Nota Pastoral do Bispo de Aveiro
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A propósito da eutanásia, assunto que o Parlamento tem em mãos, com vista a aprovar um diploma de legalização da chamada morte assistida, o Bispo de Aveiro, António Moiteiro, acaba de publicar uma Nota Pastoral, no sentido de esclarecer os católicos, em especial, e os homens e mulheres de boa vontade, em geral, onde defende que“Legalizar a eutanásia é um retrocesso civilizacional”.
O prelado aveirense lembra que o Parlamento deveria estar antes a discutir modos de atuar para “minorar o sofrimento e a dor de quem está perante o limite e a fragilidade” e refere que a eutanásia “significa abandono, desistência e incapacidade de responder com o cuidado humanizado em favor de quem se encontra em situação de debilidade".
Olhando para a história, António Moiteiro retrocede até às civilizações antigas, Roma e Grécia, onde a eutanásia era praticada, para dizer que, graças ao “novo humanismo nascido com o cristianismo”, tal prática foi abandonada.
O Bispo de Aveiro frisa que, “para os cristãos, para quem a vida é dom, perante o sofrimento, só faz sentido a doação. Desistir, dando a morte, é a recusa de que dos outros poderemos esperar o amor. Uma sociedade que deixe de amar não pode continuar a crescer em humanidade e atenção aos outros, sobretudo aos que mais sofrem”.
O nosso bispo considera que, “Depois de legalizada, a eutanásia torna-se um horizonte que atinge todos aqueles que, um dia, venham a necessitar dos cuidados de saúde. Não apenas como uma possibilidade, mas como uma tentação: a de eliminar quem passasse a sentir-se como um peso para si próprio e para os demais”.
Aos que têm o Evangelho como fonte de inspiração para o seu agir em sociedade, “incluindo os nossos deputados e os que se preocupam com a causa pública”, António Moiteiro recomenda que não devem esquecer-se “de colocar a vida como a fonte primeira do bem comum".E conclui a sua Nota Pastoral dizendo: “A eutanásia é a escolha de uma ideia de sociedade em que cada um não se pensa como alguém em relação com os demais, mas fechado sobre si mesmo. A cultura do cuidado não pode desistir, perante tal visão”.
Fernando Martins
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