e conversas, surge o facto novo que a todos entusiasma: O de serem constituídos testemunhas de Jesus ressuscitado, de beneficiarem da graça da sua aparição, de receberem o encargo do seu anúncio até aos confins da terra, a começar por Jerusalém (Lc 24, 40). E de contarem sempre com o Espírito Santo, o prometido por Deus Pai: “Por isso, esperai na cidade, até que sejais revestidos da força do alto”.
Que conforto psicológico e espiritual lhes terá advindo deste regresso à cidade, testemunha do processo iníquo, onde tem de recomeçar a nova etapa da evangelização. Em Igreja, claro! Etapa que prossegue ao longo da história. Etapa em curso na busca de novos rostos e novas ousadias, novos métodos e novas atitudes. Etapa que brota da Eucaristia celebração para chegar à Eucaristia missão. 
O Papa Francisco lembra que: “A morada natural da esperança é um «corpo» solidário, no caso da esperança cristã este corpo é a Igreja, enquanto o sopro vital, a alma desta esperança é o Espírito Santo. Sem o Espírito Santo não se pode ter esperança”.

Georgino Rocha

domingo, 6 de maio de 2018

Artes no Canal - 2

Banca da Batita

A Lita também quis ver a mulher-estátua a mexer-se 

Criança a desfiar a mulher-estátua 

João Tiago 
Volto, como prometido, ao projeto “Artes no Canal” que visitei ontem, sábado, com dia luminoso e convidativo para uma saída. No meu caso, para retemperar ânimo, um pouco em baixo. Sair de casa ajuda a espairecer. 
Para além das bancas de vendas, onde se mistura o artesanato com outros produtos, acabamos por perceber que há rostos habituais com artigos habituais, nem sempre a condizer. A exposição-venda de uma artesã gafanhoa, a Batita, lá estava, com sua mãe a substitui-la, como tem acontecido noutras alturas. Dispensando-me de deixar o registo de tantos trabalhos exibidos, tive pena de não detetar mais ninguém das Gafanhas, mas seria natural e expetável que lá estivessem. Se errei, alertem-me. 
Motivo de atração para todos quantos passavam, com destaque para a pequenada, foi a mulher-estátua, na sua postura rígida, só alterada quando alguma moeda caía na caixinha à sua frente. As crianças, o melhor do mundo segundo Pessoa, passavam do espanto à admiração, com desafios, olhares, aproximações e palmas que não alteravam o rigor da postura. E então, quando tilintavam as modas na caixa, lá se mexia a mulher-estátua, serenamente, para gáudio dos mais pequenos e de alguns mais maduros. 
Também apreciei jovens que integram ASK – Aveiro Sketchers, um grupo que desconhecia e que abordarei amanhã. O seu projeto, cujo nome indica a naturalidade estrangeira, cultiva o desenho que posteriormente partilha nas redes sociais. Cinco jovens “retrataram” com arte o ambiente da Praça Dr. Joaquim de Melo Freitas.
Visita que recomendo em próximas edições.

O Espírito Santo é um atrevido

Frei Bento Domingues

"O Espírito Santo é muito atrevido, mas não é louco, não se substitui a ninguém, não tem uma varinha de condão para eliminar conflitos, não quer fazer nada sozinho, mas também não se acomoda ao que sempre assim foi"

1. Entramos em Maio e no VI Domingo da Páscoa. O Espírito Santo resolveu não esperar pela festa do Pentecostes e meteu S. Pedro em sarilhos teológicos e pastorais [1]. Contam os Actos dos Apóstolos (Actos) que estava ele para começar a rezar, mas com muita fome. Veio do Céu uma toalha cheia de manjares, mas todos proibidos a um bom judeu. Foi o próprio Espírito Santo quem lhe disse para não ligar a essas proibições e comer à vontade. Insistiu ainda que entrasse na casa de um gentio, um centurião romano, que o recebeu desvanecido. Pedro anunciou aí um princípio teológico de alcance universal: reconheço que Deus não faz acepção de pessoas, pois qualquer uma, de qualquer nação que O tema e pratique a justiça, Lhe é agradável. Não estava a criar um novo privilégio, pois Jesus Cristo, que é o Senhor de todos, até começou pelos filhos de Israel o anúncio da boa nova da paz.
O Espírito Santo mostrou que não estava para conversas nem muitas cerimónias. Desceu sobre todos. Os companheiros de Pedro ficaram maravilhados ao verem que os gentios tinham a mesma sorte que eles. Pedro rendeu-se à evidência: como negar o baptismo aos que já receberam o Espírito Santo? Nasceu ali uma nova comunidade.

Para o Dia da Mãe



Mãe!

Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas 
que ainda não viajei!
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça 
não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. 
Depois venho sentar-me ao teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,
tão parecidas com as que não viajei, 
escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente 
para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

José de Almada Negreiros


Nota: Sugerido pela Livraria Bertrand

sábado, 5 de maio de 2018

Artes no Canal - 1





Aveiro está no meu coração. Lá estudei, trabalhei, participei em inúmeras reuniões e cerimónias, convivi com amigos, assisti a espetáculos, apreciei exposições, frequentei livrarias. E, mais importante que tudo, conheci a Lita, minha companheira de toda a vida. Ultimamente, tenho passado por Aveiro a correr, sem vagar para olhar, com olhos de ver, as transformações que tem sofrido, em nome do progresso a vários níveis. 
Hoje, fiz questão de ir à cidade dos canais, animada por um projeto que tem por missão atrair pessoas, aceitar a onda do turismo, estabelecer convívios e criar dinamismos valorizadores da economia. Refiro-me, a Artes no Canal. 
O dia esteve lindo, próprio de festa, e os turistas, nacionais e estrangeiros, de linguajares bem patentes, encheram o centro citadino, com os moliceiros e mercantéis numa roda-viva, com apitos e cicerones a indicarem o que de mais importante se pode apreciar do meio dos canais. 
Cansado, mas satisfeito pelo que experimentei e apreciei, passei por ruas e ruelas há muito afastadas dos meus horizontes, vi esplanadas em cada canto, vi rostos que não via há muito, encontrei estabelecimentos modernos e outros puídos pelos anos, tirei fotografias e confirmei o peso que a moda da arte fotográfica tem nos tempos atuais. Máquinas fotográficas de alta resolução ao lado de smartphones que hão de levar gratas lembranças de Aveiro e seus canais, para mais tarde recordar. 

(continua amanhã)

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